sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Desabafo

Acabei de ler na página dO Globo sobre como anda a crise aí, o o que chamam de crise. Na verdade não sei como anda o sentimento do povo quanto a isso, até porque passaram tanto tempo jogando o mensalão, o valerioduto e outras coisas na mídia que saturou a mente até do mais alienado dos brasileiros, presumo eu não sei.

O que me chamou a atenção nisso tudo foi uma coisa que não sabia, apesar de já ter um mês. Chico Alencar, vulgo tio ou Chicão agora, saiu do PT. Isso mexeu comigo.

Seria mentira se dissesse que acompanho a vida política do Chico Alencar desde que me entendo por gente, que admiro cada coisa do que ele fez durante anos nesse meio, que ele é meu maior exemplo no cenário político nacional. Até porque, todo mundo sabe - ou deveria saber - que não tenho partido político. Meu "partido" é toda e qualquer coisa que realmente interessar e for boa para todo o povo.

Mas desde que conheci um grande amigo meu passei a prestar mais atenção aos passos do seu pai. E percebi a seriedade com que fazia suas coisas, a força com que lutava pelo que acreditava. Ouvi várias vezes do meu amigo como seu pai sentia dificulade em fazer as coisas no seu trabalho, como ficava chateado com tudo o que estava acontecendo, como se sentia mal pelas coisas divulgadas. Vi seu pai chorar na TV, vi ser injustamente criticado. E agora, isso.

Foi com uma pontinha de lágrima nos olhos, exatamente como estou outra vez agora, que resolvi falar sobre isso. Simplesmente por não acreditar que boa parte de tudo em que eu acreditava quando votei no Partido dos Trabalhadores está indo por água abaixo, e tão rápido. Acredito que isso tenha sido planejado para estourar agora e bombardear o partido, sei que tem muita gente boa lá dentro e muitos dos que estão batendo neles têm o rabo preso. Claro que estão fazendo alarde demais. Mas não deixa de ser deprimente.

Antes que pensem, não, não mudaria meu voto em hipótese nenhuma. E se não achar candidato realmente satisfatório, voto no Lula - pelo fato de que acredito que todos ficarão muito mais preocupados em não errar agora, e não farão besteiras como essas. Mas dói ver como gente responsável por uma das vitórias mais bonitas eesperadas da história do Brasil pôde jogar tudo por água abaixo.

E agora Chico Alencar sai do PT e vai para o Psol. É uma pena, porque além de odiar o partido novo e a Heloísa Helena (aproveitadora falastrona e sem critério - opinião pessoal, se um dia quiserem explico), acho que ele vai se tornar um novo Pstu. Radicalidade demais, propostas e ações concretas de menos. Fico triste de ver que ele teve que ir para lá. Só pode ser por falta de alternativa.

Se ele fizesse um partido só dele, votaria. Se ele se candidatasse a presidente, votaria. Porque falta no país gente séria assim, que até na hora de votar contra o maior acusado da crise do seu ex-partido e desafeto ideológico, chorou por ver que as coisas pelas quais lutou estão definhando. Um dia amargo para a história política da nossa nação.

E assim a vida do brasileiro médio segue, sempre para baixo. Só não encontrando os de baixo porque eles se afundam cada vez mais. É assim que se afasta um brasileiro esperançoso do lugar que ele tanto ama. Espero sobreviver a isso, porque na verdade ainda acredito.

A esperança é a última que morre, não é verdade?
***
Adendo: O Globo volta ao seu normal.

"‘Ou Serra ou o boeing’, afirma Hélio Jaguaribe

Toni Marques
Enviado especial

CAXAMBU (MG). “Ou Serra ou o boeing”. Essas são as escolhas do cientista político Hélio Jaguaribe para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2006. Falando a jornalistas antes de sua palestra no 29 Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), Jaguaribe se disse contra o modelo econômico neoliberal — o que o fez votar em Lula duas vezes, apesar de ter fundado o PSDB e integrado a direção do partido — e a favor de que o prefeito de São Paulo, José Serra, seja candidato a presidente propondo uma política econômica desenvolvimentista.

Se Lula for reeleito, a solução é tomar um avião e ir para a Argentina, brincou Jaguaribe. Devido à política econômica do governo, ele acha que o presidente não pode desejar ser comparado a Juscelino Kubitschek.

— (A comparação) É muito boa para dizer que ele (Lula) é o oposto. É um bom contraste. — disse Jaguaribe."

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