sábado, 19 de setembro de 2009

A justiça é cega e malandra

Primeiro, eu era apenas uma criança ingênua. Cresci e me tornei um adolescente ingênuo. E foi com toda essa ingenuidade que escolhi fazer propaganda. Verdade seja dita, a escola não ajudou em nada na minha decisão. Digo isso porque, se alguém tivesse me orientado melhor e mostrado quanto dinheiro é possível ganhar simplesmente sendo dono de cartório, hoje eu não estaria dando dinheiro de bobeira para eles, e sim tomando dinheiro de bobeira de outros ingênuos como eu.

Pra quem não sabe como funciona o processo de abrir um cartório, eu explico. Ou melhor, o SEBRAE-SP explica: "os serviços prestados pelos cartórios de registro e notarias são considerados públicos e, por esse motivo são exercidos em caráter privado por meio de delegação do Poder Público. Dessa forma, o interessado deve participar de processo licitatório sob a modalidade de concurso público de provas e títulos". Entendeu?

Não importa. Pulem essa parte e façam as contas. Pra conseguir um documento de duas páginas que diz "eu, pai do Alexandre, tenho dinheiro pra manter meu filho no exterior", paguei 200 reais. Hoje, pra tirar um de três páginas que diz "eu, Alexandre, dou o direito dos meus pais cuidarem dos meus assuntos no Brasil", paguei mais 100 reais. Ou seja, 300 reais por 5 páginas. 60 reais por página. E ainda tem gente que discute se o melhor investimento são ações de risco da exportadora vietnamita de kiwi ou títulos James C-Bonds. O melhor investimento é vender documentos, ora!

Dizem que a justiça é cega. Pode ser, mas enxergou um meio bem fácil de ganhar dinheiro. E eu, que enxergo (não muito bem, pelo meu grau de miopia, mas enxergo), fico gastando o dinheiro que deveria me manter lá fora com ela.

***

Outra coisa que tenho feito muito ultimamente, além de dar dinheiro pra cartório, é ir a consultório. Consegui a façanha de fazer o mesmo exame duas vezes, porque dois médicos diferentes me pediram e eu nem me dei conta disso. O pior é que eu tinha que beber uma Jacuzzi de água e me segurar até acabar o ultrassom. Algo que me deixou literalmente de saco cheio.

Até aí nada demais, se não fosse um detalhe: fiz uma aplicação de laser nos olhos que, além de deixar minha retina com aquelas visões psicodélicas do Jimi Hendrix, ainda me obriga a ficar uma semana sem fazer atividades de impacto. Ou seja, minha córnea torta interfere também nos meus exercícios físicos. E pra completar, isso acontece com dias de sol de verão - sim, porque quando caía aquela chuva escrota dos últimos dias eu "podia" fazer o esporte que quisesse.

Das três semanas de natação, corrida e partidas de tênis que tinha planejado, vai me restar uma. Fora de ritmo e bem da xumbrega.

É melhor eu começar a rever o projeto "estereótipo-de-brasileiro-negão-malandro-carioca Barcelona 2009".

Um comentário:

Cá disse...

Cheio de perninha...