segunda-feira, 27 de março de 2006

Vivo, como sempre

Venho por meio desta (postagem) pedir desculpas aos inúmeros leitores e fãs incondicionais pela minha ausência temporária. Mas é por um bom motivo. Se não paro um pouco, não dou rumo na minha vida.
Assim, não deixem de conferir diariamente - quiçá minutamente - alterações no tráfego da Ponte. Vale a pena. E para não deixar a todos saudosos, deixo um santo "até breve".


Tenham fé, já já ele volta.

terça-feira, 21 de março de 2006

Voando baixo

Domingo foi exibido "Falcão - meninos do tráfico" no Fantástico, e ainda hoje o documentário do MV Bill e do Athaíde é assunto nos quatro cantos midiáticos do país - podem procurar na TV, rádio, mídia impressa, Internet. Nem era para ser diferente, já que agora todos os que diziam desconhecer o problema deram de cara com ele, enquanto esperavam uma reportagem do Zeca Camargo surfando em um lago selvagem em Burundi ou o Big Brother na reta final e suas "chocantes" revelações.

Meu pitaco no assunto, o de número 1.357.416 (contados, hein?...), não é para dizer que os garotos são coitados ou canalhas, ou para discutir políticas de reintegração dos menores infratores na sociedade e possíveis punições para crimes mais graves. Até porque não sou político, delegado nem outra coisa qualquer com um mínimo de influência nas decisões. Meu negócio é com o pós-documentário.

Glória Maria anunciou o último bloco como "opiniões de famosos que ficaram chocados com a situação dos menores envolvidos no tráfico". Daí entrevistaram Cacá Diegues, Camila Pitanga e mais uns famosos. Excluo Veríssimo do que vou dizer, por imaginar que não se enquadra aqui.

Estou (estamos?) cansado de saber quem financia o tráfico. Quem não sabe de festinhas onde servem maconha, cocaína e outros em bandeja, o que rola em festivais de cinema e festas de famosos, fulano que é viciado ou beltrano que promoveu quebra-quebra porque estava doidão? Já ouvi, e de mais de uma pessoa, sobre festas onde havia famosos, ou gente da moda, e todos estavam dando seus tapas e seus tecos tranquilamente.

Aí, depois de um documentário sério, onde o problema é mostrado em sua essência, onde vemos que a falta de política do Estado empurra os jovens ao caminho mais fácil e arriscado, o de vender drogas, onde vemos crianças chapadas e sem perspectiva de vida nem futuro nem nada, a Globo tem a cara de pau de mostrar "pessoas chocadas com o problema" - que são justamente os que consomem e mantém este sistema. E os "espantados, abismados, embasbacados" artistas e famosos se dizem surpresos com o problema, já que desconheciam a situação!

E de onde acham que vêm todas essas crianças para povoar os sinais, abiogênese? "Ah, esse moleque nasceu quando colocaram juntos um trapo de roupa suja e uma arma num canto de um barraco na Maré..." Será que eles imaginavam que nascia uma criança, saudável, com excelentes condições de vida, que de repente se tornava má sem mais nem menos? E que drogas não têm nada a ver com isso, já que são tão boas? Será que todos esses coitados desconhecedores dos problemas do Brasil nunca imaginaram que aquela criança com uma pistola na mão e olhos vermelhos, que te coloca contra uma parede em uma rua qualquer, poderia estar drogada - quer dizer, sob o uso de drogas, as mesmas drogas que eles usam em suas festinhas super descoladas?

Vão para o inferno! Até hipocrisia deveria ter limites. Mas o pior é saber que o povo vai balançar a cabeça para todos eles e pensar "realmente, que bom que eles estão preocupados, agora com certeza as coisas vão mudar". E em outubro votam nos mesmos, torcem pelos mesmos, e assim continuamos os mesmos.

Se era para bagunçar, porque não entrevistaram Gabeira, Luana Piovani e Marcelo Anthony?

quinta-feira, 16 de março de 2006

Fim?

A vida é assim. Um ciclo acaba, outro começa. Quando você olha para os lados, percebe que muita coisa está perdendo velocidade para ser acessada pela sua memória e está ficando para trás. E cada vez mais para trás, até que se perde no horizonte e cai naquele abismo que os antigos navegadores temiam. Aquele medo era uma metáfora - quanto mais para longe vai, maior é a probabilidade de não se lembrarem de você em seu possível retorno.

A vida passa rápido, sobrepõe ciclos, mas não é injusta. Nós sempre temos a chance de prender as coisas que mais queremos juntas a nós. Como se nossa mente amarrasse a ponta de uma corda na nossa memória e a outra no navio. Além daquela âncora providencial que fica preparada para qualquer mexida mais forte no mar, pronta para ser lançada e salvar o barco. Acabo de comprovar sua justiça.

Três despedidas em seis meses. Deixo os que amo e vou para longe, aprendo a amar os que encontro longe e volto para os que amo e que estavam longe e, como se não bastasse, me despeço dos primeiros mais uma vez - culpa de uma tempestade previamente prevista chamada formatura. O mar ficou revolto, a insegurança tomou conta do único tripulante fixo da embarcação, os horizontes se cruzaram por alguma ilusão de ótica ou delírio de pré-loucura. O medo de ficar eternamente à deriva, antes oculto, resolveu dar as caras e mostrar como seria a minha vida em um futuro solitário.

Precisou eu fazer a travessia duas vezes e me despedir três para entender que as coisas boas não se apagam assim; tampouco as pessoas somem por detrás de qualquer nevoeiro. Depois de meio ano encontro meus amigos ainda meus amigos, e vejo meus amigos que ficaram do outro lado ainda meus amigos, e vejo que formatura nenhuma nem mais estudos ou trabalhos ou filhos ou famílias ou quilômetros podem destruir o que foi tão bem construído, feito para navegar por toda uma vida.

Cada fase de nossa vida tem seu valor, e mesmo o que parece ruim pode ensinar coisas maravilhosas. Nada como estar longe para saber o quanto se gosta, nada como a ameaça de separação para querer estar junto, nada como ver que as pessoas que você ama compartilham suas tristezas e suas alegrias com a mesma intensidade e nenhuma ponta de maldade ou inveja. Nada como ter a certeza da confiança.

Amigos, para mim, são pessoas em quem confio plenamente, pessoas por quem arriscaria minha vida se fosse preciso. Pessoas por quem luto até o fim e apóio e acredito sempre, em tudo o que digam ou façam. Lindo é ver que muitos pensam o mesmo com relação a mim. Por isso não tenho vergonha de dizer que chorei quando fui para a Europa, chorei na minha despedida em Sevilla, chorei no final da formatura. Porque as pessoas por quem derramei minhas poucas e difíceis lágrimas valem a pena.

Foi assim que descobri meu porto seguro.

segunda-feira, 13 de março de 2006

"Voltei!, hein..."

"E estou no paraíso". Mas o paraíso é quente como o inferno, e fede, e tem ar pesado, e gente que joga lixo nas ruas, e exército cercando favelas, e falta de educação no trânsito, e falta de respeito para com os turistas, e para com quem não é turista, e bagunça em todos os lugares para onde você olha, mendigos debaixo de viadutos e nas calçadas, gente pedindo dinheiro nos sinais, nas ruas e nas praças e debaixo do seu nariz, e mais um sem-número de coisas que não combinam em nada com a idéia geral de paraíso.

Ainda assim, acho aqui o paraíso, só me parece que faltam alguns inúmeros ajustes. E mesmo com gerações que já nascem com ares de perdidas, fico com a mesma idéia de Márcio, grande amigo e pai friburguense, de que temos sim a responsabilidade de mudar o que está acontecendo à nossa volta, ajudar a fazer do Brasil um país digno das riquezas que tem, digno de sua grandeza, digno para vivermos nele.

Chega de estar em desenvolvimento, quero um lugar desenvolvido e agora.
***
Não podia deixar de citar o óbvio: nada como chegar 0:30h, cansado e estressado, depois de bons sufocos, e ver família, amor e amigos com um sorriso para você, do outro lado da porta, prontos para te abraçar e deixando a sensação de que nada mudou no tempo em que você esteve fora, com medo de que fosse perder o que deixou com tanto carinho. Nada como perceber que um oceano não é nada, porque o sentimento voa e voa rápido, e cruza as maiores distâncias com uma rapidez que te faz beijar a quem se ama e apagar a saudade antes que ela apague suas forças.

Nada como ver quem está o tempo todo ao seu lado, te apoiou todo o tempo e te fez chegar, estar e voltar do outro lado.

Nada como um presente de aniversário dois meses depois, como se estivesse algumas horas atrasado, só.

Nada como um beijo demorado e romântico no amor da sua vida.

Nada como perceber que isso vale para os dois lados, e agora a expectativa é rever aos que ficaram do lado de lá, donos da parte européia do seu coração. Que seja logo!

segunda-feira, 6 de março de 2006

Troppo poca cosa che so dell'italiani

Todo mundo fica abismado quando digo que nao gosto do italiano-padrao; ao menos os jovens e adultos nao-velhos, homens e mulheres, eu desgosto forte, digamos.

Que posso fazer? Eles sao inconvenientes, espalhafatosos, folgados, marrentos e sem graca. Os homens sao, em sua esmagadora maioria, ao menos metrossexuais. As mulheres, exageradas. Parece que, aqui na Italia, seu grau de importancia e seu status perante a sociedade e medido pelo tamanho dos seus oculos escuros. que deve ser usado mesmo a noite e com chuva. E sao grandes a ponto de eu achar Ray-Ban oculos de natacao infantil.

E como se nao bastasse, percebo que boa parte dos argentinos tem como sonho ser um italiano. As coisas se fazem mais claras agora...

Por outro lado, os mais velhos e qualquer que esteja trabalhando e extremamente simpatico. Dao informacoes, fazem piadas, conversam e sao solicitos ao ponto que voce quiser. Se resolvessem falar mais devagar com estrangeiros seria perfeito. Mas como nem tudo e perfeito, me contento do jeito que as coisas estao.
***
O jogo de ontem foi vencido pelo Roma com um gol do Rodrigo Taddei. Brasileiro dando sorte a brasileiro, assim que as coisas funcionam. Mas vou colocar o que escrevi aqui depois, porque chega a hora do meu tao sonhado sofrimento de volta. Quase cinquenta horas e milhares de quilometros rodados em tres dias, com tendencia a cansaco e possibilidades (remotas, espero) de hemorroidas. O que eu nao faco pelo meu rasil, brasileiro...

Ma que cosa!!!

Fui ver Roma X Internazionale. Ra!!!
No lugar detras do meu tihua um cara que narrava o jogo, fazendo piadas imbecis em italiano, tal e qual o "saudoso" Galvao. Ra!!!...
O Roma venceu com um gol do Taddei, e o Mancini so fez cagadas. Ra!!!

Amanha parto de volta aonde cheguei, para partir para onde nasci. Em trinta e tantas horas. Sem ra!!! desta vez...

sexta-feira, 3 de março de 2006

Roma

Foi mal a demora. Esqueci de dizer que estou em Roma. E meio que sem lugar para ficar. Mas falo sobre isso daqui a pouco.

Faltam cinco dias para voltarem a me aturar...