Todo mundo tem um. Ou vários. Alguns bons, outros ruins, uns caros, outros baratos. Nao digo vícios, apesar de que, em alguns casos, poderia ser aplicado sem problemas - apesar de esta ser uma palavra forte e com significado tendendo ao negativo.
Eu mesmo tenho vários. Alguns andam esquecidos, por força maior e nao por vontade, como o saudável hábito de escutar música. Nao vivo sem, mas aqui estou tendo que me adaptar a ouvir menos graças à falta de vontade dos espanhóis em ouvi-la. Ou ouvir coisas de qualidade, o que também é importante. Por outro lado, tenho adquirido saudáveis hábitos como aprender a cuidar das minhas coisas, roupas, casa e cozinhar.
Mas o mais importante, e meu melhor hábito (este sim, posso considerar um vício), é o de cultivar amizades. Tenho, nao sei se o talento, mas ao menos a enorme vontade, de buscar - e encontrar - bons amigos. Isso é o básico e o maravilhoso da vida, conhecer gente com quem você se identifica e que acaba gostando de verdade.
Quando saí do Brasil, esse foi um fato que pesou muito. Deixar meus amigos do outro lado do oceano, inclusive alguns no portao de embarque, foi muito difícil. Triste. Senti bastante por nao estar ao lado de todos, em aniversários, festas e mesmo nas pequenas coisas do dia-a-dia que te fazem bem feliz. Ao menos me fazem. Mas depois de umas aguinhas roladas pelo meu rosto e um aperto no peito, fica só a saudável saudade e vontade de revê-los logo.
Agora estou aqui, no velho continente, e depois de quase quatro meses consegui me estabilizar. Tenho casa, trabalho, aulas (que penso seriamente em abandonar neste final, já que nao vou poder fazer nada nelas) e... amigos! E aí está uma coisa maravilhosa e péssima ao mesmo tempo.
Vim para cá achando que seriam seis meses solitário, esperando minha volta e viajando por aí sem destino e sem ninguém. Mas as pessoas que conheci aqui me fizeram nao só mudar de idéia como seguraram a barra, me deram grande força - mesmo sem saber - e me ajudaram a passar um período excelente e inesquecível da minha vida. Realmente excelente e realmente inesquecível. A ponto de me fazer sentir demais pela minha volta.
Além de me sentir desde 2002 sem casa, quando fui morar na deusKa, agora me sinto apartado de quem eu realmente gosto. E quando voltar para minha terra adorada, vou sentir que uma parte de mim ficou aqui, com tantas pessoas boas que conheci e que gostaria que estivessem ao meu lado por toda a vida. É assim com os que amo no país que deixei e será assim com os que aprendi a gostar tanto no país que estou prestes a deixar.
Considero isso como um desabafo e um aliviar precoce do meu sofrimento, além de uma constataçao. Quem tem amigos tem tudo. E sendo assim, eu tenho mais do que poderia imaginar. E por toda a vida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário