sexta-feira, 1 de junho de 2007

Leia o livro, vá saber...

Quarta foi um dia diferente. Não pela quarta em si, que existe desde que o calendário romano, a atual nomenclatura de dias da semana ou sei lá mais o quê foi estabelecido, mas por um evento único. Literalmente, já que lançamento de livro é um só.

Hélio de Almeida Fernandes, meu professor, orientador e, acima de tudo, amigo, fez a noite de autógrafos por sua nova publicação na livraria do Unibanco Artiplex, em Botafogo. Um espaço muito bom, diga-se de passagem. A não ser que o povo alternativo-cult-descolado-quase-emo te incomode. Aí, vai pro Caldeirão da Via Show.

Enfim, lá estava o Hélio com seu Epístolas ao Peixe e sua impressionante disposição, semi-sorrindo para fotos, assinando cópias e mais cópias e conversando com qualquer pessoa que se chegasse. Carminha, sua esposa, estava lá. Claro. Uma das senhoras com mais disposição que eu já vi. Andava de um lado para o outro, uma perfeita anfitriã. Se cordialidade valesse dinheiro, ela compraria o Eike Batista e mandaria ele lustrar seus sapatos com as bochechas.

Os dois estavam acompanhados de seus filhos, netos, parentes cuja relação não entendi muito bem e uma legião de amigos, colegas, fãs e afins. Estava cheio, o que deve ser difícil em um país como o nosso, repleto de escassos leitores. Entre essas pessoas estavam ainda meu pai, Alan e Señor Almeyda, prestigiando junto comigo.

Obviamente comprei o livro. Obviamente ele assinou, o que transforma esse no terceiro autógrafo da minha vida – o segundo dele, já que nunca me importei com assinaturas. O que vale aí é a amizade, não uma histeria pelo nome alheio escrito na publicação.

E só para saberem, o primeiro foi de um autor que não conhecia, mas era garoto e o professor incentivou a ir pegar seu autógrafo. Quase obrigou, na verdade. Coincidência ou não, foi um dos raros livros na minha vida que reli. Duas vezes. Então deve ser bom.
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Por um acaso, esta calorosa noite de recepção e demonstração de amizades foi uma das mais frias do ano. O dia, que já tinha batido recorde (pra mim) ao marcar míseros 19º 13h30 em Ipanema (!!!), chegou aos 16º às 19h40, na praia de Copacabana.

É como diz a música. “Moro num país tropical / abençoado por Deus / e bonito por natureza”.

Aliás, vamos falar da parte de ser abençoado.
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Reza a lenda-piada que Deus, ao escolher o que colocaria de catástrofe em cada país para equilibrar a criação do mundo, escolheu furacões nos EUA, terremotos no Japão, vulcões na Itália e políticos no Brasil. Acho que Ele exagerou na dose.

Vejam bem: no Japão, dois políticos acusados por irregularidades – acusados, não condenados – se suicidaram. Inclusive, na foto do enterro de um deles, a viúva sequer chorava. É a vergonha da desonra.

Na China, vira e mexe condenados por corrupção são mandados pra cucuia. A bola da vez é um fulado que recebeu 850 mil Tio Sans por uma coisa qualquer que não lembro. Aliás, eles estão endurecendo penas para pessoas de cargos públicos que forem pegas em seus erros: perda do cargo, expulsão do Partido Comunista e coisas mais.

E aqui? Ah, o Brasil tem um povo, amigo, solidário, tranqüilo e receptivo. Verdade: recebe muito bem quem mete a mão nos cofres públicos, quem sonega, rouba e atrasa nosso desenvolvimento. Colocou uma gravata, é doutor. E virou doutor, liberou geral.

É triste. Desanimador, na verdade. Outro dia discutia em sala (infelizmente, ainda preciso ser aluno) essa situação, e a professora disse que o brasileiro não quer saber das coisas. Não quer que mudem, muito menos vai se esforçar para isso. Estou cada vez mais inclinado a concordar. Enquanto isso, o Brasil caminha a passos largos para a beira do abismo. Ou o fundo do poço, o fim da linha ou qualquer outra analogia que vocês prefiram e represente bem nosso atual estado de degradação.

Mas “o bom do Brasil é o brasileiro”, não é verdade?

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