Talvez vocês não conheçam William Naraine. Mas é impossível nunca terem ouvido - dançado - aquela tal de "you gotta run to me". Ou então "who's fooling who?, who's fooling who?". E "please, don't go/ don't gooooooo/ don't go away"?
Pois é. Double You. Todo mundo conhece, e mesmo que não admitam, todo mundo gosta. Por tudo isso, quinta passada foi um dia histórico na vida de um ser humano normal de bom gosto e com um pezinho da pré-adolescência nos anos 90. Eu fui ao show dele. De graça. E fiquei na primeira fila pós-área VIP, o que era melhor que a VIP porque tinha um degrauzinho que me deixava acima da cabeçada toda.
Na verdade, fomos eu, Carol, Cadé (amigo e ex-dupla na agência) e Rafa. Foi uma noite especial, daquelas em que suas memórias ganham cores e cheiros e as coisas que você fez (ou deixou de fazer) vêm à tona com força. E um jeitinho legal, que não deixa nada estragar a lembrança. Aí a gente cantou, dançou, esperou a energia - do Canecão, não nossa - voltar (tsc tsc tsc, Canecão), ouviu o ítalo-indiano falar português (e bem, ele até se corrigiu quando errou um plural), viu o mané tentar rebolar atrás da backing vocal e não conseguir, já que a bunda dela batia quase no peito dele... Enfim, hora e meia de fortes emoções.
Ah, sim. Ainda rolou aquele momento "aproveita e tira onda", quando ele pergunta "vuoi capisce l'italiano?" (foi mal se errei, mas não lembro como conjugar verbos e nem vou procurar) e eu mando um "io!" sacudindo as mãos. Pô, claro que ele acreditou. Todo mundo que fala italiano sacode a mão, é quase uma regra gramatical deles. Tanto que os tradutores "surdo-mudo" têm tradutores "gesto-mudo".
"Ma che! Parla l'italiano, bambino? Congratulazione, grazie, ma che!"E quando a gente acha que já viu tudo no show, o que acontece? Duas mulheres - vejam bem, eu não disse uma, mas duas - sobem no palco e dão um beijão no cara, sendo retiradas logo depois pelos seguranças. Seguranças entre aspas, né, porque depois da primeira os caras não se preocuparam em prestar mais um pouco de atenção, e aí subiu a segunda. Pelo menos o fanfa aí de cima deve ter saído felizão.
E quando você finalmente pensa que já viu de tudo mesmo no show, mais uma surpresa acontece. Uma inimaginável, e ainda mais fanfarrona. Latino, o homem da festa no apê, sobe no palco, discursa sobre sua empresa ter tradizo o cara, promete Information Society (que vou, é claro!), canta com o senhor Double You e ainda dá uma palinha do quê? Sim, Festa no apê. Versão voz e violão. O cara é um gênio.
Quer dizer, sabe aquele "dois cantores" que dá título ao post? Pois é, é a tradução do Latinão pra Double You. O que me obriga a reduzir o status de "gênio" pra "besta sortuda". O que é até mais justo, pra ser sincero.