segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Incluzão diji e tau (sei lá como se escreve)

Muita coisa mudou desde o início da internet comercial no Brasil - do barulinho irritante do modem que se conectava a 0.5 kb/ano-luz ao conteúdo divulgado (pornô em 95, pornô HD em 2011). O brasileiro tem acesso cada vez mais fácil ao mundo virtual. Seja no iPad 3G, nas lan houses nas favelas ou com a wireless-pra-inglês-ver no calçadão, você só não está checando seu Orkut e curtindo as últimas notícias do Kibe Loco se não quiser. E a principal vantagem da internet continua sendo o acesso à informação, referências, cultura em geral. Finalmente, você pode ler/ver/ouvir o que sempre quis ou nem sabia que queria, sem precisar sair de casa ou gastar uma grana indo pra longe.

Mas a inclusão digital está mostrando que o "avanço na educação" é, no mínimo, relativo. Eu continuo sendo crítico com relação aos dados divulgados pelos governos Lula e antecessores. Afinal, a aprovação automática ainda existe, sim, mesmo que não oficialmente. O salário dos professores e as condições de boa parte das escolas municipais e estaduais são medíocres. O sistema de ensino decoreba cria repetidores de mensagens, não cidadãos pensantes. As cotas nas universidades mascaram a deficiência dos estudantes no ensino de base, e a proliferação das faculdades privadas transformou a educação superior em um negócio lucrativo e ineficaz. Tudo com a permissão do Ministério da Educação.

Pra quem discorda, "...sou oneste ecarilhoso telho tande carinho para dar sou uma peços mega e muite carinhoso..." (todo o texto aqui). Ou, "chupa de cranismo".

É triste admitir mas, pelo visto, nem o jardineiro salva.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um assunto polêmico

Não, não estou falando disso. Eu bem que tentei resistir, mas não consigo não comentar a ocupação da reitoria da USP por alguns estudantes.

Resumindo a situação: a USP é uma universidade pública, portanto quem tem poder de atuar lá dentro é a PF. Porém, a presença da PM foi aprovada pelo Conselho Gestor da universidade após um estudante de engenharia ter sido assassinado no estacionamento da faculdade. Há pouco tempo, a polícia prendeu três estudantes que puxavam um lá dentro. Começaram os protestos, contra e a favor da presença dos homens de farda. Após manifestações e conflitos, alguns estudantes invadiram a reitoria, não cumpriram prazos de reintegração de posse e só foram retirados após a entrada da tropa de choque.

Não interessa minha posição com relação à maconha, a questão aqui é outra. Ou melhor, são outras:

- os estudantes reclamam de uma possível agressividade policial, assim como jornalistas reclamam de uma suposta agressão por parte dos invasores - que teriam inclusive danificado seus equipamentos. Por questão de coerência e justiça, acho que eles devem defender a investigação das duas acusações;

- tem gente comparando a ação policial dentro da USP a "resquícios da ditadura", o que demonstra um certo simplismo, pra dizer o mínimo. Comparar a luta pelo voto e pela liberdade com a vontade de fumar na faculdade e a presença da polícia é comparar banana com pneu recauchutado. Fora que o ato de fumar é ilegal, caso os defensores da justiça tenham se esquecido;

- o protesto não é apoiado por todos os alunos, o que mostra uma divisão de pensamentos lá dentro que não é considerada pelos que protestam - o que não me parece muito democrático. Fora a tentativa de barrar alunos que queriam ir para suas aulas, que me poupo de comentar;

- a presença da PM foi consentida devido à morte de um aluno, companheiro de estudos dos mesmos que acham um absurdo a presença dos policiais. E, até onde eu sei, uma vida vale mais que um baseado;

- os invasores, após terem sido expulsos, pedem a "não punição dos envolvidos em ocupações", o que se configura numa espécie de anistia a um ato criminoso (a invasão, não o protesto). Ou seja, defendem a impunidade que, na teoria, são contra.

Como se não bastasse, os alunos retirados da reitoria decretaram greve estudantil. Infelizmente, na minha época, nós só não tínhamos base teórica de um estudante de História pra dar um nome tão bonito a matar aula.

Enquanto rola(va) a Primavera Árabe e o mundo ainda presta atenção em Occupy Wall Street (eu, inclusive), aqui nós fazemos passeata "contra a covardia" - leia-se pelo dinheiro do petróleo - e ocupamos universidades pelo direito de dar unzinho. Aliás, que fique bem claro: nós oscambau, porque eu jamais vou me meter nessa.

Por que o governo não decreta ponto facultativo para protestar contra a corrupção, ou pelo bom uso do dinheiro público? Por que os estudantes da USP não acamparam pedindo a solução do crime que resultou na presença da PM no campus? Por que essa galera que fica postando babaquices de esquerda ou direita no Facebook e escrevendo frases de (às vezes, não muito) efeito no Twitter não arma uma passeata a favor do Freixo, ou serve de escudo humano pra sua família? Ou para de comprar drogas e sustentar os traficantes/milicianos/policiais/qualquer um que ameaçam o deputado?

Aliás, por que ainda acreditam em esquerda e direita? Se é que acreditam, porque me parece muito legal bancar o intelectual e citar meia dúzia de pensamentos decorados de Karl Marx pra tirar onda na rodinha de amigos hypes descolados e com grana, aliviando sua consciência, em vez de fazer um trabalho social e aliviar de verdade a vida de quem realmente precisa.

Teoria é bonito, mas não é tudo. E, muitas vezes, ainda se configura em algo totalmente desnecessário, dispensável. Favor voltarem ao planeta Terra e se inteirarem do que acontece nas ruas antes de cagar regra, porque o dia que a realidade bater à porta é pouco provável que algum pensador sustente sua mudança de discurso.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Norte

Talvez, ler esse texto ouvindo essa música te lembre um PPT. Mas compensa.


"A felicidade só é real quando é compartilhada."

Uma das questões mais difíceis dessa vida é dar um rumo nela. Porque isso pressupõe escolhas, e se decidir por uma coisa implica abrir mão de outra; e porque nossas escolhas mudam, obrigando a mudar os caminhos que trilhamos com suor, ou carinho, ou os dois, ou simplesmente que já estamos há um tempo.

Alexander Supertramp, Christopher McCandless na língua dos seus pais, já sabia o que queria antes mesmo de entrar na faculdade. Ao sair, tinha certeza do caminho que seguiria. Norte. Seu objetivo era alcançar o autoconhecimento, longe das mentiras e da vida superficial. Doou seu dinheiro a uma instituição de caridade e foi, de carona em carona, de aprendizado em aprendizado, ao Alaska. E acabou virando filme: Into the wild.

Se eu tivesse visto antes, provavelmente teria me ferrado. Porque o filme está cheio de ensinamentos e coisas que te fazem pensar. Que me fizeram pensar ainda mais. É só dar uma lida em algumas das citações extraídas dele pra entender o que estou falando.

Afinal, eu também estou procurando um norte.

ps: não custa nada dizer que é uma história real.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A verdade está lá fora

Não me refiro a outro planeta, ou a uma das poucas séries que me dá saudade de assistir. Falo da onda de protestos que sacode o mundo, com as revoluções no Oriente Médio, África e a ocupação do ícone financeiro estadounidense.

Uma das grandes vantagens do nosso tempo é o acesso à tecnologia, que permite a difusão de idéias de forma rápida e democrática. Há alguns anos, seria impossível reunir tanta gente, e tão rápido, para protestar contra o governo - legítimo ou não - ou instituições que estejam indo de encontro aos interesses da maioria, denunciar abusos e reportar o que acontece de verdade no país, desmentindo a imprensa oficial.

É cada vez mais forte a idéia do "jornalismo independente", e essa é uma grande prova do seu poder. Como eles mesmos se definem,

Global Revolution brings you live streaming video coverage from independent journalists on the ground at nonviolent protests around the world.



Right Here All Over (Occupy Wall St.) from Alex Mallis on Vimeo.
Citizen media is not a crime.


Não sei se o convite a essa iniciativa, de deixar o banco malvado e levar seu dinheiro pra uma simpática cooperativa de crédito, faria tanto sucesso por aqui. Não pela instituição em si, mas pelo nosso péssimo hábito de não tomar parte em questões importantes. E é isso que me incomoda.

Na Argentina, pra citar um exemplo próximo, fazem panelaço. Aqui, preferimos xingar muito no Twitter. E, geração após geração (principalmente pós-caras pintadas), é isso que estamos formando. É nesse povo que estamos nos transformando.

Antes, eu acreditava que não fazermos mais era um reflexo do fim relativamente recente da ditadura e de não termos o hábito de chiar. Depois, que era por ainda estarmos nos acostumando às novas tecnologias. Mas a verdade é que tudo isso parece se resumir à preguiça e à confiança no jeitinho brasileiro. Tudo sempre vai ter como ser resolvido, ainda que não seja de uma forma lá muito honesta. E sempre vai ter alguém pra resolver, mesmo que esperar nos prejudique. E que a solução possa não ser o que gostaríamos.

Enquanto o mundo busca mudanças lá fora, gozamos com Mundial e Olimpíadas e ignoramos os escândalos que surgem por aqui. Quando surgem, porque vai depender do interesse de quem divulga as notícias.

Quem diria que a gente usaria nossa liberdade de expressão pra coisas como isso aqui.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Desestereotipando

Mulheres são frágeis. Moradores de favelas são bandidos. Artistas são incompreendidos.. Crianças são inocentes. Jogadores de futebol são burros. Como diz o antigo comercial do Palio...


Tá na hora de você rever seus conceitos.


O que não quer dizer que a famosa Maria-profissão-a-escolher não exista aos montes, tipo essa:


Não tenho o poder do diretor nem a arte do artista. Quem mandou ser redator...

Tudo isso pra falar de uma dupla de zaga que joga xadrez e lê. Mas a surpresa é normal, já que ainda estamos distantes de ter atletas articulados e preocupados com questões políticas ou mesmo interesses comuns à classe (na Espanha, por exemplo, jogadores catalães falam catalão em entrevistas e opinam sobre política, e as primeiras rodadas do campeonato nacional chegaram a ficar ameaçadas por uma greve geral que buscava o cumprimento de contrato e tratamento igual em todos os clubes).

Coincidência ou não, eles vêm do mesmo Corinthians que foi responsável por um momento, no mínimo, interessante da história recente do país. Podem falar que a Democracia Corintiana não mudou nada, que não fez diferença na volta à democracia, mas é um movimento que admiro e provavelmente serviu como exemplo no período em que a ditadura agonizava, e de incentivo pra quem lutava pra acabar com ela.


A gente já sabemos escovar os dentes?

Sei que grandes mudanças demoram algum tempo, às vezes gerações, mas espero que esse seja mesmo o momento da gente rever nossos conceitos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Nação vai ao Circo

A não ser que algo dê errado, e espero sinceramente que não, finalmente eu verei ao vivo uma das melhores bandas que conheço.

Minha noite do dia 19 de novembro está mais do que reservada pra ver a galera da Nação Zumbi no Circo Voador. Está aberta a temporada de shows seletivos.


Quem vai ficar, quem vai ouvir, quem vai ver? Eu.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Add eu, curte aí e dá RT

Não faz muito tempo, li um excelente artigo que não lembro o nome nem onde (se quiserem, podem tentar no Techcrunch ou The New Yorker). Ele falava sobre a necessidade dos "incluídos digitais" em serem "curtidos" (outra dica caso queiram buscar o texto: like e facebook; ou exercitem a paciência procurando no meu mural). Dizia que nos importamos cada vez mais em aparentar, e que são geradas frustrações desnecessárias ao acharmos que, se não curtiram nossa foto/música/piada/lamento, é porque não somos tão legais ou talentosos quanto pensávamos.

Eis que hoje leio um ótimo texto de um ótimo profissional: "social media e a ditadura da felicidade", do Michel Lent. Caso você ainda não tenha sacado a ideia pelo título...

"...não importa o quão bacana seja a sua vida, ou o que você tenha feito de legal num determinado dia. Nada do que você fez, tem ou é poderá nunca se comparar com todo esse mundo perfeito, incrível, de gente feliz e lugares extraordinários que é o coletivo de informações que chegam dos nossos social friends".

Soa familiar? Pois é. Muita da inquietação que você provavelmente sente cada vez que navega na internet vem desse universo plástico maravilhoso que jamais será seu padrão de vida. É como se todo mundo que você conhece fosse tão perfeito quanto a galera que sai na Caras ou aparece sorrindo no Video Show. E, Deus do céu, não existe ninguém tão feliz e perfeito quanto um famoso desses!

Infelizmente, nós tendemos a pensar e querer as coisas a partir do que os outros esperam da gente. Não é apenas ser publicitário; é criar pôneis malditos, ganhar 10 mil reais por segundo e ser cool-descolado-transgressor-oclinhos de atriz pornô ou com armação retrô. Não é apenas ser advogado; é defender a Coca-Cola e a Pepsi ao mesmo tempo. É mais que estar empregado; é ser o próximo Eike - mas sem a mulher te cornear com um bombeiro.

É ter um milhão de amigos, mesmo que no mundo virtual. É ser liberal e modernex nos comentários, agindo assim ou não (normalmente, não). É ser elogiado por cada link postado, ainda que tenha copiado e colado o texto do amigo sem dar crédito a ele. Enquanto você não redefinir suas prioridades e seguir com essa expectativa, será sempre (segundo você mesmo e os que vivem a vida pela ótica de um avatar) o pobre coitado frustrado sem voz ou repercussão no mundo. Digital.

Enquanto isso, o mundo real continua dando voltas. Inclusive em você.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"O Pelé, calado, é um poeta"

O que permitiu ao Romário falar isso do Pelé, e a este opinar contra a convocação do primeiro pra Copa de 2002, foi a famosa liberdade de expressão. É ela que permite aos cidadãos manifestarem suas opiniões, idéias e pensamentos de forma livre. É um dos pilares da democracia; está garantida constitucionalmente.

Bom senso não está garantido na Constituição. Não é nem mesmo um conceito fechado, acordado entre os seres humanos. Ele diz respeito, basicamente, à educação e ao uso da razão na hora de se expressar sobre determinado assunto. Não é pré-determinado por juízes ou filósofos; na verdade, costuma vir de casa e das experiências que cada um teve ao longo da sua vida.

(Antes de continuar o texto, vale lembrar a quem me conhece e avisar a quem não sabe que eu não suporto o CQC e seus integrantes. Pra mim, são pseudohumoristas e pseudopolíticos, sem fazer direito nenhum dos dois. Mas vou deixar o gosto pessoal de lado e falar baseado em fatos reais.)

Não sei exatamente qual a experiência de vida do tal Rafael Bastos. Desconheço a educação que teve em casa e onde estudou, e isso pouco me importa. Mas a liberdade de expressão da qual ele abusa passa a anos-luz do seu bom senso, se é que ele tem algum. Há pouco tempo, disse que "estuprador de mulher feia merece um abraço". Agora, que "comeria a Wanessa Camargo e seu bebê". Se eram piadas, deram errado. Se pensa assim, deveria abrir o jogo num churrasco da Band, não em rede nacional.

(Algumas piadas, ou "piadas", têm lugar certo pra serem feitas. Adoro piadas de humor negro, mas não faria num velório. Os negros aqui da agência fazem piadas de preto, mas não imagino que contariam uma num gueto. Isso faz parte do tal bom senso. Se o Rafael Bastos for pago pra fazer um "stand-up" num clube judaico, vai fazer piadas com judeus e cinzeiros?)

Ah, só afastaram porque senão o programa perderia anunciantes. Provavelmente. Ah, negócios são assim mesmo, ele foi ingênuo achando que podia falar qualquer coisa. Talvez. É o sujo falando do mal lavado, seus hipócritas amantes da ditadura! Discordo, mas a liberdade de expressão te dá o direito esse texto - que ainda mete Hitler no meio, em outro excelente exemplo do uso do bomsenso na defesa do seu ponto de vista.

A verdade é que ninguém do CQC tem o direito de reclamar de liberdade de expressão. Pra começo de conversa, porque não é o primeiro deslize do grupo (e apagar o que disse em vez de se desculpar não é lá muito honesto, não acham?). Segundo, porque Marcelo Tas e seus pupilos não são exatamente um exemplo da defesa do direito de opinião. Na minha humilde opinião, já que ao menos na Ponte eu posso escrever o que quiser (até que o Tas me processe), eles se consideram acima de qualquer coisa por serem o carro-chefe da emissora, e garantirem uma grana forte todo mês. A mídia constrói a imagem que quiser, e o povo sempre acaba comprando. Até que algo aconteça e a mídia desconstrua a imagem que criou - e o povo compre outra vez.

Há alguns meses, saiu na (chata) revista de domingo dO Globo uma matéria com alguns humoristas e vários "humoristas" sobre as polêmicas "piadas" da galera do CQC. Entre opiniões diversas e várias puxadas de saco entre amigos, uma me pareceu bem sensata. Acho que foi do Andre Dahmer, do Malvados ("acho", ok?), e dizia mais ou menos isso:

A questão não é se uma piada é ofensiva a esse ou aquele grupo, mas se tem alguma graça. E muitas delas não tem.

É exatamente assim que eu vejo o CQC e seus integrantes. Sem a menor graça. E, cada vez mais, sem o mínimo de bom senso.

ps: tuitar isso - "Que noite triste pra mim: Foto1 - Foto2 - Foto3- http://t.co/ILrICqmH" - me parece uma bela demonstração de caráter. Parabéns a todos os envolvidos na defesa do tal Rafael Bastos.

ps2: ia colocar "humor" como mais uma tag do post, mas isso não combina com o CQC.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tudo in Rio

O brasileiro padrão tem opinião formada e embasada sobre qualquer assunto, peçam ou não sua opinião. Política, religião, futebol, combate ao crime, alimentação, fim do mundo, guerra entre israelenses e palestinos, pelota basca. Com música, não poderia ser diferente.

Vai-se o Rock in Rio, ficam as polêmicas. Claudia Leitte sendo vaiada, Claudia Leitte comparando roqueiros a Hitler, Ke$ha fingindo beber sangue e uma discussão que já está chata: por que Rock in Rio, se não é mais rock?

Qué co digo? O Rock in Rio é uma marca. Por isso já saiu do Rio, já teve Carlinhos Brown levando garrafada e deve vender abadá e ingressos para a Arena Rodeio, em 2013. O Medina é empresário, não roqueiro. Ele quer lucro, não sorrisos dos fãs de guitarras, baixos e deus metal. E, convenhamos, se você diz que faria diferente é sinal de que jamais será empresário - de sucesso, pelo menos. Justamente por saber o que vai vender mais é que ele organiza um festival desse tamanho enquanto você lê meu texto matando tempo no trabalho, ou cabulando o estudo em casa.

Cada vez que penso nisso, me lembro do Miles Davis falando sobre música popular numa entrevista: "you take out what you want and leave what you don't like... you know, like food". Não existe música boa ou ruim; isso depende do gosto, do meio em que a pessoa vive e vários outros fatores. Todos, experiências pessoais. Meu avô era do subúrbio e curtia jazz, tenho amigos de Barra e Jacarepaguá que adoram pagode, galerinha de Zona Sul se amarra no Castelão. E aí, quem está certo?


Whatever, I'm cool.

Digo isso também como autocrítica. Ainda me pego chutando Justin Bieber e JQuest. Mas o meu objetivo a médio prazo, além de dar a volta ao mundo e reflorestar meu quarto, é aprender a escolher o que quero e deixar de lado o que não gosto. Como beterraba, por exemplo.

Não custa nada você fazer o mesmo.

***
E pra não dizer que falei do teclado pra fora, um pouco de música diferente pra animar seu dia:


Presta atenção aí, vamo lá!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sol e chuva (e tecnologia)

Já está ficando chato. Segundas com um sol lindo, quartas à noite com chuva forte, quintas com sol lindo, finais de semana com nuvens e chuva. Nada contra as forças da natureza, ou as necessidades pluviométricas do planeta. Mas agradeceria se pudesse aproveitar em paz minha sexta à noite, meu sábado e meu domingo à tarde.

(a prova do meu desespero é esse ser um dos sites mais visitados por mim, aqui no trabalho)

***

Audiolivro, não! Livro e áudio.

A experiência da leitura sempre me divertiu pacas. Só que meu negócio é estar esparramado na cama com o na papel na mão e música tocando na vitrola (ou no MP3, agora que tenho um bonitinho e carregadão). Nunca fui adepto de monitores, tablets, etc. Até isso.

E aí, quem vai me dar um desses de presente?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Pode ficar alto pacas"

Pacas. Gíria de velho. Provavelmente, da época do Link Wray, que só descobri graças a um documentário bem mais recente e que assisti domingo passado.

It might get loud põe The Edge (U2), Jack White (White Stripes) e o gênio juntos, falando do que eles sabem fazer: música de altíssima qualidade. Nem preciso falar do guitarrista líder de uma das minhas bandas favoritas, mas fiquei surpreso com o virtuosismo do Branco e mais ainda com a qualidade do Beirada, que desenvolveu uma forma de simplificar os acordes (criatividade e minimalismo, admiro isso).

Ver os três trocando idéias, falando de processo criativo e tocando juntos fez eu me lembrar do motivo de querer tocar guitarra - a que meu pai tinha comprado pra ele e estava abandonada, pegando poeira num canto da casa. Lá se vão 11 anos de quando troquei as cordas e decidi que não queria estudar pro vestibular, mas aprender algum instrumento que fizesse o tempo passar mais rápido até eu entrar no mercado de trabalho.

Não fiz aula nem aprendi a tocar como eles, mas estou voltando com (quase) tudo. Se jamais vou ser um Jimmy Page, também não serei um imbecil.


"Bicho, isso é bom pacas!"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tudoaomesmotempodaquiapouco

O que você está fazendo agora? Sim, lendo a Ponte. Mas por que agora? Não teria algum trabalho importante, urgente ou atrasado por fazer? Ainda que sim, com certeza você vai chegar até o final do texto.

E sei disso porque todos fazemos a mesma coisa: procrastinar. Uma arte que, geralmente, pende para o mal. Porque poderia render como ócio criativo, mas normalmente cai na vagabundagem. Como fala nesse texto. Excelente, diga-se de passagem.

"...the person who makes plans and the person who fails to carry them out are not really the same person: they’re different parts of what the game theorist Thomas Schelling called “the divided self.” Schelling proposes that we think of ourselves not as unified selves but as different beings, jostling, contending, and bargaining for control."

Essa é apenas uma das teorias levantadas no artigo. Grande, mas que vale a pena ser lido. A não ser que você deixe pra daqui a pouco, logo depois de ver os melhores momentos de Sunderland x Queens Park Rangers - ou saber como vai a recuperação do Gianecchini, se for menina.

Qual o sentido disso tudo? Dar uma luz a quem, em maior ou menor escala, tem o mesmo problema que eu (apesar de estar melhorando consideravelmente), e garantir meu presente de Natal. Até porque, um livro a mais ou a menos na minha eterna fila de leituras procrastinadas...

(ps: sem querer desmentir tudo o que disse, foi agindo assim que encontrei o texto - linkado nesse, sobre os distúrbios em Londres)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Personalidade

"But despite these positive signs, there’s one heck of a huge elephant in the room — one unavoidable reason why it’s hard to imagine Apple without Mr. Jobs steering the ship: personality."

Os mundos empresarial, tecnológico, nerd etantos outros foram abalados com a aposentadoria de Steve Jobs. O que não significa que ele vá ficar de pijama em casa vendo reprise de Oprah ou jogando golfe com Seinfeld, já que continuará sendo parte da board e dando pitacos em assuntos relevantes.

Ninguém espera a Maçã agonizando, seus novos manda-chuvas cagando as decisões e ações despencando vertiginosamente. Até porque, o que não falta lá dentro é gente capacitada. A questão, e esse é o ponto principal da reportagem acima, é se alguém terá o carisma e o poder de convencimento do senhor Trabalho pra tomar decisões difíceis e revolucionar um mercado que não para de inovar.

Personalidade é para poucos.

Perguntar não ofende

Não sou analista político ou diplomata, não tenho família árabe ou amigo trabalhando na OTAN. Mas não consigo deixar de pensar como rebeldes de um país com a população ferrada oferecem quase dois milhões de George Washingtons pelo seu (ex?) líder.

Nem entendo como ninguém questiona de onde vem todo esse dinheiro.


















Tô pagano!

***
Se dinheiro não é problema pros rebeldes ou pra esse sincero ser humano, para ele...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bélgica, um país de todos

Eu sempre fui fã da Bélgica. O país tem um nome legal. De lá saiu Preud'homme, meu goleiro favorito na época em que a referência no país era o Taffarel. Um dos melhores restaurantes árabes da via láctea está em Bruxelas. Algumas das pessoas que mais marcaram minha vida são dali.

Há um ano, a Revolução da Batata Frita deixou o país - membro da União Européia - sem governo, mas ele segue sem confusão e funcionando. Melhor que o nosso, diga-se de passagem.

Agora, isso. Com vídeo, caso alguém se interesse. E ela ainda diz que o ocorrido "não irá atrapalhar seu trabalho como prefeita".

Em se tratando da Bélgica, alguém duvida?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Papagaio de pirata

Tudo começou com a notícia de que "o Partido Pirata alemão está chegando aos 5% necessários para entar no parlamento de Berlim". Daí, fui parar no artigo escrito por um catalão que explica seus motivos para votar no partido, que me levou à página deles. E pronto, já estava no PPI.

O mais interessante disso tudo não está na discussão sobre o uso de softwares livres pelo governo, ou em "defender uma via pública no Espectro eletromagnético!". Está no que o Cal Almeida coloca em seu texto: "el domingo votaré Pirata para poder votar a otro partido algún día". Uma mistura de desilusão com suas opções eleitorais e crença numa via alternativa de certa forma irreal. Porque, convenhamos, a chance de membros do Partido Pirata se elegerem em qualquer lugar é microscópica.

Ou não? (dica: procurem "Pirate Party movement worldwide")

sábado, 13 de agosto de 2011

Um amigo poderoso

No tempo de Deus OFICIAL (em caixa alta; talvez existam vários tempo de Deus piratas) quer ser meu amigo no Orkut. Tudo bem que Deus é eterno, Jesus nasceu tem mais de 2000 anos, mas Orkut é muito ultrapassado, né? Se ainda fosse no Facebook, ou se me adicionasse no Google +, eu aceitaria. E teria um amigo quase tão poderoso quanto ele.














Silêncio! Eu não sou poderoso. Sou onipotente.

Coincidentemente, essa notícia prova o esforço da igreja católica em se modernizar. Não no conteúdo, mas na forma. Acho engraçado ver quem até pouco tempo atrás queimava livros e ainda hoje se manifesta contra o uso da camisinha divulgar suas idéias na rede mundial de computadores, que corrompe jovens e destrói famílias.

E já que é pra se modernizar, sou a favor de um Transparência Brasil para os padres. Fica a dica, seu papa!













"Juventude se abraça". Mas só os héteros e, de preferência, arianos.

***
O maior campo de refugiados do mundo completou 20 anos. Não acho que seja motivo pra cantar parabéns, ou mandar bolo de chocolate e duas garrafas de guaraná pra lá. A questão é: por que ele não acaba?

Quem quiser saber que clique no link e leia a reportagem. Mas nunca é demais deixar claro que sou contra a política de ajuda humanitária eterna. Claro que ações como construção de campo de refugiados são necessárias, mas a cultura de dar dinheiro a países miseráveis e/ou abalados por guerras civis, catástrofes, etc acaba estagnando iniciativas internas de andar com as próprias pernas. Fora a corrupção enorme que leva boa parte da grana destinada ao povo.

Quando o Alan vier aqui, espero que coloque o link pra uma matéria que lemos há um tempo e fala sobre esse ponto de vista. Contribuindo pro meu argumento, deixo Robertsport e a descoberta do seu potencial turístico através do surfe. Convenhamos, muito mais digno e duradouro do que 50 milhões de dólares por ano na mão de grupos rebeldes que querem derrubar o governo que já foi (ainda é?) um grupo rebelde.

***

E pra não começar o final de semana falando de tragédias, deixo uma dica de leitura naquele modo "não li mas só pode ser excelente": a autobiografia do menino maluquinho Dalí, o seu Salvador.

No mínimo, porque um livro que tem "o segredo do bigode pontiagudo do pintor" merece ser valorizado.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Estudo avançado e posterior tratado contemporâneo sobre a buzina

Dentro de um ônibus em movimento, com o belo visual da Niemeyer à sua esquerda, pessoas são surpreendidas por algum ruído estranho vindo do lado de fora. O motorista liga o pisca-alerta e para o veículo, descendo para analisar o ocorrido, tentar resolver a situação e seguir viagem. Um carro, com o mesmo belo visual à sua esquerda, para atrás do ônibus. E o que seu motorista faz?

Buzina.

Muito. Com vontade. Incessante e irritantemente.

Para Freud, ele tem problemas com o pai e quer pegar a mãe, por isso a pressa.

Segundo Lacan, isso comprova a ausência da sua voz reflexiva.

De acordo com Nietzsche, é ele perdendo a perspectiva universal das coisas devido à morte de Deus.

Na visão da Escola de Frankfurt e dando voz a Horkheimer, a não mudnaça e a não emancipação através do esclarecimento acarreta a perda da sua consciência social crítica.

Para mim, ele é um cretino.

Eu prefiro a minha teoria.

Londres flambada

Chamem o John Cleese de volta! Estão matando o humor inglês, e é de porrada. Faltando menos de um ano para as Olimpíadas, com os olhares de todo o mundo voltados para a cidade, protestos pela morte de um jovem transformaram o país inteiro em um campo de batalha. O chazinho das cinco foi trocado pela sarrafada 24h.

Pelo visto, o motivo inicial não importa mais. A situação descambou pro vandalismo: saques, fogo, aquela coisa toda que os meios de comunicação não cansam de mostrar. O que não deixa de ser surpreendente, em um país com educação, consciência política e etcéteras que a gente (eu, pelo menos) gostaria de ver no Brasil. Bela imagem que estão passando para o mundo, hein, sir's!

Tudo bem que a PM deles é a Scotland Yard, e que é bem mais fácil controlar um tumulto pontual do que facções criminosas estabelecidas e bem armadas, mas como eles vão falar da gente agora?

Ah, é. Assim. Fica pra próxima, Rio de Janeiro.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Máquina de escrever

Se digo que vou fazer, faço. Ainda mais quando me dão motivos pra acreditar que o que penso faz sentido, e que estou no caminho certo:

"...and I write a lot. I have to… because I don’t want to be reminded again what happens when I stop."

Está mais do que na hora daquele bom e velho "deixa de ser fresco!" começar a valer de verdade.

***



Não que eu vá escrever poesia e ser cantado por ela mas, se é pra mirar alto, atira logo numa nuvem.

Guaman Poma de Ayala

"Nova crônica e bom governo é o livro mais comovedor e violento da história da literatura peruana. Finalizado em 1615 pelo cronista índio Guaman Poma de Ayala, permaneceu ignorado durante três séculos, até que em 1908 foi descoberto pelo bibliotecário alemão Richard A. Pietschmann na Biblioteca Real de Copenhagen. Desde então, é cada vez maior o reconhecimento do seu extraordinário valor como a fonte mais importante para conhecer a vida do povo andino, desde o amanhecer da sua civilização até o primeiro século da conquista espanhola."
(versão brasileira: eu mesmo)

Tinha escrito um monte de coisas mas, sinceramente, depois dessa descrição não é preciso dizer mais nada. Fica a dica para quem quiser procurar na internet (para os mais preguiçosos, aqui), já que não empresto o meu pra ninguém no universo - tirando o Alan, claro.

Ah, de leitura relacionada vai uma dica: "A conquista do México", de Hernán Cortez. Qualquer livraria vende a versão de bolso. E ele vale a pena para todos que se interessem por aquele globo que engloba também o próprio umbigo. Cultura (e reflexão) nunca é demais.

***
Comprometimento. A gente (não) vê por aqui.

Dependendo do assunto, manter uma rotina pode ser chato ou divertido. Mas normalmente é necessário. Se falamos de geração de conteúdo, ainda mais. Afinal, é isso que agrega valor ao seu trabalho e ao hipotético conhecimento sobre determinado assunto. Que, no meu caso, é escrever.

Assim, estou de volta mais uma vez. Mas acredito que a mudança de sentido da Ponte - e da minha cabeça - ajude a manter uma regularidade. A conferir.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Bandido bom...

Se você se acha viciado(a) em Facebook, precisa conhecer Jason Valdez. Esse hispano com sorriso escondido e estilo rapper de festa infantil atualizou seu perfil enquanto mantinha um refém (não lembro exatamente quem ou quantos, na verdade), nos EUA. Amigos aproveitavam pra mantê-lo informado da movimentação da polícia, e mensagens de apoio e crítica chegavam o tempo inteiro. De repente, alguma força invadiu o local - sem disparar um tiro - e Jason, assustado ou querendo se livrar de pena maior, atirou nele mesmo. Não sei se sobreviveu.

Agora que temos contato com o lado humano de bandidos, é mais difícil criticá-los? Ou vendo o que deixam de lado quando arrumam uma arma e invadem uma casa faz ser mais fácil detonar a pessoa? Se Jason tinha um carro azul e umas crianças que talvez fossem da sua família, por que se meteu nessa vida? O que levou o señor Valdez a encarar a polícia?

Quem manteve o amigo atualizado do que acontecia do lado de fora pode ser considerado cúmplice? Os que bradavam que ele tinha garantido seu bilhete pro inferno estavam querendo ajudar? São religiosos e é isso que Deus - o Deus deles - prega?

Quando a mídia não dá cobertura, você pode garantir seus 15 minutos de fama? Ele é (foi?) um cara inovador ou só deu sorte de ser facebookômano?

Quem é a gente pra julgar alguém?

***
Depois de anos autodestruindo minha memória, um teste da BBC provou que posso estar sendo exagerado, ou excessivamente crítico comigo mesmo. Fiquei na média (alta) de reconhecimento de faces e acima da média em reconhecimento temporal, além de não ter errado nenhum dos rostos não mostrados lá. Pelo visto, tudo que preciso é prestar mais atenção nas coisas.

Ou seja, se eu não me lembrar de alguém, pode ser apenas que a pessoa seja desinteressante.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Gentili, Gentili, prrrrrr!

Eu odeio CQC e todo mundo sabe disso. Nada contra os participantes do programa, não conheço nenhum pra julgar e nem faria isso se pudesse (julgar e conhecer). Pra mim, eles são pseudohumoristas querendo se fazer de justiceiros, mas que não fazem humor nem justiça.

Com a pretensão de que são engraçados, ácidos e de que mexem nas feridas dos poderosos intocáveis - políticos, principalmente - consideram-se perseguidos cada vez que alguém levanta a voz ou a mão para um deles. E continuam seu "trabalho" da mesma maneira de sempre.

Mas, dessa vez, a crítica chega pela Folha, jornal tradicional e sério, e com ótimos argumentos. De quebra, vem batendo em uma "piada" do Danilo Gentili, um cara tão engraçado quanto uma moeda de 10 centavos. Não que seu "humor" valha isso, claro. Pra quem não leu:

"Politicamente fascista
Marcelo Coelho

O comediante Danilo Gentili pediu desculpas pela piada antissemita que divulgou no Twitter. A saber, a de que os velhos de Higienópolis temem o metrô no bairro porque "a última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz".
Aceitar suas desculpas pode ser fácil ou difícil, conforme a disposição de cada um. O difícil é imaginar que, com isso, ele venha a dizer menos cretinices no futuro.
Não aguentei mais do que alguns minutos do programa "CQC", na TV Bandeirantes, do qual é ele uma das estrelas mais festejadas. Mas há um vídeo no YouTube, reproduzindo uma apresentação em Brasília do seu show "Politicamente Incorreto", em outubro de 2010.
Dá para desculpar muita coisa, mas não a falta de graça. O nome oficial do Palácio do Planalto é Palácio dos Despachos, diz ele. "Deve ser por isso que tem tanto encosto lá." Quem o construiu foi Oscar Niemeyer, continua o humorista. E construiu muitas outras coisas, como as pirâmides do Egito.
A plateia tenta rir, mas só fica feliz mesmo quando ouve que Lula é cachaceiro, ou que (rá, rá) o nome real de Sarney é Ribamar. Prossegue citando os políticos que Sarney apoiou; encerra a lista dizendo que ele só não apoiou o próprio câncer porque "o câncer era benigno".
Os aplausos e risadas, pode-se acreditar, vêm menos da qualidade das piadas e mais da vontade de manifestação política do público. Detestam-se, com razão, os abusos dos congressistas brasileiros. Só por isso, imagino, alguém ri quando Gentili diz preferir que a capital do país ficasse no Rio: "Lá pelo menos tem bala perdida para acertar deputado".
Melhor parar antes que eu fique sem respiração de tanto rir. Como se vê, em todo caso, o título do show não é bem o que parece. "Politicamente incorreto", no caso, faz referência às coisas erradas feitas pelos políticos, mais do que ao que há de chocante em piadas sobre negros ou homossexuais.
A questão é que o rótulo vende. Ser "politicamente incorreto", no Brasil de hoje, é motivo de orgulho. Todo pateta com pretensões à originalidade e à ironia toma a iniciativa de se dizer "incorreto" -e com isso se vê autorizado a abrir seu destampatório contra as mulheres, os gays, os negros, os índios e quem mais ele conseguir.
Não nego que o "politicamente correto", em suas versões mais extremadas, seja uma interdição ao pensamento, uma polícia ideológica.
Mas o "politicamente incorreto", em sua suposta heresia, na maior parte das vezes não passa de banalidade e estupidez.
Reproduz preconceitos antiquíssimos como se fossem novidades cintilantes. "Mulheres são burras!" "Ser contra a guerra é viadagem!" "Polícia tem de dar porrada!" "Bolsa Família serve para engordar vagabundo!" "Nordestino é atrasado!" "Criança só endireita no couro!"
Diz ou escreve tudo isso, e não disfarça um sorrisinho: "Viram como sou inteligente?".
"Como sou verdadeiro?" "Como sou corajoso?" "Como sou trágico?" "Como sou politicamente incorreto?"
O problema é que "politicamente incorreto", na verdade, é um rótulo enganoso. Quem diz essas coisas não é, para falar com todas as letras, "politicamente incorreto". Quem diz essas coisas é politicamente fascista.
Só que a palavra "fascista", hoje em dia, virou um termo... politicamente incorreto. Chegamos a um paradoxo, a uma contradição.
O rótulo "politicamente incorreto" acaba sendo uma forma eufemística, bem-educada e aceitável (isto é, "politicamente correta") de se dizer reacionário, direitista, fascistoide.
A babaquice, claro, não é monopólio da direita nem da esquerda. Foi a partir de uma perspectiva "de esquerda" que Danilo Gentili resolveu criticar "os velhos de Higienópolis" que não querem metrô perto de casa.
Uma ou outra manifestação de preconceito contra "gente diferenciada", destacada no jornal, alimentou a fantasia mais cara à elite brasileira: a de que "elite" são os outros, não nós mesmos. Para limpar a própria imagem, nada melhor do que culpar nossos vizinhos.
Os vizinhos judeus, por exemplo. É este um dos mecanismos, e não o vagão de um metrô, que ajudam a levar até Auschwitz."

Vale lembrar que o "comediante" apagou a piada do Twitter após sei lá quantas reclamações, demonstrando que sua coragem em assumir o que faz é tão grande quanto a dos políticos que ele critica.

Graças a ele e ao CQC, este é o texto com mais aspas que já fiz na vida. Ah, e só pra constar, sou a favor de qualquer tipo de humor. Desde que seja realmente humor. E "humor babaca" é diferente de "babaca". Ele está bem mais pra segunda opção.


Vamos, tesouro, não se misture com esse Gentili!


***
Caso alguém se interesse, dois exemplo de humor: um gringo antigo e um brasileiro recente.


Yes, sîr, humor inglês.


"O bonde segue sua nau". Gênio.

Um milionário pobre num país miserável

O Brasil tem 191 milhões de pessoas, blablabla, imagino que todo mundo conheça o país onde vive. Mas talvez não esteja a par de histórias como essa:


Ainda bem que é só no RN. Imagina se o ensino público fosse assim no país inteiro?

Enquanto todos discute os livro com uns erro de concordância aprovado pelo MEC, vamos deixando de lado o fundamental na educação brasileira. E antes que os cagadores de regra comecem a tagarelar por aqui (eu escuto muitos no mundo real, mas no virtual costumam marcar mais presença no Twitter), digo que minha mãe é professora, tenho amigos que dão aula e todos reclamam dos (ridículos) salários. Além de aprovação automática, falta de material, merenda e segurança e outras coisas que qualquer pessoa com um mínimo de vontade vai ouvir dos docentes.

"Mas a educação no Brasil está melhorando, veja os índices e dados dos últimos anos, mais pessoas estão entrando nas universidades, mimimi...". Não dá pra argumentar contra fanatismo partidário, seja de situação ou oposição - porque direita e esquerda não existem há muito tempo. Mas a educação no país era ruim, continua ruim e, enquanto vocês se enganam, a professora Amanda Gurgel e outras milhares como ela vão continuar se desdobrando a troco de uma miséria e um futuro medíocre para o futuro do Brasil.

***
Nunca escondi que, entre as opções de religião disponíveis, tô mais pra espírita. Mas existe uma coisa que sempre mexe comigo quando vou ao centro e que só descobri agora: é a Oração de São Francisco. Ela diz exatamente o que deveria nortear nosso lado espiritual, ou como quer que você chame seu lado não material.

Não estou pregando, tanto que esse vídeo parece ser evangélico. Além do mais, pouco me importa sua religião, se é que tem. Mas ser uma pessoa menos pior não custa nada. No mínimo, por justiça. Ou empatia.


Nota mental: é perdoando que se é perdoado.

***
Se não me falha a memória (hum...), milionário pobre foi o apelido que o Alan ganhou de um amigo nosso em Lille, por se comportar como rico tendo pouco dinheiro na carteira. Isso deve ser mal de família, porque olha o que eu aprontei:


















Em sentido horário a partir do alto: Blood on the tracks (Bob Dylan), Joan Baez/5, Joplin in Concert e branco chapado.

Com o agravante de ter descoberto em uma loja que não conhecia e fica do lado da minha casa, a Sempre Música. Agora, além de não poder entrar em sebo, tenho que passar longe de qualquer lugar que venda vinis.

Amigos advogados, favor me arrumarem um mandado de segurança.


Eu casaria com ela só pra ouvir essa música ao vivo antes de deitar.

***
E se alguém estiver interessado em comprar o apartamento onde morei em Barna...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Gritos numa noite chuvosa e rapidinhas pra relaxar

Pela janela, "ei! ei!". No vão do prédio, "ah! ah! hum!". Do outro lado da parede, "páááára!". E tudo começou com um "volta aqui! cala a boca! vem cá!" às oito da manhã.

***
Na verdade, só o das 8h é verdade. O resto eu inventei agora, já que são 2h e ainda estou acordado, traduzindo anúncios e totalmente desconjuntado das idéias. Não imaginei que fosse voltar ao meu ritmo desregulado de sono tão cedo.

***
Acho que no apê de cima vive um canguru obeso treinando pra bater o recorde mundial de pular corda. Nem sexo selvagem e espancamento juntos justificariam tanta bateção em pontos diferentes do teto.

***
Tem um posto avançado da tribo de Jah no meu prédio. Hoje, passei pelo corredor e cheguei em casa com dois dreads que cresceram repentinamente. Aliás, repentinamente é uma palavra legal.

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Amanhã é dia de exame de sangue. Estou com fome. Com certeza, vou acordar com a barriga roncando mais que velhinho cochilando em ônibus interestadual. Quando estou assim, fico desconcentrado e irritado. Está chovendo razoavelmente, agora, e amanhã de manhã deve estar do mesmo jeito.

Ou seja, é bem capaz de esquecer o guarda-chuva em casa quando sair, errar o caminho até o laboratório e pegar uma fila enorme, porque Murphy tá mirando em mim faz tempo. Espero que a terça guarde alguma boa surpresa.

***
Pra fechar, minha homenagem aos rastafaris, Gabeiras e PainépouEquispresses da vida.


Better get ready

domingo, 15 de maio de 2011

Pachamama e outras idéias

"It makes world history. Earth is the mother of all", said Vice-President Alvaro García Linera. "It establishes a new relationship between man and nature, the harmony of which must be preserved as a guarantee of its regeneration."

Para os incas, Pachamama é a Mãe Natureza. É um ser vivo, portanto com direitos. Assim, o país resolveu se tornar o primeiro no mundo a adotar direitos iguais para o homem e a natureza. Sinceramente, não sei no que vai dar tudo isso, nem se o seu Evo tem boas intenções com seu povo e antepassados ou só está fazendo uma jogada populista. Mas é uma discussão interessante em tempso de câmbios climáticos, alternativas para preservação do planeta e ações de marketing que não levam a lugar nenhum.

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Sem querer fazer jabá (até porque, dificilmente ele vai ganahr dinheiro com isso), o amigo e redator Ricardo JQuest tem um blog bem legal, o Pra bom entendedor.Historinhas curtas e engraçadas. Vale uma risada de vez em quando, pra desopilar os neurônios.

***
Pra quem gosta de projetos diferentes (como eu) e pensa em fazer mais que o dia-a-dia do trabalho (como eu), vale dar uma olhada nesse projeto: Speed creating. Em vez de explicar, vou deixar que vocês mesmo vejam e concluam o que quiserem.

De tão simples e tão legal que é, concluí que é uma pena eu não ter pensado nisso antes.

sábado, 14 de maio de 2011

Morando sozinho e o que mais vier na cabeça agora

Voltar de viagem sozinho foi a senha. "Vai lá, malandro, é a sua chance! Vai deixar passar?" Não! Por isso, assim que pude aluguei este belo apê, com o filho do Homem me vigiando e barquinhos a vela se espremendo entre prédios pra me saudar de manhã. Era tudo o que eu queria pra agora. Quer dizer, tudo, não. Porque no pacote "garoto-Zona-Sul-solteiro-no-Rio-de-Janeiro" veio muito mais que a parte legal. Por isso, antes de tomarem essa linda, maravilhosa e apoteótica decisão, não lembrem-se:

- contas chegam todo mês, querendo ou não. E você nunca quer, mas elas vêm assim mesmo e ai de quem esquecer de perguntar ao porteiro se tem carta ou deixar passar um dia do vencimento;

- a sujeira aparece independente de qualquer coisa, e não vai embora sozinha. Sério, estou no oitavo andar e posso passar a vassoura todo dia que sempre tem poeira. Mas não passo, em protesto a essa persistência (mas relaxem, limpo a casa toda semana). Com a louça é a mesma coisa, e fica a dica: usem só o necessário na hora de comer, isso vai fazer toda a diferença pra sua sanidade em no máximo um mês;

- não importa sua cidade, condição financeira ou ascendente no zodíaco, algum serviço vai cagar a sua vida. No meu caso, como aconteceu com várias pessoas que conheço, a responsável pela dor de cabeça é a CEG. Marcaram e não apareceram, não acharam minha rua no cadastro (!), o telefone de atendimento não aceita ligação de celular - e não tenho fixo em casa. Com essa chuva e um prenúncio de frio, ficar sem água quente não podia ser mais (in)conveniente. Maldita companhia de gás natural!;

- solteiro sempre, sozinho nunca. A música pode até fazer sentido, mas tem dias que você quer estar sozinho. E, por uma infeliz coincidência ou ironia do destino (fico com a segunda opção, trocando "ironia" por "cretinice"), costuma ser quando você sente falta de alguém. Ou seja, escolhe estar sozinho porque gosta e fica desgostoso por estar sozinho. Não faz o menor sentido, mas é assim que funciona;

- certas coisas não precisam de explicação. Acabei de descobrir que minha cama parece ter afundado em um ponto (em menos de um mês), mas não importa o porquê. Depois de uma vida morando no mesmo lugar você ainda esquece que a torneira jorra água como uma cachoeira, abre todo o grifo e transforma sua cozinha ou banheiro numa Jacuzzi, mas não importa o porquê. Etc;

Não quero desanimar ninguém, continuo incentivando quem quer dar esse pequeno passo pra humanidade mas um grande passo pro homem - ou mulher. Mas vale pensar se você aguenta o lado feio da história. Ou então caga pra isso e experimenta, só pra ver no que vai dar.

***
Tem livros que te prendem de graça (principalmente se você pegar emprestado ou achar na rua). No meu caso atual não foi grátis - ainda que tenha pago baratinho, em libras - mas o resultado foi o mesmo. D-day as they saw it são histórias de quem viveu o desembarque na Normandia na Segunda Guerra, de dentro ou de perto. É tão interessante que sonhei com isso no dia em que li a introdução. Foi meu lado pacifista dando uma trégua, pelo visto.

***
Sexta-feira, preguiça e chuva, definitivamente, não combinam. Espero não entrar naquela história do "ficar sozinho" lá de cima. Até porque, amanhã preciso estar com o humor malando. Acho que vou ver uns vídeos do mestre pra relaxar.

***
Há muito tempo não cito ninguém na Ponte, então vamos lá: meu querido germà català Alberto fez aniversário dia 12 e só conseguimos conversar por e-mail no dia seguinte, mas um cara como ele merece um registro aqui (mesmo que não esteja lendo). Um pouco antes vieram Filipa, minha prrrrtuguêsa, e Pepê. Além deles, agora também acompanho o Amor..., de uma baianinha arretada que fala "oxe" arrastado, Íse. Fica a dica.

Nada como terminar um texto no melhor estilo "beijo pra minha mãe, pro meu pai e especialmente pra você" da Xuxa pra provar que continuo disperso na hora de escrever. Mas as homenagens eram válidas.

***
Não consegui acabar daquele jeito, e resolvi estender só mais um pouquinho. Como prêmio pela paciência, "bom aproveite".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Obama, Osama e um mergulho mais profundo por aí

We might ask ourselves how we would be reacting if Iraqi commandos landed at George W. Bush’s compound, assassinated him, and dumped his body in the Atlantic.

Se você não conhece Noam Chomsky ou não sabe muito sobre o garotão, leia isso. Depois, veja esse artigo sobre a morte do Osama que eu encontrei graças a esse Twitter. Só depois, entre nessas discussões políticas que todo brasileiro resolveu travar, como se quisesse provar que entende disso, de futebol, de BBB e de qualquer outra coisa que a mídia dê 15 minutos de atenção.

Não deixaria meus filhos brincarem de polícia e ladrão com o Osama, ou passarem as férias na sua casa de campo no Paquistão. Mas se ele era realmente culpado do ataque às Torres Gêmeas e outros atentados, o que nunca foi realmente provado, deveria ter sido levado preso, ir a julgamento, essas coisas que você, cidadão do bem, prega pro filho de um conhecido ou pro craque do seu time.

Não vamos esquecer que Osamão já lutou do lado ianque contra a extinta (e malvada) URSS, e que a família possui negócios pelo mundo. Vamos pesar que a simples imagem dele sendo levado preso poderia gerar reações imprevisíveis no mundo árabe. Ah, sim, a própria força de inteligência disse que ele estava desarmado, e não estou conseguindo visualizar um coroa barbudo derrubando um exército inteiro a golpes de krav magá - ainda mais sendo muçulmano. E vale reforçar que o sentimento de vingança estadunidense pelo 11/09 é proporcional ao ódio de muita gente do Oriente Médio com a política externa dominante, dominadora e dominatrix do Tio Sam.

Pesquise, leia as entrelinhas, questione. Não é porque a mídia de massa analisa os assuntos superficialmente e não exercita a reflexão que você vai fazer o mesmo com seu pobre e muitas vezes ocioso cérebro.

(Ponto importante sobre isso tudo: se você não vai condecorar ou depor o Obama, nadar com o Osama, investigar a operação da CIA ou fazer prova pro Itamaraty, pense pelo menos duas vezes antes de dar sua opinião de especialista em história e política internacional. Você pode estar sendo chato.)

Como educar um filho

Ou não. Tire suas próprias conclusões.


Afinal, mudar o comportamento de uma criança cantando não é pra qualquer um.

***
Hoje é Dia das Mães e tenho quase certeza de que a minha nunca passou por essa Ponte. Ainda assim, não custa nada deixar registrado aqui meu amor por quem me atura há mais de 28 anos.

E à todas as mães e futuras criadoras de pimpolhos, meus sinceros votos por um (fim de) dia infantil, com paredes rabiscadas e perguntas cabeludas em momentos inapropriados.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Gentílico F.C.

Como não estava nem um pouco preocupado com o Vice da Gama pegando o todo-poderoso Mengão na final da Taça Rio, comecei a pensar em como seria se eu tivesse um time de futebol. Natural, já que sou brasileiro e, como todo brasileiro, sou um potencial técnico de clube, seleção ou combinado formado para a despedida de qualquer gordinho famoso.

Aproveitando a miscigenação tupiniquim e o constante processo migratório, tive uma idéia. E se formasse uma equipe só com gentílicos?

Sem nenhum compromisso com posição ou mesmo com a verdade, minha escalação seria essa:

Alex Maranhão
Bruno Mineiro
Marquinhos Capixaba
Júnior Baiano
Dudu Cearense
Marquinhos Paraná
Juninho Pernambucano
Marcelinho Carioca
Renato Gaúcho
Marcelinho Paraíba
Wellington Paulista

"Ai, Alexandre, Paraíba e Paraná não são gentílicos, Maranhão também não, mimimi...". Se você não entendeu a idéia, pegue a Transjegue. A questão aqui é ter jogador de todos os Estados. O que seria uma façanha, já que o Acre não existe.

Promovendo a integração assim, falta muito pouco pra eu virar presidente pra logo depois me tornar ditador.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Quando eu for ditador

Final de semana entre grandes e velhos e novos amigos numa cidadezinha perto de Teresópolis. Horas de trânsito e inúmeras demonstrações de estupidez alheia me deram razões de sobra pra levar adiante minha teoria legislativa, valendo a partir do dia em que assumir como ditador universal intergaláctico tupiniquim:

burrice deveria ser crime inafiançável.

O raciocínio é simples. Vários dos problemas que temos hoje em dia, pequenos e grandes, vêm da capacidade humana de não entender o que está ao seu redor, o que dizem... enfim, tudo. Pessoas burras reagem exageradamente, geram discussões e brigas, vão de encontro à teoria da evolução e fazem os tatatataravós dos vermes que devoraram Darwin se revirarem debaixo da terra.

Por isso, vou começar o quanto antes minha subida hierárquica nas entranhas do poder no país. Quando chegar ao topo dou um golpe de Estado e pronto, aplico minhas leis que vão finalmente colocar o país nos trilhos.

Mas se você é burro e está lendo isso... Caguei. Quando você entender já vai estar a caminho do exílio no Acre, para abrir caminho na mata com as mãos e construir o curralzinho Acre-Bolívia, também conhecido como transjegue.

domingo, 17 de abril de 2011

Pela janela do quarto...

Eu vejo tudo enquadrado. NOT!














Há uma semana, eu vejo uma vida nova. Aquela que estava procurando há tempos. O começo da vida que pedi a Deus, com o filho dele me acordando todo dia pra lembrar que é possível. E que está a caminho.

Não tem música, foto ou reza que descreva essa alegria. Que seja eterna enquanto dure.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Anonymous

Breve, no meu computador.


We've all been played?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre educação

"...education is a natural process spontaneously carried out by the human individual, and is acquired not by listening to words but by experiences upon the environment." (daqui)

"Schools kill creativity." (daqui)

É isso.

domingo, 3 de abril de 2011

O blablabla da semana

Na verdade, nem sei se foi essa semana mesmo. Sei que a ordem do dia é bater no Bolsonaro. Ou colocar o cara no pau de arara, como imagino que ele prefira. Com as declarações no (horrendo) CQC, ele explanou toda a sua imbecilidade: sente falta dos ditadores, bateria nos filhos numa boa - não por serem gays, porque eles jamais seriam - e muito menos teria o problema de ver um deles namorando uma negra. Hitler já deve estar preparando uma festinha surpresa pra quando seu querido amigo morrer.

Por outro lado, quem levantou a questão foi a Preta Gil, a famosa quem filha de ministro que promove toda sua falta de talento a troco de polêmicas. O fato de se chamar Preta não faz dela filha do Zumbi dos Palmares. Até porque, ela está longe de passar qualquer tipo de sufoco na vida além de atravessar uma porta estreita.

A verdade é que o povo tem o que merece: um programa com pseudohumoristas como o CQC fazendo as vezes de jornalista investigativo e justiceiro, uma ninguém como a Afrodescendente Gil no papel de mulher forte e batalhadora e um boçal como o Jair Bolsonaro cuidando dos seus interesses. A corja toda ocupando espaço na mídia, que não está lá muito preocupada com a importância do que debate. Se é que se pode chamar isso de debate.

Parabéns, Brasil.

domingo, 20 de março de 2011

Como dois animais

Eu não gosto de MMA, vale-tudo etc. Acho mongolóide entrar num ringue pra encarar um bombadão que vai bater em você caído, de preferência até que apague. São animais no cio lutando pelo controle de um território octogonal gradeado, ou por uma fêmea que não existe. Pra mim, arte marcial misturada é coisa de moleque que briga em saída de boate.

Mas ontem fui ver dois grandes amigos e eles curtem isso. Como era dia de UFC 2983 ou outro número menor, abrimos uns bons vinhos (porque somos civilizados demás) e fiquei fazendo piadas escrotas enquanto eles se divertiam com juízes patolando lutadores e marmanjos arranhando outros com a barba.

Mas a experiência psicossocioantropológica me ajudou a chegar numa conclusão: o cara que resolve ganhar a vida tomando bomba, usando shortinho da Bad Boy atochado e sendo estrangulado na frente de milhares de pessoas tem mais é que apanhar mesmo.

E, se um dia eu encontrar um desses cretinos na rua, dou logo um pescotapa pra ficar esperto.


Pescotapa, não. Faço que nem o Zangief mirim e dou logo um pilão pro cara ficar esperto.

***
Se fosse Twitter, eu lançaria uma hashtag "ficaadica". O que seria escroto, já que ninguém pediu minha opinião. Mas, se for pra parecer um animal, tio Alceu já mandou a real.


Pra deixar em pedaços o meu coração e meus nervos de aço no chão, que seja assim.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vai procurar sua tribo


People want to be missed.

Seth Godin não é um guru do marketing. É um pensador. Por isso foi chamado para palestrar no TED.

Lá, ele falou da nova organização mundial em tribos, de encontrar quem acredita de verdade na sua idéia para fazer com que ela se espalhe, de como promover mudanças. Uma aula de negócios e psicologia em 18 minutos.

Vale cada segundo.

domingo, 13 de março de 2011

Perto do fogo

Brasa de incenso árabe, dançando ao som do Cazuza de vinil. Na janela, uma nuvem enorme. Não importa a cor; no peito, um gavião passa pela janela já sem grades.

Um caderno e uma caneta. Gente que vai, que vem, que vai ficando. Perspectivas. Expectativas. O mundo é azul. O sangue é negro e branco, amarelo e vermelho.

Um quarto quase vazio. A cabeça cheia. Coisas boas, e ruins que são ou devem ser boas. Mudanças, em todos os planos.

Fim do carnaval, início de uma vida nova.

Eu tenho a impressão de que nunca fui tão feliz na vida.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Calma

A condição mais importante para felicidade duradoura é a calma. Permaneça sempre concentrado, calmamente, no Eu interior. O diamante conserva seu poder e luminosidade não importa quantas ondas batam contra ele. O homem que goza de paz interior retém do mesmo modo sua serenidade até sob a tormenta das maiores provações.
Paramahansa Yogananda*

Por mais contraditório que pareça esta postagem no meio do carnaval, ainda mais do carnaval que estou tendo, tenho pensado muito sobre isso. A ansiedade deixa a pessoa exposta, potencializa os erros, cega e joga pra baixo quando algo não acontece na velocidade esperada. O que é normal, já que tudo tem seu tempo e sempre queremos as coisas pra ontem. Mas, como lidar com isso?

Se soubesse, diria. Mas não faço idéia. Se tiverem alguma, podem colocar nos comentários.

*créditos da mensagem pra sempre carinhosa (e calma) ex-sogra Celinha

***
Ler sobre a calma - e sobre Paramahansa Yogananda - me fizeram chegar a outro pensamento (também dele) que espelha o momento que estou vivendo, ou buscando viver:

“The true basis of religion is not belief, but intuitive experience. Intuition is the soul’s power of knowing God. To know what religion is really all about, one must know God.”

Toda religião é uma construção. Fé não é uma crença, e sim uma experiência onde você se encontra na busca por um deus/Deus em quem se reconhece mais ou melhor. Quanto mais você procura, mais você entende e se entende.

Eu ainda não me entendo 100%, mas já melhorei bastante. Inclusive no quesito calma. Mesmo sem saber como lidar com o assunto.

Agora, de volta ao carnaval.

terça-feira, 1 de março de 2011

"You just kinda wasted my precious time..."


But don't think twice, it's all right.

Ao sempre genial Bob Dylan, aqui interpretado pela sempre encantadora Joan Baez, obrigado.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Live from Tunisia

"Libya’s revolution has gone beyond limits. People actually started to call it war. So many died, more than Tunisia’s and Egypt’s deaths combined, and the number’s keep on rising. Right now, we don’t know much about what’s going on in Tripoli, but we do know it’s dangerous, and roads are full with army men holding guns with live ammunition and harmful weapons. Tripoli, the capital city of Libya, and a few other cities are needed to fight against this wrong, so-called, leadership, but when people do, they’re shot right down. This is what needs to be stopped. People should not be killed for wanting their own rights. Libya’s already lost thousands of men and many children, BABIES INCLUDED. Doesn’t that count as enough? Or does the number have to be over a certain number for people to stop this criminal?! Muammar Gaddafi is a murderer, and not only in the year 2011, but ever since 1969. Libya has been wronged ever since then, and Benghazi’s people were so united, they got rid of that man in only four days. Before the four days had ended, people were randomly shot, and they had no weapons to defend themselves, until the army realized they too were wronged and decided to join the people. Martyrs have their place in heaven, and all us Libyans are so happy for them, and so proud of them for doing such actions. These men should never be forgotten. We just need the word to be spread for the world to stop Gaddafi and his family taking control of Libya. People have been silenced for too long, and it should not continue any further, their voices should be heard. We don’t want any more blood, we want peace and democracy. Press is not allowed in some areas so they don’t know the real facts, and the Gaddafi family is trying to hide that and cover the truth with their lies. There have been witnesses and scenes caught on tape with people being shot, and taken into cars so no one would know they’re dead just so the people would be seen as liars, and people are blamed. But too many things have happened for people to ‘lie about’. Snipers are said to be above different domestic areas to shoot any protester against Gaddafi, the pro-Gaddafi’s are bribed with money and higher salaries. Some are orphanages who know nothing of right and wrong, and like him because he gives them money, for his own sake, because most of ‘his people’ hate him. It has also been said and seen that had brought in mercenaries from different African countries, to kill his own ‘people’! How does he even sleep at night knowing he’s done so much killing in over 4 decades. God knows what else has happened other than killing and bribing. It’s all sinning. And true, no one’s God to judge him, but he has given us no choice but to do so.


It’s finally time for the world to step in, and Gaddafi and his family to step out."

Noni Zada, 15 years old, living (or stucked) in Benghazi. She studied with a friend of mine (his sister, actually). And asked to spread the word.

Your turn.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Seu lugar no mundo

O mundo é grande à beça. Pelo menos vinte e oito vezes maior que minhas pernas, tenho certeza. Talvez por isso você ande vários quilômetros, e outros tantos mais depois, e nunca chegue exatamente àquela placa de "bem-vindo a XXX" que esperava encontrar.

E não adianta esse monte de tecnologia que já inventaram, GPS, GoogleMaps e faróis de xenônio; encontrar o lugar onde quer passar um tempo da sua vida, algo entre 15 minutos e duas encarnações, não tem indicação clara disponível. Ou até tenha, mas é escrita em sânscrito rudimentar - e o único que poderia traduzir morreu há muito tempo. Que eu saiba.

É que seu lugar no mundo não é só onde você ganha dinheiro pra pagar a conta do seu celular, ou compra um lençol novo pra dar sorte no ano novo. Principalmente pra quem tem um mínimo de ambição. Seu lugar no mundo é - ou deveria ser - um pedaço de terra onde você ganha um salário pra fazer todas essas coisas, e muitas outras. Mas onde essa grana vem por um trabalho legal que te deixa feliz e realizado. Também é um lugar onde existem coisas pra se fazer pelos outros, de preferência em grande escala. Ou na maior escala possível. "Devagar se vai ao longe", que nada! Quem caminha com passos curtinhos é pinguim, e por isso ele só consegue sair do pólo Sul se der a sorte de viajar num iceberg desgovernado. E o animal ainda por cima tem asa e não voa, uma prova viva de desperdício de possibilidades.

Tão feliz quanto quem já encontrou seu lugar no mundo é quem tem a coragem de buscar esse lugar.


Se você luta contra quem você é, se machuca.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Dizer nada, uma arte etílica

- A Quilmes acabou.
- Não! Assim você acaba com minha noite também. A vida dá muitas opções engarrafadas.
- Então você pode escolher várias aqui. A Stella é muito boa.
- Não gosto da Stella. Tem gosto de criança gritando.
- VOcê já provou uma criança gritando?!
- Metaforicamente.
- E como é?
- É como tomar um gole de Stella.
- Então é melhor eu te trazer uma Bohemia.
- Mas você abre pra mim?
- Hoje meu namorado vem me buscar, me liga amanhã.
- Amanhã é que dia?
- 19.
- Não posso, vou refazer meu mapa astral.
- Eu continuo virgem.
- E seu namorado?
- Ele é um câncer.
- Se eu fosse você, fugiria.
- Se você disser que vai pra Bom Jesus do Itabapoana comigo, eu largo essa bandeja agora.
- Lá eu não piso mais, ainda me devem 2 vacas e uma cesta de kiwis.
- Pena... Então vou lá buscar sua Bohemia.
...
- Cara, que papo foi esse de vocês?!
- Sei lá. Sei que tô com vontade de tomar uma Stella.

sábado, 15 de janeiro de 2011

"Ex-BBB é isso, né?"

Vou aproveitar que estou chegando aos 28 anos pra puxar assuntos polêmicos e, se possível, conseguir gente esbravejando e ameaças de morte virtuais.

Vamos falar de BBB. Ele está na edição 11, se não me engano. Nunca vi, e me orgulho disso. "Publicitário tem que ver tudo" é oscambau, sou eclético mas tenho limites.

BBB é o voyeurismo da futilidade. É fórmula, é batida e só dura porque o ser humano padrão tende a viver a vida dos outros pra dar algo de emoção à sua existência - e quando a gente pensa em "emoção" o choro por estar uma semana longe de casa ou uma discussão sobre quem comeu e não lavou a louça, percebe que há algo de errado com a humanidade.

Todos os slow food, slow money e slow movement e qualquer dessas idéias de viver melhor, aproveitar a vida real e não a virtual etc ainda estão muito restritas aos gringos. E não chegam perto de equilibrar a quantidade de porcarias disponíveis por aí. Eu sei que existe gosto pra tudo, e não dá pra julgar o que é bom ou ruim baseado no que eu acho legal, mas a Ponte é minha e eu digo o que quiser.

Mas pra não dizer que estou sendo ranzinza, esse vídeo diz tudo.


"Eu conheço o Heitor há muito tempo..."

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Abençoados os que esquecem

Obrigado, Nietzche. Agora você já pode ir pro inferno, porque seus livros são um saco.

sábado, 1 de janeiro de 2011

2010 - prestação de contas

Completei meu mestrado em Barcelona.

Entrei na agência que queria, na volta da Europa. Depois, fui chamado para uma outra que também gostaria de estar.

Comecei a formatar planos para 2011 antes de 2011 chegar. (Isso vale um texto, que escreverei em breve.)

Fiquei solteiro.

Conheci pessoas interessantes, que me mostraram que a vida vai além de um objetivo sustentado a um (a dois é muito complicado e relativo - coisa que também descobri ano passado).

Aprendi que amigos de verdade são poucos. Pouquíssimos.

Relembrei como sinto falta da família, e que nada importa mais do que eles.

Analisando meus acertos e falhas, pontos fortes e fracos, vejo como posso fazer desse um ano maravilhoso na minha vida, esquecer o passado, evoluir e chegar aonde pretendo. A vida não é lógica nem racional, eu sei. Mas também não sou, então está tudo certo.

Feliz 2011 pra vocês.