quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O ritmo da vida

Escutando: Trem das onze, com Gal Costa
Às: 4h de uma quinta-feira, 24 de dezembro
Porque: acabei de chegar de Barcelona
A: minha nova casa, do outro lado da rua

Escrevo pra situar minha postagem, meu estado geral e dar alguma pista - inclusive pra mim mesmo - de onde quero chegar com isso. E já aviso aos mais preguiçosos rápidos que deve ser um texto um pouco mais longo. Assim que vou colocar umas partes em negrito pra quem quiser fazer leitura dinâmica.

Hoje é véspera de Natal e estou cagando pra data. Não sei se é a distância da família, Carol e amigos da terra, se percebi o valor comercial da data ou se é só porque tô sem vontade de comemorar, mesmo. Tenho pena por não ter comprado nada pro Alberto e os pais dele ou preparado meu "kit Brasil", e não deve dar tempo de fazer isso até o fim de semana. Mas a vida me fez não conseguir. A troco de pouca coisa, na verdade.

Comecei a trabalhar na quinta passada. Hoje, foi meu último dia. O dono da empresa queria um designer que trabalhasse de graça ou pelo menor salário possível, e estou numa situação completamente oposta. Cheguei cheio de idéias e saio uma semana depois, não triste mas decepcionado. Com muita coisa.

As pessoas tendem a confundir prioridades, ou não enxergar coisas óbvias. Neste caso, vem dele. O cara sabia que meu perfil era outro, mas resolveu tentar mesmo assim. Gostou do que fiz, ficou com o que estava pronto e fim de jogo. O que ele mais precisa vai continuar igual. Uma bosta. E o que tinha em mente, com certeza, não vai sair do papel. Mas me incluo nessa coisa de não enxergar coisas óbvias. Infelizmente, todos tendemos a dificultar a vida. Que é, por definição, bem mais simples do que aparenta.

Daí sou obrigado a repensar meus assuntos, que pensava estarem encaminhados. E lá vou eu, carro morrendo no meio da estrada, esperando uma alma caridosa que jogue uma luz no problema ou dê aquele empurrãozinho pra o motor pegar no tranco. No embalo, sempre vai. Mas por que não manter a mecânica funcionando, revisar periodicamente, limpar de vez em quando? Precisa deixar dar problema?

Não. Mas eu tenho por definição deixar isso acontecer. E acabo me atrasando pro que realmente importa na minha vida, assuntos das pessoas que amo. Desde pequenas vitórias do dia-a-dia, como fazer um desenho que ganha uma TV, a descobrir que uma das raras pessoas que admiro de verdade, e tenho como ídolo-exemplo-sei lá, escreve melhor que eu. Não estou ao lado de pessoas fundamentais no momento que mais gostaria.

Alivia um pouco o meu lado conviver-reviver-conhecer pessoas maravilhosas, que salvam minha cabeça de surtar. Pode não parecer, mas sou uma fábrica de pensamentos maus e absurdos. Se não fossem as amizades que reencontrei e as que fiz até agora, não sei como seria. Fico feliz de ver que existem pessoas boas nesse mundo a serem descobertas e que ainda serão valorizadas como merecem - hoje, amanhã, não sei. Mas serão.

Engraçado é ver que todos aqueles ensinamentos bonitos que você escuta e repete pra quem precisa, pensamentos trabalhados e horas de atenção dada aos outros não te servem de um mísero pelinho, quando você precisa. É nesse momento que você entende que "falar é fácil". Passa pela situação e vê como você se comporta. Depois, se ainda puder, fale algo para os outros. Ou dos outros. Julgar e criticar é fácil quando se está de fora mas, uma vez no meio do turbilhão, sair andando pro lado certo e de cabeça erguida é outra história. Que pode muito bem não ser a sua.

A verdade é que a vida pode mudar a qualquer momento, e é bom estar preparado. Não que você vá sair ileso, o que é pra ser vai ser e ponto. Mas dá pra evitar umas quantas coisas, e diminuir o impacto de outras tantas. Por isso é bom nunca se empolgar demais com algo. Nem se decepcionar, porque com disposição dá pra sair dessa. Bom, e um pouco de coragem nunca é demais.

Não vou reler este post pra corregir nada, mas tenho a sensação que ficou um pouco com cara de livro de auto-ajuda. Se o Paulo Coelho roubasse este texto e colocasse na coluna dele num desses jornais da vida (e acredito que ele seja capaz de algo assim), ia ter gente chorando e mandando cartas quilométricas de agradecimento. Algo conhecido como "poder da marca". Ou "poder da mídia", pra quem prefirir. Como eu.

Não importa. Depois de uma semana em que entrei e saí de uma empresa, me dei bem nas aulas de um lugar onde não me dou bem com as pessoas (sim, isso também acontece comigo - assim como, acreditem, existem pessoas de quem não gosto) e tive surpresas maravilhosas de pessoas que estão longe de mim, isso foi quase uma extensão desses dias. E, de quebra, ainda dou notícias a todos que vira e mexe me perguntam como está aqui, que tal tudo etc.

Pra completar o rollo auto-ajuda, coloco um vídeo excelente da Honda. Uma empresa que tenho mais vontade de trabalhar do que muita agência grande e exibicionista por aí. Mas a vida cisma em me levar pro lado negro da força.

De qualquer jeito, a gente nunca sabe o que espera do outro lado do calendário. É bom eu ir me preparando. Cagando ou não pro Natal, o novo ano já tá batendo na porta.

Ah, e mais uma coisa: Papai Noel não existe.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Concurso "Cara limpa, bunda suja"

Nos últimos dias, alguns esportistas famosos deram muito o que falar na mídia. Primeiro, Henry e sua mão no jogo contra a Irlanda, que classificou a França pro mundial da África do Sul - aquele que é logo ali. Depois, Tiger Woods e a fofoca notícia do seus casos extraconjugais.

O curioso é que ambos são garotos-propaganda da Gillette. O que me fez pensar: o que vão aprontar seus outros dois companheiros de barba feita, Kaká e Roger Federer?

Assim, acabo de lançar o primeiro concurso da Ponte Elétrica. Cara limpa, bunda suja. Opinem, divulguem e torçam. O resultado sai assim que eles fizerem alguma cagada, claro. E, além de se divertir, você ainda tem a chance de levar um exclusivo prêmio pra casa: um Mach 3 Champions com duas giletes de refil e um saco de papel - pra esconder sua cara dos fotógrafos se um dia for famoso e fizer besteira.

Boa sorte!
















Eu dou minha cara à tapa se você acertar e o Alexandre não mandar o prêmio!

Cultura. A gente vê por aqui.

Quando lembrei da vinheta plim-plim e em tudo o que ela (não) significa, cheguei a sentir vergonha alheia. Pior, na verdade. Pena. Pelo que a gente não tem no Brasil. Não sei se a Constituição espanhola é tão extensa quanto a nossa, nem se eles têm milhões de parágrafos em cada lei que anula e reafirma e cancela de novo os direitos do cidadão. Sei que, aqui, eles levam a sério a questão da cultura.

Hoje (quarta-feira passada) foi dia de visita guiada à bibioteca principal do bairro onde está Can Felipa, o centro onde tenho aula de catalão. Antes de andar pelo local, o responsável reuniu a gente - alunos e professora - numa sala pra explicar como funciona o sistema de bibliotecas de Barna. Ainda bem que ele não perguntou como era nos outros países.

Aqui, funciona assim: você vai à biblioteca com sua identidade e faz uma carteira de sócio. De graça. E fica pronta na hora. Com ela, você tem acesso a a) todo o acervo oferecido no local para consulta; b) 30 documentos (livros, CDs, DVDs, jornais e revistas) por mês; c) Internet no local, tanto nos computadores deles quanto por wi-fi; d) aulas grátis de como usar computador, Internet e programas básicos pra quem não sabe; e) televisões para assistir filmes e programas ali mesmo, com fones também oferecidos por eles; f) cursos de vários temas diferentes a preços populares; g) clubes de leitura de uns quantos assuntos.

Além disso, a carteirinha de sócio vale para todas as bibliotecas da província - Barcelona, os povoados cerca e as cidades da região. Você pode pedir um documento de uma biblioteca e eles deixam em outra de graça, ou pagando um euro se for de outra cidade. Se ele não estiver, é só deixar reservado que te avisam quando volta. Também é possível fazer consultas gratuitas na Internet. E não custa nada dizer que, apesar de elas fecharem entre 14h e 16h (siesta; não se brinca com este costume local), ficam abertas até à noite, umas até de madrugada e muitas, se não todas, nos fins-de-semana.

Quase esqueci de explicar uma coisa muito importante. A logística da rede bibliotecária catalã. Cada bairro tem sua biblioteca principal e outra menores, complementares a ela. Elas têm um tema específico ao qual se dedicam - por exemplo, a de Poblenou, onde fui, é especializada em cinema. Assim que oferece muito disso e um tanto de outras coisas. Dessa forma, a rede pode oferecer uma quantidade enorme de livros sem a preocupação de se repetir ou armazenar tudo, o que seria impossível. Isso também permite que os cursos sejam voltados ao que se dedicam, facilitando tanto o acesso à bibliografia específica quanto o conhecimento por parte do público do que pode encontrar no lugar.

Aí vem a Rede Bobo e diz que a gente vê cultura por ali. Fiquei na dúvida se falavam de BBB ou Zorra Total mas, como não posso ir a uma biblioteca do Rio pra pesquisar sobre o assunto, acho que vou só rir do que tentam me vender.

Pena que meu sorriso é de vergonha.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Crackòvia

Uma das maiores dívidas que acredito ter com vocês é não ter falado sobre esse programa mais cedo. Mas antes tarde do que nunca. Vou dar um panorama rapidão cometa antes de entrar em detalhes. E já adianto que esse texto vai ser melhor entendido por quem sabe um pouco de futebol.

Uma das formas (debochadas/pejorativas) de chamar os nascidos em Barcelona é "polaco". Não sei exatamente porque, tampouco o Alberto, e estou com preguiça de inventar uma história agora. O importante é que, por isso, fizeram um programa de humor aqui chamado "Polônia". Muito bom, diga-se de passagem. Seria o equivalente ao Casseta e Planeta, só que exclusivamente de política e absurdamente mais engraçado.

Assim que uma variante deste programa é "Crackòvia". O nome tem duplo sentido - tanto por ser uma cidade polonesa quanto por se referir a craque (crack), já que é um programa de humor esportivo. E, por ser catalão, fala muito do Barça e faz graça com ele. Além de debochar do Real. E é uma das coisas mais engraçadas que já vi na tele. É um rolo meio Monty Phyton. Ou não. Só quero situar vocês.

Eles têm uma capacidade e uma facilidade incrível pra caricaturar os jogadores e personagens ligados ao mundo da bola. As imitações do Pujol (zagueiro e capitão do Barça), Messi, Ibra e Piquet são excelentes. As do Sérgio Ramos, Raúl, Guti e Cristiano Ronaldo, sem comentários. Fora as outras, que não devem nada a estas mas que não faço questão de citar.

Só pra vocês terem uma idéia de como eles são bons, um dos bordões do Guti - "pim-pom-pim-pom-pim-pom" (marcando ritmo de música de boate, já que ele é reconhecidamente festeiro) - está até pichado em muros da cidade. Os daqui usam pra se referir a várias coisas, como "aí a gente vai lá e pim-pom".

Aí embaixo tem um vídeo de exemplo. Quem quiser, com certeza acha mais no youtube. Adianto que é em catalão, mas é fácil de entender. É só pensar na língua como uma mistura de francês, português, castelhano e italiano. E imaginar o Mussum falando isso. No terceiro vídeo já dá pra entender una mica e rir junto. Nem que seja pra fingir que é inteligente.

Conselho de quem já merece um oscar por isso.



ps: só falei isso pra incentivar vocês, eu já falo um pouquinho e entendo bem catalão; nada como umas aulas e miles de amigos daqui pra adiantarem o aprendizado.

domingo, 29 de novembro de 2009

Vida corrida

Eu tinha muitos planos antes de vir pra Espanha. Chegar em forma era um deles. Representar bem a malemolência carioca. Viver o estereótipo. E, como vocês perceberam, falo tudo isso no passado.

Cheguei aqui com cor de agência estampada na cara, e um físico despreparado e duvidoso - ainda que com os resquícios de uma juventude atlética. Foi o mais pesado que estive em minha vida, algo como 83kg pra 1,85m. Estava no limite.

Assim que aterrisei, resolvi fazer um reconhecimento de campo. Fui andando até a praia. Como ela está a mais de 5km de onde vivo e fui de chinelo, ferrei meu pé. Ganhei de presente de boas-vindas um inchaço que durou quase um mês. Saía todo dia com uma bandagem no pé, caminhar muito me doía e se eu o virasse um pouco mais (o esquerdo), parecia que ele ia cair.

Pois o tempo e nenhum remédio curaram o problema, e resolvi que ia colocar meu plano pré-Barna em prática. Comecei a correr sempre que podia. O que quer dizer três vezes por semana. Também comecei uma série regular e frenética de abdominais e alongamento. E finalmente, os resultados começam a aparecer.

Vejo que a velha forma bate à porta. Tenho tido mais disposição pra tudo, agüento o dia-a-dia mais facilmente e, o melhor, tô mandando a preguiça pro quinto dos infernos. Goste ou não, queira ou não, me exercito. A ponto de sair pra correr depois das 18h, com menos de 14 graus e vento forte. Acreditem, crianças, isso dá um desânimo incrível para fazer qualquer coisa diferente de tomar chá e ler debaixo da coberta.

É legal também ver que as caras que passam por você são quase as mesmas todos os dias, e que elas também reconhecem a sua. É como uma irmandade silenciosa de atletas anônimos, que não ganha nada além de mais saúde. O que é muito, na verdade. Ainda que não pague seu aluguel ou recarregue seu celular.

E quando eu voltar, ainda posso escrever um livro de auto-ajuda aeróbica e ficar rico às custas da ignorância alheia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rádio 3

Quando você está em outro país, experimentando o dia-a-dia de uma cultura diferente, precisa se adaptar o mais rápido possível às coisas do local. Pra mim, que sou movido à música, um jeito legal de fazer isso é ouvindo rádio.

Por sugestão do Alberto, meu assessor (deu branco, espero que seja com esse monte de "s" mesmo) pra assuntos catalães, a melhor daqui é a Rádio 3. Eclética, pouco ou nenhum jabá, gente que conhece muito de música. Resolvi experimentar. Viciei. Ainda bem que isso não dá positivo em anti-doping.

Fato é que a rádio é a melhor que já ouvi na minha vida. Qualquer uma do Brasil perde de lavada pra ela. Se fosse Fórmula 1, as daí se comparariam ao Rubinho. Se fosse futebol, ao Botafogo. Se fosse vela, ao Lars Grael (sem uma perna, pra quem não entendeu o humor negro). Realmente, a estação é incrível.

Eles têm uns programas raros, é verdade. Tipo um em que uma espécie de robô recita frases desconexas com um som ao fundo. Os radialistas também são um pouco esquisitos, como um cara que tem voz de quem fumou até a certidão de nascimento e agora convive com um câncer de garganta de 3 quilos. Mas pasa res, porque esta mesma figura sabe tanto o que acontece no underground ganês quanto a última tendência dos novos sons paquistaneses. E sabe muito de Brasil. Muito.

Um dia, enquanto corria, tocou Wilson Simonal ("Nem vem que não tem"). Ah, mas é conhecido, o cara é cool das antigas, vocês poderiam dizer. Beleza. Pois hoje (dia 25 de novembro, no caso), ele e seu convidado colocaram Zeca Pagodinho. Fácil também? Um pouco antes tocou Maria Bethânia. Ainda não convencidos? Pois logo depois de sua música, que era do seu último álbum, eles discutiram Hermeto Pascoal. E, pra acabar com os mais céticos, meu argumento final. Um nome:

Emílio Santiago.

Sim, ele mesmo. O pontinho preto no milharal. O alvo de tantas piadas homofóbicas. Pois além de ser muito elogiado por sua voz - que é realmente sensacional - ele foi comparado a ninguém mais, ninguém menos que Nat King Cole e Frank Sinatra. Disseram que poderia ser tão famoso quanto qualquer um dos dois.

Claro, eles não sabem que o cara é considerado meio brega por aí. Nem que é razoavelmente excluído do grande circuito. Mas a verdade é que colocaram uma canção muito boa, e deu até vontade de ouvir mais. Coisa que não vou fazer. E senti certo orgulho de ver nossa cultura tão elogiada, e de forma tão abrangente.

Só não fecho este post com algo do tipo "dá neles, Emílio!" porque coisas assim, em se tratando do garotão aí, podem pegar mal. Pra mim, porque com certeza ele encararia com a maior naturalidade. De costas.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crise à vista?

Anúncio na TV espanhola: uma menininha brincando com umas bonecas que estão todas maquiadas, têm carta de motorista e saem de farra por aí. "Já somos maiores", dizem.

Vaya, não sou o cara mais certinho do mundo. Mas, sinceramente, acredito que deveria existir limite pra tudo. Fazer meninas de 10 anos quererem ser mais velhas, por exemplo. Ou então, que anunciem de uma vez o vibrador da Hanna Montanna ou a mamadeira com whisky pro bebê de olhos vermelhos.

Eu gosto demais do que faço, sou apaixonado por criar, minha profissão é divertida, blablablá. Mas isso me lembra meu primeiro trabalho (pra cigarro, quando ainda era becário na DPZ). Ter que fazer algo desse nível me faz mal. Dói na consciência. E não adianta dizer que "se não quiser, não faz". É mentira. Ou faz, ou fica na corda bamba.

Cada vez tenho mais claro por que estou aqui - com relação a mim. Profissionalmente, cada dia imagino uma coisa diferente.

Mas calma. Que ninguém ache que vou surtar ou vender pulseirinhas nas Ramblas (o equivalente a vender mel no Sana). É só fase. Daqui a pouco me encontro, encontro o caminho certo e pronto. Ou ao menos que eu descubra logo como voltar a escrever diariamente porque, mesmo com tudo o que tenho visto e vivido, não tenho conseguido colocar nada no papel.

E crise pra escrever, a essa altura da vida, é muito retardado.

domingo, 8 de novembro de 2009

Balanço do mês (e pouco)

NE: devido às obrigações de um estudante sem grana e ainda com muito por fazer, este texto está uma semana atrasado.

Depois de pouco mais de um mês na terra dos brancos de olhos azuis, e há um tempo sem escrever para a Ponte, volto com uma auto-entrevista pra resumir, explicar, dar notícias etc de como andam as coisas em Barna.

Eu: Barna?
Eu: Sim, Barna. Já me considero íntimo da cidade. Posso falar de bares, restaurantes, linhas de metrô, quanto está o quilo da laranja e forma de abordagem dos paquistaneses nos diferentes bairros turísticos. Assim, acho normal chamar pelo apelido. Como Zico, Mengo ou Pet.

Eu: Peraí, porque seus exemplos foram todos do Flamengo?
Eu: Porque o todo-poderoso acaba de colar de vez nos paulistas. E, quando você está fora de casa, qualquer alegria é uma grande vitória. Como esse 3x1. Essa taça vamos conquistar!

Eu: Concordo. Mas, voltando. Como é a vida em Barcelona?
Eu: Excelente. A cidade é tranqüila, limpa, o transporte público funciona perfeitamente, as pessoas têm se demonstrado simpáticas. Além do mais, quando se vive em outro país o dia-a-dia parece um grande período de férias. O único problema é que está chegando o frio.

Eu: Muito forte?
Eu: Pra um carioca, sim. Essa história de andar à noite ou ter que acordar às 7h fazendo 10 graus na rua não é nada legal. Fora que, por ser uma cidade de praia, venta muito. A sensação térmica agora deve ser de 273 kelvin.

Eu: Mas seu casaco agüenta, né?
Eu: Depende. Sempre esqueço do mais pesado. Saio sempre com um meio bunda que, na hora do vamos ver, peida. Eu até comprei um da Adidas por módicos 25 euros, que rasguei no metrô. Já era. Qualquer brecha que deixe passar frio congela até a alma dos seus ossos. Mas não tem nada. Março tá chegando, o sol vem aí!

Eu: Você esta conseguindo resolver tudo?
Eu: Espero. Sexta agora pego minha identidade de estrangeiro (NIE) - uma forma de te tacharem gringo e saberem que não está aqui escondido num cafofo e limpando privada no McDonald's no lugar de um espanhol. Com meu NIE posso abrir uma conta, pra pegar a grana que deixei no Brasil. Também vou poder faze o Bicing, um esquema de bicicletas da prefeitura que você pega e deixa em pontos espalhados pela cidade e sai por míseros 40 euros. Quando me mudar pra Barna, vai ser muito útil.

Eu: Ué, você não mora em Barna?
Eu: Quase. Vivo em El Prat de Llobregat, um ainda pueblo mas quase bairro de lá que fica a 10 minutos em trem. Como ele é pontual e tem o dia inteiro, é do lado. Mais perto que muita gente de lá mesmo. Além do mais, está me saindo bem em conta.

Eu: E as aulas?
Eu: Do mestrado, foram melhores esta semana. Na primeira foi tudo muito básico. Achei um absurdo mas, como o professor teve que explicar pra uma menina que apertando CTRL+Z juntos ela conseguiria voltar a cagada que tinha feito, entendi um pouco melhor. Na verdade, ainda não está do jeito que quero. Mas como o principal do máster é arrumar trabalho por aqui, não me preocupo tanto. Por enquanto.

Já as aulas de catalão estão muito boas. Às vezes, me parece que escolhi a carreira errada. Gosto de línguas e me saio bem com elas. Outra coisa: o català é muito parecido com o português. Mais que o espanhol. À primeira vista, parece complicado. Mas com um mínimo de boa vontade e inteligência, bastam duas aulas pra você entender o básico. Mas, como ajuda, basta pensar como o Mussum fala e tentar imitar. Vou escrever sobre isso mais pra frente.

Eu: Está saindo muito? Está em casa direto? Pode falar sobre isso?
Eu: Posso, Carol sabe o que tenho feito.

Eu saio muito com os amigos do Alberto, meu companheiro de piso, e da Bella, carioca que faz um máster em gestão cultural. Conheci os dois em Sevilla, e a vida nos colocou juntos de novo aqui. Os amigos deles são muito legais, alguns inclusive estão se tornando meus amigos. Vamos a muitos bares e restaurantes locais, o que me transforma num semi-camaco.

(camaco: do catalão "que maco!", ou "que bonito"; os daqui falam ou falavam muito isso, e acabaram sendo apelidados dessa forma pelos outros da província)

Não sou de boates, mas ontem fui a uma porque os amigos do Alberto estavam. Era como festa Ploc, mas com músicas espanholas dos 80 e 90. Mais perdido, impossível. Também fui num show de jazz grátis. E já recebi uns amigos gringos aqui em casa - apesar de que o conceito de gringo, agora, está muito expandido.

Mas estou boa parte do tempo em casa. Um, porque já conhecia a cidade. Dois, porque não sou turista e sim morador. Três, porque não tenho grana pra sair. Quatro, porque os deveres me chamam - dos trabalhos do mestrado a lavar cuecas. Poderia encontrar mais motivos, mas como não devo explicação a ninguém e já citei quatro, está de bom tamanho.

Eu: Já começou a procurar trabalho?
Eu: Fui a duas agências, falei com dois brasileiros, não consegui nada em nenhuma delas. Mandei e-mail pra uma conhecida de um deles que não me pareceu muito simpática. Tenho mais um contato e, depois, estou por conta própria. Vim sabendo que o mercado de trabalho não estava lá essas coisas, mas nunca é bom quando suas más suspeitas se confirmam. De qualquer jeito, agora que as aulas começaram eu posso procurar pelo cole. Eles devem me ajudar. Assim espero, claro.

Eu: Tem mais?
Eu: Claro! Acha que minha vida é só o que contei até agora? Acontece que já falei muito nessa postagem. E é bom saber o que os outros querem saber. Vou esperar comentários com novas perguntas (ou não) e escrevo outro texto.

Além do mais, tenho que estudar, escrever e não dá pra ficar me auto-entrevistando por muito tempo. Sou um homem ocupado. Marcamos um próximo papo entre você e eu em breve, vale?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Bud Spencer vai ao banco

Vocês lembram do Bud Spencer? Aquele que só andava junto do Terence Hill, aprontando as maiores confusões e botando pra quebrar - numa linguagem bem sessão da tarde. Não?


Bom, então, ele é esse aqui.


Depois de muito tempo sumido (ao menos pra mim), eis que ligo a TV e vejo sua cara de novo. Não numa reprise de Miami Supercops, mas sim num anúncio da Bancaja, um banco espanhol.



Sinceramente, não tenho visto muitos anúncios realmente inovadores, diferentes ou mesmo bons por aqui. Mas ver o velho Bud (que escolheu esse nome porque gostava de Budweiser) distribuindo tapa no meio da rua compensa.

Sitges

Segundo meu olhar fotográfico super aguçado.



Por esse belo cenário, passearam zumbis ridículos no sábado à noite. Ao fundo, um lugar que não sei o nome.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Acidentes

Durante 12 dias, Sitges, um povoado nos arredores de Barna, se transforma na capital intergaláctica da ficção científica. É que esse lugar bonitinho de praias limpas com casinhas brancas, mulheres de topless e um solitário banhista pelado sedia o Festival Internacional de Cinema Fantástico da Catalunha, que já está em sua 42a edição.

Dá de tudo no festival. Lançamento de produções como Rec 2, animes esquisitos, caminhada de zumbis (é sério, sábado tem a Zombie Walk, com direito a maquiagem grátis, pra todo mundo se sentir um pouco Thriller) e filmes que pessoas normais, como eu e vocês tentamos ser, queremos assistir.

Já que a carteira de estudante não dava direito à meia-entrada (alô, galera da UNE, chega aê pra gente protestar!), fui obrigado a escolher um filme. Eram várias opções, pra deixar qualquer um com sangue na boca – como o de um ator que interpretava a si mesmo ou uma série de entrevistas com velhos de um pueblo falando de coisas ruins que aconteceram onde viviam e que se relacionavam à loucura. Assim que rapidamente escolhi um filme que tinha buena pinta, como se diz aqui.

Acidentes (com direito à trailler, vale o clique). Filmado por um grande diretor de Hong Kong. Passado no país (província, segundo a China – tome partido e siga o texto). Sobre um grupo que assassinava forjando acidentes, até que algo acontece, o líder do grupo fica neurótico e caga tudo.

Ruim, não é. Mas achei lento, a ponto das cerca de 1h30 que estive dentro da sala parecerem o dobro. Além do mais, o pré-final é um pouco exagerado. Ainda assim, vale a pena baixar. Nem que seja pra saber o que andam fazendo do outro lado do mundo além de forjar acidentes.

Seja como for, nunca parem no meio da rua durante um eclipse solar.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tipos que você seguramente encontra em Barcelona

Considerem isso um guia de variedade cultural da capital catalã. Assim, quando vierem (ou voltarem) aqui, saberão o que encontrar e poderão se preparar pra qualquer situação. E atenção à equação: a ordem dos povos não altera a post.

Brasileiros
Não tem um dia que eu saia de casa sem encontrar vários. Grupos, obviamente. É impressionante como nosso povo viaja, independente de crise financeira, desemprego ou o que for. Eu queria saber que Brasil é este, pra me mudar pra lá.

Vale a pena evitá-los, a não ser que você esteja se sentindo só ou queira falar português. Porque existe um ímã verde-amarelo que simplesmente não dá pra desligar. Uma vez feito contato, vocês vão se esbarrar em todas as esquinas do universo.


Marrons
Primeiro: não são os parentes da Alcione. Segundo: essa classificação não é preconceito. É apenas pra facilitar o “reconhecimento de grupo”.

Em sua maioria, africanos são negros, europeus são brancos e asiáticos são os que andam com câmeras penduradas no pescoço. Mas existe um grupo, normalmente imigrantes-não-turistas, que tem um biotipo característico. São compostos basicamente por indianos, paquistaneses, marroquinos e o que os Simpsons já chamaram de “miscellaneous”. A única diferença entre eles é o bigode, mas ainda não sei dizer quem é quem.

Eles têm apenas das expressões: cansaço/tristeza e desafio.

Cansaço/tristeza – são os que parecem ter jogado a toalha. Sabem que não vão mudar de vida ou ser mais respeitados, que continuarão sendo olhados com desconfiança e nada do que fizerem vai mudar isso.

Desafio – sabem de tudo isso aí de cima, mas parece que, se não é pra serem respeitados, querem ser temidos. Variam entre a cara de mau e a de desdém. Toda vez que você passa por eles, acha que vai ser linchado.

Como estes dois tipos só andam em grupos grandes, tenho a forte sensação de que os figurantes de “Quem quer ser um milionário” se mudaram pra cá depois de ganharem uns trocados com o filme.

Turistas
Estamos no outono, Barna não é a cidade mais barata do planeta e, ainda assim, as ruas estão sempre lotadas deles.

Dizem que aqui era um lugar horrível, e que as Olimpíadas de 92 é que promoveram tantas mudanças. De um lugar em que mal dava pra chegar à praia (segundo os próprios catalães), hoje este é um dos principais destinos turísticos do mundo.

Espero que o Rio siga o exemplo. Há muito o que se fazer na cidade maravilhosa pra que ela mereça de fato este apelido e, se não for agora, eu sinceramente não sei quando vai ser.

Barcelona é a prova de que turista rima com competência. Metaforicamente, mas rima.

Barcelona – Japeri parador

O tempo fechou em Barcelona. Ao menos dentro do trem entre El Prat de Llobregat e Sants. Hoje, por alguns instantes, me senti num vagão saído da Central do Brasil.

Primeiro, entra um homem puxando um carrinho de feira com uma caixa de som e um minidisc (alguém ainda lembra o que é isso?). Traz também um daqueles instrumentos de sopro pra criança – de plástico, tipo brinquedo da Estrela – que tem tecladinho em cima.

Ele pára no meio do carro, liga o aparelho pra deixar rolando um som de fundo tipo arquivo midi de karaoke, e começa a solar umas músicas em espanhol famosas. O som tava alto, mas pelo menos o coitado tava se esforçando pra ganhar uns trocados honestamente.

Logo vira uma mulher alguns bancos à frente e, de forma exageradamente ríspida, pede pra ele baixar o som. Seu tom de voz estava alto, ela não precisava ser grossa, mas era o que pensava.

O homem desliga o som e corre a sacolinha pro lado do trem onde ela não estava. Volta, pega seu carrinho e vai pedir dinheiro na outra direção. Quando passa por ela, pára e pergunta qual o problema com sua música. E está armado o barraco.

Ela começa a falar, outra vez rispidamente, que o som estava alto. Ele diz que, se ela estava incomodada com o som que ele fazia no trem, que comprasse um carro. Ela grita que pagou pelo bilhete e que está no seu direito. Ele insiste que ela deveria comprar um carro. Uma jovem toma partido dele. A mulher se descontrola. Ele agradece à menina e sai de perto. Os dois ficam resmungando alto por mais algum tempo.

Se eu dissesse agora que passou um cara vendendo “bixcoito Grobo” e o auto-falante anunciou que a próxima estação era Coelho Neto dava até pra acreditar, não é mesmo?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tira a camisa!

Se você pensou que eu ia usar uma frase de funk como recurso barato pra começar o texto, parabéns. Mas isso não vem ao caso, e sim a história abaixo.

Sábado eu quis fazer um agrado aos espanhóis, que sempre me recebem tão bem e ainda são obrigados a me aturarem com cara de perdido toda vez que vou ao Camp Nou.

nota 1: sim, Camp Nou. Dessa vez, a ver Barça x Almería. De graça.
nota 2: eu estava com cara de perdido, mas eles é que não sabem torcer. Não pulam, quase não gritam. O sangue latino faz diferença nessas horas.

Voltando, meu agrado foi assistir a partida com a camisa da seleção espanhola. Legal, né?

NOT!

No estádio, ninguém se manifestou (apesar de não poder afirmar se deixaram passar ou me olharam de cara feia). Mas, num show pelo aniversário do bairro de Sarriá, um cara veio falar comigo sobre a camisa e quem deveria ser convocado, e uns amigos do Alberto (com quem divido apartamento agora) disseram que era um erro sair vestido assim. Assunto que se estendeu no almoço da sua família no domingo e dividiu opiniões.

A verdade é que a maioria dos catalães leva a história de identidade própria pra todos os campos de suas vidas. De futebol, inclusive. Eles têm sua própria língua, seus próprios costumes e, pelo visto, gostariam de ter sua própria equipe.

Seria bom, se pensarmos que eles se livrariam do Raúl. Porém, pensando no geral, é difícil entender tamanha distância entre dois povos que formam uma única nação. Aliás, o conceito de nação aqui é muito diferente do que conhecemos e de como o entendemos. Se no Brasil a mistura das raças e tudo o que passamos ao longo dos períodos de colônia, império e república nos deu a idéia de unidade (salvo os fracos suspiros separatistas dos sulistas), aqui nem mesmo a longa história do país, com séculos de vitórias e derrotas empapadas de sangue ajudou na construção dessa mentalidade. Talvez, e vou me informar melhor, tenha até piorado a coisa. Basta pensar que, não à toa, o País Basco é chamado de País.

É complicado, depois de ver isso, falar das guerras civis africanas, por exemplo. Daqui pra lá, o que muda é o grau de violência dos grupos étnicos. Enquanto nas ex-colônias o negócio é chacina, vingança generalizada e sangue jorrando pior que em Kill Bill, aqui o papo varia entre a pressão política e atentados esporádicos - normalmente avisados com uma certa antecedência - que visam aumentar a pressão no governo.

Engraçado também que na Andalucía, por muito tempo sob domínio dos mouros, a idéia de nação seja mais presente. Talvez para fugir do estigma de terceiro mundo da dominação árabe.

Tudo isso dá à "pátria de chuteiras" um significado muito mais forte, que vai muito além de um país que só se une nos jogos da seleção e canta o hino que nem a Vanusa. Por mais que seja verdade, de certa forma.

Certo é que, em matéria de união futebolística, os espanhóis são terceiro mundo se comparados a nós. E daqui a alguns anos teremos a chance de mostrar a eles como se resmunga a letra do seu Francisco (Manoel da Silva) - com a mão no peito e lágrimas nos olhos.

Que venha a Copa de 2014!

domingo, 4 de outubro de 2009

Lo siento

Estamos temporariamente fora da área de cobertura, contando apenas com a boa vontade alheia de não colocar senha em rede sem fio. Assim que, muito provavelmente, só volte a contar histórias a partir de segunda. E olha que já tenho histórias pra contar.

Como dizem aqui, ¡ojo, eh!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Enrolando em Congonhas

Ao contrário do que possa parecer, não gosto de acordar cedo. Odeio, na verdade. Mas como hoje era (está sendo) um dia atípico e especial, não teve jeito. Às 5h já tava de pé, ainda que cambaleando, indo ao banheiro colocar as lentes. Porque eu só acordo mesmo quando estou de lente.


Como sempre, saí de casa atrasado. Nada de anormal, já que terminei de arrumar as malas mais de uma da manhã. E deixei algumas coisas do lado de fora, pra quando acordasse. Ou seja, depois de colocar a lente. Mesmo saindo tarde, cheguei no horário. Quase em ponto. Mal fiquei com pais, irmão, namorada e sogros. Foram 10 minutinhos de alegria, só pra evitar chororô excessivo, e embarquei.


Com o Minc.


Mas a verdade é que, apesar de fanfarrão (tava cheio de gracinha com a esposa e um casal de amigos, antes de embarcar), é bom ter um político ou outro tipo qualquer minimamente importante no seu avião. Assim, você sabe que vão cuidar pra que ele não caia.


Eu disse avião. Né, Ulisses?


***


Cheguei em sampa com tempo escroto e horas de sobra. Fui dar uma volta e resolvi olhar pela janela do terminal 2, asa C – ou algo do gênero. E percebi que a logo da Korea(n) Airlines é muito parecida com a da Pepsi. A antiga, ainda por cima.


Ou o refrigerante patrocina a companhia, ou é muito desleixo do designer deles. Essa história de “logo express” pra criar marcas de empresas, pelo visto, também é moda lá fora.


***


Descobri também que esse aeroporto tem um Coffee Shop.


Pera lá, cambada de viciados mulambentos. Nesse caso, é um café mesmo. Que só serve comida. E que acabou sendo minha opção saudável aqui. A única, diga-se de passagem.


Dose foi ter que pedir um “big boss no croissant”. Mais escroto, impossível.


***


Políticos vão e vêm. Logos mudam com o tempo. Cafés variam de porta para porta. Mas papel higiênico será sempre papel higiênico.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Desespero

Segundo o Aurélio, vulgarmente conhecido como seu pai, "desespero" é "desesperança acompanhada de cólera; zanga". Seguindo ao pé da letra essa definição, eu estaria desesperado com os malditos mosquitos que vêm à casa dos meus pais acabar com o meu sangue. Infelizmente, existem motivos maiores que esse me deixando desesperado.

Teoria
Alexandre viaja no dia primeiro de outubro. Saindo do apartamento dia 5 e da agência dia 11 de setembro, os dias que restam até o final do mês são mais que suficientes para arrumar suas coisas, resolver pendências e ainda dar uma moral pra saúde, visitando médicos e se exercitando feito um búfalo adolescente.

Prática
Alexandre sai do apartamento dia 5 e da agência dia 11 de setembro. Vai a tantos médicos que acaba inclusive fazendo exames repetidos. Depende de empresas, organizações e pessoas que não necessariamente colaboram no mesmo ritmo. Sofre com a falta de datas, ou o excesso delas - caso viajasse um mês ou dois mais tarde. Vê seu tempo ser ocupado por telefonemas intermináveis cobrando pendências que nem sabia que existia.

Problemas se acumulam. Amigos, não - afinal, a prioridade é resolver as pendengas que perturbam o seu sono. Que são muitas, contrastando com as poucas horas bem dormidas pensando nos milhares de assuntos do dia seguinte. Aliás, o dia seguinte sempre se estende para o dia seguinte, fazendo o dia seguinte ao seguinte demandar ao menos 1428 horas. Algo que obviamente não vai acontecer, deixando o dia seguinte a esse ainda mais lotado de assuntos a resolver. Que, provavelmente, não serão resolvidos.

O dinheiro vai embora antes da viagem. Não tem nem a decência de se despedir, só vira as costas e ri. Em espanhol, pra sair mais caro.

Resultado
Já é quase 30 de setembro (o dia deve ter virado quando acabar esse texto), não arrumei as malas, não preparei o portfólio, não ajeitei o que está no chão do quarto desde a mudança. Não comprei tudo o que vou levar, não separei documentos nem encerrei a conta corrente. Carol me espera no quarto, Alan está na sala e ainda nem limpei o mochilão - o que pelo menos me liberaria pra subir.

E eu aqui, escrevendo na Ponte.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O bom, o ruim e o desnecessário

Dizem que tem coisas que só acontecem com o Botafogo. Deus me livre de ser minimamente parecido com ele, mas algumas coisas bem escrotas têm acontecido:

1) Meu querido laptop está comigo há três anos. Passamos por muitas coisas boas e ruins, mas sempre mantivemos uma relação saudável. Até que, em uma noite tranqüila e divertida (a de ontem), ele contraiu um vírus. Eu me descuidei, é verdade, mas ele também deveria ter tomado precauções. Agora desconfiamos um do outro, e ele deve dar entrada no CTI amanhã. E o pior: quem morre na grana sou eu.

2) Meu querido CPF está comigo há sei lá quantos anos. Sempre cuidei bem dele, protegi sua reputação. Até que, um dia nebuloso e assustador, alguém faz três cartões em meu nome, usa meu CPF, gasta horrores, cria dívidas absurdas e totalmente irreais e acaba com meu crédito. E como só descubro isso perto de viajar, não consigo solucionar a tempo, tendo que contar com advogados, procurações, termos esquisitos na justiça e, acima de tudo, com a boa vontade alheia. E quem morre numa grana sou eu.

Mas pra não dizer que viraram um grande penico em cima da minha cabeça, tenho conseguido resolver pendengas importantes que só eu poderia dar um jeito. Nadei 1.000.000 de milímetros hoje e, como fez sol de verão sueco, pude adiantar um pouquinho o projeto "estereótipo-de-brasileiro-negão-malandro-carioca Barcelona 2009". E vi pessoas muito importantes na minha vida, que estavam sumidas mas não esquecidas.

Mas nada se iguala a essa notícia: vou cortar cabelo amanhã. Só não pode raspar a cabeça.

***

Por falar em notícias importantes, não poderia terminar o post sem essas dicas: pra quem gosta de subcelebridades sendo alvo de piadas, esse site; pra quem adora subcelebridades e sua vida cheia de acontecimentos interessantes e filosofias profundas em doses diárias, esse twitter.

Esse foi meu quinhão de notícias totalmente dispensáveis de hoje. De nada.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

4+7(+3)+3(+5)

Não, não é aquela prova das Olimpíadas do Faustão em que a pessoa ia num carrinho fazendo contas e, se errasse ao chegar no fim do percurso, ia de cara no chão. Nem é um teste pra saber se vocês precisaram colar pra passar de ano. Até porque, quem precisa de ajuda pra fazer a conta aí de cima provavelmente mal sabe assinar o nome - apesar de que tem muito miserável que não consegue assimilar que precisa lavar a mão depois de cagar, mas não erra uma maldita conta do crediário das Casas Bahia. E a conta não dá 22.

Seguindo a minha vontade de não fazer despedidas, acabei me despedindo de mais um monte de gente no fim de semana. Primeiro, 4 pessoas que marcaram meus 2 anos em Copa (estou arredondando o tempo porque nunca lembro o período exato). Depois, 10 pessoas da família, de sangue ou por afinidade. Fechando com mais 8 da família, pra todo mundo ter certeza de que vai se livrar de mim.

Foram dias de relembrar histórias, algumas que nem fazia tanta questão mas que acabaram me divertindo do mesmo jeito. Ir a lugares legais, ou ficar no melhor deles (quem mora ou já morou fora sabe que não existe nada igual à casa dos pais). E, como parte da tradição familiar, comer feito um porco depressivo com tênia.

Também foram dias de aprendizado. Por exemplo, descobri que o Dênis Marques sabe matar a bola no peito, ainda que ele faça isso muito bem no treino e no jogo mate todos os ataques do todo-poderoso (ps: Mengão rumo à Júpiter, que Tóquio é coisa de quem sonha baixo). Aprendi também que quem passa o carnaval em Ouro Preto pode voltar com a gengiva verde. Guna, se vocês preferirem.

Outra coisa muito importante que descobri: eu não sou um saco sem fundo, e como dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, meu estômago só pode aceitar algo se estiver minimamente liberado. Garganta não serve de depósito pra guardar coisas. Quer dizer, pra certas pessoas e casos, sim, mas eu não tenho nada a ver com isso.

É possível sair e economizar dinheiro. O nome disso é auto-controle. Finalmente eu aprendi mas, por segurança, vou escrever um manual de instruções sobre o assunto e deixar na carteira.

Dormir é importante, mas não pra mim. Posso descansar até 4 horas umas duas vezes por semana sem problemas.

São Pedro não é seu pai nem seu amigo. Se você quiser algo com relação ao tempo, fale com os russos, que jogam sal em nuvem e oscambau. Pedro não se importa com você.

Nem todos são amigos. Mas quando são, são muito. E nem distância ou tempo longe não fazem diferença.

***

Caso alguém ainda se lembre da minha promessa de escrever sobre a Bienal, explico: eu não quis. Mas isso é hoje; falo dela amanhã. E se alguém achar que o post acabou meio perdido, explico: não estava mais prestando a menor atenção ao que estava escrevendo. Tá vindo um cheiro absurdamente bom de empadão lá da cozinha. Quem mora na casa dos pais (e tem uma mãe que cozinha muito muito bem) sabe do que estou falando.

Viajar tem um quê de corredor da morte. Você sempre consegue umas regalias antes de ir.

sábado, 19 de setembro de 2009

A justiça é cega e malandra

Primeiro, eu era apenas uma criança ingênua. Cresci e me tornei um adolescente ingênuo. E foi com toda essa ingenuidade que escolhi fazer propaganda. Verdade seja dita, a escola não ajudou em nada na minha decisão. Digo isso porque, se alguém tivesse me orientado melhor e mostrado quanto dinheiro é possível ganhar simplesmente sendo dono de cartório, hoje eu não estaria dando dinheiro de bobeira para eles, e sim tomando dinheiro de bobeira de outros ingênuos como eu.

Pra quem não sabe como funciona o processo de abrir um cartório, eu explico. Ou melhor, o SEBRAE-SP explica: "os serviços prestados pelos cartórios de registro e notarias são considerados públicos e, por esse motivo são exercidos em caráter privado por meio de delegação do Poder Público. Dessa forma, o interessado deve participar de processo licitatório sob a modalidade de concurso público de provas e títulos". Entendeu?

Não importa. Pulem essa parte e façam as contas. Pra conseguir um documento de duas páginas que diz "eu, pai do Alexandre, tenho dinheiro pra manter meu filho no exterior", paguei 200 reais. Hoje, pra tirar um de três páginas que diz "eu, Alexandre, dou o direito dos meus pais cuidarem dos meus assuntos no Brasil", paguei mais 100 reais. Ou seja, 300 reais por 5 páginas. 60 reais por página. E ainda tem gente que discute se o melhor investimento são ações de risco da exportadora vietnamita de kiwi ou títulos James C-Bonds. O melhor investimento é vender documentos, ora!

Dizem que a justiça é cega. Pode ser, mas enxergou um meio bem fácil de ganhar dinheiro. E eu, que enxergo (não muito bem, pelo meu grau de miopia, mas enxergo), fico gastando o dinheiro que deveria me manter lá fora com ela.

***

Outra coisa que tenho feito muito ultimamente, além de dar dinheiro pra cartório, é ir a consultório. Consegui a façanha de fazer o mesmo exame duas vezes, porque dois médicos diferentes me pediram e eu nem me dei conta disso. O pior é que eu tinha que beber uma Jacuzzi de água e me segurar até acabar o ultrassom. Algo que me deixou literalmente de saco cheio.

Até aí nada demais, se não fosse um detalhe: fiz uma aplicação de laser nos olhos que, além de deixar minha retina com aquelas visões psicodélicas do Jimi Hendrix, ainda me obriga a ficar uma semana sem fazer atividades de impacto. Ou seja, minha córnea torta interfere também nos meus exercícios físicos. E pra completar, isso acontece com dias de sol de verão - sim, porque quando caía aquela chuva escrota dos últimos dias eu "podia" fazer o esporte que quisesse.

Das três semanas de natação, corrida e partidas de tênis que tinha planejado, vai me restar uma. Fora de ritmo e bem da xumbrega.

É melhor eu começar a rever o projeto "estereótipo-de-brasileiro-negão-malandro-carioca Barcelona 2009".

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

E eu não queria despedida

Pois é. Não queria. Mas elas estão acontecendo, e tudo o que eu posso fazer é comparecer. Afinal, a despedida é minha.

Mas não tenho do que reclamar, elas têm sido bem agradáveis - e nada tristes. Hoje foi a vez dos meus queridos mestres propagandeiros e incentivadores Felício e Caveira. Com a presença ilustre do Judá, a única pessoa que conheço que teve gripe suína e não precisou ficar em quarentena.

Almoçamos elegantemente olhando pra enseada de Botafogo, belos pratos de massa num excelente restaurante que não lembro o nome. Fechamos com cafés boladões do Starbucks. Conversamos bastante, rimos muito e ainda trocamos informações confidenciais que o Adonis e o Ehrlich (pra quem não conhece, o primeiro tem um blog sobre propaganda e o segundo... bom... tem o Colunistas) estão longe de saber. Por exemplo, a Euro RSCG vai virar CavEuro RSCG. Corram e mostrem a pasta pro Caveira, galera!

É sempre bom ver que você fez grandes amizades pelas agências que passou, em um meio lotado de egos inflados. Eu só tenho que agradecer por tudo.


***

Hoje também foi dia de Bienal. Só vou falar dela amanhã, na verdade. Mas não posso deixar de colocar aqui uma das melhores propagandas que vi nos últimos tempos. Mais um exemplo de criatividade com cara de Brasil, aquela irreverência e o jeito moleque que dão à publicidade do país um sotaque inconfundível. Outra peça de uma campanha que gostaria muito de ter feito, que abriria meu portfólio e me faria um profissional realizado:

 
Depois de criar algo assim lá fora, vou ganhar Cannes e voltar ao Brasil pra montar a TBWAlexandre.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu te amo!

Sete anos falam por si só. Mas não me importo nem um pouco em repetir.

 
É Albacete? Não resisto! (a foto é pra Carol; a piada, pros friburguenses)

sábado, 12 de setembro de 2009

A segunda última semana

Primeiro, Copacabana. Agora foi a vez da Barra. Da Percepttiva, pra ser mais exato. Sexta-feira foi meu último dia de aviso prévio. Ou seja, mais um 11 de setembro catastrófico para muita gente. De certa forma também pra mim, já que esse sábado é oficialmente meu primeiro dia de desempregado.

Não estou reclamando, muito pelo contrário. Aproveitei muito bem esses 15 meses lá, fiz amizades e bons trabalhos. Ganhei experiência e abri portas. Mas nunca é legal saber que não vai entrar dinheiro na sua conta no mês seguinte. Ainda mais quando você é obrigado a juntar cada real que encontra pela frente, pra transformar três deles em uma única moeda de Euro (maldito capitalismo!).

Mas não vou ficar me alongando nessa história, porque ainda tenho muito o que resolver em casa e mais algumas coisas pra escrever.

1. Meu pai fez aniversario. Não vou contar a idade, mas digo que eles está muito feliz pela chance de não precisar pagar estacionamento. E eu estou muito feliz de comemorar esse aniversário, acima de tudo pela vitória que teve (tivemos) nesse ano. Nadar e correr depois de três pontes - não elétricas - não é pra qualquer um. Vida longa ao rei (ele é baiano). Ele merece uma vida maravilhosa.

2. Meu filho fez aniversário. Quando digo filho, digo primo. Mas dá no mesmo, nesse caso. E ele também merece uma vida maravilhosa, com a diferença que tem 44 anos a menos que meu pai. Tem muita estrada pra percorrer e conquistar isso.

3.Eu ouvi a pior história da minha vida. Sério, a pior. Então, vou dar uns segundos pra vocês pensarem se querem mesmo ler.

Se continuarem daqui, estão por conta própria.

Bom, vocês que sabem. Um amigo meu tem um amigo que trabalha no Tribunal. Uma mulher de lá pediu licença para tratar a cabeça. Uma licença médica psicológica. O motivo?

Um belo dia (belo pra quem, eu nunca vou saber) ela chegou em casa mais cedo e pegou seu marido na cama com outra pessoa.

Essa outra pessoa era um homem.

Esse homem era o pai dela.

Esse é o tipo de coisa que mandaria Nelson Rodrigues pra psicanálise. Que faria Freud rever suas teorias. Que deixaria o Marquês de Sade se sentindo um padre carinhoso com - não molestador de - coroinhas.

Mas o pior de tudo é pensar no que meu amigo perguntou: "cara, como será que começou o papo entre os dois pra eles chegarem nisso?".

Sinceramente, eu nunca pretendo descobrir.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

E a mãe, vai bem?

Sabe aquela velha piadinha "eu sou o/a melhor _______ do mundo, segundo a minha mãe"? Acaba de ser levada ao pé da letra pela agência portuguesa Torke. Funciona assim: você manda um e-mail pra se candidatar à vaga de redator ou DA. Aí, se eles te escolherem, você aparece com ela no fim de semana, pra que fale bem do filho talentoso, esforçado, lindo e cheirosinho de mamãe.

Supondo que os dois se dêem bem, é claro. Pode ser que aconteça alguma surpresa, do tipo:

- Então, por que a senhora acha que a gente deve contratar seu filho?
- Pra tirar o imprestável lá de casa! Ele fica jogado no sofá, comendo e roncando o dia inteiro, e não é capaz nem de lavar a louça. Sai à noite com o dinheiro que pega escondido da carteira do pai, volta bêbado e vomita na geladeira. E ele ainda... é, quer dizer... ele é um ótimo menino, sabe, moço?

Ou pior:

- Seu filho tem algum defeito?
- Claro que não. Quer dizer, o pai dele acha ruim o Junior ser gay, mas o senhor não tem problemas com isso, não é? É só não vir trabalhar de short ou se abaixar na frente dele que ele se comporta como um homenzinho. Ativo, porque se o senhor se abaixar atrás ele se comporta como um homenzinho passivo.

Situações constrangedoras à parte, se eu morasse lá tentaria a vaga. E levaria minha avó na entrevista. Ela prepararia umas caipirinhas pro diretor de criação, contaria umas piadas pesadas e me xingaria. Ele ia ficar amarradão e me contratar, só pra ela aparecer na agência de vez em quando.

Pra ninguém achar que é mentira minha, aqui está o anúncio da Torke. Não me lembro onde encontrei, provavelmente em alguma página que fala sobre propaganda. Mas quem se importa, não é verdade?





















Os criativos devem estar torcendo pro DC levar a mãe. Assim, ele vão saber a quem xingar.

***

E por falar em mãe, a minha parece feliz por voltar a me aturar em casa. Ou não, mas não tem jeito. Ela vai ter que me agüentar (com trema, sim, porque a nova regra da língua portuguesa é imbecil) até outubro. Meu pai e meu irmão também. E já cheguei passando mal, pra chamar mais atenção.

Agora sou um garoto Zona Oeste prestes a ter uma overdose de Floratil antes de viajar pra uma terra distante, sem casa ou emprego. Será que mamãe está orgulhosa de mim?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Parabéns pra você, pra você e pra você também

Muita coisa aconteceu nesses últimos dias, o que me impediu de passar pela Ponte. Mas o tráfego se normalizou na minha vida, assim que volto ao ritmo normal. A parte de normalizou e ritmo normal é mentira, mas isso eu resolvo fácil. Tá,a parte do resolvo fácil também é mentira. Esquece. Vamos ao resumão boladão de coisas que me impediram de escrever aqui:

















É, filho, você já foi mais novo.

Hoje você tem 21 anos (e 4 dias, graças ao atraso no post). Mas não poderia deixar de dar os parabéns públicos ao meu grande irmão-irmão, que me enche de orgulho como se fosse um filho. Que já viajou mais que eu, apesar de que isso vai se inverter em breve. Que lê um livro de economia maior do que um terço dos livros que me pediram na faculdade - juntos. Que me levou pra 00 pela primeira vez (no dia mesmo, depois de um jantar no Spacca Napoli - onde nós, the mama and the papa nos sentimos tão ricos quanto nunca fomos). Que eu poderia ficar elogiando eternamente, mas que ia encher o meu saco depois querendo cantar de galo, mesmo sendo 5 anos e meio mais novo. Então chega.

Mas parabéns e uma vida maravihosa. Você merece.

***

Depois de uns dois anos de garoto Zona Sul, oficialmente saí de Copacabana. A vida boa que levava lá, entre grandes amigos que tinha e fiz com o tempo (Bruno e Thiago, pra quem não entendeu), proximidade de tudo que sempre gostei, transporte fácil e pindaíbas leves de quem tem contas a pagar chegou ao fim. Voltei a Jacacity, terra de ninguém.

É engraçado como a gente só percebe o que perde depois de não ter mais. Assim que me mudei, comprei um skate. Andei umas 4 vezes, três indo ao mercado e uma a passeio, até o Forte de Copa. Fui à praia meia dúzia de vezes. Aliás, tô com cor de agência até hoje. E agora, que voltei pra casa dos meus pais, como vou fazer o que não fiz lá? Porque tô com muita vontade de pegar o skate e cair no mar o dia inteiro. Saco.

Mas a útima coisa que vou fazer é ficar reclamando do que passou. Até porque, foi uma fase excelente da minha vida. Levo amizades que vão durar pra sempre e muitos causos pra contar. Supondo que eu conte um dia.

Parabéns pra nós, do apê. Foi um período realmente inesquecível.

***

E pra quem estava achando que eu esqueci do nosso país e, principalmente, do motivo de não estarmos trabalhando nessa bela segunda-feira de sol (triste, não é mesmo?), meus parabéns ao Brasil - e a você - pelo Dia da Independência:

















Sim, Hollywood já fez um filme sobre a data. Tanto que o protagonista era negão.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pues ya está

Como vocês podem ver, caso tenham prestado um mínimo de atenção, a Ponte passou por obras. Não aquela história de recapeamento superfaturado com material vagabundo, mas sim mudanças profundas em infra-estrutura (com hífen), serviços de beira de estrada e - por que não? - estéticos, porque ninguém é de ferro. É de cimento virtual, neste caso.

O importante é ressaltar as alterações feitas, que vieram facilitar a vida de todos que passam por aqui. Primeiro, o leiaute. Chega de bolinhas coloridas, bem princípio de Internet. Agora eu sou um amador profissional, e a cara da Ponte mostra isso: divisões bem marcadinhas, todo elegante e faceiro.

Links, nesse primeiro momento, só os da Auto-pista. Os amigos vão entrar em breve, outros sites também. Mas agora é hora de mostrar o que ofereço. Principalmente porque, lá fora, as pessoas não conhecem o que já fiz. E têm que ver o que vou fazer daqui pra frente.

RSS e inscrição por e-mail são os pontos altos da primeira fase da mudança. Chega de perder o que escrevi por falta de tempo ou preguiça de andar pela Ponte. Coloque seu contato lá e você vai receber o melhor da Internet, segundo minha mãe.

Mais um ponto interessante, pelo menos pra mim, é a possibilidade de classificar os textos. No final de cada postagem tem um tópico "eu achei" com três opções: "bom", "ruim" e "indiferente". Fiquem à vontade pra dizer o que acharam do que escrevi. E não se acanhem em deixar um comentário dizendo que "se mijou de rir", "foi multada pelo síndico pelo barulho das gargalhadas" ou "perdeu a namorada por só dar atenção ao que escrevo". Acredite, eu entendo você. Quem não gosta do que escrevo?

Bom, por hoje é só. Termino minha postagem-tutorial pra me preparar pra meia-noite. Meu irmão irmão faz aniversário, e quero estar perto dele pra dar uns cascudos de comemoração. Aí, depois falo também sobre Barcelona. O motivo de eu mexer tanto na Ponte agora.

Até porque, não sou político pra só fazer obra em ano eleitoral.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Eu sei, eu sei. Promessa é dívida.

Comecei a postagem com a 1ª frase do texto pra poupar tempo de pensar em título engraçadinho. Não vou escrever nada muito grande, mas admito que estou errado. Disse que manteria a seqüência e não cumpri. Mas voltarei em breve, com planos malucos e novidades em geral.

Enquanto isso, por ter colocado a Ponte no twitter, me sinto na obrigação de escrever coisa nova aqui. Porque não dá pra liberar o tráfego aqui com texto de 3 meses atrás.

Ah, sim. Lá em cima, coloquei uma palavra com trema de propósito. Sou teimoso, saudosista e odeio toda a velharada que permitiu mudanças na língua portuguesa. Quero que todos eles morram.

O que, convenhamos, não está tão distante assim.

domingo, 19 de abril de 2009

(re)Voltando em prêmio

Vocês sabem que sou de contrariar essa história de publicitário ter o ego inflado, e sempre evitei falar de mim. Mas como eu fiquei muito feliz com o que aconteceu, resolvi escrever aqui.

Eu e meu dupla na Percepttiva, Oswaldo, fomos bronze no FIAP Brasil. Admito que fiquei meio triste quando recebi a notícia, por dois motivos. Primeiro, por entrar sempre pra ganhar - pode chamar de ambição, teimosia, sei lá, mas não aceito essa história de que "o importante é competir". Segundo, fiquei chateado por não concordar com o resultado, apesar de saber que critério é subjetivo.

Mas aí eu parei pra pensar que eu e Oswaldo passamos por 72 duplas do Brasil inteiro, incluindo a galera da Ogilvy, DM9 e Santa Clara, e relaxei. Ah, vai, bronze não é tão ruim. O Ultraje não tem aquela música "Terceiro" à toa. Quando você vai à praia, é pra pegar um bronze. Pô, tão vendo nosso nome pelo país inteiro lá no pódio. Que se dane, terceiro é maneiro. Muito mais cool.


Se quiser ver nossas outras duas e os outros trabalhos, clique aqui.

Claro que, apesar de termos levado o nome da agência pra mídia e valorizado ainda mais nosso trabalho, eu e meu dupla não ganhamos um centavo a mais na agência. Aliás, só um dos três sócios cumprimentou a gente - e mesmo assim porque estávamos passando por ele na porta da criação, já que um lance de escada é esforço demais pra qualquer um que queira falar com a gente. Ou discar 4 números no telefone. Mas aí já seria demais de quem chama diretor de arte de programador visual e não sabe o nosso nome.

***
Enquanto isso, saí da agência quinta às 9h15. De sexta. Por um empreendimento imobiliário. Pra minha sorte, consegui (às 7h) fazer spots engraçados e bem conceituados, que livraram minha pele de ter que voltar à Barra no mesmo dia.

Claro, não consegui dormir quase o dia inteiro, e meu sono ficou completamente desregulado. Em compensação, vi "Curtindo a vida adoidado", que nunca tinha passado nem perto durante meus 26 anos. Esse filme era tão estranho pra mim que achava que o ator principal era o Tom Hanks. Fiquei feliz de ter completado a minha infância, mas por outro lado bem triste. Se tivesse visto antes, saberia como matar aula sem peso na consciência e ainda aproveitar melhor o dia em casa.

***
E esse filme completou minha primeira semana do novo projeto, "aproveitando melhor seus dias da semana". O objetivo é, apesar de trabalhar em uma agência de propaganda, conseguir levar uma vida pessoal feliz e gratificante (na medida do possível).

Saio da agência até às 20h e assim chego em casa saio pra correr. Volto, tomo banho, como, falo com minha pequena, meus pais e vejo um filme. Baixado. E espero poder recomendar um a cada semana, pra passar cultura adiante.

Apesar de ter visto, entre outros, "O último rei da Escócia", a dica de hoje é "Layer cake". Não sei o nome em português, mas não importa. Baixem a legenda na língua que quiserem - ou não baixem legenda nenhuma - e assistam. É um dos melhores filmes que já vi. E, provavelmente, que vocês já terão visto também. Nada de politicamente correto, nada de história previsível. Vale cada segundo. E nem são tantos, que me lembre.

Aliás, cada vez tenho lembrado de menos coisas. Se algum dia me virem caminhando sem rumo na rua, nem adianta me chamarem pelo nome. Anota o endereço e chama a carrocinha.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Voltando em fotos


A-ha!

Como eu disse há uns 8 meses atrás, vamos ao show do A-ha. Sem piada, foi muito bom. Tudo bem, o vocal é um fanfarrão que se acha galã e parece esperar ser fotografado a cada minuto (a posição que ele está aí em cima é uma pose-padrão), a banda não é uma sumidade em talento musical, eu sabia cantar menos do que imaginava, mas ainda assim me diverti muito. Aliás, não só eu como minha pequena, meus amigos e mais umas 5 mil pessoas que quicavam a cada novo acorde.

Mas pra não dizer que tudo são flores, esperei quase 1 hora por um maldito táxi na saída, já que os que estavam ali ou já tinham dono (=passageiro), escolhiam destino ou cobravam corrida aleatoriamente - do tipo "Jacarepaguá, 40 reais". Então tá. Abre a porta que já vou.

Bom, próxima:



Padre, foi o senhor que pegou o bonequinho do meu filho?

Se padres podem pegar crianças, por que não poderiam brincar de Playmobil? De qualquer jeito, esse resolveu ser mais educativo. Recolheu os brinquedinhos e montou cenas bíblicas. Aí, apanhou de todo mundo - menos do Papa. Conclusões a que cheguei:

1.O Papa, apesar de nazista, tem senso de humor;
2.Esse padre é malandro, sabe a quantidade de jovenzinhos que vão pra sua paróquia.

E a última:



Infelizmente eu não posso ajudar vocês, tricolores. Simplesmente porque não quero.

Nessa Páscoa, quem leva chocolate é você (Fluminense). Eu sei, foi 1x0. Mas poderia ter sido mais. Tipo, uns 6x0. É que, pra sorte deles, meu time ainda não tem atacante. Quer dizer, tem o Emerson, mas ainda não tá 100%. Como o Josiel nunca vai estar, jogamos desfalcados.

Ah, não. Porque do outro lado contávamos com o Jaílton e o FH. Sob a batuta do mestre Golias. Impulsionados pelas declarações do novo Eurico Miranda, o Horcades, fomos pra cima e destruímos sem dó nem piedade.

Mas também, quem vai ter piedade deles?

O certo é que estamos na final, a hegemonia vai ser nossa, o Botafogo é chorão e o Vasco levou sacode.

E o Obina ainda é melhor que o Eto'o.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A-ha-manh-ã

O título parece uma variação fanha de tupi arcaico, mas é só pra dizer que a postagem sobre o show do A-ha (sim, eu fui, e se você não foi perdeu) vai ficar pra esse final de semana. Eu baixei duas imagens e, se não colocar logo aqui, vou acabar apagando sem querer da área de trabalho do cpu da agência. E elas são tão legais... (momento escroto)


Fala a verdade, o papa não dá o maior tesão?

Pois é, tinha que ser na França. E tinha que ser com o seu (porque meu, não é) querido nazi-papa Chico Bento, o 16º caipira. Depois de ir à África e defender que camisinha não evita AIDS, o que ajuda mesmo é manter não transar, ele conseguiu rejeição até de católicos. Também, pudera: a santidade aí tem o maior jeitão de anticristo.

De qualquer jeito, deve ser duro (rá!) manter a ereção olhando pra ele. Até porque, ele disse não. Ou seja, você tomou um toco do papa.



"Ei, essa moeda não é de um dólar!"
"Desculpa, senhor, tem uma meleca grudada nela."

Quem tem o prazer inesgotável de ler a Ponte sabe - agora, pra ser mais exato - que esse ano se comemoram os 200 do homem que fez o cego enxergar pelos dedos. Louis Braille. Supondo que se escreva assim.

Enfim, pra comemorar essa data querida o governo estadunidense está lançando uma edição especial da moeda de um dólar. O dinheiro arrecadado vai para instituições de pesquisa ou ajuda, sei lá. Não importa. A iniciativa é legal.

Mas o que me vem a cabeça é outra coisa. Se alguém tentar falsificar a moeda, como vai fazer? Soldar uma bolinha de aço e dizer que é de 100? Quanto tempo vai demorar até tentarem enganar os ceguinhos? Ou será que sou a única pessoa nesse mundo que acredita que alguém vai fazer isso?

Não precisam responder.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ah, meu Brasil!

De vez em quando, eu escrevo resmungando sobre o Brasil, os brasileiros, o jeitinho brasileiro, "o bom do Brasil é o brasileiro", e mais um monte de coisas ufanistas descabidas. Mas hoje vai ser diferente. Hoje eu vou ser só elogios aos nossos famosos governantes e midiáticos. Afinal, o que seria das minhas postagens - e das minhas piadas - sem eles?

1."Depois da morte de Clodovil, quem vai cuidar dos cachorros órfãos?"

Eis a pergunta que não quer calar. Pois não dá pra deixar os pobres bichinhos sem seu Pedigree Champ e suas vitaminas reforçadas. Eles não podem ir pra um canil, a Suípa, ou pior: ficar ao relento, como reles mendigos sem-teto. Eles não merecem o mesmo destino que esses malditos desafortunados esquecidos por nós, que só sabem passar fome, pedir dinheiro e roubar maçãs na feira. Não, esses cachorros merecem mais. Têm que ter um dono que dê atenção, amor e carinho a eles, pra que possam passar os útimos anos (ops) das suas vidas com a dignidade devida. Alguém tem que dar (ops) o que eles merecem.

Quem prestou esse grande serviço de utilidade pública foi nossa querida Luciana Gimenez - a biscateira mais profissional que já passou pela face da Terra. E em uma entrevista exclusiva com um amigo íntimo do Clô. Sim, ela ganhou a disputa ferrenha entre as várias redes de TV, incluindo as pagas e algumas estrangeiras, pra entrevistar quem conhecia o ex-tilista a fundo (ops).

Obrigado, nobre senhora. Da vida.

2.Eduardo e o Buracão

Dizem as más línguas que nosso querido prefeito, na verdade, é uma primeira-dama. Coincidência ou não, ele disse ao Extra que não quer ser conhecido como o "prefeito buracão".

Calma, ele não assumiu. Ainda. Ele só estava se referindo a um personagem criado por um fulano, que o jornal adotou para mostrar os buracos espalhados pela cidade. O João Buracão. Bem popular, mesmo. Pelo visto, bem mais que o prefeita, que resolveu tirar uma casquinha do buracão. Com B maiúsculo, pelo menos enquanto diante do fotógrafo.


Depois vou te mostrar quem é o buracão, gato!

A graça disso tudo é que ele se aproveitou de um personagem criado como crítica às mazelas da cidade para fazer politicagem a seu favor. Ou seja, desmoralizou a crítica. Transformou um ponto negativo em um aliado. Inteligente, nosso prefeita, né?

Obrigado, cariocas, pelo grande governante que me deram!

Sábio foi o mestre Dal que, conhecedor da sabedoria popular, levou adiante aquela história de que "quem canta, seus males espanta":

(aqui deveria entrar o vídeo pra vocês verem, mas como esqueci como se faz, cliquem que vai abrir um link; melhor que nada, né?)

"Ah, meu Brasil!"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Momento João Hélio (post retroativo)

Eu sabia que minha postagem anterior tava confusa. Não deu outra, esqueci de um negócio que aconteceu antes do show, na sexta.

Estava esperando pra atravessar a rua atrás do metrô da Praça Onze, já que os carros passavam sem a menor piedade dos pedestres, quando um casal resolveu se aventurar num micro-intervalo entre dois carros e um bus. Com certeza eles não contavam que a mulher ia tropeçar e cair, como aconteceu. Um perigo. Mas aí o rapaz teve uma idéia brilhante: arrastar sua namorada até a calçada.

Imagino que ela não tenha achado tão brilhante assim. Primeiro, porque deve ter se machucado pelo metro e meio que foi puxada, fora a pancada no meio-fio. Segundo, porque foi uma cena ridícula, típica de matéria de abertura do JN. Se estivesse presa na porta de um carro, no dia seguinte ia ter gente acendendo vela no local.

Mesmo sendo salva, ela levantou chorando de leve e resmungando pesado com o cara. Talvez porque fosse mais fácil ele ter ficado na frente e pedido pro bus diminuir a velocidade ou desviar - eu acho pouco provável que o motorista fosse passar por cima deles, isso é mais coisa de video game ou menino perturbado de cidadezinha no interior dos EUA. De qualquer jeito, acho que faltou um pouco de gratidão. Afinal, vão-se os anéis (inclusive o arrastado) mas ficam os dedos (provavelmente na mão dele, pela força com que ele puxou a coitada).
***
Não dá pra levar a sério um colunista que escreve que os motoristas de táxi vão poder "fazer pipi". Por isso que o Joaquim Ferreira dos Santos é considerado a escória do universo, junto com o maldito do Anselmo Góis.

Tudo bem, quem considera sou eu. Mas isso não importa, você fala "fazer pipi" pro seu filho de 1 ano que está aprendendo a usar a privada. Aliás, pro meu filho eu vou dizer "vai lá, garoto, manda aquele mijão pro teu pai ficar feliz". Depois, vou levar o moleque pra matinê numa casa de festas no Leblon, pra já chegar pedindo uma chupeta pra primeira menininha loirinha que encontrar.

E quando ele fizer 10 anos, vou levar na porta da casa do já senhor Joaquim Ferreira dos Santos só pra mijar na porta dele, prender um palito na campainha e sair correndo, enquanto o senil maldito vai "fazer pipi"no fraldão geriátrico.
***
Hoje de manhã, meu sogro me liga rindo. Estava vendo TV. A repórter perguntou pra um biólogo se era mesmo verdade a história que "moscas têm uma visão de 360º". Ele deve ter se questionado sobre a teoria evolutiva.

domingo, 22 de março de 2009

Uma semana e tanto

Eu comecei a planejar essa postagem dias atrás. Como não fiz nada antes, esqueci o que ia escrever. Ou seja, mentalmente vou começar tudo de novo. Se alguma coisa não fizer sentido... Bom, dane-se.

O início da minha semana foi de trabalho razoável. Saí segunda 0h, por causa de uma concorrência. Era pra quarta, mas terça 19h o dono da agência diz que brifou errado. Saí às 21h, razoavelmente irritado. Mas isso não foi nada: saí quarta às 2h15 e quinta às 4h30.

Pelo menos eu não fui trabalhar sexta, e ganhamos a concorrência. Agora vamos ver se finalmente aumentam meu salário, porque vai entrar uma grana forte por lá.

Agora vamos ao que interessa.

Sexta era o dia de um show que eu esperava há muito tempo. Radiohead finalmente viria ao Brasil. E ainda ia ter Los Hermanos antes. Mas aí, minha pequena ficou mal e o negócio ia ser só com os gringos, mesmo. Lá fomos nós quatro (sim, tinham mais duas pessoas), chegando a tempo de ouvir "we are the robots" e outras coisas mais de Kraftwerk. Interessante. A galera devia estar viajando horrores com aquelas luzes e sons bizarros - com certeza tinha gente na onda de ácido e afins. Bom, que se dane. Subimos - como eu disse, estava com a minha pequena, um lugar alto era fundamental - e ficamos na expectativa.

(pausa: vou narrar tudo em primeira pessoa. Quero falar da minha impressão, e assim é mais fácil; quem quiser que escreva seu próprio texto.)

Eis que as luzes se apagam. E entra aquele povo estranho da banda, liderados pelo Tom Yorke. Aliás, se ele fosse brasileiro, com certeza moraria em Copacabana, iria toda sexta à Fosfobox e faria cinema na UFF.

Vou pular as músicas que não conheço, e vou seguir a ordem que lembro. Sei que rolou Airbag, There there, Karma police, Just e Creep fechou o show. Aliás, realmente um show. Vários momentos emocionantes, viajantes (pelo menos umas 3 vezes me peguei olhando pro céu, com a visão periférica naquelas luzes loucas que passavam nos tubos do palco e ouvidos ligados na música) e muito, muito valiosos. Daqueles que não se esquecem nunca. Depois de Roger Waters, um dos melhores concertos que já vi na vida. Inclusive por tanta coisa que passava na minha cabeça, e que só vou conseguir organizar pra explanar em breve.

Nem lembro quanto foi, mas valeu cada centavo.

Aí, sábado minha pequena foi pra casa (tava realmente mal, e achei bonito ela não querer arriscar passar virose pro pai em recuperação) e fiquei em Jaca. Resolvi ir com Alan ao cine, ver Watchman. E valeu pra fechar o fds cultural.

O filme é doido. Muito. A história é complexa. Muito. Mas é cheio de argumentos interessantes, que valem reflexão sobre coisas que você acredita. Sobre como consertar o mundo, se é que você tem essa ambição. Eu tenho. E, de quebra, ainda tem uma das melhores aberturas de filme que eu me lembro. Tão boa quanto Senhor da Armas (Guerra). E que se desenrola enquanto toca Times are a-changin', do mestre Bob. Fora o resto da trilha, que tem até Jimi Hendrix. Fora sei lá mais o quê, que já tô todo enrolado escrevendo um monte de coisas enquanto fico revoltado com o Flamengo tomando sacode do timeco do vasco e penso no que ainda tenho que fazer hoje.

Enfim, se você tem 2h40 livres e está com disposição de ver um filme cabeça com linguagem visual excelente e bem doido, vá ver. Vale cada centavo. E serão bem menos centavos que o show do Radiohead.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Post bobo primeiro

Com certeza você tem um amigo viciado em tecnologia, daqueles que gastam 32.000 dólares no iPhone GigaNano versão beta e sabem exatamente o que aconteceu entre o sub-executivo de novos parâmetros fisiológicos 3D de Silicon Valley e a estagiária indiana da gigante da Internet. Mas, com certeza, nenhum dos seus conhecidos é como nosso querido Jerry.

Porque Jerry, que não é desenho animado nem nada, substituiu a ponta perdida de um dedo por um pen drive. E o pior, por sugestão do médico.

Se fosse aqui, o malandrão da roupa e colarinho brancos ganhava um processo giga nas costas. De 2 gigas, como o USB do rapaz. Mas na Finlândia vale tudo. Quem sabe não vai ser ali o começo do ser humano híbrido com eletroeletrônicos acoplados e motor 1.6 aspirado no lugar do coração?

Em todo o caso, vale a pergunta: se você fosse colocar alguma coisa na ponta do dedo, o que seria?
***
Adam Ries, matemático alemão, com certeza vai ter problemas com a lei. Só não sei se a lei desse ou do outro mundo. Afinal, quando uma pessoa morta há 450 anos recebe a cobrança de contas atrasadas das mensalidades de TV, com quem ela se entende?

Eu realmente não sei, mas tenho certeza de que a fatura chegou alta. Ainda bem que o Ries é matemático, porque fica muito mais fácil contestar os juros. Assim que o advogado de defesa encontrar um médium para psicografar as contas.

E é sinal de que o lugar pra onde ele foi depois de morrer é bem chato. Por que outro motivo ele teria TV por assinatura? Ver filme pornô com a Angélica?

Poupando meu tempo

Na postagem passada eu dei algumas opções pra esse texto. Já estava tentado a falar da questão do aborto, mas aí vem a Igreja e excomunga a família da menina. E o Vaticano corrobora.

Obrigado, padres católicos e afins, por pouparem meu tempo. Não preciso escrever mais nada, essa decisão diz tudo.

Já, já volto a postagens normais. Sem discussões como a que viria aqui, que seria como bater em bêbado.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Momento G1 - a enquete

Tá bom, eu sei que já falei sobre o uso exagerado de notícias do G1 aqui. Já expliquei também que não sou pago por isso - infelizmente, senão minha receita mensal estaria bem mais gorda.

Acontece que as Organizações Globo têm dinheiro pra cobrir todo o sistema solar, fazendo com que eles ofereçam "bilhares" de notícias. Boas, ruins, idiotas, sempre tendenciosas, mas para todos os gostos. Ninguém pode reclamar. Nem eu.

Mas essa introdução foi só pra enrolar. Eu vou citar três fatos, todos tirados da página deles, e ainda não escolhi sobre qual vou escrever. Enfim:

Você é contra ou a favor do aborto? E se for numa menina de 9 anos? E se ela tiver sido estuprada? E se foi pelo padrasto? Vai pensando nisso.

Ainda não encontrou alguém pra passar o resto da sua vida? Calma, ainda dá tempo. Ele, pelo menos, acredita nisso.

Problemas com dinheiro? Não sabe como pagar as dívidas? Quer uma sugestão? Serve essa?

Vão pensando aí. Vou fazer o mesmo. Na próxima postagem a gente vê como fica. Até porque, eu mesmo não sei.

Arte na (e com a) Ponte

Um dia, a Ponte Elétrica vai ser muito famosa. E essa obra neo-pós-supra-contemporânea vai valer milhões. De libras. Ou yens, dependendo de quando isso acontecer.

O importante é que todos acompanhem o andamento da Ponte desde já.

*post profético

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nazismo em cores e legendado


"Vocês sabem o que é um pontinho preto no milharal?"



"É sério? Você pegou a Preta Gil?"



"Tira a mão! E pára de me chamar de 'minha nêga'!"



"Soldado do samba é a música que eu mais gosto."
"Só Preto Sem Preconceito é a parada, neguin'!"

Um dia de fúria animal


"Gordo? Você tá me chamando de gordo?"

O mundo anda muito estressante, e nem a novela da Gloria Perez consegue acalmar os ânimos. Depois de ser obrigado por sua gorda esposa a assistir o capítulo de quarta, esse paquiderme (sem ofensa) tentou entrar em contato com a Globo Internacional para expressar suas preocupações com o enredo. Não conseguiu, acabou mandando um Bahuan nas calças porque não teve tempo de chegar no mato e se revoltou de vez.

Cansado de ser explorado em seu país como mão-de-obra barata, pago em amendoim e bebendo água do Ganges suja de cinzas de mortos e cueca de castas inferiores, saiu de casa destruindo tudo o que via pela frente. O que não era muita coisa, porque o povo é muito miserável. Mas, bem ou mal, foram 3 horas de uma catarse nervosa, mandando riquixás e kombis velhas pro espaço.

Não sei como acabaram com a festa do gordinho aí de cima, mas com certeza ele voltou pra casa muito mais relaxado depois da farra. Se bobear, até dormiu de conchinha.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

É do Brasil!

Além de boleiros, o Brasil tem exportado cada vez mais pilantras para os quatro cantos do mundo. Mas esses ficaram devendo na habilidade.Pô, perder pros hermanos não dá, né?

Depois da masoquista brasuco-suíça, foi a vez do jegue sul-matogrossensse fazer o povo passar vergonha e aumentar nossa (má) fama lá fora. Ainda bem que foi no Mercosul, porque nessa zorra quem manda é o Brasil e ai dos argentinos se reclamarem. A gente fecha as estradas e eles nunca mais vêm pra Búzios e Floripa e eles vão se matar lá dentro. Ou então, passam as férias em Asunción, comprando muamba e tomando sufoco de brasiguaio.

De qualquer jeito, fiquei com a impressão de que "se o bom do Brasil é o brasileiro" eu sou togolês até a alma.

Errata

Nas eleições presidenciais de 2002, o publicitário Alexandre (aka eu) votou no candidato Lula. Vejam bem, apenas em 2002 - em 2006, ele votou nulo.

Porque ver o presidente do seu país sendo padrinho de casamento de um puxador de escola de samba, em plena avenida, em pleno carnaval, em plena discussão sobre sua campanha eleitoral pela generalíssima Dilma é demais pra esse pobre crédulo. Pobre mesmo, meu salário é baixo. E crédulo mesmo, não importa o que aconteça eu continuo levando fé no Brasil.

Mas não vamos exagerar, né, vossa Excelência?