Anos atrás, quando eu ainda era um pobre estudante deslumbrado com o maravilhoso mundo mágico da propaganda, levei meu irmão a um dos 5.967 festivais de publicidade brasileiros, que rolou no BNDES no centro do Rio. Eu era jovem, e ele um pré-adolescente ainda mais deslumbrado com o mundo universitário do que o irmão mais velho. Tudo corria normalmente até que, depois de uma palestra (creio que do Duailibi, o D da minha querida DPZ), saímos praquele coffee-break maroto e estava caindo o mundo. Era como se a Terra tivesse girado rápido demais e sem a gravidade atuando, o que faria com que os oceanos ficassem parados na estratosfera e caíssem de repente. Daí surge uma velha e começa a berrar, colada no vidro do edifício "chuva!!! é água!!!".
Tirando a parte da velha louca, foi exatamente o que aconteceu hoje em Barcelona. Saí de casa com um tempo meia-boca e voltei nadando. Caiu uma tempestade como as chuvas de verão do Rio, que deixam todo mundo ilhado. Não só molhei as calças como as meias, os tênis, a camisa e os dois casacos. Parecia um mendigo dentro do trem para El Prat - só que muito mais cheiroso e com cara de estudante, apesar da barba por fazer. Estudante de história da UFF, talvez.
O que me deixa mais cabreado nessa história toda é que tem feito frio aqui. Quem deu a Barcelona o direito de ter dias com chuva e frio? Tem que se decidir: ou um ou outro. Os dois, definitivamente, não dá. É muito escroto estar a 10*C e com um pé-d'água e vento te açoitando. Condições piores que figurante de novela do SBT é muita humilhação pra quem já carrega o fardo de ser visto como estrangeiro (e sou mesmo, mas e daí?!).
Além do mais, é ridículo ter que andar olhando pro chão e saltando poças. Me senti numa gincana do Faustão. Juro que, se aparecesse um gordo na minha frente, levava uma voadora de graça. Apesar de que, se me jogasse contra alguém e fosse parar dentro de uma dessas poças, corria o sério risco de me afogar. Tinha "um pouco" menos de mobilidade com o jaquetão boladão que pilhei do Alan por cima da minha mochila. Era uma tartaruga morena. Realmente ridículo.
Pra vocês terem uma noção, cheguei em casa e coloquei toda a roupa que estava usando no varal. Menos os tênis, que agora estão no chão da lavanderia, inutilizados para amanhã. O que me fez perceber a importância de ter um mínimo de organização e responsabilidade quando se mora longe de papai e mamãe. Se eu não tivesse posto a roupa pra lavar essa semana, amanhã teria que ir à classe de bermuda. E podem acreditar, pimpolhos, vocês não gostariam de sair de bermuda por esses dias aqui na Europa.
Apesar disso tudo, não posso reclamar. Porque o dia que precisei de sol, ele apareceu num céu azul lindo, o que me permitiu dar um pequeno passo para o Alexandre, mas um grande passo para a sua mente relaxar e se inspirar.
Mas isso eu conto em breve, porque estou com fome, tenho trabalho pra fazer e amanhã acordo cedo, cambada de vagabundos que ficam na cama até mais tarde no sábado.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Preso pelo ouvido
Eu acredito naquela história de "você tem dois ouvidos e uma boca pra ouvir mais e falar menos". Assim que, depois do meu justo e relaxante desabafo no texto anterior, voltei à normalidade. Ou seja, escutar mais.
Isso envolve música, claro. Sou movido à música. Viciado em música. Música, música, música. E como não ou nada egoísta, vou dividir o que tem prendido minha atenção ultimamente. Talvez já conheçam mas, se não, vale a pena dar aquele conferaizer esperto.
Alton Ellis - pré-Bob Marley e padrinho do rocksteady. Ah, não te suena? Talvez isso ajude. Quem nunca escutou este clássico (ainda que em outras vozes) que atire o primeiro cotonete.
Robert Johnson - aquele que "vendeu a alma ao diabo" pra tocar guitarra - e virou lenda. Tudo bem que isso alimenta a lenda, mas não importa. O cara morreu em 1938 tocando assim. É ídolo.
Vashti Bunyan - a pobre (rica?) coitada é desconhecida e ignorada, mas excelente. Vem daquela época em que ser bom era se entupir de coisinhas ilegais e destruir tudo. Pelo seu som, não creio que era do estilo. Mas ficar tanto tempo no anonimato foi uma perda pra todos. Escutem isso e tirem suas próprias conclusões.
Este Bob Dylan e este Iggy Pop - "ah, mas eu conheço eles..." Claro que conhece! Mas as duas músicas têm me encantado dia após dia. A primeira, porque admiro letra, metáforas e comparações que fazem dela uma canção tão potente e atual (só pra constar, ela é de 1964). A segunda, porque não tem o estilo Iggy Pop que conheço mas está de lujo.
Queens of the Stone Age - sim, sou fã. Mas os caras têm uma das melhores bandas que surgiram nos últimos anos. E, além do link no nome deles (de um projeto que vale a pena conferir, por todos os artistas menos CSS), "Like a drug" e "Long slow goodbye" são "totalmente excelentes". Cada vez que escuto, repito umas três vezes cada. E escuto praticamente todos os dias.
Rama Krishna Shiva Linga e Marcel Khalife - quer relaxar? Viajar? Precisa de inspiração? Paz de espírito? Pois ya está. O primeiro, descobri na sorte. O segundo foi dica do Alan, de quando esteve no Marrocos. Os dois são a prova de que existe vida além de Lady Gaga e NXZero.
Sobre brasileiros que me acompanham e me prendem pelo ouvido, falo depois. Já tem coisa suficiente aqui e, se vocês realmente procurarem, é material pra degustar por muitos dias.
Além do mais, sou a favor de um mundo com uma menor quantidade de "informações imperdíveis" ao mesmo tempo.
Bon profit!
Isso envolve música, claro. Sou movido à música. Viciado em música. Música, música, música. E como não ou nada egoísta, vou dividir o que tem prendido minha atenção ultimamente. Talvez já conheçam mas, se não, vale a pena dar aquele conferaizer esperto.
Alton Ellis - pré-Bob Marley e padrinho do rocksteady. Ah, não te suena? Talvez isso ajude. Quem nunca escutou este clássico (ainda que em outras vozes) que atire o primeiro cotonete.
Robert Johnson - aquele que "vendeu a alma ao diabo" pra tocar guitarra - e virou lenda. Tudo bem que isso alimenta a lenda, mas não importa. O cara morreu em 1938 tocando assim. É ídolo.
Vashti Bunyan - a pobre (rica?) coitada é desconhecida e ignorada, mas excelente. Vem daquela época em que ser bom era se entupir de coisinhas ilegais e destruir tudo. Pelo seu som, não creio que era do estilo. Mas ficar tanto tempo no anonimato foi uma perda pra todos. Escutem isso e tirem suas próprias conclusões.
Este Bob Dylan e este Iggy Pop - "ah, mas eu conheço eles..." Claro que conhece! Mas as duas músicas têm me encantado dia após dia. A primeira, porque admiro letra, metáforas e comparações que fazem dela uma canção tão potente e atual (só pra constar, ela é de 1964). A segunda, porque não tem o estilo Iggy Pop que conheço mas está de lujo.
Queens of the Stone Age - sim, sou fã. Mas os caras têm uma das melhores bandas que surgiram nos últimos anos. E, além do link no nome deles (de um projeto que vale a pena conferir, por todos os artistas menos CSS), "Like a drug" e "Long slow goodbye" são "totalmente excelentes". Cada vez que escuto, repito umas três vezes cada. E escuto praticamente todos os dias.
Rama Krishna Shiva Linga e Marcel Khalife - quer relaxar? Viajar? Precisa de inspiração? Paz de espírito? Pois ya está. O primeiro, descobri na sorte. O segundo foi dica do Alan, de quando esteve no Marrocos. Os dois são a prova de que existe vida além de Lady Gaga e NXZero.
Sobre brasileiros que me acompanham e me prendem pelo ouvido, falo depois. Já tem coisa suficiente aqui e, se vocês realmente procurarem, é material pra degustar por muitos dias.
Além do mais, sou a favor de um mundo com uma menor quantidade de "informações imperdíveis" ao mesmo tempo.
Bon profit!
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Tempo vai, tempo vem...
...e as coisas vão acontecendo. Mudando, seguindo, deixando e se revelando. Passando, no sentido bilíngüe da palavra. Mas, depois de quatro meses e meio, o que eu poderia esperar?
Muita coisa. Começo a pensar em catalão, não apenas antes do castelhano mas antes mesmo do português. De vez em quando me pego ouvindo "cla" ou "altre vegada més, Alexandre?" dentro da minha sempre confusa cabeça. O que é bom, já que significa que aprendo rápido. E ruim, pois me dá uma língua mais pra errar. Como errar é humano, defequei pro fato.
Sinto minhas novas amizades cada vez mais minhas de verdade. Pessoas que gostam de mim e me têm como amigo, boa pessoa, ser diferente e interessante, qualquer coisa dessas que no fim das contas me agrada. Na minha segunda calçotada, domingo passado, infelizmente Alberto passou mal e foi embora mais cedo. Infelizmente mesmo, foi uma perda e tanto no dia. Mas fiquei com a galera, preparei calçots, conversei e ri e aprendi e fiz planos. Divertidíssimo. É muito bom você se sentir parte da vida de pessoas que gosta:
Ilde (esq), Alex, Alex e Carmelo, por exemplo.
Ou Alex (esq), Alex, Martí, Danae e (mão do) Carmelo, por outro exemplo.
Fazendo justiça às amizades, explico o porquê da minha felicidade com todos. Ilde é gente finíssima e me pôs como parte do bando. Alex de óculos me adotou desde que estive em Sevilla. Alex sem óculos, desde que cheguei - e por ser uma pessoa extremamente criativa (como muitos outros; não quero desmerecer ninguém), tem me ajudado muito no momento inspiradíssimo pelo qual tenho passado. Carmelo também me adotou desde que cheguei (assim como Neus, sua parella) e me tem uma amizade que dá gosto. Danae, namorada de Alex de óculos, não só me deu toda atenção do mundo desde que nos conhecemos como foi a primeira a me adotar como catalão - inclusive com "el kit del bon català" de amigo-oculto de Natal (inclusive, tirei ela). E Martí, além de me adotar como amigo de cara, foi a única testemunha do meu sofrimento (e êxtase) no último jogo do todo-poderoso, contra o Grêmio, televisionado e chorado mas com final feliz.
A descrição é grande, eu sei. Mas o carinho que tenho por eles, e outros que não estão nas fotos, é incomparavelmente maior. É a maior prova de que coisas maravilhosas podem vir em um curto espaço de tempo.
***
E o tempo vai levando coisas boas, deixando no lugar certa sensação de vazio e tristeza. O carnaval daqui é uma bosta. Juntando o fato de eu ser vidrado no do Brasil, tenho passado dias caídos. Escrotos, pra ser mais exato.
Mas, sinceramente, isso é o de menos. O pior é ver que todo um país (também conhecido como "pessoas que você gosta muito") te deixam em segundo plano nessa época. Defequei novamente - disse, acabou e pronto. Começo a entender como as coisas devem funcionar a partir de agora. Se ninguém é sincero comigo ou me tem como prioridade, farei o mesmo.
De repente isso me relaxa, tira o peso dos meus ombros e me permite tocar os projetos que tenho por aqui. Que são muitos. E não interessam a mais ninguém além de mim.
Muita coisa. Começo a pensar em catalão, não apenas antes do castelhano mas antes mesmo do português. De vez em quando me pego ouvindo "cla" ou "altre vegada més, Alexandre?" dentro da minha sempre confusa cabeça. O que é bom, já que significa que aprendo rápido. E ruim, pois me dá uma língua mais pra errar. Como errar é humano, defequei pro fato.
Sinto minhas novas amizades cada vez mais minhas de verdade. Pessoas que gostam de mim e me têm como amigo, boa pessoa, ser diferente e interessante, qualquer coisa dessas que no fim das contas me agrada. Na minha segunda calçotada, domingo passado, infelizmente Alberto passou mal e foi embora mais cedo. Infelizmente mesmo, foi uma perda e tanto no dia. Mas fiquei com a galera, preparei calçots, conversei e ri e aprendi e fiz planos. Divertidíssimo. É muito bom você se sentir parte da vida de pessoas que gosta:
Ilde (esq), Alex, Alex e Carmelo, por exemplo.
Ou Alex (esq), Alex, Martí, Danae e (mão do) Carmelo, por outro exemplo.
Fazendo justiça às amizades, explico o porquê da minha felicidade com todos. Ilde é gente finíssima e me pôs como parte do bando. Alex de óculos me adotou desde que estive em Sevilla. Alex sem óculos, desde que cheguei - e por ser uma pessoa extremamente criativa (como muitos outros; não quero desmerecer ninguém), tem me ajudado muito no momento inspiradíssimo pelo qual tenho passado. Carmelo também me adotou desde que cheguei (assim como Neus, sua parella) e me tem uma amizade que dá gosto. Danae, namorada de Alex de óculos, não só me deu toda atenção do mundo desde que nos conhecemos como foi a primeira a me adotar como catalão - inclusive com "el kit del bon català" de amigo-oculto de Natal (inclusive, tirei ela). E Martí, além de me adotar como amigo de cara, foi a única testemunha do meu sofrimento (e êxtase) no último jogo do todo-poderoso, contra o Grêmio, televisionado e chorado mas com final feliz.
A descrição é grande, eu sei. Mas o carinho que tenho por eles, e outros que não estão nas fotos, é incomparavelmente maior. É a maior prova de que coisas maravilhosas podem vir em um curto espaço de tempo.
***
E o tempo vai levando coisas boas, deixando no lugar certa sensação de vazio e tristeza. O carnaval daqui é uma bosta. Juntando o fato de eu ser vidrado no do Brasil, tenho passado dias caídos. Escrotos, pra ser mais exato.
Mas, sinceramente, isso é o de menos. O pior é ver que todo um país (também conhecido como "pessoas que você gosta muito") te deixam em segundo plano nessa época. Defequei novamente - disse, acabou e pronto. Começo a entender como as coisas devem funcionar a partir de agora. Se ninguém é sincero comigo ou me tem como prioridade, farei o mesmo.
De repente isso me relaxa, tira o peso dos meus ombros e me permite tocar os projetos que tenho por aqui. Que são muitos. E não interessam a mais ninguém além de mim.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Calçotada
(jo vullia escriure en català perquè aquest es un costum de Catalunya, però m'es igual; parlem el portuguès, doncs)
A primeira vez a gente nunca esquece. Ainda mais sendo num lugar legal, dia bonito, com alguém que você gosta, experimentando sensações diferentes. Hoje, um domingo de temperatura agradável como há muito não se via em Barna, fui à minha primeira calçotada.
Calçotada, pra quem não sabe (eu mesmo não sabia), é como churrasco. Substituindo picanha, coração e pão de alho com farofa e "molho acompanha" por calçot. Vulgo cebola.
Sim, cebola. Mas não daquelas gordas que deixa gosto por três dias, ainda que você faça bochecho com água sanitária. É uma variedade cultivada aqui. Não sei se existe parecida no Brasil, pela foto alguém pode me dizer. Sei que o gosto é mais suave. E, junto com o molho específico para ela, fica buenísima.
Mas o dia não foi bom só por isso. A calçotada foi num parque em Begues (se diz "bêgas"), pueblo cerca de Barcelona, com um visual lindo desde a estrada até o local. Além dos calçots, teve carne e pão na brasa - tudo preparado numa churrasqueira coletiva gigante que soltava mais fumaça que o público num show do D2. Ou da Britney Spears, que os jovenzinhos de hoje não estão pra brincadeira.
Rolou futebol. Eu, que não jogava há tempos, babava com a oportunidade. Senti os efeitos da altitude de 2 mil e poucos metros (cadê a Fifa nessas horas?) e meu preparo físico cada vez mais duvidoso (falando da relação resistência aeróbica-idade, pois estou tão em forma que minha calça cai ao andar, estilo funkeiro), mas fui o grande artilheiro da partida de altíssimo nível disputada no Camp Vell - nome inventado agora pra soar mais imponente. Saí de campo ouvindo "com o brasileiro no time fica fácil, né?". Pátria de chuteiras, sim, e com muito orgulho!
Conheci muita gente interessante, até um neto bastardo do meu bisavô. Bom, talvez não ele. Mas vários outros catalães gente finíssima que fizeram com que me sentisse entre amigos. Conversamos, rimos e ganhei mais um sobrinho europeu, Paul, molequinho com menos de 2 anos que não chora quando cai, vai com todo mundo e faz carinho em cachorro espancando o focinho. Foram horas agradáveis, daquelas que dá pena quando sabe que estão chegando ao fim.
E assim levamos mais um domingão em família. Adotiva, mas família.
A primeira vez a gente nunca esquece. Ainda mais sendo num lugar legal, dia bonito, com alguém que você gosta, experimentando sensações diferentes. Hoje, um domingo de temperatura agradável como há muito não se via em Barna, fui à minha primeira calçotada.
Calçotada, pra quem não sabe (eu mesmo não sabia), é como churrasco. Substituindo picanha, coração e pão de alho com farofa e "molho acompanha" por calçot. Vulgo cebola.
Muito prazer, sou um calçot sendo preparado por um proletário pobre (redundância).
Sim, cebola. Mas não daquelas gordas que deixa gosto por três dias, ainda que você faça bochecho com água sanitária. É uma variedade cultivada aqui. Não sei se existe parecida no Brasil, pela foto alguém pode me dizer. Sei que o gosto é mais suave. E, junto com o molho específico para ela, fica buenísima.
Mas o dia não foi bom só por isso. A calçotada foi num parque em Begues (se diz "bêgas"), pueblo cerca de Barcelona, com um visual lindo desde a estrada até o local. Além dos calçots, teve carne e pão na brasa - tudo preparado numa churrasqueira coletiva gigante que soltava mais fumaça que o público num show do D2. Ou da Britney Spears, que os jovenzinhos de hoje não estão pra brincadeira.
Rolou futebol. Eu, que não jogava há tempos, babava com a oportunidade. Senti os efeitos da altitude de 2 mil e poucos metros (cadê a Fifa nessas horas?) e meu preparo físico cada vez mais duvidoso (falando da relação resistência aeróbica-idade, pois estou tão em forma que minha calça cai ao andar, estilo funkeiro), mas fui o grande artilheiro da partida de altíssimo nível disputada no Camp Vell - nome inventado agora pra soar mais imponente. Saí de campo ouvindo "com o brasileiro no time fica fácil, né?". Pátria de chuteiras, sim, e com muito orgulho!
Conheci muita gente interessante, até um neto bastardo do meu bisavô. Bom, talvez não ele. Mas vários outros catalães gente finíssima que fizeram com que me sentisse entre amigos. Conversamos, rimos e ganhei mais um sobrinho europeu, Paul, molequinho com menos de 2 anos que não chora quando cai, vai com todo mundo e faz carinho em cachorro espancando o focinho. Foram horas agradáveis, daquelas que dá pena quando sabe que estão chegando ao fim.
E assim levamos mais um domingão em família. Adotiva, mas família.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Preciso de um violão
Cheguei no meu limite. E quando você está no limite (não o programa), seja qual for o motivo, precisa de uma válvula de escape.
Já tentei várias. Infelizmente, elas estão na rua - salvo papel e caneta, que levo pra todo canto e vive salvando minha sanidade (um bloquinho de 5347 páginas que comprei perto do Natal já está na metade, cheio de poesias, inícios de contos e idéias em geral). Enfim, sei o que pode me salvar. Um violão.
Verdade, não toco faz muito tempo. Inclusive, deixei o meu em Jacacity. Verdade também que, depois de comprar um, vou tocar e abandoná-lo por certos períodos, pegando poeira e torcendo pra eu não estar com os dedos sem mobilidade - o que passa toda vez que me afasto. Mas nada disso importa, porque ter um instrumento ao meu lado ajuda no meu equilíbrio. Mais do que Actimel àquelas mães jovens dos comerciais. Fico viajando com ele (violão, não comercial) mesmo sem ser muito bom nisso, e esqueço o que está a minha volta. Exatamente o que preciso, apesar de ter mais coisas longe de mim que ao meu redor.
Infelizmente, não tenho grana pra um violão. Usado, talvez, mas os que encontrei são ruins. O mercado de trabalho espanhol continua ruim e daqui a pouco, quando voltar com carga total ao esquema "pasta debaixo do braço e sorriso de redator apátrida", vou ter que contar com muita sorte pra conseguir algo que me permita pagar mestrado, aluguel e um Fender 0km baratinho que vi numa loja. Mas é assim que a vida funciona quando você está longe de tudo e de todos, não é mesmo?
Queria escrever aqui sobre meu curta de terror que está competindo num site e precisa de votos, ou das minhas descobertas barcelonescas por estes dias, quem sabe até dos meus planos loucos. Mas minha mente foi dominada pelo desejo de ter um violão outra vez. E só consegui escrever sobre isso.
Fica a mensagem. Preciso de um violão.
Já tentei várias. Infelizmente, elas estão na rua - salvo papel e caneta, que levo pra todo canto e vive salvando minha sanidade (um bloquinho de 5347 páginas que comprei perto do Natal já está na metade, cheio de poesias, inícios de contos e idéias em geral). Enfim, sei o que pode me salvar. Um violão.
Verdade, não toco faz muito tempo. Inclusive, deixei o meu em Jacacity. Verdade também que, depois de comprar um, vou tocar e abandoná-lo por certos períodos, pegando poeira e torcendo pra eu não estar com os dedos sem mobilidade - o que passa toda vez que me afasto. Mas nada disso importa, porque ter um instrumento ao meu lado ajuda no meu equilíbrio. Mais do que Actimel àquelas mães jovens dos comerciais. Fico viajando com ele (violão, não comercial) mesmo sem ser muito bom nisso, e esqueço o que está a minha volta. Exatamente o que preciso, apesar de ter mais coisas longe de mim que ao meu redor.
Infelizmente, não tenho grana pra um violão. Usado, talvez, mas os que encontrei são ruins. O mercado de trabalho espanhol continua ruim e daqui a pouco, quando voltar com carga total ao esquema "pasta debaixo do braço e sorriso de redator apátrida", vou ter que contar com muita sorte pra conseguir algo que me permita pagar mestrado, aluguel e um Fender 0km baratinho que vi numa loja. Mas é assim que a vida funciona quando você está longe de tudo e de todos, não é mesmo?
Queria escrever aqui sobre meu curta de terror que está competindo num site e precisa de votos, ou das minhas descobertas barcelonescas por estes dias, quem sabe até dos meus planos loucos. Mas minha mente foi dominada pelo desejo de ter um violão outra vez. E só consegui escrever sobre isso.
Fica a mensagem. Preciso de um violão.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Napoletana, per favore
Em vez de fazer todas as pesquisas pro mestrado que preciso pra amanhã, escrever as poesias que tenho na cabeça, criar pro portfólio ou simplesmente dormir - é 0h32 em Barna, estava fuçando meus rascunhos no blogger. Não me perguntem por quê. O importante é que acabei encontrando este vídeo, de uma propaganda do Visa que Alan descobriu e me mostrou.
Mola, tío! O ritmo fanfarrão, a letra, a voz saltitante (é assim que a imagino)... É impossível escutar esta canção e não se sentir no meio de uma piazza em Roma, sacudindo as mãos até pra perguntar as horas. Com milhares de pessoas gritando à sua volta. E sacudindo as mãos ainda mais que você, claro.
Pra quem não sabe, Renato Carosone (o autor de "Mambo Italiano", a música aí de cima) nasceu em Napoli. Compositor, cantor e pianista, lutou na Segunda Guerra e explodiu (musicalmente falando) na década de 50. Se fôssemos 35 anos mais velhos, mais ou menos, poderíamos ter visto um concerto seu - ele tocou no Rio e São Paulo em 1957, sem direito à meia entrada. Morreu 1o de abril de 2001. Sem mentira. Tem um prêmio com seu nome.
E me dá vontade de ser pizzaiolo. Tá bom, de comer pizza. Però senza ketchup che io sono italiano!
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Dinheiro pelo ralo
O ralo da ducha aqui de casa entupiu. Mais do que escroto, isso é nojento - não tem nada pior do que querer tomar um bom banho e ter que ficar desviando de barquinhos de pêlo que você reza com todas as forças pra que ao menos sejam seus.
Depois de dias tentando me lembrar de procurar algo no mercado e esquecer logo depois, finalmente consegui que minha memória funcionasse. Fui ao Carrefour e, por falta de conhecimento$ sobre as marcas, fiquei com a do mercado.
Cheguei em casa pronto pra resolver o problema. Quer dizer, deixar o líquido milagroso resolver enquanto cuidava da minha vida. Infelizmente, decidi ler as instruções de uso. O troço é de ácido sulfúrico com composto potencializado de urânio e pedacinhos de bala de prata. Dá pra matar uma reserva africana inteira com meia garrafa. Pra se ter uma idéia, eles recomendam abrir o frasco com as duas mãos sem apertar a embalagem e tomando todas as precauções possíveis. Fui abrir em frente ao hospital, por precaução.
Depois de algumas horas deixandoa arma química o produto agir, abri a torneira. Que maravilha! A água descia fácil, como comidas do almoço de domingo tragadas pelo seu tio gordo com aquele estômago de avestruz que a ciência não consegue explicar. Agora, dá pra tomar banho feliz e contente que não fica um dedo de água no chão do box. Provavelmente, o vizinho de baixo não consegue explicar o buraco no teto do banheiro dele ou a água suja que pinga na sua cabeça enquanto se ducha. Eu recomendaria uma calha.
A gente resolve os problemas como pode.
Depois de dias tentando me lembrar de procurar algo no mercado e esquecer logo depois, finalmente consegui que minha memória funcionasse. Fui ao Carrefour e, por falta de conhecimento$ sobre as marcas, fiquei com a do mercado.
Cheguei em casa pronto pra resolver o problema. Quer dizer, deixar o líquido milagroso resolver enquanto cuidava da minha vida. Infelizmente, decidi ler as instruções de uso. O troço é de ácido sulfúrico com composto potencializado de urânio e pedacinhos de bala de prata. Dá pra matar uma reserva africana inteira com meia garrafa. Pra se ter uma idéia, eles recomendam abrir o frasco com as duas mãos sem apertar a embalagem e tomando todas as precauções possíveis. Fui abrir em frente ao hospital, por precaução.
Depois de algumas horas deixando
A gente resolve os problemas como pode.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Edir Macedo cover?
Outro dia (do ano passado, já que esse texto ficou esquecido no rascunho do blogger) eu explicava pro Alberto a quantidade de e a diferença entre religiões no Brasil. Coincidentemente, no dia seguinte, vejo isso quando voltava do mestrado:
"Não é seita, não é ciência, não é religião, não é filosofia". Então não é nada, ué!
Do lado direito do templo (?) - localizado numa rua do centro de Barna e ocupando o espaço de duas lojas - está escrito "logramos com êxito a abundância, a riqueza, ...da vida humana sentimental".
Senti um cheiro de Universal do Reino do Macedão - um negócio presente em mais países do que a Anistia Internacional. Inclusive, parece que a equipe de marketing da Coca-Cola passou dois anos em treinamento com os pastores do seu Macedo pra aprender posicionamento e técnicas de venda.
Brincadeiras (ou não) à parte, fato é que onde existe alguém precisando de consolo haverá alguém mais esperto/malandro/pilantra disposto a se aproveitar. E não quero desmerecer o local da foto, mas com a vitrine e as quinquilharias expostas parecia mais uma tenda de artigos chineses a um real que um centro espiritual. Dá pra imaginar que meditam no meio de uma nuvem de incenso cigano entre gatinhos que movem as patas e quadros daquela colagem clássica planeta-olho-triângulo-almas num fundo negro.
De repente, entro ali um dia pra ver se vão tentar ler minha mão ou me dar um chá temático de plantas cultivadas no banheiro de trás do lugar. Mas, se eu for, aviso antes. Pra vocês rezarem pela minha pobre alma perdida.
Paz à venda
O aniversário e o tempo longe da Ponte mexeram comigo. Ia falar sobre "paz à venda" no texto de antes, e acabou saindo aquilo tudo que já nem me lembro mais.
Pois bem, "paz à venda". Mudando meu perfil o blogger por algum motivo que ainda não descobri, me deparei com a tal "wishlist" - uma lista do que eu gostaria de ganhar de presente. "Ah", pensei, "sou muito malandrão e engraçadinho, vou colocar uma frase engraçada e todo mundo vai gostar". Correção: gostariam. Porque não pude, já que a lista é feita a partir de links de listas do Google.
Pois fui lá ver o que me ofereciam como "paz no mundo", um dos meus três desejos. E me vieram essas opções.
Paz segundo Marlon. Não confundir com o Marley, do cachorro.
O que prova que o capitalismo é o sistema ideal, já que permite comprar a paz. E também que, se ainda não temos paz no mundo, é exclusivamente porque o ser humano é mão-de-vaca.
Pois bem, "paz à venda". Mudando meu perfil o blogger por algum motivo que ainda não descobri, me deparei com a tal "wishlist" - uma lista do que eu gostaria de ganhar de presente. "Ah", pensei, "sou muito malandrão e engraçadinho, vou colocar uma frase engraçada e todo mundo vai gostar". Correção: gostariam. Porque não pude, já que a lista é feita a partir de links de listas do Google.
Pois fui lá ver o que me ofereciam como "paz no mundo", um dos meus três desejos. E me vieram essas opções.
Paz segundo Marlon. Não confundir com o Marley, do cachorro.
O que prova que o capitalismo é o sistema ideal, já que permite comprar a paz. E também que, se ainda não temos paz no mundo, é exclusivamente porque o ser humano é mão-de-vaca.
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