sábado, 14 de agosto de 2010

Añoranza

Dizem que a palavra saudade só existe em português. Em galego também, mas não importa. Certo é que os espanhóis têm uma palavra equivalente: añoranza. Exatamente o que sinto agora, relembrando que acabo de me despedir do Alan e só vou vê-lo daqui a 12 dias. Junto com meus pais, o Corcovado, o Redentor, que lindo, e tudo aquilo que deixei há quase 11 meses.

Mas minha añoranza também já se manifesta para as coisas que vou deixar na Europa: amigos, cidade, apartamento, ruas, restaurantes, discotecas, Spotify, catalão e castellano, jogos do Barça, metrô que funciona, Bicing, vôos baratos e tantas outras coisas que poderia passar o dia listando mas me fariam mais triste que outra coisa. Porque, por mais que eu aproveite, sempre acho que daria pra ter feito mais. E não é hora de olhar pra trás.

Nunca foi, na verdade. Mas chegou o momento de construir minha vida, montar minha família, ajudar a quem precisa, tocar projetos paralelos. Ser e ter o que sempre busquei. E, pra isso, é preciso tirar pa' lante.

Sei que a vida não é uma linha reta; minha trajetória vive me mostrando isso caso a memória falhe. Mas todos temos um ponto de chegada (além do cemitério, ou no meu caso doação de órgãos e crematório pro que sobrar), e fazendo nossa parte chegamos lá. Ou ali, pois quero estar o quanto antes.

Discordei de várias pessoas pra vir, discordo de várias pessoas pra voltar. Perdi ou me tiraram certezas intocáveis, sofri porque quis ou porque quiseram, tenho que recomeçar - de novo. Mas podem ter certeza: faria tudo outra vez.

As coisas são como têm que ser. Inclusive a añoranza.


Who says I can't restart?

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