domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cai a ponte

Com uma tristeza de quem abandona filho dentro de caixa de papelão na porta da igreja, eu digo: vou derrubar a Ponte Elétrica. Meu projeto mais antigo (29/01/05), minha válvula de escape, minha forma de pirar sem acabar no Pinel, transformada em escombros de bites e varridos pra debaixo do tapete da grande rede.

Mas prefiro acreditar que a Ponte cumpriu seu papel, ao longo desses sete anos. E que cai por um motivo nobre: meu foco em um projeto que vou trabalhar pra crescer, o Cem Palavras. Contos com exatamente cem palavras. Óbvio.

Despedidas nunca foram meu forte, então chega de escrever. Agradeço aos que acompanharam, comentaram e me bateram durante todo esse tempo. E deixo aqui o convite pra lerem o Cem Palavras.

Abraços, beijos e adeus, Ponte Elétrica. Já estou com saudade.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tá de bobeira?

Se alguém fizer essa pergunta pra mim, leva cusparada na testa e um pescotapa muito bem dado. Se mal tenho visto meus amigos, lido de pé no ônibus e perdido todos os lançamentos no cinema e peças de teatro, não é porque fiquei antissocial de repente. "Meu nome é trabalho!", como diria o Mourinho brasileiro (pelo humor e bom comportamento) Muricy Ramalho.

Mas como eu não aprendo, resolvi voltar a escrever e, pior ainda, criar outro destino pros meus textos. Claro que não vou deixar a Ponte abandonada, o dinheiro do imposto que vocês pagam no Farmville vai continuar sendo aplicado nela. Mas agora meus textos curtos podem ser lidos (elogiados, esculachados, replicados, etcterados) aqui. Pra quem não entendeu: aqui, nesse link.

Agora, como diria meu querido companheiro de formação...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Incluzão diji e tau (sei lá como se escreve)

Muita coisa mudou desde o início da internet comercial no Brasil - do barulinho irritante do modem que se conectava a 0.5 kb/ano-luz ao conteúdo divulgado (pornô em 95, pornô HD em 2011). O brasileiro tem acesso cada vez mais fácil ao mundo virtual. Seja no iPad 3G, nas lan houses nas favelas ou com a wireless-pra-inglês-ver no calçadão, você só não está checando seu Orkut e curtindo as últimas notícias do Kibe Loco se não quiser. E a principal vantagem da internet continua sendo o acesso à informação, referências, cultura em geral. Finalmente, você pode ler/ver/ouvir o que sempre quis ou nem sabia que queria, sem precisar sair de casa ou gastar uma grana indo pra longe.

Mas a inclusão digital está mostrando que o "avanço na educação" é, no mínimo, relativo. Eu continuo sendo crítico com relação aos dados divulgados pelos governos Lula e antecessores. Afinal, a aprovação automática ainda existe, sim, mesmo que não oficialmente. O salário dos professores e as condições de boa parte das escolas municipais e estaduais são medíocres. O sistema de ensino decoreba cria repetidores de mensagens, não cidadãos pensantes. As cotas nas universidades mascaram a deficiência dos estudantes no ensino de base, e a proliferação das faculdades privadas transformou a educação superior em um negócio lucrativo e ineficaz. Tudo com a permissão do Ministério da Educação.

Pra quem discorda, "...sou oneste ecarilhoso telho tande carinho para dar sou uma peços mega e muite carinhoso..." (todo o texto aqui). Ou, "chupa de cranismo".

É triste admitir mas, pelo visto, nem o jardineiro salva.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um assunto polêmico

Não, não estou falando disso. Eu bem que tentei resistir, mas não consigo não comentar a ocupação da reitoria da USP por alguns estudantes.

Resumindo a situação: a USP é uma universidade pública, portanto quem tem poder de atuar lá dentro é a PF. Porém, a presença da PM foi aprovada pelo Conselho Gestor da universidade após um estudante de engenharia ter sido assassinado no estacionamento da faculdade. Há pouco tempo, a polícia prendeu três estudantes que puxavam um lá dentro. Começaram os protestos, contra e a favor da presença dos homens de farda. Após manifestações e conflitos, alguns estudantes invadiram a reitoria, não cumpriram prazos de reintegração de posse e só foram retirados após a entrada da tropa de choque.

Não interessa minha posição com relação à maconha, a questão aqui é outra. Ou melhor, são outras:

- os estudantes reclamam de uma possível agressividade policial, assim como jornalistas reclamam de uma suposta agressão por parte dos invasores - que teriam inclusive danificado seus equipamentos. Por questão de coerência e justiça, acho que eles devem defender a investigação das duas acusações;

- tem gente comparando a ação policial dentro da USP a "resquícios da ditadura", o que demonstra um certo simplismo, pra dizer o mínimo. Comparar a luta pelo voto e pela liberdade com a vontade de fumar na faculdade e a presença da polícia é comparar banana com pneu recauchutado. Fora que o ato de fumar é ilegal, caso os defensores da justiça tenham se esquecido;

- o protesto não é apoiado por todos os alunos, o que mostra uma divisão de pensamentos lá dentro que não é considerada pelos que protestam - o que não me parece muito democrático. Fora a tentativa de barrar alunos que queriam ir para suas aulas, que me poupo de comentar;

- a presença da PM foi consentida devido à morte de um aluno, companheiro de estudos dos mesmos que acham um absurdo a presença dos policiais. E, até onde eu sei, uma vida vale mais que um baseado;

- os invasores, após terem sido expulsos, pedem a "não punição dos envolvidos em ocupações", o que se configura numa espécie de anistia a um ato criminoso (a invasão, não o protesto). Ou seja, defendem a impunidade que, na teoria, são contra.

Como se não bastasse, os alunos retirados da reitoria decretaram greve estudantil. Infelizmente, na minha época, nós só não tínhamos base teórica de um estudante de História pra dar um nome tão bonito a matar aula.

Enquanto rola(va) a Primavera Árabe e o mundo ainda presta atenção em Occupy Wall Street (eu, inclusive), aqui nós fazemos passeata "contra a covardia" - leia-se pelo dinheiro do petróleo - e ocupamos universidades pelo direito de dar unzinho. Aliás, que fique bem claro: nós oscambau, porque eu jamais vou me meter nessa.

Por que o governo não decreta ponto facultativo para protestar contra a corrupção, ou pelo bom uso do dinheiro público? Por que os estudantes da USP não acamparam pedindo a solução do crime que resultou na presença da PM no campus? Por que essa galera que fica postando babaquices de esquerda ou direita no Facebook e escrevendo frases de (às vezes, não muito) efeito no Twitter não arma uma passeata a favor do Freixo, ou serve de escudo humano pra sua família? Ou para de comprar drogas e sustentar os traficantes/milicianos/policiais/qualquer um que ameaçam o deputado?

Aliás, por que ainda acreditam em esquerda e direita? Se é que acreditam, porque me parece muito legal bancar o intelectual e citar meia dúzia de pensamentos decorados de Karl Marx pra tirar onda na rodinha de amigos hypes descolados e com grana, aliviando sua consciência, em vez de fazer um trabalho social e aliviar de verdade a vida de quem realmente precisa.

Teoria é bonito, mas não é tudo. E, muitas vezes, ainda se configura em algo totalmente desnecessário, dispensável. Favor voltarem ao planeta Terra e se inteirarem do que acontece nas ruas antes de cagar regra, porque o dia que a realidade bater à porta é pouco provável que algum pensador sustente sua mudança de discurso.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Norte

Talvez, ler esse texto ouvindo essa música te lembre um PPT. Mas compensa.


"A felicidade só é real quando é compartilhada."

Uma das questões mais difíceis dessa vida é dar um rumo nela. Porque isso pressupõe escolhas, e se decidir por uma coisa implica abrir mão de outra; e porque nossas escolhas mudam, obrigando a mudar os caminhos que trilhamos com suor, ou carinho, ou os dois, ou simplesmente que já estamos há um tempo.

Alexander Supertramp, Christopher McCandless na língua dos seus pais, já sabia o que queria antes mesmo de entrar na faculdade. Ao sair, tinha certeza do caminho que seguiria. Norte. Seu objetivo era alcançar o autoconhecimento, longe das mentiras e da vida superficial. Doou seu dinheiro a uma instituição de caridade e foi, de carona em carona, de aprendizado em aprendizado, ao Alaska. E acabou virando filme: Into the wild.

Se eu tivesse visto antes, provavelmente teria me ferrado. Porque o filme está cheio de ensinamentos e coisas que te fazem pensar. Que me fizeram pensar ainda mais. É só dar uma lida em algumas das citações extraídas dele pra entender o que estou falando.

Afinal, eu também estou procurando um norte.

ps: não custa nada dizer que é uma história real.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A verdade está lá fora

Não me refiro a outro planeta, ou a uma das poucas séries que me dá saudade de assistir. Falo da onda de protestos que sacode o mundo, com as revoluções no Oriente Médio, África e a ocupação do ícone financeiro estadounidense.

Uma das grandes vantagens do nosso tempo é o acesso à tecnologia, que permite a difusão de idéias de forma rápida e democrática. Há alguns anos, seria impossível reunir tanta gente, e tão rápido, para protestar contra o governo - legítimo ou não - ou instituições que estejam indo de encontro aos interesses da maioria, denunciar abusos e reportar o que acontece de verdade no país, desmentindo a imprensa oficial.

É cada vez mais forte a idéia do "jornalismo independente", e essa é uma grande prova do seu poder. Como eles mesmos se definem,

Global Revolution brings you live streaming video coverage from independent journalists on the ground at nonviolent protests around the world.



Right Here All Over (Occupy Wall St.) from Alex Mallis on Vimeo.
Citizen media is not a crime.


Não sei se o convite a essa iniciativa, de deixar o banco malvado e levar seu dinheiro pra uma simpática cooperativa de crédito, faria tanto sucesso por aqui. Não pela instituição em si, mas pelo nosso péssimo hábito de não tomar parte em questões importantes. E é isso que me incomoda.

Na Argentina, pra citar um exemplo próximo, fazem panelaço. Aqui, preferimos xingar muito no Twitter. E, geração após geração (principalmente pós-caras pintadas), é isso que estamos formando. É nesse povo que estamos nos transformando.

Antes, eu acreditava que não fazermos mais era um reflexo do fim relativamente recente da ditadura e de não termos o hábito de chiar. Depois, que era por ainda estarmos nos acostumando às novas tecnologias. Mas a verdade é que tudo isso parece se resumir à preguiça e à confiança no jeitinho brasileiro. Tudo sempre vai ter como ser resolvido, ainda que não seja de uma forma lá muito honesta. E sempre vai ter alguém pra resolver, mesmo que esperar nos prejudique. E que a solução possa não ser o que gostaríamos.

Enquanto o mundo busca mudanças lá fora, gozamos com Mundial e Olimpíadas e ignoramos os escândalos que surgem por aqui. Quando surgem, porque vai depender do interesse de quem divulga as notícias.

Quem diria que a gente usaria nossa liberdade de expressão pra coisas como isso aqui.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Desestereotipando

Mulheres são frágeis. Moradores de favelas são bandidos. Artistas são incompreendidos.. Crianças são inocentes. Jogadores de futebol são burros. Como diz o antigo comercial do Palio...


Tá na hora de você rever seus conceitos.


O que não quer dizer que a famosa Maria-profissão-a-escolher não exista aos montes, tipo essa:


Não tenho o poder do diretor nem a arte do artista. Quem mandou ser redator...

Tudo isso pra falar de uma dupla de zaga que joga xadrez e lê. Mas a surpresa é normal, já que ainda estamos distantes de ter atletas articulados e preocupados com questões políticas ou mesmo interesses comuns à classe (na Espanha, por exemplo, jogadores catalães falam catalão em entrevistas e opinam sobre política, e as primeiras rodadas do campeonato nacional chegaram a ficar ameaçadas por uma greve geral que buscava o cumprimento de contrato e tratamento igual em todos os clubes).

Coincidência ou não, eles vêm do mesmo Corinthians que foi responsável por um momento, no mínimo, interessante da história recente do país. Podem falar que a Democracia Corintiana não mudou nada, que não fez diferença na volta à democracia, mas é um movimento que admiro e provavelmente serviu como exemplo no período em que a ditadura agonizava, e de incentivo pra quem lutava pra acabar com ela.


A gente já sabemos escovar os dentes?

Sei que grandes mudanças demoram algum tempo, às vezes gerações, mas espero que esse seja mesmo o momento da gente rever nossos conceitos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Nação vai ao Circo

A não ser que algo dê errado, e espero sinceramente que não, finalmente eu verei ao vivo uma das melhores bandas que conheço.

Minha noite do dia 19 de novembro está mais do que reservada pra ver a galera da Nação Zumbi no Circo Voador. Está aberta a temporada de shows seletivos.


Quem vai ficar, quem vai ouvir, quem vai ver? Eu.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Add eu, curte aí e dá RT

Não faz muito tempo, li um excelente artigo que não lembro o nome nem onde (se quiserem, podem tentar no Techcrunch ou The New Yorker). Ele falava sobre a necessidade dos "incluídos digitais" em serem "curtidos" (outra dica caso queiram buscar o texto: like e facebook; ou exercitem a paciência procurando no meu mural). Dizia que nos importamos cada vez mais em aparentar, e que são geradas frustrações desnecessárias ao acharmos que, se não curtiram nossa foto/música/piada/lamento, é porque não somos tão legais ou talentosos quanto pensávamos.

Eis que hoje leio um ótimo texto de um ótimo profissional: "social media e a ditadura da felicidade", do Michel Lent. Caso você ainda não tenha sacado a ideia pelo título...

"...não importa o quão bacana seja a sua vida, ou o que você tenha feito de legal num determinado dia. Nada do que você fez, tem ou é poderá nunca se comparar com todo esse mundo perfeito, incrível, de gente feliz e lugares extraordinários que é o coletivo de informações que chegam dos nossos social friends".

Soa familiar? Pois é. Muita da inquietação que você provavelmente sente cada vez que navega na internet vem desse universo plástico maravilhoso que jamais será seu padrão de vida. É como se todo mundo que você conhece fosse tão perfeito quanto a galera que sai na Caras ou aparece sorrindo no Video Show. E, Deus do céu, não existe ninguém tão feliz e perfeito quanto um famoso desses!

Infelizmente, nós tendemos a pensar e querer as coisas a partir do que os outros esperam da gente. Não é apenas ser publicitário; é criar pôneis malditos, ganhar 10 mil reais por segundo e ser cool-descolado-transgressor-oclinhos de atriz pornô ou com armação retrô. Não é apenas ser advogado; é defender a Coca-Cola e a Pepsi ao mesmo tempo. É mais que estar empregado; é ser o próximo Eike - mas sem a mulher te cornear com um bombeiro.

É ter um milhão de amigos, mesmo que no mundo virtual. É ser liberal e modernex nos comentários, agindo assim ou não (normalmente, não). É ser elogiado por cada link postado, ainda que tenha copiado e colado o texto do amigo sem dar crédito a ele. Enquanto você não redefinir suas prioridades e seguir com essa expectativa, será sempre (segundo você mesmo e os que vivem a vida pela ótica de um avatar) o pobre coitado frustrado sem voz ou repercussão no mundo. Digital.

Enquanto isso, o mundo real continua dando voltas. Inclusive em você.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"O Pelé, calado, é um poeta"

O que permitiu ao Romário falar isso do Pelé, e a este opinar contra a convocação do primeiro pra Copa de 2002, foi a famosa liberdade de expressão. É ela que permite aos cidadãos manifestarem suas opiniões, idéias e pensamentos de forma livre. É um dos pilares da democracia; está garantida constitucionalmente.

Bom senso não está garantido na Constituição. Não é nem mesmo um conceito fechado, acordado entre os seres humanos. Ele diz respeito, basicamente, à educação e ao uso da razão na hora de se expressar sobre determinado assunto. Não é pré-determinado por juízes ou filósofos; na verdade, costuma vir de casa e das experiências que cada um teve ao longo da sua vida.

(Antes de continuar o texto, vale lembrar a quem me conhece e avisar a quem não sabe que eu não suporto o CQC e seus integrantes. Pra mim, são pseudohumoristas e pseudopolíticos, sem fazer direito nenhum dos dois. Mas vou deixar o gosto pessoal de lado e falar baseado em fatos reais.)

Não sei exatamente qual a experiência de vida do tal Rafael Bastos. Desconheço a educação que teve em casa e onde estudou, e isso pouco me importa. Mas a liberdade de expressão da qual ele abusa passa a anos-luz do seu bom senso, se é que ele tem algum. Há pouco tempo, disse que "estuprador de mulher feia merece um abraço". Agora, que "comeria a Wanessa Camargo e seu bebê". Se eram piadas, deram errado. Se pensa assim, deveria abrir o jogo num churrasco da Band, não em rede nacional.

(Algumas piadas, ou "piadas", têm lugar certo pra serem feitas. Adoro piadas de humor negro, mas não faria num velório. Os negros aqui da agência fazem piadas de preto, mas não imagino que contariam uma num gueto. Isso faz parte do tal bom senso. Se o Rafael Bastos for pago pra fazer um "stand-up" num clube judaico, vai fazer piadas com judeus e cinzeiros?)

Ah, só afastaram porque senão o programa perderia anunciantes. Provavelmente. Ah, negócios são assim mesmo, ele foi ingênuo achando que podia falar qualquer coisa. Talvez. É o sujo falando do mal lavado, seus hipócritas amantes da ditadura! Discordo, mas a liberdade de expressão te dá o direito esse texto - que ainda mete Hitler no meio, em outro excelente exemplo do uso do bomsenso na defesa do seu ponto de vista.

A verdade é que ninguém do CQC tem o direito de reclamar de liberdade de expressão. Pra começo de conversa, porque não é o primeiro deslize do grupo (e apagar o que disse em vez de se desculpar não é lá muito honesto, não acham?). Segundo, porque Marcelo Tas e seus pupilos não são exatamente um exemplo da defesa do direito de opinião. Na minha humilde opinião, já que ao menos na Ponte eu posso escrever o que quiser (até que o Tas me processe), eles se consideram acima de qualquer coisa por serem o carro-chefe da emissora, e garantirem uma grana forte todo mês. A mídia constrói a imagem que quiser, e o povo sempre acaba comprando. Até que algo aconteça e a mídia desconstrua a imagem que criou - e o povo compre outra vez.

Há alguns meses, saiu na (chata) revista de domingo dO Globo uma matéria com alguns humoristas e vários "humoristas" sobre as polêmicas "piadas" da galera do CQC. Entre opiniões diversas e várias puxadas de saco entre amigos, uma me pareceu bem sensata. Acho que foi do Andre Dahmer, do Malvados ("acho", ok?), e dizia mais ou menos isso:

A questão não é se uma piada é ofensiva a esse ou aquele grupo, mas se tem alguma graça. E muitas delas não tem.

É exatamente assim que eu vejo o CQC e seus integrantes. Sem a menor graça. E, cada vez mais, sem o mínimo de bom senso.

ps: tuitar isso - "Que noite triste pra mim: Foto1 - Foto2 - Foto3- http://t.co/ILrICqmH" - me parece uma bela demonstração de caráter. Parabéns a todos os envolvidos na defesa do tal Rafael Bastos.

ps2: ia colocar "humor" como mais uma tag do post, mas isso não combina com o CQC.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tudo in Rio

O brasileiro padrão tem opinião formada e embasada sobre qualquer assunto, peçam ou não sua opinião. Política, religião, futebol, combate ao crime, alimentação, fim do mundo, guerra entre israelenses e palestinos, pelota basca. Com música, não poderia ser diferente.

Vai-se o Rock in Rio, ficam as polêmicas. Claudia Leitte sendo vaiada, Claudia Leitte comparando roqueiros a Hitler, Ke$ha fingindo beber sangue e uma discussão que já está chata: por que Rock in Rio, se não é mais rock?

Qué co digo? O Rock in Rio é uma marca. Por isso já saiu do Rio, já teve Carlinhos Brown levando garrafada e deve vender abadá e ingressos para a Arena Rodeio, em 2013. O Medina é empresário, não roqueiro. Ele quer lucro, não sorrisos dos fãs de guitarras, baixos e deus metal. E, convenhamos, se você diz que faria diferente é sinal de que jamais será empresário - de sucesso, pelo menos. Justamente por saber o que vai vender mais é que ele organiza um festival desse tamanho enquanto você lê meu texto matando tempo no trabalho, ou cabulando o estudo em casa.

Cada vez que penso nisso, me lembro do Miles Davis falando sobre música popular numa entrevista: "you take out what you want and leave what you don't like... you know, like food". Não existe música boa ou ruim; isso depende do gosto, do meio em que a pessoa vive e vários outros fatores. Todos, experiências pessoais. Meu avô era do subúrbio e curtia jazz, tenho amigos de Barra e Jacarepaguá que adoram pagode, galerinha de Zona Sul se amarra no Castelão. E aí, quem está certo?


Whatever, I'm cool.

Digo isso também como autocrítica. Ainda me pego chutando Justin Bieber e JQuest. Mas o meu objetivo a médio prazo, além de dar a volta ao mundo e reflorestar meu quarto, é aprender a escolher o que quero e deixar de lado o que não gosto. Como beterraba, por exemplo.

Não custa nada você fazer o mesmo.

***
E pra não dizer que falei do teclado pra fora, um pouco de música diferente pra animar seu dia:


Presta atenção aí, vamo lá!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sol e chuva (e tecnologia)

Já está ficando chato. Segundas com um sol lindo, quartas à noite com chuva forte, quintas com sol lindo, finais de semana com nuvens e chuva. Nada contra as forças da natureza, ou as necessidades pluviométricas do planeta. Mas agradeceria se pudesse aproveitar em paz minha sexta à noite, meu sábado e meu domingo à tarde.

(a prova do meu desespero é esse ser um dos sites mais visitados por mim, aqui no trabalho)

***

Audiolivro, não! Livro e áudio.

A experiência da leitura sempre me divertiu pacas. Só que meu negócio é estar esparramado na cama com o na papel na mão e música tocando na vitrola (ou no MP3, agora que tenho um bonitinho e carregadão). Nunca fui adepto de monitores, tablets, etc. Até isso.

E aí, quem vai me dar um desses de presente?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Pode ficar alto pacas"

Pacas. Gíria de velho. Provavelmente, da época do Link Wray, que só descobri graças a um documentário bem mais recente e que assisti domingo passado.

It might get loud põe The Edge (U2), Jack White (White Stripes) e o gênio juntos, falando do que eles sabem fazer: música de altíssima qualidade. Nem preciso falar do guitarrista líder de uma das minhas bandas favoritas, mas fiquei surpreso com o virtuosismo do Branco e mais ainda com a qualidade do Beirada, que desenvolveu uma forma de simplificar os acordes (criatividade e minimalismo, admiro isso).

Ver os três trocando idéias, falando de processo criativo e tocando juntos fez eu me lembrar do motivo de querer tocar guitarra - a que meu pai tinha comprado pra ele e estava abandonada, pegando poeira num canto da casa. Lá se vão 11 anos de quando troquei as cordas e decidi que não queria estudar pro vestibular, mas aprender algum instrumento que fizesse o tempo passar mais rápido até eu entrar no mercado de trabalho.

Não fiz aula nem aprendi a tocar como eles, mas estou voltando com (quase) tudo. Se jamais vou ser um Jimmy Page, também não serei um imbecil.


"Bicho, isso é bom pacas!"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tudoaomesmotempodaquiapouco

O que você está fazendo agora? Sim, lendo a Ponte. Mas por que agora? Não teria algum trabalho importante, urgente ou atrasado por fazer? Ainda que sim, com certeza você vai chegar até o final do texto.

E sei disso porque todos fazemos a mesma coisa: procrastinar. Uma arte que, geralmente, pende para o mal. Porque poderia render como ócio criativo, mas normalmente cai na vagabundagem. Como fala nesse texto. Excelente, diga-se de passagem.

"...the person who makes plans and the person who fails to carry them out are not really the same person: they’re different parts of what the game theorist Thomas Schelling called “the divided self.” Schelling proposes that we think of ourselves not as unified selves but as different beings, jostling, contending, and bargaining for control."

Essa é apenas uma das teorias levantadas no artigo. Grande, mas que vale a pena ser lido. A não ser que você deixe pra daqui a pouco, logo depois de ver os melhores momentos de Sunderland x Queens Park Rangers - ou saber como vai a recuperação do Gianecchini, se for menina.

Qual o sentido disso tudo? Dar uma luz a quem, em maior ou menor escala, tem o mesmo problema que eu (apesar de estar melhorando consideravelmente), e garantir meu presente de Natal. Até porque, um livro a mais ou a menos na minha eterna fila de leituras procrastinadas...

(ps: sem querer desmentir tudo o que disse, foi agindo assim que encontrei o texto - linkado nesse, sobre os distúrbios em Londres)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Personalidade

"But despite these positive signs, there’s one heck of a huge elephant in the room — one unavoidable reason why it’s hard to imagine Apple without Mr. Jobs steering the ship: personality."

Os mundos empresarial, tecnológico, nerd etantos outros foram abalados com a aposentadoria de Steve Jobs. O que não significa que ele vá ficar de pijama em casa vendo reprise de Oprah ou jogando golfe com Seinfeld, já que continuará sendo parte da board e dando pitacos em assuntos relevantes.

Ninguém espera a Maçã agonizando, seus novos manda-chuvas cagando as decisões e ações despencando vertiginosamente. Até porque, o que não falta lá dentro é gente capacitada. A questão, e esse é o ponto principal da reportagem acima, é se alguém terá o carisma e o poder de convencimento do senhor Trabalho pra tomar decisões difíceis e revolucionar um mercado que não para de inovar.

Personalidade é para poucos.

Perguntar não ofende

Não sou analista político ou diplomata, não tenho família árabe ou amigo trabalhando na OTAN. Mas não consigo deixar de pensar como rebeldes de um país com a população ferrada oferecem quase dois milhões de George Washingtons pelo seu (ex?) líder.

Nem entendo como ninguém questiona de onde vem todo esse dinheiro.


















Tô pagano!

***
Se dinheiro não é problema pros rebeldes ou pra esse sincero ser humano, para ele...