Época individualista, a que vivemos. A famosa frase de Descartes, "farinha pouca, meu pirão primeiro!", se faz mais atual que nunca. É certo que o ser humano nunca foi um poço de bondade, tampouco poderia adotar facilmente uma postura Gandhi xiita. Mas, vez por outra, seria legal tirar os olhos do próprio umbigo.
Tempos difíceis como esse costumam ser superados com a crença em alguém que você confie. Muito. Que comparta gostos, momentos, sentimentos. Uma pessoa que sirva de apoio - não muleta, mas suporte. Uma espécie de giro-visão humano, normalmente mais bonito e menos aparafusado à parede da sua casa.
Infelizmente, pode passar algo raro: como uma mitose sentimental, esses dois seres tão unidos se separam. Não necessariamente por vontade comum, mas por imposição da natureza do ser humano. A mesma que estabeleceu a época individualista em que vivemos, transformando esse em um período complicado e solitário. Hum...
Isso quer dizer que os organismos separados nunca mais se reencontrarão? Não. A natureza é sábia e, se for para se reconstruírem, cedo ou tarde acontecerá um encontro cósmico-celular com uma espécie de fagocitose canibal carinhosa; então, os dois que estavam mais pra lá do que pra cá serão novamente um único e indissociável ser. Infelizmente, as pessoas exercem poderosa influência no meio onde vivem. Não têm o monopólio das razões das catástrofes naturais, mas podem reivindicar boa parte da culpa do que passa ao seu habitat ao ignorar o que passa ao redor, ou esquecer de dar sinais de vida e da sua própria humanidade. Como se algo justificasse a indiferença diante de seus semelhantes e da natureza onde cresceram.
Ao formarem parte desse meio, as células citadas têm a mesma capacidade de influir em seu caminho outrora natural - seguindo rumos diferentes e, conseqüentemente, formando núcleos celulares distintos. Núcleos que podem se desenvolver eternamente sem voltar a ter contato. Daí surgem a seleção natural, a evolução de certas espécies barra extinção de outras e o Luciano Huck.
Por isso é cada vez mais complicado prever se o futuro de certas espécies será, ou não, um pra lá e nada pra cá.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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