"Mas antes que me esqueça...", o resultado do meu primeiro - e único, por falta de grana e ingressos - dia de Tim Festival. No palco Lab. Ontem à noite. Com uma hora e meia de atraso.
Ida fácil, estacionamento a duas bufunfas, o que me deu esperanças de gastar pouco na noite. Falsas esperanças, porque de cara tivemos (eu e minha pequena) que pegar um táxi até a Marina da Glória, o que me custou 15 dinheiros. Entrar foi fácil, a fila era ridícula. E nem precisava de fila, mas só para comprovar minha tese de que, sem elas, brasileiro não existiria, havia uma gigantesca para pegar a fitinha de passe para os palcos. O que era absolutamente desnecessário, porque indo direto para lá eles colocavam a pulseira no pulso do mesmo jeito.
Desde a chegada, tipos bizarros assombravam meus pensamentos. A quantidade de emos, alternativos, clubbers e inclassificáveis que desfilavam seus biotipos e trajes bisonhos beirava uma história de ficção científica B mal resolvida. Quanto mais ia evento adentro, pior ficava. E a visão dantesca foi completada por um grupo - grande - de mauricinhos e patricinhas exageradamente produzidas. A não ser que eu seja leigo a ponto de não saber que é fácil dançar música eletrônica por horas seguidas de salto agulha.
Tudo bem, sei que essa galera foi pra lá tomar bala vendo Daft Punk, mas esse não era meu palco. Meu alvo eram Céu, Amadou & Marian e Devedrão, onde os descolados estariam dando seus tapas na pantera. Como aconteceu.
O cheiro de pederastia sufocava, o ar pesava com pessoas estranhas ao meu lado. Minha sorte é que todas eram tão estranhas que minha normalidade era vista com estranheza, mas minha estranheza era normal para eles. Como se eu fosse alternativo. Tá.
Aline Moraes (Aline Morais, Alline Moraes, Alline Morais, vai saber?) marcou presença na minha frente, evitando que o papparazzi tirasse minha foto. Ao invés disso, clicou ela e o namorado. Perdeu. Marina Lima também estava lá, com seus 68 anos (em aparência) e a elegância que se espera dela. Antes isso que novinha e escrota como a Kelly Key.
Os shows foram excelentes. Se ouvirem um crítico falando mal, não liguem que é recalque. Todo crítico de shows é um músico frustrado, como todo crítico de cinema é um cineasta frustrado, todo crítico de teatro é um diretor teatral frustrado, e assim sucessivamente. A Ponte sabe o que diz, quando se lembra do ue aconteceu para contar:
Céu - a prova de que Deus não dá asa à cobra. Com uma voz maravilhosa, seria impossível não conseguir o que quisesse se fosse perfeita. Então Ele colocou a menina para nascer em São Paulo, e ela perdeu completamente a chance de ter molejo. Suas tentativas de dança eram semelhantes às de um rapper com diarréia. Mas isso não importa, na verdade, porque ela deu uma aula de simpatia e interação com o público, deixando todos à vontade. Fora o repertório excelente e um cover bonito de Bob (Marley, não Esponja), Concrete Jungle. Palmas para ela.
Amadou & Marian - eles entraram com guias no palco. De óculos escuros. O roadie até colocou a guitarra nos ombros do negão. Inclusive, eles cantavam sem olhar para o público. Apesar de ser um caso óbvio de cegueira, algum energúmeno cismou de acender o isqueiro para eles, como se eles pudessem ver a cena e dizer "ai, que lindo, temos que contar para nossos netinhos no Mali".
Tudo bem, o importante é que eles deram um show espetacular, músicas bonitas, melodias fortes, vozes marcantes, uma banda talentosa e muita simpatia. Só não sabia que tantas pessoas falavam francês assim, porque um arroto do galã mauino era motivo de aplausos acalorados do público. Uma hora de show foi pouco, e a organização teve a simpática idéia de negar o bis que a galera pedia. Pena, porque eles poderiam ficar mais horas ali colocando todo mundo para dançar, conversando em francês e inglês e destruindo nos solos de guitarra (Amadou style, o Santana não latino-americano segundo Carol), percussão destruidora (negão de dreads style) e yeahs (Marian style, que na verdade já tava enchendo o saco no final; mas la canta à vera, tá perdoada).
Devendra Banhart - ainda bem que não tinha nada de maconha na Bíblia, porque se existisse ia achar que estava diante do novo salvador. Devendrão é a cara das representações de Jesus. O que prova que tem coisa errada aí, porque Ele não seria doidão hipponga como ele). Imaginem só: eu esperando um negão de cabeça raspada, stilo Gnarls Barkley, e entra no palco um cara magrelo de cabelão, barba, calça rasgada em vários pontos e guitarra debaixo do braço, falando portunhol e inglês ao mesmo tempo. Bizarro, não?
A banda era engraçada. Tinha outro guitarrista que era uma mistura de Rob Plant com John Lennon e um cara no violão que era o pai do vocal do Cachorro Grande. E a banda era um cara na batera e quatro de pé, na frente, duas guitarras, violão e baixo. Bizarro, não?
Devendrão não mandou o que eu conhecia, mas tocou músicas legais, deixou um maluquinho subir no palco e deixar até defunto constrangido com sua participação lamentável com a guitarra do puxa-saco do Brasil ("quando você morre vem pro Brasil, então quem sabe um dia...?") e cantou cover de Lauryn Hill. Tá bom.
Minha volta foi fila de táxi, mais grana gasta, e casa às 5h. Às 7h tava acabando de tomar café, sozinho na sala, vendo Lab MTv, quando - coincidência - vejo um clipe de... Devendrão!!! Deus sabe o que faz.
Seja lá o que quis dizer com isso.
***
A diversão de vocês é meu sapato de cimento. Enquanto falo sobre ontem, deixo de escrever a mono. Ainda bem que ela não pode andar pra trás, senão tava devendo página.
domingo, 29 de outubro de 2006
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Um comentário:
Realmente.. fiz muito bem em ter ido no G3
Erick Johson.. um blues suave e hardcore.. bom demais...
Jon Petrucci... Dream Theater sem voz é otimo... o cara destruiu muito
Joe Satrianii... Dispenso comentários... o cara tocou muito... e mesmo parecendo o Moby... deu um show a parte...
No final... os tres ao mesmo tempo... quase 5h de ahow no domingo a noite... segunda estava detonado...
Deve ter sido muito melhor que Devendra Banhart...
Abs
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