Não poderia escrever sobre outra coisa se estou passando pela Ponte uma e tanto da manhã. Minha mãe sempre me disse que é perigoso andar por aí a essa hora da noite, eu nunca dei ouvidos e agora deu nisso. Estou com certo "receio".
Receio de quê?, alguém pode me perguntar. É verdade. Não sei do que posso ter "receio", afinal nunca fui disso. Coragem sempre foi meu ponto forte. Até onde posso me lembrar, nunca fui de amarelar para desafios. E não vai ser agora.
Mas a questão não é amarelar. "Receio", nesse meu caso específico, é alguma coisa acima disso. Um passo além da simples desconfiança perante o desconhecido. O que eu sinto agora, e que parece não querer me deixar tão cedo, diz respeito tão somente a um fato inédito e único da minha vida: deixar para trás, mesmo que por um tempo, tudo o que eu amo e cuido.
Dia 14 de setembro, como a maioria sabe, é meu até breve. É a hora de provar que tudo o que aprendi - não só na UFF, como na vida, com meus pais, Alan, Carol e amigos, tudo o que minha terra querida me deu - é aplicável do outro lado. Do outro lado da linha imaginária que chamam de fronteira e que gera tanta complicação entre as nações do globo. Linha imaginária que atravessarei.
Tenho começado a perceber que ir para outro lugar, onde Brasil (ou Brazil, depende) é sinônimo de futebol, samba, capoeira, cachaça e sacanagens em geral, é uma responsabilidade e tanto. Sinto meu orgulho fincado nas raízes da terra onde nasci, e vejo que preciso mostrar muita coisa para os outros. Felizmente para meu país sei que posso, e infelizmente para mim enxergo isso como uma obrigação. Talvez esse seja meu "receio".
Ou talvez seja só a tristeza esquisita e repentina que caiu sobre minha pessoa hoje, que no caso é ontem. Mas isso é papo para amanhã, que no caso é hoje, que quer dizer que mais tarde escreverei sobre isso. Em todo o caso, fica um presentinho de começo de madrugada para vocês.
Prelúdio, de Raul Seixas:
"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só.
Mas sonho que se sonha junto é realidade."
Gostem ou não, Raulzito era genial. Depois vai surgir mais coisa dele por aqui de novo. Por enquanto, pensem nisso. E sonhem junto dos que vocês amam.
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