Mário Filho era filho do Mário. Não aquele da piada, ou pelo menos eu acho que não. Na vida passada, jornalista. Nessa, estádio. O maior do mundo até algum tempo atrás. O mais charmoso. O com mais histórias, algumas tristes e muitas felizes. Casa do todo-poderoso Mengão, dono do recorde de público do Campeonato Brasileiro com mais de 155 mil pagantes em um Flamengo e Santos, final, taça nossa, grito de tricampeão.
Quem já foi ao Maraca alguma vez na vida sabe o sufoco que é (era) comprar ingresso, com uma horda de cambistas passando a frente e oferecendo o lugar 247 vezes mais caro no dia do jogo. Assim como é (era) horrível entrar numa fila que parecia o delta do Nilo até chegar perto da roleta, pra então virar um buraco de agulha na hora de entrar na área do estádio.
Quem já foi ao Maraca alguma vez na vida também comprou cerveja cara lá dentro, e depois passou a não poder comprar cerveja nem nos arredores. Legalmente, porque o amigo isopor sempre chamava na espreita. Com certeza, passou pelo perrengue de ficar num lugar ruim, sentar na escada, ter que vigiar o bolso enquanto xingava o juiz, viu a menininha tomar um copão de xixi na nuca, saltou degraus com mais técnica que o João do Pulo - só que pra fugir de confusão.
E quem foi ao Maraca sabe-se lá quantas vezes, como eu, entende que a emoção de cantar com a torcida (no meu caso, com a Raça e a Fla-Manguaça, desde a época do Marcelo Tijolo ou antes, nem me lembro mais) é maior e mais forte que qualquer um desses contratempos.
Vi o Flamengo vencer inúmeras vezes, ser eliminado de forma dolorosa, jogar com raça e ser vaiado pela falta dela. Não importa. Poucas coisas nesse mundo são tão emocionantes quanto ver o manto sagrado saindo do túnel, os jogadores pisando no gramado e acenando pra torcida enlouquecida. Independentemente do resultado. O Maracanã é lindo, místico, insubstituível.
Mas não irretocável. Hoje foi o último jogo no templo, que será fechado por mais de dois anos pra obras. E eu não pude me despedir. Tudo bem, o Flamengo empatou com o Santos - mesmo jogando melhor. Não foi o até breve que os milhares de presentes esperavam. Mas tenho certeza que foi emocionante, principalmente pra quem ama o time e o esporte. Como eu. Que estava na frente da TV com cabeça, coração e cordas vocais no anel superior, atrás do gol do lado esquerdo da tribuna de honra. Triste por não estar fisicamente. Mas feliz de ver a galera incentivando até o final, numa clara história de amor eterno.
Não conheci o jornalista, mas tenho certeza de que é muito feliz como o estádio. E por fazer parte dessa história.
Até logo, Mário Filho.
Acima de tudo, rubro-negro!
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
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