Ontem eu tinha um milhão de histórias leves e engraçadinhas para contar - a vida me dava vários motivos para caçoar dos outros. Até que cheguei na UFF e assisti ao documentário "Morrendo para contar a história", do GNT, baseado na vida de Dan Eldon. Pra quem não sabe (eu não sabia), ele morreu cobrindo sua segunda guerra, se não me engano, na Somália.
É impressionante a maldade do ser humano, principalmente sob situações extremas. Ver duas horas de cenas absurdas de guerra, incluindo aquelas batidas - mas sempre ignoradas - de crianças esqueléticas, pessoas sem partes do corpo, sangue que encheria tranquilamente o Piscinão de Ramos me fizeram repensar a vontade de cobrir conflitos.
Voltei andando pra casa, digerindo as cenas. Moleza, só uns 40 minutos de caminhada. Encontrei Márcio, um dos Moemáticos, e fomos lanchar enquanto conversávamos sobre a vida. Começamos a falar sobre nossa "guerra civil". Percebi que eu seria muito mal caso alguém fisesse maldade com pessoas que gosto. Caçaria o desgraçado até o inferno, e seria muito mal mesmo. Era o "lado negro da força" se manifestando. E percebi também que ninguém se importa com o que passamos aqui, do contrário já teriam feito coisas sérias a respeito. Talvez esperem o dia que pessoas invadam o asfalto dando tiros a esmo e cortem cabeças dos outros para colocar em exposição nos locais públicos da cidade e inocentes morram toda hora. Será que isso pode acontecer?
Caso vocês me perguntem porque escrevi isso, vou dizer sinceramente que não sei. Acho que estava engasgado com esse negócio de todo dia voltar pra casa e ver meia dúzia dormindo na calçada, escutar gente dizendo que foi assaltada, tentar entender porque um estudante que vai a uma festa é assassinado de graça, ver bandido tentando se dar bem na minha frente na Rio Branco, ouvir por onde devo ou não andar, sair, respirar. Só não mando isso tudo pro inferno porque parece que ele já veio para cá. O que até justifica esse calor todo que tem feito.
quinta-feira, 7 de abril de 2005
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