terça-feira, 3 de outubro de 2006

Uma verdade sobre agências de propaganda

Nada como entrar em uma agência para entender como funciona a cabeça de um cliente. Mal. Não todas as vezes. Só quando ele pensa com o bolso.

Quando você vai criar - eu, no caso - pensa em tudo. Pelo menos tenta. Viaja, cria relações malucas, idéias pitorescas e mirabolantes, tudo pensando no público-alvo e para fazê-lo se identificar com sua cria, recebendo e entendendo e comprando a mensagem.

Aí você faz tudo isso, alguém olha e diz "mas é melhor colocar um fundo amarelo e tirar esse texto. Escreve 'melhor do Rio' aí". E não adianta você argumentar que isso está batido, que a concorrência usou, que o público odeia, que você não é retardado. Se você realmente não for retardado, vai deixar de discutir quando ele bater o martelo e te lembrar que quem paga sua conta é ele.

E daí que você estudou? E daí que você sabe? A pergunta desse início de milênio é "e daí?".

Mas nem adianta rir. Na sua profissão também vai ter muito disso. O médico que falou pra você dar Aspirina e o teu paciente morrendo de Aids. O engenheiro que jura que aquele cálculo tá certo, e deixa a parede cair no meio do banho da vovó. O arquiteto que cria um museu em frente à sua faculdade e que não tem a menor sustentação, mas larga a bomba na mão dos engenheiros, que largam a bomba na mão dos estagiários, que largam na mão do chefe-de-obra, que caga pra isso desde que receba a cachaça no final do mês.

Ainda tem o produtor que deixa Fernanda Abreu cantar um pop-meloso com solo de guitarra do filho do senador, que acabou de aprender o Dm mas tem certeza que vai ser um astro. E vai, porque o produtor deve favores ao pai dele. E por aí vai.

Então, um grande "rá!" pra você, que não pode rir da minha profissão. Além do mais, trabalho em um lugar na Zona Sul, com música legal tocando, chefe gente fina e pessoas boas à minha volta. Venho de tênis, calça jeans e camisa do Led. Desconheço a palavra terno. Até comprei um dicionário por causa dela.

Afinal, sou redator e não posso me desligar dessas coisas malucas só porque eu não uso.

ps: esse foi tirando onda porque tô feliz de estar numa agência, mas minhas postagens voltarão a ser imparciais, elucidativas e elucubrantes. Geral no aguardo, neguinho!

Um comentário:

Anônimo disse...

Rá pra vc !!!
Nao pode rir da minha profissão (ou pode... eu nao vou trabalhar de Tenis... sempre de sapato, tirando as sextas feiras...)
Mas fora isso, trabalho com pessoas loucas, escutando musicas tb !!!
De qeubra alem de escutar essas musicas, ainda faço downloads delas, eu sei que nao pode, mas acima de TI ninguem controla mais nada mesmo ehehehhe
Feliz por vc !!!

Abs