terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Pode ficar alto pacas"

Pacas. Gíria de velho. Provavelmente, da época do Link Wray, que só descobri graças a um documentário bem mais recente e que assisti domingo passado.

It might get loud põe The Edge (U2), Jack White (White Stripes) e o gênio juntos, falando do que eles sabem fazer: música de altíssima qualidade. Nem preciso falar do guitarrista líder de uma das minhas bandas favoritas, mas fiquei surpreso com o virtuosismo do Branco e mais ainda com a qualidade do Beirada, que desenvolveu uma forma de simplificar os acordes (criatividade e minimalismo, admiro isso).

Ver os três trocando idéias, falando de processo criativo e tocando juntos fez eu me lembrar do motivo de querer tocar guitarra - a que meu pai tinha comprado pra ele e estava abandonada, pegando poeira num canto da casa. Lá se vão 11 anos de quando troquei as cordas e decidi que não queria estudar pro vestibular, mas aprender algum instrumento que fizesse o tempo passar mais rápido até eu entrar no mercado de trabalho.

Não fiz aula nem aprendi a tocar como eles, mas estou voltando com (quase) tudo. Se jamais vou ser um Jimmy Page, também não serei um imbecil.


"Bicho, isso é bom pacas!"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tudoaomesmotempodaquiapouco

O que você está fazendo agora? Sim, lendo a Ponte. Mas por que agora? Não teria algum trabalho importante, urgente ou atrasado por fazer? Ainda que sim, com certeza você vai chegar até o final do texto.

E sei disso porque todos fazemos a mesma coisa: procrastinar. Uma arte que, geralmente, pende para o mal. Porque poderia render como ócio criativo, mas normalmente cai na vagabundagem. Como fala nesse texto. Excelente, diga-se de passagem.

"...the person who makes plans and the person who fails to carry them out are not really the same person: they’re different parts of what the game theorist Thomas Schelling called “the divided self.” Schelling proposes that we think of ourselves not as unified selves but as different beings, jostling, contending, and bargaining for control."

Essa é apenas uma das teorias levantadas no artigo. Grande, mas que vale a pena ser lido. A não ser que você deixe pra daqui a pouco, logo depois de ver os melhores momentos de Sunderland x Queens Park Rangers - ou saber como vai a recuperação do Gianecchini, se for menina.

Qual o sentido disso tudo? Dar uma luz a quem, em maior ou menor escala, tem o mesmo problema que eu (apesar de estar melhorando consideravelmente), e garantir meu presente de Natal. Até porque, um livro a mais ou a menos na minha eterna fila de leituras procrastinadas...

(ps: sem querer desmentir tudo o que disse, foi agindo assim que encontrei o texto - linkado nesse, sobre os distúrbios em Londres)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Personalidade

"But despite these positive signs, there’s one heck of a huge elephant in the room — one unavoidable reason why it’s hard to imagine Apple without Mr. Jobs steering the ship: personality."

Os mundos empresarial, tecnológico, nerd etantos outros foram abalados com a aposentadoria de Steve Jobs. O que não significa que ele vá ficar de pijama em casa vendo reprise de Oprah ou jogando golfe com Seinfeld, já que continuará sendo parte da board e dando pitacos em assuntos relevantes.

Ninguém espera a Maçã agonizando, seus novos manda-chuvas cagando as decisões e ações despencando vertiginosamente. Até porque, o que não falta lá dentro é gente capacitada. A questão, e esse é o ponto principal da reportagem acima, é se alguém terá o carisma e o poder de convencimento do senhor Trabalho pra tomar decisões difíceis e revolucionar um mercado que não para de inovar.

Personalidade é para poucos.

Perguntar não ofende

Não sou analista político ou diplomata, não tenho família árabe ou amigo trabalhando na OTAN. Mas não consigo deixar de pensar como rebeldes de um país com a população ferrada oferecem quase dois milhões de George Washingtons pelo seu (ex?) líder.

Nem entendo como ninguém questiona de onde vem todo esse dinheiro.


















Tô pagano!

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Se dinheiro não é problema pros rebeldes ou pra esse sincero ser humano, para ele...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bélgica, um país de todos

Eu sempre fui fã da Bélgica. O país tem um nome legal. De lá saiu Preud'homme, meu goleiro favorito na época em que a referência no país era o Taffarel. Um dos melhores restaurantes árabes da via láctea está em Bruxelas. Algumas das pessoas que mais marcaram minha vida são dali.

Há um ano, a Revolução da Batata Frita deixou o país - membro da União Européia - sem governo, mas ele segue sem confusão e funcionando. Melhor que o nosso, diga-se de passagem.

Agora, isso. Com vídeo, caso alguém se interesse. E ela ainda diz que o ocorrido "não irá atrapalhar seu trabalho como prefeita".

Em se tratando da Bélgica, alguém duvida?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Papagaio de pirata

Tudo começou com a notícia de que "o Partido Pirata alemão está chegando aos 5% necessários para entar no parlamento de Berlim". Daí, fui parar no artigo escrito por um catalão que explica seus motivos para votar no partido, que me levou à página deles. E pronto, já estava no PPI.

O mais interessante disso tudo não está na discussão sobre o uso de softwares livres pelo governo, ou em "defender uma via pública no Espectro eletromagnético!". Está no que o Cal Almeida coloca em seu texto: "el domingo votaré Pirata para poder votar a otro partido algún día". Uma mistura de desilusão com suas opções eleitorais e crença numa via alternativa de certa forma irreal. Porque, convenhamos, a chance de membros do Partido Pirata se elegerem em qualquer lugar é microscópica.

Ou não? (dica: procurem "Pirate Party movement worldwide")

sábado, 13 de agosto de 2011

Um amigo poderoso

No tempo de Deus OFICIAL (em caixa alta; talvez existam vários tempo de Deus piratas) quer ser meu amigo no Orkut. Tudo bem que Deus é eterno, Jesus nasceu tem mais de 2000 anos, mas Orkut é muito ultrapassado, né? Se ainda fosse no Facebook, ou se me adicionasse no Google +, eu aceitaria. E teria um amigo quase tão poderoso quanto ele.














Silêncio! Eu não sou poderoso. Sou onipotente.

Coincidentemente, essa notícia prova o esforço da igreja católica em se modernizar. Não no conteúdo, mas na forma. Acho engraçado ver quem até pouco tempo atrás queimava livros e ainda hoje se manifesta contra o uso da camisinha divulgar suas idéias na rede mundial de computadores, que corrompe jovens e destrói famílias.

E já que é pra se modernizar, sou a favor de um Transparência Brasil para os padres. Fica a dica, seu papa!













"Juventude se abraça". Mas só os héteros e, de preferência, arianos.

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O maior campo de refugiados do mundo completou 20 anos. Não acho que seja motivo pra cantar parabéns, ou mandar bolo de chocolate e duas garrafas de guaraná pra lá. A questão é: por que ele não acaba?

Quem quiser saber que clique no link e leia a reportagem. Mas nunca é demais deixar claro que sou contra a política de ajuda humanitária eterna. Claro que ações como construção de campo de refugiados são necessárias, mas a cultura de dar dinheiro a países miseráveis e/ou abalados por guerras civis, catástrofes, etc acaba estagnando iniciativas internas de andar com as próprias pernas. Fora a corrupção enorme que leva boa parte da grana destinada ao povo.

Quando o Alan vier aqui, espero que coloque o link pra uma matéria que lemos há um tempo e fala sobre esse ponto de vista. Contribuindo pro meu argumento, deixo Robertsport e a descoberta do seu potencial turístico através do surfe. Convenhamos, muito mais digno e duradouro do que 50 milhões de dólares por ano na mão de grupos rebeldes que querem derrubar o governo que já foi (ainda é?) um grupo rebelde.

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E pra não começar o final de semana falando de tragédias, deixo uma dica de leitura naquele modo "não li mas só pode ser excelente": a autobiografia do menino maluquinho Dalí, o seu Salvador.

No mínimo, porque um livro que tem "o segredo do bigode pontiagudo do pintor" merece ser valorizado.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Estudo avançado e posterior tratado contemporâneo sobre a buzina

Dentro de um ônibus em movimento, com o belo visual da Niemeyer à sua esquerda, pessoas são surpreendidas por algum ruído estranho vindo do lado de fora. O motorista liga o pisca-alerta e para o veículo, descendo para analisar o ocorrido, tentar resolver a situação e seguir viagem. Um carro, com o mesmo belo visual à sua esquerda, para atrás do ônibus. E o que seu motorista faz?

Buzina.

Muito. Com vontade. Incessante e irritantemente.

Para Freud, ele tem problemas com o pai e quer pegar a mãe, por isso a pressa.

Segundo Lacan, isso comprova a ausência da sua voz reflexiva.

De acordo com Nietzsche, é ele perdendo a perspectiva universal das coisas devido à morte de Deus.

Na visão da Escola de Frankfurt e dando voz a Horkheimer, a não mudnaça e a não emancipação através do esclarecimento acarreta a perda da sua consciência social crítica.

Para mim, ele é um cretino.

Eu prefiro a minha teoria.

Londres flambada

Chamem o John Cleese de volta! Estão matando o humor inglês, e é de porrada. Faltando menos de um ano para as Olimpíadas, com os olhares de todo o mundo voltados para a cidade, protestos pela morte de um jovem transformaram o país inteiro em um campo de batalha. O chazinho das cinco foi trocado pela sarrafada 24h.

Pelo visto, o motivo inicial não importa mais. A situação descambou pro vandalismo: saques, fogo, aquela coisa toda que os meios de comunicação não cansam de mostrar. O que não deixa de ser surpreendente, em um país com educação, consciência política e etcéteras que a gente (eu, pelo menos) gostaria de ver no Brasil. Bela imagem que estão passando para o mundo, hein, sir's!

Tudo bem que a PM deles é a Scotland Yard, e que é bem mais fácil controlar um tumulto pontual do que facções criminosas estabelecidas e bem armadas, mas como eles vão falar da gente agora?

Ah, é. Assim. Fica pra próxima, Rio de Janeiro.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Máquina de escrever

Se digo que vou fazer, faço. Ainda mais quando me dão motivos pra acreditar que o que penso faz sentido, e que estou no caminho certo:

"...and I write a lot. I have to… because I don’t want to be reminded again what happens when I stop."

Está mais do que na hora daquele bom e velho "deixa de ser fresco!" começar a valer de verdade.

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Não que eu vá escrever poesia e ser cantado por ela mas, se é pra mirar alto, atira logo numa nuvem.

Guaman Poma de Ayala

"Nova crônica e bom governo é o livro mais comovedor e violento da história da literatura peruana. Finalizado em 1615 pelo cronista índio Guaman Poma de Ayala, permaneceu ignorado durante três séculos, até que em 1908 foi descoberto pelo bibliotecário alemão Richard A. Pietschmann na Biblioteca Real de Copenhagen. Desde então, é cada vez maior o reconhecimento do seu extraordinário valor como a fonte mais importante para conhecer a vida do povo andino, desde o amanhecer da sua civilização até o primeiro século da conquista espanhola."
(versão brasileira: eu mesmo)

Tinha escrito um monte de coisas mas, sinceramente, depois dessa descrição não é preciso dizer mais nada. Fica a dica para quem quiser procurar na internet (para os mais preguiçosos, aqui), já que não empresto o meu pra ninguém no universo - tirando o Alan, claro.

Ah, de leitura relacionada vai uma dica: "A conquista do México", de Hernán Cortez. Qualquer livraria vende a versão de bolso. E ele vale a pena para todos que se interessem por aquele globo que engloba também o próprio umbigo. Cultura (e reflexão) nunca é demais.

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Comprometimento. A gente (não) vê por aqui.

Dependendo do assunto, manter uma rotina pode ser chato ou divertido. Mas normalmente é necessário. Se falamos de geração de conteúdo, ainda mais. Afinal, é isso que agrega valor ao seu trabalho e ao hipotético conhecimento sobre determinado assunto. Que, no meu caso, é escrever.

Assim, estou de volta mais uma vez. Mas acredito que a mudança de sentido da Ponte - e da minha cabeça - ajude a manter uma regularidade. A conferir.