domingo, 18 de setembro de 2005

Sevillona boladona - parte dois

O albergue é tranquilo, apesar do meu colchao de molas ser torto e querer me catapultar para o teto branco. É bem doido ter uma cama entre a de um zaragozenze (?), Davi, e um alemao de Frankfurt (frankfurtiano, e da escola de Frankfurt - rá!), Alex. Mas os caras* sao gente boa, ou parecem. Davi parece ser zen - e deve ser mesmo, porque nessa manha fui ao banheiro e esqueci a chave do lado de dentro. Fiquei trancado. Ainda bem que tava de calça.

Peguei a camisa de um cara do quarto ao lado e fui à recepçao, dando de cara com ele e Alex. Expliquei a cagada que tinha feito e ele nem aí, peguei a chave reserva e subi com cara de bunda. A culpa é do Inturjoven que nao coloca do lado de fora das portas dos quartos avisos tipo "la puerta no se abre por fora", ou coisa parecida com um espanhol melhor.
***
Perdi o café por causa disso, daí fui comer na rua. Tostados (dois paes grandes na chapa) e juco (?) por dois euros. Nao sabia o que era, enchi os paes de azeite e molho de tomate. Mas é bom. Comprei um jornal para procurar apê (piso). O nome é Cambalache, que quer dizer cambalacho e é o Balcao daqui. Andei demais pela cidade, com a mochila nas costas e sem rumo. Percebi uns negócios diferentes e outros parecidos com o Brasil, mas os parecidos sao uma bosta:

-no canal deles tem gente remando, mas parece limpo;
-as ruas tem sujeira, mas é muito pouco, fora uns presentes dos perros;
-tem um Audi A8 por esquina, e nao é exagero;
-tudo é bem cuidado, pichaçoes sao poucas, o turismo é exploradíssimo;
-tem uns caras com pinta de africanos ilegais nos sinais, vendendo uns troços que nao reparei.

Para uma cidade com um milhao de habitantes e que lembra Niterói (só porque dá para ir a pé aos lugares, tá?), Sevilla é impressionante.

Imaginem o texto abaixo com imagens. Um cara de mochila nas costas, falando, andando olhando para todos os lados que nem criança no Tivoli Park. Texto lido em off:

"-café da manha: 2 euros em dinheiro.
-classificados: 2 euros em dinheiro.
-bebida no parque e almoço com Coca-Cola: 9,10 euros em dinheiro.
Voltar ao albergue sem resolver absolutamente nada: nao tem preço.
Existem coisas que o dinheiro compra. Mas nem sempre sao boas."
***
Escrevi tudo isso com o quartzo rosa e o verde que Carol me deu. Nas horas em que tudo dá errado a saudade aperta mais, porque nao há para onde correr. Mas isso melhorou, já. Escrever na Ponte alivia...
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"P-p-p-p-por hoje é só, pe-pe-pe-pessoal!"

*o alemao já partiu e no lugar dele está um dinamarquês com cara de japa, cujo nome eu esqueci. Que coisa feia...

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