domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bom dia pra quem?

E estamos nós aqui, eu e meu pai, fazendo hora(s) no Pasteur. Sim, já tem duas semanas que ele está aqui. E, infelizmente, é a primeira vez que posso ficar uma noite. Mas pra ser sincero, espero que seja a última. Por ele, principalmente. Mas não só, pra falar a verdade.

Quando eles dizem que pode ficar um acompanhante toda noite, devem se remoer por dentro. Aquele ódio mortal de ter que dar dois lençóis, um travesseiro, uma toalha e um cobertor. Café no dia seguinte, imagina que horror. Porque só isso explica o que eles oferecem pra quem fica.

A "cama" onde dormi é um sofá. Até aí, nada demais. Só que ele é de três lugares - e se divide por baixo, com um ferro entre as partes. Ferro que fica cruzando suas costas quando está deitado. E não tem como fugir. Se você é grande, como eu, vai ter que deitar em cima desse treco. E dói, viu.

Imagina minha mãe, com seus __ anos (se não se fala idade de mulher, imagine da própria mãe) e problemas na coluna, dormindo aqui. Por mais de uma semana. Isso é tortura. Deveria ter alguma coisa parecida durante o império romano ou a idade média, com certeza. Não vou me surpreender nada se vir um móvel desses no History Channel.

"Mas espere, não é só isso!" Tudo bem que esse não era o sono da minha vida (até porque, "sono da vida" soa como morte, né?), mas não precisava vir uma enfermeira às 5h e acender a luz, perguntando se estava tudo bem. Claro que não estava. Se você acorda alguém às 5h com a luz na cara, nunca vai estar tudo bem. Pelo menos pressão e temperatura do meu pai estavam normais.

"E ainda não acabou!" Às 7h entra alguém que eu nem vi, por estar tentando dormir de novo, e traz o café da manhã. Bom, pensem nele como café de hospital. Não pela comida, que era normal, mas pelo café em si. Tão fraco que eu acho que veio da UTI. Sem permissão dos médicos.

Mas como estou aqui pelo meu pai - que, aliás, está olhando pro teto, o que me faz parar de escrever logo - eu não reclamo. Mais.

Enfim, eu me senti uma visita indesejada. Daquelas que a dona da casa coloca vassoura atrás da porta, pra ir embora e nunca mais voltar.

Se Deus quiser, nunca vamos ter que voltar, mesmo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só quando o Arthur nascer. Se prepara, garoto!!!