atenção: texto com alto índice de ódio, ira, rancor, raiva e resmungo - mas razoavelmente irônico, pra aliviar a leitura
Eu voltei pra casa no momento errado. Além de tudo - principalmente, pessoas especiais - que deixei em Barcelona, cheguei no país justo na época das eleições. E o que tenho visto está conseguindo minar até minha fé inabalável de que o Brasil tem jeito.
O que é que faz um deputado federal?
Mas a culpa não é do abestado aí de cima. É minha. Infelizmente, resolvi deixar no horário eleitoral agora à noite. Promessa vazia vai, candidato reconhecidamente corrupto vem, aparece o Sérgio Cabral. Tenho pena do meu pai, que tem o mesmo nome dele. Porque é uma desonra ser homônimo de alguém como ele.
Puxa meu dedo pra você ver uma coisa!
Eu não vou entrar no discurso completo dele antes que comece a espumar em cima do teclado, perca minha saúde e uma grana na assistência técnica do Crush, meu laptop. Mas o que me deixou mais revoltado foi escutar a história do bilhete único.
Calculadora na mão, crianças. Você paga R$ 4,40 por dois transportes públicos. Mas a passagem simples custa R$ 2,20 num ônibus urbano e R$ 2,35 num intermunicipal (se estiver errado me avisem) - ou seja, você está economizando no máximo 30 centavos. O cartão do bilhete único não substitui o Riocard. Você só pode pegar dois transportes, então se vai de São Gonçalo a Seropédica eu não faço a menor idéia de como resolver o quebra-cabeça. E, conhecendo o trânsito carioca como eu, 2h35 pra fazer baldeação não significa muita coisa se a pessoa pega a Brasil, Lagoa-Barra ou outras mil avenidas movimentadas da cidade.
Resumindo a enganação: o bilhete único não é único, nem mesmo bilhete. É um cartão a mais pra você colocar na carteira e rezar pra conseguir usar a cada dia.
E é uma das plataformas do Sérgio Cabral. Que está uns 30 pontos à frente do Gabeira, e deve ser eleito no primeiro turno.
É bom o Brasil me dar algum motivo extraordinário pra acreditar nele, senão vou repensar seriamente a história de que aqui é meu lugar.
Por isso que eu me mandei daqui! Povo ignorante! Ahhhhhhhhrrrrrrrghhh!
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
De lua
A alteração do nível das águas do mar, ou maré, é diretamente influenciada pela interferência gravitacional lua no campo de gravidade terrestre. Talvez venha daí a expressão "de lua". Ou talvez, das quatro fases que o satélite possui. Quem souber me explicar, agradeço.
O Brasil é um país ensolarado. Milhares de quilômetros de praias. Milhões de pessoas espalhadas pelas areias do litoral. Eu sentia falta disso. Por outro lado, sempre fui da noite, de insônia por dias seguidos, de fazer qualquer coisa em vez de deitar pra tentar dormir. A lua marca presença forte na minha vida desde jovem. E ganhei um grande aliado pra manter esse ritmo noturno: o fuso horário.
Ir embora de Barna na quarta-feira passada foi como abandonar a própria casa às vésperas de um ataque nuclear. Saí com a sensação de que ficou muita coisa na cidade. E ficou. Ou melhor, ficaram. Pessoas. Maravilhosas, únicas e importantíssimas na minha vida. Não faz diferença se já conhecia antes de chegar ou se conheci um par de semanas antes de voltar. Todas têm um lugar eterno na minha história, que tem tudo pra seguir cada vez mais nossa. Que tem tudo pra ser construída em parceria.
Ontem eu recebi um fundo de tela o horário espanhol ao lado do daqui. Outro presente tão simples quanto importante. Porque eu sempre fui inconstante, de lua. Mas estou seguro de que o vivido nesses 11 meses, de El Prat a Gran Via de Les Corts Catalanes, veio pra ficar. Pra sempre. Com a ajuda da minha querida lua.
O Brasil é um país ensolarado. Milhares de quilômetros de praias. Milhões de pessoas espalhadas pelas areias do litoral. Eu sentia falta disso. Por outro lado, sempre fui da noite, de insônia por dias seguidos, de fazer qualquer coisa em vez de deitar pra tentar dormir. A lua marca presença forte na minha vida desde jovem. E ganhei um grande aliado pra manter esse ritmo noturno: o fuso horário.
Ir embora de Barna na quarta-feira passada foi como abandonar a própria casa às vésperas de um ataque nuclear. Saí com a sensação de que ficou muita coisa na cidade. E ficou. Ou melhor, ficaram. Pessoas. Maravilhosas, únicas e importantíssimas na minha vida. Não faz diferença se já conhecia antes de chegar ou se conheci um par de semanas antes de voltar. Todas têm um lugar eterno na minha história, que tem tudo pra seguir cada vez mais nossa. Que tem tudo pra ser construída em parceria.
Ontem eu recebi um fundo de tela o horário espanhol ao lado do daqui. Outro presente tão simples quanto importante. Porque eu sempre fui inconstante, de lua. Mas estou seguro de que o vivido nesses 11 meses, de El Prat a Gran Via de Les Corts Catalanes, veio pra ficar. Pra sempre. Com a ajuda da minha querida lua.
Ah!, meu Brasil...
Pela segunda vez na minha vida, participei de uma maratona. Não por acaso, promovida pela mesma empresa da anterior - só que um caminho inverso. De quarta para quinta, a Alitalia me fez percorrer milhares de quilômetros entre Barcelona, Roma, São Paulo e Rio de Janeiro.
Antes de dar minhas impressões da reentrância no planeta tupiniquim, duas dicas pra meus queridos leitores:
Um, sempre peçam para viajar na saída de emergência dos aviões. As poltronas daí oferecem ainda mais espaço que as da primeira classe. Você só precisa saber falar inglês e não ter um problema como ser cadeirante ou estar grávida (sim, por lei estar grávida é um problema e impede você de viajar ali). E, convenhamos: se a aeronave cair, você não vai poder fazer nada - como abrir a porta de emergência. Você morre. Mas a chance de ele cair é tão grande quanto a do Botafogo ser campeão brasileiro com o Natalino.
Ou seja, você viaja com um latifúndio de espaço a troco de uma hipotética oportunidade de salvar a galera caso algo aconteça. Nada mal.
Dois, nunca deixe de tentar trocar seu vôo só porque a empresa X disse que não tem vaga. Se for uma como a Alitalia, provavelmente eles estarão errados. Eu troquei 10 horas de espera no aeroporto de Guarulhos por 30 minutos de correria para chegar oito horas antes. Com uma bela ajuda do pessoal da TAM. Ponto pra eles.
E foi assim que pisei em território ensolarado de sotaque bonito na hora do almoço. Um sinal do que estaria por vir (comida de mamãe, quatro pratos fundos que me deixaram esparramado no chão da sala por algum tempo). Mas confesso que essa pequena orgia gastronômica, e a óbvia felicidade de estar junto aos que amo tanto, não apagou a péssima sensação que tive do país ou a saudade que o outro lado dessa poça gigante chamada Atlântico deixou em mim. Vou falar disso no próximo texto, porque esse é exclusivamente para resmungar (agora, resmunga você).
Ruas esburacadas. Carros da PM com fuzis pra fora da janela. Favelas em todo o caminho. Trânsito caótico. Cartaz do Eurico com o irônico "ficha limpa" escrito ao lado da cara (de pau) e isso de propaganda eleitoral. Noite cara. Dia caro. Bukowski mal freqüentado. Café no Starbucks a 10 reais.
Eu amo o Rio, amo o Brasil, mas o tempo passa e parece que a gente não aprende nada. Assim é difícil de defender o país. Né não, mestre?
Isso é coisa do satanás!
Antes de dar minhas impressões da reentrância no planeta tupiniquim, duas dicas pra meus queridos leitores:
Um, sempre peçam para viajar na saída de emergência dos aviões. As poltronas daí oferecem ainda mais espaço que as da primeira classe. Você só precisa saber falar inglês e não ter um problema como ser cadeirante ou estar grávida (sim, por lei estar grávida é um problema e impede você de viajar ali). E, convenhamos: se a aeronave cair, você não vai poder fazer nada - como abrir a porta de emergência. Você morre. Mas a chance de ele cair é tão grande quanto a do Botafogo ser campeão brasileiro com o Natalino.
Ou seja, você viaja com um latifúndio de espaço a troco de uma hipotética oportunidade de salvar a galera caso algo aconteça. Nada mal.
Dois, nunca deixe de tentar trocar seu vôo só porque a empresa X disse que não tem vaga. Se for uma como a Alitalia, provavelmente eles estarão errados. Eu troquei 10 horas de espera no aeroporto de Guarulhos por 30 minutos de correria para chegar oito horas antes. Com uma bela ajuda do pessoal da TAM. Ponto pra eles.
E foi assim que pisei em território ensolarado de sotaque bonito na hora do almoço. Um sinal do que estaria por vir (comida de mamãe, quatro pratos fundos que me deixaram esparramado no chão da sala por algum tempo). Mas confesso que essa pequena orgia gastronômica, e a óbvia felicidade de estar junto aos que amo tanto, não apagou a péssima sensação que tive do país ou a saudade que o outro lado dessa poça gigante chamada Atlântico deixou em mim. Vou falar disso no próximo texto, porque esse é exclusivamente para resmungar (agora, resmunga você).
Ruas esburacadas. Carros da PM com fuzis pra fora da janela. Favelas em todo o caminho. Trânsito caótico. Cartaz do Eurico com o irônico "ficha limpa" escrito ao lado da cara (de pau) e isso de propaganda eleitoral. Noite cara. Dia caro. Bukowski mal freqüentado. Café no Starbucks a 10 reais.
Eu amo o Rio, amo o Brasil, mas o tempo passa e parece que a gente não aprende nada. Assim é difícil de defender o país. Né não, mestre?
Isso é coisa do satanás!
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Dentro de mais uns minutos estaremos no Galeão
Esse samba é só porque eu estou com um pé no Rio de sol, de céu, de mar. Após 11 meses catalães, emoções fortes e uma seqüência de até breves, chegou a hora de empurrar a muamba goela abaixo da mala e deixar um rastro de lágrimas até o aeroporto. Não estranhem se surgir um novo afluente do Llobregat.
Todo império tem sua ascensão, apogeu e queda. A vida funciona da mesma forma. Pensar nisso é o que me faz relevar o que/quem tanto quero bem e deixo na Europa. Afinal, eu não só vou ver, ter e viver tudo isso de novo como deixo Barna no momento em que mais coisas boas me passavam.
É chato? Sim, pensando no que vai ficar em estado de espera. Mas é feliz e bonito saber que deixo a cidade no auge das minhas experiências. O que for pra ser, será. E confio totalmente no futuro.
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro...
Todo império tem sua ascensão, apogeu e queda. A vida funciona da mesma forma. Pensar nisso é o que me faz relevar o que/quem tanto quero bem e deixo na Europa. Afinal, eu não só vou ver, ter e viver tudo isso de novo como deixo Barna no momento em que mais coisas boas me passavam.
É chato? Sim, pensando no que vai ficar em estado de espera. Mas é feliz e bonito saber que deixo a cidade no auge das minhas experiências. O que for pra ser, será. E confio totalmente no futuro.
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro...
Marcadores:
Barcelona,
Brasil,
Espanha,
Rio de Janeiro,
vida
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Surpresa!
Pouco antes de ir embora, a Espanha me dá de presente uma surpresa mais. Daquelas que você só acredita vendo. Vivendo. Sentindo. Inclusive ao pensar que a vida dá voltas, e será preciso esperar mais algumas para estar no mesmo lugar. Não necessariamente físico, mas certamente espiritual.
Barcelona vai deixar saudades.
Barcelona vai deixar saudades.
sábado, 21 de agosto de 2010
Cuidao!
Schweinsteiger é um jogador alemão. Diga seu nome em voz alta e irá soar a xingamento seguido de ameaça de morte lenta e dolorosa ouvindo Justin Bieber num bar de Bangu sem ventilador. No entanto, Schweinsteiger quer dizer "gestor de porcos".
Antes de dizer alguma coisa, esteja seguro do que fala.
Botafoguense, não!
---
Há tempos nenhuma alma deixa registrada sua passagem pela Ponte, ainda que veja a freqüência de visitas pelo Google Analytics. Assim que não sei se vão escrever alguma mensagem de apoio, piada ou votos pra que fique por aqui. Mas não custa nada lembrar que faltam cinco dias.
M'en vaig ja.
Antes de dizer alguma coisa, esteja seguro do que fala.
Botafoguense, não!
---
Há tempos nenhuma alma deixa registrada sua passagem pela Ponte, ainda que veja a freqüência de visitas pelo Google Analytics. Assim que não sei se vão escrever alguma mensagem de apoio, piada ou votos pra que fique por aqui. Mas não custa nada lembrar que faltam cinco dias.
M'en vaig ja.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Você é chato
Toda regra tem sua exceção. Mas gente chata é gente chata e ponto final, ainda que tenha um bom coração ou saiba jogar Resta 1. Assim, lanço um guia rápido pra ajudar a reconhecer - e, com isso, ter a chance de evitar - aquela mala que se aproveita da Lei de Murphy pra colar em você nos momentos mais inoportunos:
Ah, é? Uma vez, eu...
Você fez uma coisa muito legal. Ele fez uma ainda mais legal. Você tem um amigo xis. Ele tem um amigo dois xis. Você tem uma namorada. Ele tem cinco, e ainda mais bonitas.
Todo mundo conhece aquela pessoa que sempre se lembra de alguma coisa melhor que a sua. Normalmente, logo depois de você contar sua coisa. Seja por necessidade de auto-afirmação, espírito competitivo ou orgulho, gente que quer provar ser melhor que todos em tudo o tempo inteiro é um saco. Ainda que algo seja verdade, se ela fosse melhor que o resto do mundo não precisaria dizer, seria conhecida assim. O que prova o exagero ou mentira. E que ela é uma pessoa chata.
Barcelona acabou com minha paciência pra gente assim.
Aumentei minha série na academia de novo essa semana
E daí? Eu não gosto de malhar. E, mesmo que gostasse, não seria pra competir com ninguém. Isso prova a teoria de que a maioria dos caras faz musculação tentando superar o fulano do lado que ele nem conhece. Vai lá, garotão, rala aê! Mas daí a encher o saco dos outros com histórias de voador, supino e tríceps alternado é demais pra um ser humano normal.
Vai malhar o cérebro. E larga de ser chato.
Não acredito que você vai ver esse filme!
Nem precisa acreditar. Não te convidei, não espero te ver no cinema e, se possível, não quero mais te ver. Porque se você reclama do filme que os outros vão assistir, não deve ser uma pessoa muito agradável de se manter uma conversação. É o tipo de gente que vai no McDonald's e reclama que o sanduíche é gorduroso. Por que foi, então?
Porque é chato.
Um parêntese: vale fazer piada com filmes. Com qualquer coisa, na verdade. Mas existe uma diferença enorme entre piada crítica e critica pura, desnecessária e fora de hora. Além do abismo entre palavra e ação, como contar uma piada de judeu e jogar o cara no microondas. Nunca ria com gente assim, você legitima o ato. Ser chato já é ruim o bastante, não precisa ser cretino também.
Segunda foi bizarro, terça tive reunião, quarta...
Não é à toa que o espaço de tempo compreendido entre sexta à noite e domingo pós-Fantástico é conhecido como fim de semana. A semana laboral acabou. E, junto com ela, toda essa história de meu chefe disse, fulano acabou com a água do bebedouro, a secretária não me deu bom dia.
Sim, algumas histórias são interessantes. Pois se concentre nelas e faça as pessoas se divertirem. Ninguém quer ter a sensação de estar no silvisso quando está com seu chope, jogando cantadas pra mesa ao lado/curtindo aquele clima de romance com sua companhia sentimental.
Por favor, trabalhe sua chatice.
Então, eu sou a Maria
Então é uma palavra-chave pra se entender o paulista. Está para eles como tchê está para os gaúchos, sendo que é usada no início de cada frase e não ao final. Alivio um pouco a barra dos manos porque tenho amigos de lá, mas tudo tem limites. Sendo mais claro:
Alguém: Que horas são?
Ah, é? Uma vez, eu...
Você fez uma coisa muito legal. Ele fez uma ainda mais legal. Você tem um amigo xis. Ele tem um amigo dois xis. Você tem uma namorada. Ele tem cinco, e ainda mais bonitas.
Todo mundo conhece aquela pessoa que sempre se lembra de alguma coisa melhor que a sua. Normalmente, logo depois de você contar sua coisa. Seja por necessidade de auto-afirmação, espírito competitivo ou orgulho, gente que quer provar ser melhor que todos em tudo o tempo inteiro é um saco. Ainda que algo seja verdade, se ela fosse melhor que o resto do mundo não precisaria dizer, seria conhecida assim. O que prova o exagero ou mentira. E que ela é uma pessoa chata.
Barcelona acabou com minha paciência pra gente assim.
Aumentei minha série na academia de novo essa semana
E daí? Eu não gosto de malhar. E, mesmo que gostasse, não seria pra competir com ninguém. Isso prova a teoria de que a maioria dos caras faz musculação tentando superar o fulano do lado que ele nem conhece. Vai lá, garotão, rala aê! Mas daí a encher o saco dos outros com histórias de voador, supino e tríceps alternado é demais pra um ser humano normal.
Vai malhar o cérebro. E larga de ser chato.
Não acredito que você vai ver esse filme!
Nem precisa acreditar. Não te convidei, não espero te ver no cinema e, se possível, não quero mais te ver. Porque se você reclama do filme que os outros vão assistir, não deve ser uma pessoa muito agradável de se manter uma conversação. É o tipo de gente que vai no McDonald's e reclama que o sanduíche é gorduroso. Por que foi, então?
Porque é chato.
Um parêntese: vale fazer piada com filmes. Com qualquer coisa, na verdade. Mas existe uma diferença enorme entre piada crítica e critica pura, desnecessária e fora de hora. Além do abismo entre palavra e ação, como contar uma piada de judeu e jogar o cara no microondas. Nunca ria com gente assim, você legitima o ato. Ser chato já é ruim o bastante, não precisa ser cretino também.
Segunda foi bizarro, terça tive reunião, quarta...
Não é à toa que o espaço de tempo compreendido entre sexta à noite e domingo pós-Fantástico é conhecido como fim de semana. A semana laboral acabou. E, junto com ela, toda essa história de meu chefe disse, fulano acabou com a água do bebedouro, a secretária não me deu bom dia.
Sim, algumas histórias são interessantes. Pois se concentre nelas e faça as pessoas se divertirem. Ninguém quer ter a sensação de estar no silvisso quando está com seu chope, jogando cantadas pra mesa ao lado/curtindo aquele clima de romance com sua companhia sentimental.
Por favor, trabalhe sua chatice.
Então, eu sou a Maria
Então é uma palavra-chave pra se entender o paulista. Está para eles como tchê está para os gaúchos, sendo que é usada no início de cada frase e não ao final. Alivio um pouco a barra dos manos porque tenho amigos de lá, mas tudo tem limites. Sendo mais claro:
Alguém: Que horas são?
Paulista: Então, são quatro e meia.
Começar frases com então é um vício de linguagem. Um que deveria ser tratado pela OMS. E, por mais que possamos relevar certos vícios de amigos, como emitir gases poluentes em salas fechadas durante partidas de futebol ou tomar cerveja se babando, não dá pra escutar um então a cada dez segundos.
Você começa todas as suas frases com então? Então, você é chato.
Você viu que Fulana e Beltrano se separaram?
Não, não vi. Nem queria saber, porque não me interessa. Mas você me contou, e isso não altera em absolutamente nada minha vida, não muda a trajetória do planeta nem acaba com a pedofilia na igreja. Então, que diferença faz?
Nenhuma. Mas você adora se informar sobre a vida alheia. Ama fofoca. Queria viver na ilha de Caras. Mas como não tem câmera e/ou coragem pra se tornar um paparazzo, grana pra viver como um rico ou bunda/abdome/rosto (nessa ordem) pra se tornar uma subcelebridade, retira seus assuntos da bíblia.
Se é nesse tipo de gente que você se espelha e deles tira o que falar numa mesa de bar, na verdade você não tem o que falar. Mas eu, sim. Você é chato.
Quem quiser colaborar nos comentários com outros tipos de chato pode escrever à vontade. Aumente a lista, melhore o serviço de utilidade pública, ajude o processo de seleção natural. Darwin ficaria orgulhoso de você.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
As voltas que o mundo dá
A cabeça dele não parava de girar. Estar dentro da montanha russa mais espiralada do mundo - a Space Ultra Marvellous Supernatural Kinky Adventure, Dona Morte para os íntimos - ajudava consideravelmente. Sua mente era um catavento excitado dentro de um ciclone tropical no cio. Ou algo do tipo.
Duas horas depois de deixar a Space Ultra Etc, sua cabeça ainda rodava. Ficar nervoso não tinha nenhum efeito positivo, mas e daí? As pessoas ao seu redor giravam, e isso não substituía Maracugina. Era como se elas brincassem de ciranda. As crianças realmente brincavam, mas os adultos?
Começou a suspeitar de que tudo era um complô contra sua sanidade. Ele era inteligente, sabia de muita coisa e tudo estava guardado a sete sinapses, já que não confiava em blocos de notas - muito menos o do sistema operacional do seu computador, que vivia ameaçando reportar falhas ao fabricante. Um disfarce bem amador pra enviar qualquer anotação armazenada no disco duro. Pro inferno, essas multinacionais capitalistas curiosas e conspiradoras!
Complô ou não, pronto os carros começaram a girar incessantemente, e não estava seguro se em uma rotatória ou no sinal vermelho. As bolas rolavam redonda nos jogos da segunda divisão alemã. Os políticos davam voltas no mesmo tema, ainda que isso o surpreendesse menos. As músicas tocavam em looping. O cachorro à pilhas da sua sobrinha, fabricado na China como tudo que seu irmão tinha em casa (incluindo sua esposa), seguia dando cambalhotas. Mulheres na esquina da sua casa rodavam bolsas.
Estava ficando enjoado. Pela situação, e por seu cérebro haver completado o equivalente a oito voltas ao redor da Terra. Talvez mais. Ele não sabia ao certo porque evitava contar a Itália. Correu para o banheiro de casa - depois de um mês e meio nesse estado, não tinha muito ânimo pra sair a dar uma voltinha - a ponto de vomitar. A água da privada girava, e em sentido anti-horário. Era demais pra qualquer ser humano em processo avançado de degeneração mental.
Ao se virar para se olhar no espelho, e se dar conta de mais essa volta, perdeu totalmente a razão e tomou meio frasco de desentupidor de ralos. Meio, porque estava de dieta. O chão de ladrilho não estava muito limpo, mas ele nem se importou, caiu de boca e quebrou dois dentes. Além de morrer, infelizmente.
Duas horas depois de deixar a Space Ultra Etc, sua cabeça ainda rodava. Ficar nervoso não tinha nenhum efeito positivo, mas e daí? As pessoas ao seu redor giravam, e isso não substituía Maracugina. Era como se elas brincassem de ciranda. As crianças realmente brincavam, mas os adultos?
Começou a suspeitar de que tudo era um complô contra sua sanidade. Ele era inteligente, sabia de muita coisa e tudo estava guardado a sete sinapses, já que não confiava em blocos de notas - muito menos o do sistema operacional do seu computador, que vivia ameaçando reportar falhas ao fabricante. Um disfarce bem amador pra enviar qualquer anotação armazenada no disco duro. Pro inferno, essas multinacionais capitalistas curiosas e conspiradoras!
Complô ou não, pronto os carros começaram a girar incessantemente, e não estava seguro se em uma rotatória ou no sinal vermelho. As bolas rolavam redonda nos jogos da segunda divisão alemã. Os políticos davam voltas no mesmo tema, ainda que isso o surpreendesse menos. As músicas tocavam em looping. O cachorro à pilhas da sua sobrinha, fabricado na China como tudo que seu irmão tinha em casa (incluindo sua esposa), seguia dando cambalhotas. Mulheres na esquina da sua casa rodavam bolsas.
Estava ficando enjoado. Pela situação, e por seu cérebro haver completado o equivalente a oito voltas ao redor da Terra. Talvez mais. Ele não sabia ao certo porque evitava contar a Itália. Correu para o banheiro de casa - depois de um mês e meio nesse estado, não tinha muito ânimo pra sair a dar uma voltinha - a ponto de vomitar. A água da privada girava, e em sentido anti-horário. Era demais pra qualquer ser humano em processo avançado de degeneração mental.
Ao se virar para se olhar no espelho, e se dar conta de mais essa volta, perdeu totalmente a razão e tomou meio frasco de desentupidor de ralos. Meio, porque estava de dieta. O chão de ladrilho não estava muito limpo, mas ele nem se importou, caiu de boca e quebrou dois dentes. Além de morrer, infelizmente.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Muricy
Ele é um cretino mal-humorado e mal-educado e fiquei feliz de que não tenha assumido a seleção, mas admito que é extremamente competente e está fazendo um trabalho tão bom no Fluminense que até o Diguinho, o Guti brasileiro, está jogando futebol. Se o pó-de-mico for campeão esse ano, minha alegria de ver os paulistas tendo que engolir outro carioca levantando a taça vai se mesclar à apurrinhação de ouvir os tricotadores enchendo o saco, e o seu Ramalho cuspindo ácido sulfúrico nas entrevistas.
Só escrevi isso pra mostrar que continuo atento ao futebol brasileiro. Mas o importante é que já vejo sinais de uma arrancada espetacular como a do ano passado rumo ao hepta rubro-negro. Vamos, Flamengo!
Só escrevi isso pra mostrar que continuo atento ao futebol brasileiro. Mas o importante é que já vejo sinais de uma arrancada espetacular como a do ano passado rumo ao hepta rubro-negro. Vamos, Flamengo!
sábado, 14 de agosto de 2010
Añoranza
Dizem que a palavra saudade só existe em português. Em galego também, mas não importa. Certo é que os espanhóis têm uma palavra equivalente: añoranza. Exatamente o que sinto agora, relembrando que acabo de me despedir do Alan e só vou vê-lo daqui a 12 dias. Junto com meus pais, o Corcovado, o Redentor, que lindo, e tudo aquilo que deixei há quase 11 meses.
Mas minha añoranza também já se manifesta para as coisas que vou deixar na Europa: amigos, cidade, apartamento, ruas, restaurantes, discotecas, Spotify, catalão e castellano, jogos do Barça, metrô que funciona, Bicing, vôos baratos e tantas outras coisas que poderia passar o dia listando mas me fariam mais triste que outra coisa. Porque, por mais que eu aproveite, sempre acho que daria pra ter feito mais. E não é hora de olhar pra trás.
Nunca foi, na verdade. Mas chegou o momento de construir minha vida, montar minha família, ajudar a quem precisa, tocar projetos paralelos. Ser e ter o que sempre busquei. E, pra isso, é preciso tirar pa' lante.
Sei que a vida não é uma linha reta; minha trajetória vive me mostrando isso caso a memória falhe. Mas todos temos um ponto de chegada (além do cemitério, ou no meu caso doação de órgãos e crematório pro que sobrar), e fazendo nossa parte chegamos lá. Ou ali, pois quero estar o quanto antes.
Discordei de várias pessoas pra vir, discordo de várias pessoas pra voltar. Perdi ou me tiraram certezas intocáveis, sofri porque quis ou porque quiseram, tenho que recomeçar - de novo. Mas podem ter certeza: faria tudo outra vez.
As coisas são como têm que ser. Inclusive a añoranza.
Who says I can't restart?
Mas minha añoranza também já se manifesta para as coisas que vou deixar na Europa: amigos, cidade, apartamento, ruas, restaurantes, discotecas, Spotify, catalão e castellano, jogos do Barça, metrô que funciona, Bicing, vôos baratos e tantas outras coisas que poderia passar o dia listando mas me fariam mais triste que outra coisa. Porque, por mais que eu aproveite, sempre acho que daria pra ter feito mais. E não é hora de olhar pra trás.
Nunca foi, na verdade. Mas chegou o momento de construir minha vida, montar minha família, ajudar a quem precisa, tocar projetos paralelos. Ser e ter o que sempre busquei. E, pra isso, é preciso tirar pa' lante.
Sei que a vida não é uma linha reta; minha trajetória vive me mostrando isso caso a memória falhe. Mas todos temos um ponto de chegada (além do cemitério, ou no meu caso doação de órgãos e crematório pro que sobrar), e fazendo nossa parte chegamos lá. Ou ali, pois quero estar o quanto antes.
Discordei de várias pessoas pra vir, discordo de várias pessoas pra voltar. Perdi ou me tiraram certezas intocáveis, sofri porque quis ou porque quiseram, tenho que recomeçar - de novo. Mas podem ter certeza: faria tudo outra vez.
As coisas são como têm que ser. Inclusive a añoranza.
Who says I can't restart?
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Peça pelo número
Viajando durante minha última viagem, esperando minha tradutora pedir meu McAlgo no drive-thru de Lille, pensei meu Deus, que bosta é o McDonald's, será que eles nunca vão inventar algo realmente novo?
Como sou um cara legal e desprendido de bens materiais - além de não ter a menor vontade de trabalhar no McMarketing, resolvi deixar umas dicas pra eles. Quem tiver um contato lá dentro que repasse, à vontade.
McChicano
Um sanduíche para agradar a todos os amantes da gastronomia mexicana, além da enorme comunidade que tenta a sorte pulando o muro - no bom sentido, do México para os EUA. Inclusive, poderiam pôr um posto avançado na fronteira entre os dois países. Assim, eles teriam contato com a cultura (sic) estadounidense sem sair da sua terra. Que, provavelmente, é muito mais divertida.
Fora que isso faria a imensa comunidade mexicana no exterior feliz da vida. Só aqui em Barcelona, a rede faturaria milhões a mais por ano. E ainda seria politicamente correta. Afinal, já que os mexicanos cozinham, ao menos que seja uma comida conhecida.
Número: 70
Cardápio: pão moreno, carne moída, quesadilla, feijão, guacamole, mexixiquilitl, milho e chilli.
Isso, isso, isso, isso, isso!
McChino
A China é o país mais populoso do mundo, o que mais cresce, o que vive desbancando antigas economias e se consolidando como nova potência mundial... e não tem um mísero McMenu? Além de injusto, isso é uma grande burrice marqueteira. A rede poderia ganhar rios amarelos de dinheiro, e se posicionar como um grupo aberto a todo tipo de cultura. Seguro que aqueles olhinhos puxados ficariam tão grandes quanto os dos mangás japos ao ver McCoisas em sua terra.
Número: 49
Cardápio: pão pequeno, carne de cachorro, arroz, amendoim, shoyo, gengibre e açúcar.
E eu comendo perereca!
McGyver
Mais que um sanduíche, um estilo de vida. Mais que uma homenagem, uma forma de incentivar o DIY way of life - o clássico se vira, neguiam! Mais que MacGyver ou McDonald's, McGyver.
Número: x
Cardápio: canivete suíço.
Menu light: clip, chiclete e caneta.
Isso que eu tô enrolando? É... um sanduíche... em forma de charuto... receita da vovó.
Quando você estiver comendo algum desses menus, não se esqueça de comentar em voz alta que conhece o inventor dos quitutes.
Como sou um cara legal e desprendido de bens materiais - além de não ter a menor vontade de trabalhar no McMarketing, resolvi deixar umas dicas pra eles. Quem tiver um contato lá dentro que repasse, à vontade.
McChicano
Um sanduíche para agradar a todos os amantes da gastronomia mexicana, além da enorme comunidade que tenta a sorte pulando o muro - no bom sentido, do México para os EUA. Inclusive, poderiam pôr um posto avançado na fronteira entre os dois países. Assim, eles teriam contato com a cultura (sic) estadounidense sem sair da sua terra. Que, provavelmente, é muito mais divertida.
Fora que isso faria a imensa comunidade mexicana no exterior feliz da vida. Só aqui em Barcelona, a rede faturaria milhões a mais por ano. E ainda seria politicamente correta. Afinal, já que os mexicanos cozinham, ao menos que seja uma comida conhecida.
Número: 70
Cardápio: pão moreno, carne moída, quesadilla, feijão, guacamole, mexixiquilitl, milho e chilli.
Isso, isso, isso, isso, isso!
McChino
A China é o país mais populoso do mundo, o que mais cresce, o que vive desbancando antigas economias e se consolidando como nova potência mundial... e não tem um mísero McMenu? Além de injusto, isso é uma grande burrice marqueteira. A rede poderia ganhar rios amarelos de dinheiro, e se posicionar como um grupo aberto a todo tipo de cultura. Seguro que aqueles olhinhos puxados ficariam tão grandes quanto os dos mangás japos ao ver McCoisas em sua terra.
Número: 49
Cardápio: pão pequeno, carne de cachorro, arroz, amendoim, shoyo, gengibre e açúcar.
E eu comendo perereca!
McGyver
Mais que um sanduíche, um estilo de vida. Mais que uma homenagem, uma forma de incentivar o DIY way of life - o clássico se vira, neguiam! Mais que MacGyver ou McDonald's, McGyver.
Número: x
Cardápio: canivete suíço.
Menu light: clip, chiclete e caneta.
Isso que eu tô enrolando? É... um sanduíche... em forma de charuto... receita da vovó.
Quando você estiver comendo algum desses menus, não se esqueça de comentar em voz alta que conhece o inventor dos quitutes.
domingo, 8 de agosto de 2010
Cabeça
A minha é rara, eu sei. Lembranças vêm às vezes, a armazenagem de dados mal funciona e, ainda assim, sempre tem alguma coisa que volta à tona em horas inoportunas. A de hoje, pelo menos, trouxe junto um som legal. Triste, mas lindo. Verdadeiro. De um filmaço.
Everybody's gotta learn sometimes. Ou não.
Everybody's gotta learn sometimes. Ou não.
Assinar:
Postagens (Atom)