segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dunga e a seleção dele

Desde bem antes da Copa, eu dizia que não gostava do Dunga nem da seleção que ele convocava. Avisei que estaria torcendo pra Espanha levar a taça, e mantenho (apesar de estar difícil; a verdade é que eles parecem sentir a pressão de um Mundial e do oba-oba que a imprensa faz por aqui, culminando no cada vez menos confiante - e confiável - slogan "podemos"). Admito que é impossível torcer contra o Brasil, e a cada jogo eu estou na frente de um telão, gritando e pulando e esperando algo mais do que tem sido feito em campo. O que não deve acontecer, pela falta de qualidade técnica do time.

Mas o que mais me surpreendeu até agora não foram as vitórias sofridas em cima da poderosa Coréia do Norte ou da organizada Costa do Marfim, nem mesmo a cara de peidei mas foi você do "treinador" na beira do campo. O que me surpreendeu foi a ignorância excessiva - até mesmo pros seus padrões - com os repórteres da coletiva pós-partida (escolhendo logo o Alex Escobar, repórter inteligente, competente e tranqüilo). Xingamentos que começaram ainda em campo, com um juiz que expulsou o Kaká (que não é assim, um santo) por um cotovelo suspeito (lembrando que ele levou amarelo, normal pra jogada; só que era o segundo) e validou o golaço do Luis Fabiano em jogada digna de Tande. O novo dupla do Henry na praia.

A gente sempre fala que nossa seleção tem 190 milhões de técnicos, que o time é patrimônio nacional. Assim como a imagem que construímos ao longo da história das Copas, com cinco títulos (o mais feio e indigno deles, não coincidentemente, com o Dunga em campo) e times que não ganharam mas encantaram (como o Brasil de 1982).

O Dunga simplesmente não está preparado para o cargo. Nunca esteve. Ganhar é fácil, até mesmo pra ele. Um, pelos jogadores que temos. Dois, porque ainda que não chame os melhores, o futebol mundial está nivelado por baixo, tão por baixo que daqui a pouco vamos começar a construir campos em estações de metrô abandonadas.

Ele não agüenta críticas, não suporta pressões, não admite ser contestado. Ainda que eu não confie 100% na imprensa (50%, talvez), ela é uma espécie de porta-voz da população. Quando pergunta algo, em teoria, está perguntando o que você, eu ou sua avó gostaríamos de saber.

Alguém que não admite ser contestado não pode ocupar o posto mais sujeito à críticas do país. O Lula pode cagar uma lei ou não dar aumento de salário a ninguém, mas se o Brasil perde pra Argentina ele vai ser nota de rodapé da página 15. E um argentino pulando na frente do Lúcio será capa. Erro de valores, sim. Mas não justifica uma pessoa estressadinha com alguém que fale algo que não gosta. Ou que tenha a audácia de balançar a cabeça.

Justificar as atitudes do Dunga é aceitar uma parte péssima do nosso povo. Concordar com os ataques de "masculinidade" dele é admitir que somos mulher de malandro, uma gente que gosta de apanhar. Que abaixa a cabeça pra qualquer imbecil considerado vitorioso no nosso país - inclusive pela mesma imprensa que ele agora bate, merecendo ou não. No caso dele, sinceramente, não.

É por essas e outras que sigo afirmando que a seleção é do Dunga, não minha. E que, ainda que vista a camisa e incentive o time até o último segundo, torço pela Espanha. Entre o sofrimento de uma nação e a consagração de brutamontes como Dunga ou Felipe Melo, fico com o sacrifício.

É isso ou transformar a animalidade em modelo para o país que eu amo. Enquanto a isso, não tem gol que me faça mudar de idéia.

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