domingo, 13 de dezembro de 2009

Cultura. A gente vê por aqui.

Quando lembrei da vinheta plim-plim e em tudo o que ela (não) significa, cheguei a sentir vergonha alheia. Pior, na verdade. Pena. Pelo que a gente não tem no Brasil. Não sei se a Constituição espanhola é tão extensa quanto a nossa, nem se eles têm milhões de parágrafos em cada lei que anula e reafirma e cancela de novo os direitos do cidadão. Sei que, aqui, eles levam a sério a questão da cultura.

Hoje (quarta-feira passada) foi dia de visita guiada à bibioteca principal do bairro onde está Can Felipa, o centro onde tenho aula de catalão. Antes de andar pelo local, o responsável reuniu a gente - alunos e professora - numa sala pra explicar como funciona o sistema de bibliotecas de Barna. Ainda bem que ele não perguntou como era nos outros países.

Aqui, funciona assim: você vai à biblioteca com sua identidade e faz uma carteira de sócio. De graça. E fica pronta na hora. Com ela, você tem acesso a a) todo o acervo oferecido no local para consulta; b) 30 documentos (livros, CDs, DVDs, jornais e revistas) por mês; c) Internet no local, tanto nos computadores deles quanto por wi-fi; d) aulas grátis de como usar computador, Internet e programas básicos pra quem não sabe; e) televisões para assistir filmes e programas ali mesmo, com fones também oferecidos por eles; f) cursos de vários temas diferentes a preços populares; g) clubes de leitura de uns quantos assuntos.

Além disso, a carteirinha de sócio vale para todas as bibliotecas da província - Barcelona, os povoados cerca e as cidades da região. Você pode pedir um documento de uma biblioteca e eles deixam em outra de graça, ou pagando um euro se for de outra cidade. Se ele não estiver, é só deixar reservado que te avisam quando volta. Também é possível fazer consultas gratuitas na Internet. E não custa nada dizer que, apesar de elas fecharem entre 14h e 16h (siesta; não se brinca com este costume local), ficam abertas até à noite, umas até de madrugada e muitas, se não todas, nos fins-de-semana.

Quase esqueci de explicar uma coisa muito importante. A logística da rede bibliotecária catalã. Cada bairro tem sua biblioteca principal e outra menores, complementares a ela. Elas têm um tema específico ao qual se dedicam - por exemplo, a de Poblenou, onde fui, é especializada em cinema. Assim que oferece muito disso e um tanto de outras coisas. Dessa forma, a rede pode oferecer uma quantidade enorme de livros sem a preocupação de se repetir ou armazenar tudo, o que seria impossível. Isso também permite que os cursos sejam voltados ao que se dedicam, facilitando tanto o acesso à bibliografia específica quanto o conhecimento por parte do público do que pode encontrar no lugar.

Aí vem a Rede Bobo e diz que a gente vê cultura por ali. Fiquei na dúvida se falavam de BBB ou Zorra Total mas, como não posso ir a uma biblioteca do Rio pra pesquisar sobre o assunto, acho que vou só rir do que tentam me vender.

Pena que meu sorriso é de vergonha.

Um comentário:

Cá disse...

Nossa! Que barato!!!
A resposta é simples: essa é a diferença entre um país que valoriza o idioma e a leitura e um que não valoriza.