domingo, 2 de maio de 2010

Marcha da maconha

Acabei de voltar de Malta, entrei nos três últimos meses de estada na Europa, vi o Barça ser eliminado da Champions por um time que pratica o anti-futebol, o desemprego no país onde vivo passou dos 20% da população ativa. Mas me senti na obrigação de deixar tudo isso pra depois e escrever sobre a marcha da maconha, no meu querido e distante Rio de Janeiro.

Quem me conhece sabe que não fumo, não fumei e passei da idade de bancar o rebelde pra experimentar ou desafiar o sistema. Também sabe que tenho amigos que já fumaram ou fumam e não discuto isso - cada um faz o que quer da vida, e tampouco sou melhor que os outros pra julgá-los. Mas a questão aqui é a marcha pela legalização. Falam de "fim da hipocrisia". Dizem que, se fosse legalizada, haveria menos mortes pelo tráfico de drogas. Bom, que tal pensar um pouco mais longe? Viajar, pra entrar na onda da discussão.

Não é a ilegalidade das drogas que gera violência no país. É a desigualdade social. Legalizar vai mudar esse panorama? Vai gerar milhares de postos de trabalho e melhorar a distribuição de renda? E, se fosse legal, você (que fuma) compraria maconha numa loja oficial? Nada pessoal, mas o que vejo são pessoas comprando cerveja na mão de ambulantes, camisas de clubes falsificadas, CDs e DVDs piratas, sempre  justificando que são mais baratos. Maracanã, entrada de shows, Uruguaiana, camelôs em frente ao Madureira Shopping, o que não falta são exemplos pra comprovar o que digo. Alguém disse hipocrisia?

Ah, sim, a Holanda. Bom, quem estudou ao menos um pouco de história sabe que ela é desenvolvida há alguns séculos. Seu povo tem um grau de educação avançado e o nível de vida no país é algo inimaginável para nós. Os garis são bilíngues, eu (ou)vi. Eles podem discutir a legalização de drogas tanto quanto a eutanásia, por exemplo. Porque há poucos motivos reais de preocupação no país, como a subida do nível do mar e a construção de diques. Inclusive, eles deram uns passos atrás no assunto quando o país virou playground mundial de junkies que aproveitavam o fato pra se entupirem do que encontrassem pela frente. Ahan, sei. Hipocrisia.

Quem foi pra marcha certamente passou por mendigos, crianças de rua e outros desafortunados. E o que será que toda essa gente fez pelos marginalizados, eu me pergunto? Pagou um lanche, ouviu seus problemas, ofereceu emprego, indicou uma casa legal onde eles podiam encontrar ajuda? Ou fingiu que não viu, disse que não tinha moeda e guardou o dinheiro (talvez ganho com o trabalho, talvez saído do bolso do pai) pra rachar um tijolo entre os amigos? Hipocrisia?

Legalizar a maconha ou qualquer outra coisa deve ser algo a ser decidido pelo povo, verdade? O nosso, no caso. Que não tem educação de qualidade oferecida pelo Estado - que obriga os professores do ensino público a aprovarem os alunos e compensa a falha com sistemas de cotas. Que é considerado leitor quando lê 1 livro a cada três meses (metade da população, sendo que metade são livros didáticos - ou seja, lidos por obrigação). Que passa fome, que vive em favelas, que se equilibra no emprego em um país onde o salário mínimo é de R$ 510,00 e um livro custa pelo menos 5% desse valor - e que, ainda assim, vai pro bar torrar o que não sobra em caixas de cerveja, vendo futebol. Que tem como principal atração novela das 20h e BBB. Que não se informa sobre os candidatos em que votam e repetem os mesmos erros de eleições anteriores. Esse povo é quem deve decidir, verdade? Hipocrisia, o quê?

Todo o recurso a ser usado na votação e na aplicação das novas normas caso a lei seja aprovada me parece um absurdo, se pensamos na quantidade de problemas e projetos muito mais importantes para a população em geral: saúde, saneamento básico, segurança e, claro, educação e cultura. Não vejo muito sentido assumir esse compromisso financeiro quando tem gente morrendo em deslizamento de terra por morar sobre um lixão ou criança fora de escola porque tem que levar dinheiro pra casa pra ajudar a mãe solteira que faz bico em casa na Zona Sul. Onde houve a marcha pela maconha, e reclamaram da hipocrisia.

Pelo visto, pegar um sol e batucar na orla é muito mais fácil que encarar nossos verdadeiros problemas. E não falo isso como não fumante, espírita, futuro pai de família ou o que seja. Falo como humanista. É que ficar relaxadão com os amigos matando a fome da larica enquanto o resto do país se vira como pode me parece a verdadeira hipocrisia. Como a marcha pela legalização da maconha.

14 comentários:

Barão do Tráfico disse...

Quem me conhece sabe que não fumo, não fumei e passei da idade de bancar o rebelde pra experimentar ou desafiar o sistema."

Uma demonstração de preconceito mesmo antes da exposição dos argumentos. Parte do princípio de que quem fuma o faz somente pela afronta. Uma visão meio meu avô, se também me permite ser preconceituoso. Não ignore o prazer, o prazer...



Não é a ilegalidade das drogas que gera violência no país. É a desigualdade social. Legalizar vai mudar esse panorama? Vai gerar milhares de postos de trabalho e melhorar a distribuição de renda?

Com efeito, não é. Mas, além de se tratar de um fato óbvio, é um equívoco colocar em questão a erradicação da violência como consequencia direta da descriminação da maconha. Sendo a desigualdade social a principal geradora do panorama violento atual, acredito que cabe à mudança de toda uma cultura, de mentalidade e comportamento em diversos campos sociais e econômicos, dos governantes e cidadãos, para que tal cenário mude. Assim como a distribuição de renda e a geração de empregos (vai gerar empregos na medida em que tiver mercado, como com qualquer produto em qualquer economia). Legalizar não vai mudar o panorama atual, mas vai contribuir, somar. Chega a ser uma inversão de valores colocar na íntegra tal responsabilidade na conta da legalização da erva.



E, se fosse legal, você (que fuma) compraria maconha numa loja oficial?

Não tenha a menor dúvida de que sim. Se você fumasse estaria babando agora só de pensar em comprar bagulho na farmácia, com selo do Inmetro e o caralho a quatro.



Nada pessoal, mas o que vejo são pessoas comprando cerveja na mão de ambulantes, camisas de clubes falsificadas, CDs e DVDs piratas, sempre  justificando que são mais baratos. Maracanã, entrada de shows, Uruguaiana, camelôs em frente ao Madureira Shopping, o que não falta são exemplos pra comprovar o que digo. Alguém disse hipocrisia?

Acredito que não haverá motivo pra comprar maconha à margem da lei num cenário de legalidade. A qualidade tende a aumentar e o preço a cair (pode ser que o preço não caia ou até suba, dependendo de vontades políticas), devido à ausência de impurezas, produção em massa, etc. Mais uma vez, como qualquer produto, o consumidor vai procurar o que lhe proporciona mais vantagem, e não vejo vantagem nenhuma em comprar erva no mercado negro num cenário de legalidade.

Barão do Tráfico disse...

Todo o recurso a ser usado na votação e na aplicação das novas normas caso a lei seja aprovada me parece um absurdo, se pensamos na quantidade de problemas e projetos muito mais importantes para a população em geral: saúde, saneamento básico, segurança e, claro, educação e cultura. Não vejo muito sentido assumir esse compromisso financeiro quando tem gente morrendo em deslizamento de terra por morar sobre um lixão ou criança fora de escola porque tem que levar dinheiro pra casa pra ajudar a mãe solteira que faz bico em casa na Zona Sul. Onde houve a marcha pela maconha, e reclamaram da hipocrisia.

Você esquece de mencionar o dinheiro gasto pela sociedade na repressão ao usuário de maconha e em outras consequencias da proibição. Um imenso disperdício, se tratando de um país com problemas de saúde, segurança, educação e cultura, não acha?
Além do que, uma coisa não exclui a outra. O país não vai parar pra maconha ser legalizada. Lendo o argumento do compromisso financeiro, tenho a sensação de que o país vai fazer um esforço comparável ao de organizar outra Copa do Mundo; que o país vai parar para que a nova lei seja implementada. O fato da nossa sociedade precisar, e muito, do básico (educação, saneamento, comida, roupa) não impede que se avance em outras áreas. Nação nenhuma do planeta progride se preocupando com apenas um assunto por vez. O governo é descentralizado, com inúmeros ministérios, cada um com seu orçamento, justamente para que diferentes questões, em diferentes campos, possam progredir de maneira independente. Além do que, tal proposta não pode ser vista como um capricho trivial. A legalização da maconha não vai mudar radicalmente a sociedade, e nem se "vende" com tal premissa. Vai, sim, contribuir pra isso, além de demonstrar um exercício de bom senso e tolerância.



Pelo visto, pegar um sol e batucar na orla é muito mais fácil que encarar nossos verdadeiros problemas. E não falo isso como não fumante, espírita, futuro pai de família ou o que seja. Falo como humanista. É que ficar relaxadão com os amigos matando a fome da larica enquanto o resto do país se vira como pode me parece a verdadeira hipocrisia. Como a marcha pela legalização da maconha.

Não me diz nada tal conclusão. Sob o ponto de vista da alienação social, em que difere "relaxar com os amigos matando a fome da larica depois de fumar um" e "encher a cara com a galera assistindo o Brasil na Copa"? Creio que você concorde comigo que não difere em nada. Diante disso, não compreendo a insinuada ligação entre "defensor da legalização da maconha", "obstáculo ao desenvolvimento" e "hipocrisia". Isso sim é viagem.

Concluindo: os problemas expostos no seu texto são reais e a preocupação com eles parece legítima. A miopia, na minha opinião, reside na tentativa de desqualificar uma revindicação com base em questões que, apesar de reais, não configuram objeção ao projeto. É colocada na conta da legalização da maconha a resolução de problemas cujas raízes são expostas logo no início do texto e que transcendem o alcance e a amplitude de tal medida. E a hipocrisia se faz presente quando, na tentativa de desqualificar tal revindicação, são utilizados argumentos nos quais se encaixa boa parte da sociedade e que mesmo assim não são influenciados diretamente pelo assunto em questão.
Parece que a maconha só pode ser legalizada caso se comprove que isso irá salvar o mundo. Chame o Capitão Presença!

Para refletir:
http://www.growroom.net/board/uploads/1272858112/gallery_41272_3351_69125.jpg

Barão do Tráfico disse...

Ah, sim, a Holanda. Bom, quem estudou ao menos um pouco de história sabe que ela é desenvolvida há alguns séculos. Seu povo tem um grau de educação avançado e o nível de vida no país é algo inimaginável para nós. Os garis são bilíngues, eu (ou)vi. Eles podem discutir a legalização de drogas tanto quanto a eutanásia, por exemplo. Porque há poucos motivos reais de preocupação no país, como a subida do nível do mar e a construção de diques. Inclusive, eles deram uns passos atrás no assunto quando o país virou playground mundial de junkies que aproveitavam o fato pra se entupirem do que encontrassem pela frente. Ahan, sei. Hipocrisia.

Na minha opinião, "fulano não está desenvolvido o suficiente para tal coisa" não é um argumento válido. É justamente essa linha de raciocínio que impede que uma sociedade se desenvolva. Dá a entender que enquanto formos esse país fodido, não temos o direito de refletir sobre questões superiores. Se formos seguir esta lógica… Já a preocupação com os Junkies holandeses se deve mais ao comércio de drogas sintéticas, este sim completamente ilegal e entregue ao mercado negro, leia-se traficantes e mafiosos. A maconha em si está longe de ser uma questão para os holandeses, que costumam demonstrar indiferença com o assunto.



Quem foi pra marcha certamente passou por mendigos, crianças de rua e outros desafortunados. E o que será que toda essa gente fez pelos marginalizados, eu me pergunto? Pagou um lanche, ouviu seus problemas, ofereceu emprego, indicou uma casa legal onde eles podiam encontrar ajuda? Ou fingiu que não viu, disse que não tinha moeda e guardou o dinheiro (talvez ganho com o trabalho, talvez saído do bolso do pai) pra rachar um tijolo entre os amigos? Hipocrisia?

Certamente quem foi pra marcha agiu da mesma maneira que age quem se veste de branco pra pedir paz e justiça, ou um abadá pra pular na micareta. Se entendi bem, um dos seus argumentos sobre a questão reside no fato de seus ativistas ajudarem ou não os mendigos que encontram na rua? Seguindo esta lógica, proibamos os blocos de Carnaval de rua, cujos participantes não fazem nada diante dos problemas que encontram rumo à folia. Não entendo por que o maconheiro tem que arcar com uma responsabilidade da qual a sociedade inteira se esquiva.

Barão do Tráfico disse...

Legalizar a maconha ou qualquer outra coisa deve ser algo a ser decidido pelo povo, verdade? O nosso, no caso. Que não tem educação de qualidade oferecida pelo Estado - que obriga os professores do ensino público a aprovarem os alunos e compensa a falha com sistemas de cotas. Que é considerado leitor quando lê 1 livro a cada três meses(metade da população, sendo que metade são livros didáticos - ou seja, lidos por obrigação). Que passa fome, que vive em favelas, que se equilibra no emprego em um país onde o salário mínimo é de R$ 510,00 e um livro custa pelo menos 5% desse valor - e que, ainda assim, vai pro bar torrar o que não sobra em caixas de cerveja, vendo futebol. Que tem como principal atração novela das 20h e BBB. Que não se informa sobre os candidatos em que votam e repetem os mesmos erros de eleições anteriores. Esse povo é quem deve decidir, verdade? Hipocrisia, o quê?

Quem deve decidir então? Concordo inteiramente de que nós, enquanto povo, em média, não temos o menos preparo para discutir grandes questões. Mas e aí, faz-se o que? Não decide-se nada, então? Esse é o país que temos, é o povo que temos, então é com isso mesmo que temos que fazer as coisas. É fazendo, errando e corrigindo os erros que se progride, não é ficando parado dando uma de cético, esperando o dia em que, num passe de mágica, nos tornaremos civilizados, 1º mundo. Percebeu o paradoxo? É justamente essa postura de "ainda não estamos prontos" que nos impede de estar prontos.
Voltando à questão do estar ou não preparado, acho que se um povo tem a autonomia e a responsabilidade de "decidir" (entre aspas mesmo) aqueles que vão administrar a nação, não vejo porque ele não pode ser considerado apto para discutir este assunto. O cara que não lê um livro sequer por ano não pode ajudar a decidir se o porte e uso de uma planta deve continuar sendo ilegal, mas pode eleger o grupo de pessoas que vai reger seu país, sua sociedade, sua rotina. Já pôde até decidir se continuávamos uma República ou se voltávamos à Monarquia. Qual o critério?

Unknown disse...

Gostei de ter alguém favorável à legalização debatento aqui. Achei que isso não fosse acontecer. Ainda bem que errei. Bom, pra manter a conversa rolando:

Uma demonstração de preconceito mesmo antes da exposição dos argumentos. Parte do princípio de que quem fuma o faz somente pela afronta. Uma visão meio meu avô, se também me permite ser preconceituoso. Não ignore o prazer, o prazer...

Não, um fato citado por praticamente TODOS os que conheço e que fumavam ou fumam. Começaram de onda, por moda, pra parecerem mais legais, pra ver qual é. Se sentem prazer ou não, é num segundo momento. Pode ser preconceituoso à vontade, mas sem colocar pré-conceitos no que digo. Afinal, ainda que seu avô tenha (tivesse) algo de parecido no argumento, seguramente tinha razões pra isso. Use a sua, não deturpe a minha.

...é um equívoco colocar em questão a erradicação da violência como consequencia direta da descriminação da maconha

É exatamente o que digo. Mas esse é um dos argumentos que usam pela legalização. Você concorda comigo, é isso?

Legalizar não vai mudar o panorama atual, mas vai contribuir, somar. Chega a ser uma inversão de valores colocar na íntegra tal responsabilidade na conta da legalização da erva.

Partindo desse princípio, deveríamos legalizar tudo, já que tudo somaria. E não coloco a responsabilidade na legalização. Apenas vejo o fato como indigno de ser discutido com tantos problemas mais importantes na frente. Me soa um tanto egoísta, inclusive.

Se você fumasse estaria babando agora só de pensar em comprar bagulho na farmácia, com selo do Inmetro e o caralho a quatro.

É o tipo de coisa que só acredito vendo. Não posso falar por você, que nem conheço, mas numa pesquisa rápida e simples (estilo IBGE), vemos muito mais gente pagando R$ 1 na lata de cerveja no ambulante que R$ 1,50 num bar a 50 metros.

Unknown disse...

Acredito que não haverá motivo pra comprar maconha à margem da lei num cenário de legalidade. A qualidade tende a aumentar e o preço a cair (pode ser que o preço não caia ou até suba, dependendo de vontades políticas), devido à ausência de impurezas, produção em massa, etc. Mais uma vez, como qualquer produto, o consumidor vai procurar o que lhe proporciona mais vantagem, e não vejo vantagem nenhuma em comprar erva no mercado negro num cenário de legalidade.

Não vou entrar na discussão de preço e qualidade, já que não posso opinar, mas a quantidade de coisas à venda na Uruguaiana ou Madureira - com público fiel - me faz duvidar disso. Bom, e não custa dizer que na Holanda compram ilegalmente, ainda que sejam poucos (sei lá quantos, nunca perguntei). Eles têm dinheiro, alta escolaridade e um bilhão de coffee shops com bilhões de opções. Como disse, só acredito vendo.

Você esquece de mencionar o dinheiro gasto pela sociedade na repressão ao usuário de maconha e em outras consequencias da proibição.

Não esqueci, simplesmente não quis. Sou contra prisão ou retaliações desproporcionais ao usuário, tenho como um dinheiro gasto de forma burra. É crime previsto na lei, mas poderia ser penalizado com o confisco da posse e/ou penas alternativas - muito mais úteis para a sociedade, inclusive.

Lendo o argumento do compromisso financeiro, tenho a sensação de que o país vai fazer um esforço comparável ao de organizar outra Copa do Mundo (...) Nação nenhuma do planeta progride se preocupando com apenas um assunto por vez. (...) A legalização da maconha não vai mudar radicalmente a sociedade, e nem se "vende" com tal premissa. Vai, sim, contribuir pra isso, além de demonstrar um exercício de bom senso e tolerância.

O esforço não é tão grande como para uma Copa. Mas, pelo atraso nas obras, corremos o risco de perdê-la. É com esse tipo de organização que pretendemos discutir uma questão como a legalização? Não precisamos discutir um assunto por vez. Por isso citei saúde, saneamento básico, segurança, infra-estrutura, educação, cultura. Me parecem todos mais importantes. E não sei se ela mudaria a sociedade, não prevejo o futuro. Mas exercício de bom senso e tolerância também podem ser o casamento gay, a erradicação do preconceito enrustido que temos de classe/cor/gênero/etc ou algo tão simples quanto o respeito nos estádios de futebol entre torcidas organizadas. Por qual desses assuntos você levanta a bandeira?

Unknown disse...

Na minha opinião, "fulano não está desenvolvido o suficiente para tal coisa" não é um argumento válido. É justamente essa linha de raciocínio que impede que uma sociedade se desenvolva. Dá a entender que enquanto formos esse país fodido, não temos o direito de refletir sobre questões superiores. Se formos seguir esta lógica… Já a preocupação com os Junkies holandeses se deve mais ao comércio de drogas sintéticas, este sim completamente ilegal e entregue ao mercado negro, leia-se traficantes e mafiosos. A maconha em si está longe de ser uma questão para os holandeses, que costumam demonstrar indiferença com o assunto.

O que impede que uma sociedade se desenvolva é a alienação. Antes de colocar em questão a legalização, deve-se colocar em debate os prós e contras. E aí entra a educação - que não temos. Você lembra do referendo pelo desarmamento? E colocar maconha como questão superior me parece um pouco exagerado. Entre tantas opções, coloco educação na frente, por exemplo. E sim, as drogas sintéticas são ilegais. Também acho pouco provável que eles proibam a maconha. Mas, se você pesquisar rapidinho no Google, vai achar notícias sobre o tema e entender o que disse.

Certamente quem foi pra marcha agiu da mesma maneira que age quem se veste de branco pra pedir paz e justiça... (...) Não entendo por que o maconheiro tem que arcar com uma responsabilidade da qual a sociedade inteira se esquiva.

Exatamente, e por isso odeio essas marchas pela paz. São desnecessárias, infrutíferas e clichês. Quer paz, vota direito. Ou educa o filho, pensando nos quantos casos de brigas em porta de boate ou surra em prostitutas (por exemplo, e teriam mais vários aqui). E não acho que o maconheiro deva arcar com isso ou aquilo. Digo que eles fazem na orla exatamente o mesmo que os de branco. Nada de produtivo.

É justamente essa postura de "ainda não estamos prontos" que nos impede de estar prontos. (...) O cara que não lê um livro sequer por ano não pode ajudar a decidir se o porte e uso de uma planta deve continuar sendo ilegal, mas pode eleger o grupo de pessoas que vai reger seu país, sua sociedade, sua rotina.

Não, o que impede de estarmos prontos é a falta de educação e tudo o que disse antes. "Ainda não estamos prontos" não é uma postura, e sim uma constatação. De novo, você lembra do referendo pelo desarmamento?

E acho uma pena que essa pessoa possa decidir uma coisa e outra não. Não deveria decidir nenhuma. O voto deveria ser facultativo. Acredito que haveria um alto grau de abstenção - o que, infelizmente, me daria razão e mostraria o grau de preparação que tem o nosso povo. Mas, por outro lado, só iria às urnas quem realmente quisesse. Que tendem a ser pessoas mais bem informadas sobre o que passa no cenário nacional. É muito mais fácil se manipular quem não quer estar ali. Já que é assim, que não esteja. E quem for, vai com consciência e convicção (como sempre, em teoria).

Unknown disse...

Não me diz nada tal conclusão. Sob o ponto de vista da alienação social, em que difere "relaxar com os amigos matando a fome da larica depois de fumar um" e "encher a cara com a galera assistindo o Brasil na Copa"? Creio que você concorde comigo que não difere em nada. Diante disso, não compreendo a insinuada ligação entre "defensor da legalização da maconha", "obstáculo ao desenvolvimento" e "hipocrisia". Isso sim é viagem.

Realmente, não difere em nada. Te explico de outra forma: ao se preocupar com a legalização da maconha antes de outros assuntos, você passa seus interesses pessoais por diante de interesses comuns para toda a população. Não sei de onde saiu o "obstáculo ao desenvolvimento"; disse - e mantenho - que vejo como briga supérflua. É aquela velha história de "farinha pouca, meu pirão primeiro". Se não se pode ter tudo, garanto o que gosto e o resto vem depois. Se vier. Aí está a hipocrisia. Espero que toda essa explicação te diga algo.

Concluindo: entendo seus argumentos, e respeito que tenha exposto todos eles aqui (ainda que com um nick que depõe contra - ou você defende o tráfico e a ilegalidade?). Mantenho tudo o que disse porque, em nenhum momento, coloco a maconha como causadora deles. Apenas vejo a reivindicação como desnecessária, num momento em que deveríamos aproveitar todo o destaque que problemas reais, maiores e mais abrangentes ganham destaque na mídia (ainda que de forma tendenciosa ou exploratória). Mudar meus argumentos de forma que se encaixem no seu discurso não é a forma mais legal de desqualificar o que digo, ou rotular de hipocrisia. A coerência está em defender, do princípio ao fim, o mais importante: evolução no nível de vida da população em geral. E é exatamente por saber que a maconha não vai salvar o mundo que critico a marcha. Porque hospitais de qualidade, por exemplo, vão salvar vidas. E não vejo ninguém indo às ruas por isso. Talvez porque todos ali tenham plano de saúde, vai saber.

Antes de chamar o Capitão Presença ou quem quer que seja, pegue qualquer estrada para a Bahia, pare o carro na beira da estrada e pergunte a um daqueles moradores de casebre com dez filhos correndo pelados e a barriga cheia de verme se ele topa participar da próxima marcha da maconha. Ele não é um personagem, mas seguramente pode te dizer o que pode mudar um pouquinho o mundo dele. E de milhões de pessoas na mesma situação.

Barão do Tráfico disse...

O problema de quando se é ideologicamente contra qualquer questão que seja é apelar pras crianças remelentas da favelas ou pros barrigudos da Bahia. Não deixa de ser hipócrita utilizar este tipo de argumento para alguns assuntos e, por exemplo, vibrar quando seu time contrata um jogador pelo salário de R$500 mil por mês. Nunca vi ninguém na sede de clube nenhum utilizando argumentos como esse. É um argumento que poderia ser utilizado contra a Copa do Mundo, Olimpíadas, Festival de Cinema, Quermesse, qualquer coisa que se queira desqualificar sem um argumento racional. Genérico. Falando francamente, a legalização da maconha não tem como propósito substituir o Fome Zero, Bolsa Família, Mensalão ou o Pré Sal. É como dizer que não se pode investir em melhorias nos aeroportos num país onde a maioria anda de ônibus. Existem grupos variados o suficiente para chamar a atenção para cada um dos problemas, e nenhum deles pode ser desqualificado.
Casamento gay, erradicação do preconceito e da violência, sou a favor de todas essas causas, incluindo a legalização da maconha. Me causa estranhamento você colocar essas questões como se fossem excludentes.
Apresente pelo menos UM motivo racional e prático, com base em exemplos práticos de outros objetos/substâncias, que justifique a proibição do porte e uso da maconha além de bravatas demagogas. Trata-se de uma proibição injustificada, e a revindicação é que isso seja corrigido.
Quanto ao problema holandês, tive oportinidade de apreciá-lo in loco, hospedado na casa de um ex cultivador (que não gosta de maconha, diga-se de passagem). Acredito que algumas semanas de convivência com um tipo desses são muito mais instrutivas que qualquer googlada. Diante disso, mantenho: maconha não é um problema relevante pra eles. O que se torna problema é o fato de somente a Holanda adotar tal postura, fazendo com que o resto do planeta procure aquele país como destino de turismo canábico. E mesmo assim, os maconheiros são os que menos causam problemas lá. Quem me expôs isso foi um holandês que vivenciou o cenário marijuânico, como insider.

Barão do Tráfico disse...

Se todos os fumantes de maconha que você conhece alegam que começaram a usar pela afronta, muito cuidado com seu círculo de relacionamentos :) Talvez eu tenha tido a sorte de conhecer pessoas que resolveram experimentar o cigarrinho movidas pela curiosidade ou abertas a novas experiências. Eu mesmo só fumei meu primeiro baseado depois dos 22 anos, um pouco velho demais pra querer afrontar o mundo, concorda? O começar a usar pela afronta, isso todo adolescente faz não apenas com maconha, mas também com cigarro e álcool que, cá entre nós, são substâncias MUITO mais problemáticas que a maconha. Mas seu texto coloca a questão num outro contexto, com o velho lugar comum de que só usa maconha quem quer chocar o mundo. Diz-se que o problema da maconha é levar pra outras drogas mais pesadas, sendo que o usuário de álcool e nicotina não precisa de migração nenhuma pra viver determinados infernos.
ERRADICAÇÃO da violência como consequencia direta da legalização da maconha só é utilizada em duas situações: pelo ignorante que não sabe o que fala ou pelo apaixonado ou maldoso que procura tirar o crédito de tal proposta. A legalização se baseia, em primeiro lugar, no simples fato de que a proibição não faz sentido e deve ser corrigida, como se faz com qualquer tipo de injustiça. O fato de se dar trabalho, causar gastos, não anula o fato de que o estado atual é injusto e desprovido de argumentos racionais válidos.
E sim, sou a favor de legalizar tudo. Tudo mesmo. O cara que quer ficar doidão, vai ficar com álcool, cocaína, maconha, remédio tarja preta, chumbinho, o que for. Como humanista, você deveria pregar a liberdade individual para cada um decidir o que fazer com a própria vida, e apesar de não ser profundo conhecedor do ideal humanista, tenho dúvidas de que o controle do estado sobre o que você pode ou não consumir seja coerente com tais princípios. Mais uma vez: um grupo se concentrar nos seus interesses é saudável, desde que haja um cenário favorável à formação de todas as espécies de grupos, sem detrimento ou tentativa de desqualificação de um ou outro. Isso é exercício democrático, não egoísmo.
Quanto a comprar erva em vias legais ou piratas, não esqueça de levar o seguinte em consideração: a cerveja que você compra no camelô é a mesma pela qual você paga R$7 na balada. Por outro lado, não vejo ninguém comprando uma garrafa de Scotch, champanhe ou vodka no camelô. Mesmo princípio serve pra maconha.

Desculpe se as respostas estão fora de ordem ou desconexas, mas fui respondendo na pressa conforme eu fui lendo sua réplica.
O apelido foi escolhido apenas por uma questão de ironia, dizer que ele depõe contra mim é analisá-lo ao pé da letra.

Unknown disse...

Não apelo pra crianças remelentas ou coisas do gênero. Novamente, é uma constatação. Ou você pode considerar que "apelo", caso seja no sentido de invocar assuntos que me parecem mais relevantes.

Além do mais, não vibro com salários astronômicos, acho um absurdo. Ainda mais sabendo que o dinheiro costuma ser mal gasto por quem recebe (apesar de que é um problema deles, não meu). Por mim, o Flamengo investiria na base - como sempre foi - e deixaria esses disparates pra os outros. Infelizmente, não sou eu quem decide esse tipo de questão.

Eventos como Copa ou Olimpíadas (admito, torci contra os Jogos no Rio, mas já me acostumei com a idéia) é que eles devem trazer investimentos pesados em todos os campos nos quais estamos defasados: transporte, infraestrutura, segurança. Como sempre, em teoria, e torci contra já imaginando a quantidade de desvios de verba que devem ocorrer. Espero estar errado.

Óbvio que a maconha não substitui nenhum desses programas (alguns, puramente populistas), e os grupos variados estão aí pra discutir todas as questões. Dou valor a isso. Liberdade de expressão. Se quer defender a maconha ou as armas de fogo, que defenda. Tudo é questão de conscientização e, em última análise, o que for melhor pra maioria sairá vitorioso da conversa. Critico, sim, a marcha, sua "necessidade" e os argumentos utilizados nela, justamente o que debato aqui.

Não coloquei as causas como excludentes, resolvi acrescentar mais. Se é pra valorizar bom senso e tolerância, por que com relação a um único assunto?

Sobre o argumento, sei que vamos acabar iguais mas vamos lá: poderia dizer que vicia (estudei com um cara que foi internado por isso - e ele concordou com a internação, mesmo sendo totalmente a favor da maconha). Mas aí você poderia dizer que não e ficaríamos iguais, já que deveria ser estudado e comprovado (ou rechaçado). Poderia dizer que faz mal, mas você diria que faz bem e cairíamos no mesmo de antes. Se fosse por gosto, é pessoal, e nenhuma lei pode se basear nisso. Eu não gosto, você sim e seguiríamos iguais. Então, posso simplesmente dizer que é ilegal (no momento), e o consumo ajuda a manter o tráfico. Como a liberação ou não diz respeito a toda a população, todos deveriam opinar. Como não temos condição pra isso (ainda) e muitos problemas mais graves emperrados na falta de vontade política, deixaria isso pra segundo plano.

Seria o mesmo que permitir a eutanásia ou o aborto (que, só pra constar, sou a favor em casos específicos). Poderíamos? Sim. Mas em consenso. E, infelizmente, não temos essa cabeça pra debater. Ou seja, se um dia eu quiser me dar uma injeção letal (espero que nunca queira), não vou poder, e me manterão vegetando na cama. Paciência, assim que tiver como votaremos isso. Talvez, se o sistema de saúde fosse melhor, ou a segurança, ou a educação, não tivesse ficado em estado vegetativo. Vê?

Concordo que só a Holanda ser assim concentra todo mundo lá. Seria mais barato pra um brasileiro ficar em casa, ou ir à Bolívia. Fui lá, conheci gente de lá, conversei com gente de lá. E li notícias, porque vivo disso tb. Maconha não é um problema pra eles, concordo. E por isso acho que eles não devem retroceder nas leis - ainda que sempre role esse papo no país - a não ser que seja por vontade da maioria, e não imposição governamental. Cada um teve sua experiência, né?

E já dividi apê com quem plantava (ou seja, teoricamente não precisa comprar de ninguém), esse me pareceria o melhor esquema, sinceramente. Mas, lá ou aqui, quem causa problemas não é uma pessoa sob efeito de drogas, e sim uma pessoa. Por isso defendo investir nas outras coisas antes.

Unknown disse...

Sim, conheço gente que começou mais velha ou pelos pais, e respeito. Os da modinha, não. Mas você deve concordar que são uma minoria, e foi isso que disse. Cigarro e álcool, que tb costumam começar cedo e de onda, realmente são piores. Mas, como já são legalizados, o jeito agora é educar como der. Se a maconha é tão diferente do resto, por que não começar direito e educar antes de liberar?

Discordo completamente de quem diz que a maconha leva pra outras coisas, a pessoa vai porque quer.

Já falei sobre erradicação, injustiça etc antes, mas pra completar: o cenário é justo ou não de acordo com quem está sendo "prejudicado". Se for aprovado, o cenário injusto muda. É uma questão de ótica. Antes de qualquer coisa, vem o bom senso. Que sempre credito à educação. Que nos falta. E os argumentos são válidos, sim. Tanto quanto os seus. Querer desqualificá-los é a verdadeira injustiça, já que transforma a conversa num ataque contra defesa ou monólogo.

Sou não só humanista como utópico, e me dói admitir que o mundo que gostaria de ver é impossível na atual conjuntura. Sou contra o sistema capitalista, sou contra a determinação de salários por status, sou contra a desigualdade de oportunidades que vai de poder ver um filme ou não a matar e ser solto ou trancafiado com mais 200 numa cela do tamanho do banheiro do que foi solto. Seria incrível ver que todos têm o direito de decidir o que querem fazer, onde morar, como viver. Mas não podemos, e isso é o pior pra mim. O controle do Estado pode ser exercido de inúmeras formas, e a atual está longe de ser a melhor. Mas é o que temos, e por isso devemos lutar com ela. Ou contra, caso seja necessário. Algo que deve ser debatido pra sabermos o que fazer.

Valorizo e espero que existam sempre todo tipo de grupos, discutindo todo tipo de questões. Mas um grupo neo-nazista que não mate negros e judeus pelas ruas pode seguir existindo e participando de eleições, tentando chegar no poder? Chegando, vai haver tolerância? O respeito continua? Como ficamos nesse caso (por exemplo)? Como vê, educação é sempre o básico pra que possamos saber o que pensar e com quem seguir. E "quem tem fome tem pressa", como diria o Betinho. Quer dizer, pra que o brasileiro chegue ao ponto de focar nesse tipo de discussão, o que temos que resolver primeiro?

Enquanto males maiores não forem combatidos como prioridade, qualquer questão "menos importante" (entre aspas porque sua importância vai de cada um) vai me parecer egoísta.

Sobre comprar no camelô, nunca procurei Scoth na Uruguaiana (ainda que saiba que chegam caixas e caixas de tudo do Paraguai, inclusive cigarro e bebidas). Mas isso é relativo, já que vejo gente comprando roupa da Gang a Dior na rua. Ou seja, vai do assunto. E não posso prever como se comportariam com maconha.

No final das contas, respondi na sua ordem. Ou seja, foi mal também se estão fora de ordem. :)

E só citei o apelido, não usei como argumento. Mas seria como se eu opinasse sobre a eutanásia como "anjo matador", ou sobre pedofilia como "Papa Bento". Entende o ponto?

Sua vez. ;)

Barão do Tráfico disse...

Eu concordo com quase todos os seus argumentos, mas não vejo ligação entre eles e o assunto em questão. Que investimento (tempo e dinheiro) deverá ser feito para que algo deixe de ser proibido? Qual o impacto disso, no que se refere ao funcionamento e a resolução de problemas da sociedade? São problemas reais, mas que ao meu ver não configuram obstáculo nenhum para tal decisão. Uma visão puramente pessoal: você falou em possíveis plebiscitos, etc e tal. Não acha meio orwelliano um plebiscito pro povo decidir se ele deve continuar sendo proibido de fazer algo? Não é do tipo de decisão que interfere na liberdade de nenhuma outra parte. Daí o princípio de inversão de valores que citei anteriormente. Não é questão de definir prioridades, é questão de ocasião. O assunto veio à tona, a tal marcha não é um fato isolado, cada vez mais autoridades (você leu a matéria da juíza?) mundo afora se manifestam, e você como comunicador, ignoraria que isso se configura uma oportunidade para o debate? Não é questão de furar fila. Você, como futuro pai de família, como reagiria se sua filha pré adolescente introduzisse uma conversa sobre sexo. Diria que ela não está pronta pra discutir tal questão, e que primeiro ela tem que resolver o problema das notas no colégio, que realmente é mais importante? É mais ou menos sob essa luz que interpreto a questão. Pois se existe um movimento clamando o que quer que seja, simpatize ou não com sua causa, ela é um anseio de pelo menos parte da população. O fato de haver inúmeros outros problemas mais graves não impede que vários outros mais supérfluos sejam resolvidos. E, cá entre nós, educação, justiça, renda, cultura, tudo isso é resultado de um trabalho árduo, de mudança de postura, de consciência, disciplina, cujos resultados são de longo prazo, não tem nem cabimento comparar problemas e insinuar que uma coisa entrava a outra. Acho sim que a tolerância com a erva configura mais uma consequencia de um progresso social e de educação.
Só pra concluir, boa parte dos problemas utilizados como argumentos contra a liberação têm ligação com violência e tráfico, sendo assim derrubados com a legalização. Ou seja, o próprio argumento corrobora a tese de que tal mudança não seria tão inócua assim com o crime organizado.

Unknown disse...

Entendo o que quer dizer, e sob a sua ótica a marcha tem mais sentido (ainda que muitos dos argumentos usados pelos participantes seja facilmente "derrubável" - como "diminuir a violência", valendo tanto quanto se eu dissesse que ela aumentaria). E não me entenda mal, sou a favor de se discutir tudo, de maconha a futebol, de aborto a turismo. Agora, se é pra manifestar apoio, atrair TV e gerar debate, eu colocaria causas maiores antes das minhas.

Mas violência e tráfico são conseqüências dos problemas que citei, não da atual proibição ou possível liberação, não sendo derrubados com a legalização. Ou seja, o argumento não corrobora nada além do que ele diz: que os outros problemas são prioridade se atribuímos graus de importância a cada assunto em questão.