O tempo fechou em Barcelona. Ao menos dentro do trem entre El Prat de Llobregat e Sants. Hoje, por alguns instantes, me senti num vagão saído da Central do Brasil.
Primeiro, entra um homem puxando um carrinho de feira com uma caixa de som e um minidisc (alguém ainda lembra o que é isso?). Traz também um daqueles instrumentos de sopro pra criança – de plástico, tipo brinquedo da Estrela – que tem tecladinho em cima.
Ele pára no meio do carro, liga o aparelho pra deixar rolando um som de fundo tipo arquivo midi de karaoke, e começa a solar umas músicas em espanhol famosas. O som tava alto, mas pelo menos o coitado tava se esforçando pra ganhar uns trocados honestamente.
Logo vira uma mulher alguns bancos à frente e, de forma exageradamente ríspida, pede pra ele baixar o som. Seu tom de voz estava alto, ela não precisava ser grossa, mas era o que pensava.
O homem desliga o som e corre a sacolinha pro lado do trem onde ela não estava. Volta, pega seu carrinho e vai pedir dinheiro na outra direção. Quando passa por ela, pára e pergunta qual o problema com sua música. E está armado o barraco.
Ela começa a falar, outra vez rispidamente, que o som estava alto. Ele diz que, se ela estava incomodada com o som que ele fazia no trem, que comprasse um carro. Ela grita que pagou pelo bilhete e que está no seu direito. Ele insiste que ela deveria comprar um carro. Uma jovem toma partido dele. A mulher se descontrola. Ele agradece à menina e sai de perto. Os dois ficam resmungando alto por mais algum tempo.
Se eu dissesse agora que passou um cara vendendo “bixcoito Grobo” e o auto-falante anunciou que a próxima estação era Coelho Neto dava até pra acreditar, não é mesmo?
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
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2 comentários:
E assim continuará sendo o Rio de Janeiro depois das Olimpíadas de 2016... risos.
Risos, não. Choros.
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