sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Voltando ao normal

Após me recuperar parcialmente de uma reação alérgica à corante amarelo, e recuperar parte do meu bom humor graças a minha família e Carol, que falei ontem e hoje respectivamente, posso também voltar ao normal com a Ponte.

A Ponte andava mal cuidada, é verdade. Buracos virtuais, falta de sinalização de novos posts, sem luz em seus escritos... Mas agora tudo vai ser diferente!!! Até que eu volte a ter uma recaída!!! Ou não!!!

Foi mal a quantidade de exclamações, é a felicidade por voltar aqui. E de ver que tem gente nova cruzando as fronteiras na Internet. É a Ponte ligando mentes.

Ah, e essa foi a primeira postagem, mas vou colocar hora a mais para vocês lerem primeiro. Assim sendo, "desce mais desce mais um pouquinho" que vocês chegam nos escritos em si só, por si próprios.

Desabafo

Acabei de ler na página dO Globo sobre como anda a crise aí, o o que chamam de crise. Na verdade não sei como anda o sentimento do povo quanto a isso, até porque passaram tanto tempo jogando o mensalão, o valerioduto e outras coisas na mídia que saturou a mente até do mais alienado dos brasileiros, presumo eu não sei.

O que me chamou a atenção nisso tudo foi uma coisa que não sabia, apesar de já ter um mês. Chico Alencar, vulgo tio ou Chicão agora, saiu do PT. Isso mexeu comigo.

Seria mentira se dissesse que acompanho a vida política do Chico Alencar desde que me entendo por gente, que admiro cada coisa do que ele fez durante anos nesse meio, que ele é meu maior exemplo no cenário político nacional. Até porque, todo mundo sabe - ou deveria saber - que não tenho partido político. Meu "partido" é toda e qualquer coisa que realmente interessar e for boa para todo o povo.

Mas desde que conheci um grande amigo meu passei a prestar mais atenção aos passos do seu pai. E percebi a seriedade com que fazia suas coisas, a força com que lutava pelo que acreditava. Ouvi várias vezes do meu amigo como seu pai sentia dificulade em fazer as coisas no seu trabalho, como ficava chateado com tudo o que estava acontecendo, como se sentia mal pelas coisas divulgadas. Vi seu pai chorar na TV, vi ser injustamente criticado. E agora, isso.

Foi com uma pontinha de lágrima nos olhos, exatamente como estou outra vez agora, que resolvi falar sobre isso. Simplesmente por não acreditar que boa parte de tudo em que eu acreditava quando votei no Partido dos Trabalhadores está indo por água abaixo, e tão rápido. Acredito que isso tenha sido planejado para estourar agora e bombardear o partido, sei que tem muita gente boa lá dentro e muitos dos que estão batendo neles têm o rabo preso. Claro que estão fazendo alarde demais. Mas não deixa de ser deprimente.

Antes que pensem, não, não mudaria meu voto em hipótese nenhuma. E se não achar candidato realmente satisfatório, voto no Lula - pelo fato de que acredito que todos ficarão muito mais preocupados em não errar agora, e não farão besteiras como essas. Mas dói ver como gente responsável por uma das vitórias mais bonitas eesperadas da história do Brasil pôde jogar tudo por água abaixo.

E agora Chico Alencar sai do PT e vai para o Psol. É uma pena, porque além de odiar o partido novo e a Heloísa Helena (aproveitadora falastrona e sem critério - opinião pessoal, se um dia quiserem explico), acho que ele vai se tornar um novo Pstu. Radicalidade demais, propostas e ações concretas de menos. Fico triste de ver que ele teve que ir para lá. Só pode ser por falta de alternativa.

Se ele fizesse um partido só dele, votaria. Se ele se candidatasse a presidente, votaria. Porque falta no país gente séria assim, que até na hora de votar contra o maior acusado da crise do seu ex-partido e desafeto ideológico, chorou por ver que as coisas pelas quais lutou estão definhando. Um dia amargo para a história política da nossa nação.

E assim a vida do brasileiro médio segue, sempre para baixo. Só não encontrando os de baixo porque eles se afundam cada vez mais. É assim que se afasta um brasileiro esperançoso do lugar que ele tanto ama. Espero sobreviver a isso, porque na verdade ainda acredito.

A esperança é a última que morre, não é verdade?
***
Adendo: O Globo volta ao seu normal.

"‘Ou Serra ou o boeing’, afirma Hélio Jaguaribe

Toni Marques
Enviado especial

CAXAMBU (MG). “Ou Serra ou o boeing”. Essas são as escolhas do cientista político Hélio Jaguaribe para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2006. Falando a jornalistas antes de sua palestra no 29 Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), Jaguaribe se disse contra o modelo econômico neoliberal — o que o fez votar em Lula duas vezes, apesar de ter fundado o PSDB e integrado a direção do partido — e a favor de que o prefeito de São Paulo, José Serra, seja candidato a presidente propondo uma política econômica desenvolvimentista.

Se Lula for reeleito, a solução é tomar um avião e ir para a Argentina, brincou Jaguaribe. Devido à política econômica do governo, ele acha que o presidente não pode desejar ser comparado a Juscelino Kubitschek.

— (A comparação) É muito boa para dizer que ele (Lula) é o oposto. É um bom contraste. — disse Jaguaribe."

Up-to-date (inglês 10, hein?)

Acabei de almoçar. Mas, antes, havia acabado de ler um pequeno texto em espanhol na sala, porque o professor pediu. Dois parágrafos, um pequeno e um grande, e apenas três palavras erradas.

Isso mesmo, três.

É, três.

Babem não.

isso foi postado às CATOUZE:44, mas coloquei mais cedo para vocês lerem depois do meu primeiro recado.
***
Triste constatar que, na sala, apenas eu e mais uma pessoa gostamos de escrever e ler sobre criatividade. Não seria nada demais, se a aula não fosse Creatividad Literaria y Mitocrítica e a outra pessoa também fosse gringa. Ou seja, entre vinte e oito pessoas que vieram hoje apenas duas lêem. E não são espanholas.

Deve ser isso a causa dos mullets. Ou então os mullets ocasionam isso. É tipo o lance do Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais. Mas não quero filosofar sobre isso agora /ponto final/

Tía, meu final de semana foi...

...bom. Ponto. Basta dizer que sexta vi a gringada se amarrando na Bossa Nova, ensaiando passos medíocres que eles devem ter achado que era dança - e se bobear, até chamaram de dança. O importante é que foi muito divertido, e ainda por cima conheci dois brasileiros muito gente fina. Um deles, Neri, de Recife, é quem está ajudando a galera a ver lance de empregos. Cada vez mais acho que o mundo tem sete quilômetros de raio, só. O que daria CATOUZE de tamanho.

Sábado não lembro o que eu fiz, por isso vou pular. Mas domingo lembro. Fui a um show de percussão africana, com uns branquelos de dread que tavam dando uns tapas antes de começar. Devia ser para se inspirarem. De qualquer jeito, pelo menos foi maneiro, eles tocam bem. Ou tocavam, de repente já morreram, sei lá. Mas gostei também.

Saldo do final de semana: dois para música gringa de bom gosto e boa qualidade, zero para músicas de Juanes, Gasolina e idiotas de mullets ridículos. Espero continuar assim.
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Por falar em shows, li que vai rolar Jamiroquai e Laurin Hill por aí ano que vem. E já vou ter voltado. Se Pearl Jam morresse logo, não perderia nenhum show que gostaria de ver depois de ter saído daí.

Não que torça pela morte dele, que isso...
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Como disse no post de anets que saiu depois (porque quis), tive uma pequena reação alérgica a corante amarelo. Isso porque tudo - TUDO - neste país tem corante amarelo. A geléia de uva tem corante amarelo. Atum tem corante amarelo. Se bobear, água tem corante amarelo. Maldita industrialização. Vou sabotar uma fábrica de "edulcorantes".

O que importa é que estou melhorando, pronto para tomar suco de laranja artificial. E comer bastante Fandangos. E morrer depois.
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Como já disse antes, dia nove tô aí. Torçam para que eu realmente aprenda a cozinhar, como parece estar acontecendo, que depois vou fazer uma comida mexicana para quem for ao aeroporto. Obviamente, não no mesmo dia, já que devo chegar em casa lá pra uma da manhã.

Aliás, peçam à PM para garantir minha segurança na volta para casa. Aqui ainda não escutei um tiro, e os carros param para você atravessar a rua - salvo raras excessões. Vou voltar deveras mal-acostumado.
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Quero muito postar fotos dos meus novos grandes amigos, companheiros de sofrimento. Mas, para variar, o blogger tá de vacilação. Se continuar assim vou matar um gringo de mullets em sinal de protesto. Assim faço dois bens ao mundo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Oito de março de dois mil e seis. Chegada na noite do dia nove, no Galeão.

E tenho dito.

ps: notícias só amanhã, que tô absurdamente sem paciência. Por incrível que pareça.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Um dia triste...

...mas um péssimo lugar para ler um livro. Acabei de ler que a vitória no referendo foi do "não". Triste para um país onde você lê notícias como essa. E daí você imagina como vão as coisas no futuro.

Que digam que as armas usadas pela criminalidade não são legais, que se diga que o controle deveria ser maior por parte dessas que entram ilegalmente no país, que se diga sei lá mais o quê. Mas a verdade é que acabamos (eu, infelizmente, não votei - o que não faria a menor diferença, pelos números que vi) de aprovar a permanência de mais armas que podem vir a fazer grande estrago na mão de pessoas que não saibam manejá-las, ou se caírem nas mãos dos marginais.

Conscientização é tudo. Pena que está em falta no país.
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Se fosse rolar um referendo e eu pudesse escolher o tema, seria sobre o novo técnico do Flamengo. Tudo bem que a situação está desesperadora, mas colocar o Joel pinguço é terrível. Assim meu coração não vai aguentar mais. Vou ficar por aqui e deixar meus mullets crescerem...
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Triste também é sentir as coisas pelos outros, e sentir tanto pelo que meus amigos fazem. Eu sabendo ou não, porque já vi que as coisas sempre são piores do que se imagina.

Mas o pior é ter essa sensibilidade desnecessária para as coisas dos outros. Na verdade, eu queria ter tanto sentimento quanto uma pedra. No fundo do oceano, longe de tudo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Mais votos, mais votos!!!

Espalhem para seus amigos e inimigos, o importante é votar "ni mim". O link tá no post de baixo.
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Hoje tem Bossa Nova aqui, coisa que não posso perder. Ainda mais sabendo que a gringada vai estar babando pelo nosso ritmo. Fazer o que se eles só tem essas bostas eletrônicas, reggaeton e esses troços em espanhol horrorosos (excessão concedida à Amaral, que parece ser boa).

Mas só vou poder contar como foi segunda. Fiquem na expectativa.
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Tava ouvindo Gilberto Gil. Sabe como é, né, Ministro da Cultura, tinha que valorizar o país aqui. Até tem coisa ou outra que gosto bastante. Mas resolvi escutar o cd "Ao vivo em Tóquio". Pois é...

A primeira vez que ele começou a dar aqueles gritos escalafobéticos surtados de quem tomou ácido e viu uma galinha de bandana com uma faca de churrasco na mão (mão???), mudei de música. Agora é "Era um garoto...", dos Engenheiros. Bem melhor, né?

update: Terra de Gigantes, agora.
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Não aguento mais sentir sono nas aulas. Culpa da UFF, que me acostumou mal, só tendo aulas à noite. Daí sentia sono no trabalho, mas como trabalhava enganava meu corpo. Agora, sentadinho calado no banco da classe, já era. Me sinto ridículo.

Pena que RedBull, café, nada disso ajuda. Vou tentar me autoflagelar.
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Tô quase aprendendo a cozinhar. Garantam já seu ingresso para a bocada que espero fazer quando voltar para o meu - meu!! - querido Brasil. Podem depositar o dinheiro na minha conta, Carol sabe o número.

Porque aqui o dinheiro tá acabando. Outra vez...
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Próximo post vai ser uma historinha legal para meus amiguinhos, prometo. Voltarei à minha veia literária, que anda com a pressão baixa de tanta coisa coagulada no meu cérebro.

Eca.

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Estátua!

"Folhinha-de-abacate-ninguém-me-rebate", "sangue-de-Deus-combate-tudo!" e etcéteras. Agora está tudo parado na Ponte porque há uma votação boladona norótica no blog, segundo me informou Carol, minha linda. Assim sendo, nada de coisas novas porque o lance é todos irem lá e votarem no blog querido de vocês, Ponte Elétrica.

Assim posso dar prosseguimento ao meu plano de ganhar dinheiro com a Ponte e depois "conquistar o mundo".

Entrem aqui. Votem na Ponte e façam seu amigo isolado do Brasil estabelecer uma ponte para o sucesso.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Urgente!!!

Aqui na sala de informática tem um desgraçado de um espanhol que, além de ter um daqueles mullets ridículos já citados, teve a coragem (ou a cara de pau) de pintar a metade de baixo - uns seis centímetros, mais ou menos - de laranja marca-texto.

Como se não bastasse, a trilha sonora desta cena dantesca é Escusa si te amo, aquela musiquinha italiana de novela da Globo. Não é para isso que aprendo italiano aqui...

Ainda vou matar um idiota desta terra preguiçosa.

Tempo, propagandas e etcéteras

Quando cheguei e buscava apartamento, andando umas dez horas por dia, fazia calor de deixar carioca com inveja. Era coisa de chegar 21h batendo 33º nos termôetros daqui. Agora, um mês depois, está fazendo 18º às 12h. Uma diferença considerável. Principalmente se vocês pararem para pensar que tinha um forte objetivo de nadar aqui.
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Ainda assim, arrependo-me amargamente, cada dia da minha estada aqui, de ter trazido mil e quatro casacos. Podem ter certeza de que metade deles vai ficar aqui, aquecendo os marroquinos sem-teto.
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Por falar em sem-teto, ontem vi uma coisa que me doeu demais. Se faz 18º às 12h, imaginem às 19h, certo? Pois foi mais ou menos a essa hora que vi um senhor magro, muito magro, sentado largado na calçada, sem acmisa, pedindo esmolas. Isso em frente a um dos pontos turísticos mais bonitos adqui, a Catedral da Giralda (que vocês devem ter visto a foto mais lá embaixo).

A quantidade de turistas que passam ali é enorme, mas uma pessoa pobre passando fome não está na rota explorada pelo Governo da Andalucía para a gringada, né? E assim ele passava em branco entre alemães, italianos, ingleses e o que mais estava por ali. E eu, da janela no ônibus, assistindo a tudo com pena.

Pena é feio, mas mais feio é ignorar um problema assim. E depois vão dizer que esse negócio de fome e desabrigado é coisa de terceiro mundo...
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Aliás, "terceiro mundo" era a expressão que estavam usando para falar sobre os salários de uma galera daqui da província. Ontem à tarde estava rolando um protesto perto da Giralda também, em frente a alguma coisa do governo. A galera estava com faixas, bandeiras, uma gorda pulava na frente de todos tentando chamar a atenção e arrumar um marido, essas coisas.

O negócio é que eles berravam, cornetavam e riam, como se fosse a coisa mais legal do mundo de se fazer em uma segunda à tarde. Barulho chato mais gente imbecil é igual ao meu ódio profundo e eterno.
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Outra coisa que vocês já devem saber, mas quero dizer assim mesmo. Aqui na Europa, propaganda de cigarro é liberada. Então, está rolando naqueles cartazes de paradas de ônibus uma promoção da Malboro, se não me engano, onde você participa de um joguinho e pode ganhar uma Ducatti por dia. Vejam bem, uma DUCATTI por dia.

Não sei se isso só vale por uma semana, mas não é nada mal. O lance é o cigarro. Não sei se vale mais amaldiçoar os desgraçados que inventaram uma promoção onde você ganha uma moto que é um sonho de consumo ou o cigarro, que é uma bosta.

Fico com os dois.
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E para cada propaganda boa aqui, rolam umas dez ruins. O pessoal parece ter preguiça até de ter boas idéias. Mas também, as boas são iradas. Destaque especial e com honras para a absoluta viagem que é a do Renaut Clio. "Restart" é o slogan da campanha. Se puderem, aconselho a procurar na Internet, é muito boa, bem feita e completamente psicopata.

Com a cultura liberal que a galera tem aqui, tô achando que o cara fumou um combinadão boladão de ervas e tóxicos (leia-se "tóchicux") antes de criar aquela coisa. Ou então ele não é espanhol.

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Viagem?

Sim, viagem! Oficialmente dei minha primeira escapulida para fora de Sevilla. Esse final de semana matei um pouquinho da minha saudade do mar indo a Cádiz.

Além de me sentir quase um mineiro (com todo respeito à minha linda pequena de Varginha), correndo felizão para dentro do mar, aproveitei para tirar o branco-michael-jackson que tomava conta de minha pele outrora quase preta. Nossa Senhora, que maravilha isso.

Uma horinha e pouco de carro com Bruno, Elias, Ste, duas portuguesas e três espanhóis (inclusive Alberto, o barcelonense (?) já citado e que dirigia um Polo deveras irado. Um albergue caindo aos pedaços, com umas camas que davam dó - sério, era mais saudável dormir no chão com meu tênis de travesseiro - e um banheiro chulé. Uma espelunca que só servia para passar a noite mesmo. Quase trinta euros. Mas nada disso paga uma tarde aqui, ó:


Quase peguei o mortal todo. Passou perrrrrto!...

Deu até pena na volta. Por mim, estudava na praia todo o tempo que estivesse aqui. E o melhor é que deu na conta certinho tudo isso, porque além de voltar de lá com um euro (UM euro!) no bolso, chegamos aqui e começou a chover. Papai do Céu acertou um belo de um chute no saco de Murphy...

Depois posto mais fotos e mais histórias. Mas agora vou almoçar porque a fome aperta, e depois ainda tenho que começar a correr atrás de emprego. Real convertido o tempo inteiro não sustenta ninguém por muito tempo, né?

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Costumes populares

-Pai, pai! Semana que vem tô fazendo dezoito anos. Você lembra, né?...
-Claro, meu filho. Como ia esquecer do meu garoto bom?
-Então, pai, já sei o que quero de presente. Quero um Audi A3, que aqui todo mundo tem e preciso ter um igual.
-Meu filho, tem certeza? Você lembra no seu aniversário de quinze anos? Você encheu mis pelotas por uma motinho barulhentas daquelas que os meninos da rua tinham, e o que você fez? Ficou enchendo o saco das velhinhas e virou o vigia da rua para os chicos que vendiam haxixe.
-Não, pai mas dessa vez é diferente! Juro, juro, juro por el gran torero. Olha, só, vê...
-Não, nada de vê. além do mais, o que você tem feito para merecer?
-Sério, pai, olha aqui. Já não faço mais nada das dos menos cuarto até às cinco y media. Além do mais, olha aqui, meus mullets já estão do tamanho de uma cauda de pavão!

Pai fica de olhos vermelhos, emocionado.

-Filho... Você já é um homem... Tudo bem, vai, você é um bom rapaz mesmo. Amanhã vamos à concessionária da Audi ver seu A3, tá? Mas olha lá o que você vai fazer...
-Fica tranquilo, pai. A primeira noite que sair vou lá para o Paseo de las Delicias a cento e trinta por hora, tirando onda com esses pivetes que só tem cinco centímetros de mullets e andam de lambreta. Daí vou encher a cara com a galera, fumar unzinho e na volta, lá para umas seis da manhã, vou atropelar um daqueles marroquinos que estão no sinal tentando arranjar uma grana para comer.
-Esse é o meu garoto! Cada vez mais sevillano...

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Ó...

Nao, aqui nao tem Joao Kléber. Isso é terrível.
Nao, aqui nao faz frio como me disseram. Trouxe uns cinco casacos porque encheram minha cabeça. Isso é terrível.
Nao, os gringos nao sao tao conscientes assim. Tem gente parando carro em qualquer lugar, jogando lixo no chao e fazendo coisas horrososas. Isso é terrível.
Nao, nao é fácil arranjar emprego. E parece que eles exploram estudantes pelo menos tanto quanto aí. Ainda nao vi se tudo isso é verdade, mas se for é terrível.
Nao, nao quero ficar aqui para sempre, como algumas pessoas disseram que ia acontecer. De certa forma, dependendo do ponto de vista, isso é terrível.
Nao, as coisas nao passaram como deveriam. E quando você mais precisa das pessoas parece que elas esquecem de você. Isso é o mais terrível.
Nao, nao é um post pessimista. Mas ninguém nem liga para mim! Sou o único que nao recebe chamadas do Brasil. Isso também é bem terrível... Também, se as coisas derem certo depois fico na Inglaterra para sempre.

É, sim. Inglaterra. Nao importa o que vocês tenham dito. Inglaterra.

Outra vez, de novo...

Pra variar, aquela sensação estranha de tristeza. Deve ser a distância de casa, das pessoas que deixei - temporariamente - do ourto lado do oceano. Ou o estilo de vida que se leva na Europa.

Para quem já leu Sidartha (não sei se é assim que se escreve, quem estiver na dúvida pesquise e me diga depois, por favor), deve lembrar do que vou dizer. Quem não leu vê agora. No livro, ele passa por várias coisas até atingir a iluminação. Uma delas é uma vida vazia e desregrada, cheia dos vícios mundanos.

Não que esteja nos vícios, não que leve uma vida desregrada. Muito menos que vá atingir a iluminação, quem sou eu. Mas para bom leitor, meia história basta. Entendam como quiserem.

Continuo preferindo o Brasil.

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Babem

Hoje eu comi no bandejao daqui, vulgo (em espanhol) Comedor Universitario. Comi lentilhas com umas paradas aí de primeiro prato, frango empanado com batatas fritas como segundo e creminho gostoso de sobremesa. Fora a água. A 3,15 euros. Nao convertam como sei que vocês têm vontade de fazer e vejam como é vantajoso comer aqui. E babem, porque provavelmente muitos de vocês nao comeram hoje o que eu comi.
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Antes que me esqueça, quero dizer que minha ___________, Marina (isso porque nao sei o que pode ser a prima da minha namorada) tirou 85% no Enem e A na UERJ, também. O que faz dela uma cabeçuda, também.

Pena que ela nao quis esperar meu irmao curtir a vida antes de chegar nela. Mas seu namorado é gente boa. Mas cuidado que meu irmao tá na área.
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Estou aprendendo Dreamweaver na faculdade. Depois vem Flash. E também comecei italiano. E voltarei com minha humilde folha de currículo um pouco mais cheia de tinta.
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Agora está chovendo. Deve ser praga de vocês, posto que passei duas semanas e meia aqui com um sol de rachar cactos. No plural mesmo, seriam vários. E agora faz um leve friozinho. E eu nao tenho guarda-chuva.

Quem quiser me mandar um, à vontade.
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Os gringos conhecem o Flamengo. Sabem que Zico jogou nele. E alguns já ouviram falar em Vasco e Fluminense. E o resto, nem sei.

Entenderam o recado, nao-flamenguistas?
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Estudantes continuam querendo me ajudar a resolver problemas. Como os nao-sevillanos sao simpáticos...
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Quem quiser me receber na volta ganhará um jantar. Nao pago por mim, mas feito por mim. Estou aprendendo umas coisas maneiras daqui. Vou virar chef.

Se publicidade nao der certo, uma coisa a mais para eu tentar aí. Além de alguma coisa que havia dito e nao lembro mais.
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O título era babem, mas nao lembro mais porque escrevi isso. Sei que comprei um discman a 19 euros, para ter o que ouvir. Posto que nao vivo sem música. E ele toca MP3.

Se for o caso, podem babar por isso também...

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Adendo

Vejam isso. Só para que entendam, "Luzes da cidade" seria meu projeto final para o Dante, em Fotojornalismo. Até cheguei a fazer fotos. Agora virou programa de governo.

Malditos ladroes de idéias. Até de um jovem universitário....

ps: acabei de descobrir que o JBOnline é uma bosta, nao tem caminho para anexar. Caso queiram ver, têm que ir em Brasil e clicar na notícia sobre isso. Se nao quiserem, pelo menos já descarreguei minha indignaçao de cidadao.

Respondendo e contando

Flávia: sim, é comunicaçao publicidade. Nao sei se pode pegar um curso que nao tenha nada a ver, mas você pode vir como publicidade e pegar matéria em outros centros, o que aqui eles chamam de "libre configuración". É só ter um pouco de paciência para achar alguma coisa que curta e para conseguir se inscrever. Mas parece valer a pena.

André: também prefiro o Rio, óbvio. Mas, pra quem curtia horário de verao porque escurecia às 19h...

Alan: larga de ser besta.

Cá: sim, que todos leiam a Ponte!!! Um dia ela vai ser fonte de informaçao para todo o mundo, e com o dinheiro que ganhar coprarei meu tao sonhado skate. E sim, aqui é lindo. Um dia a gete vem juntos.

Fabio e VituMatu: nao, morte à siesta. Aqui nao se resolve nada entre 13:30 e 18h...
***
Entao, agora notícias. Se Niterói é um ovo, Sevilla é uma ervilha. Cada vez que você anda pela rua vai encontrar alguém que já viu pelo menos duas vezes. O que faz com que, depois dessa, sejam três. E assim sucessivamente. Vou embora daqui conhecendo CATOUZE mil pessoas.
***
Descobri porque os espanhóis bebem tanto. Porque aqui nao há absolutamente NADA para se fazer. Tem umas seis boates onde se cobra em euros ou se exige que homens entrem vestidos como se fossem a uma reuniao de negócios. Com o Bill Gates. Para comprar a Microsoft.

Cheguei a ver um cara de gravata e terninho cinza-claro. Parecia um gigolô de férias. Patético.

Daí o que acontece? Todo mundo vai para a rua e bebe que nem um hipopótamo deprimido, até que chega às seis da manha e todos vao para casa borrachos. Isso é até discutido na TV, e o reitor da Universidade de Sevilla se disse preocupado com a situaçao, fazendo questao de ressaltar que isso nao reflete a maioria dos universitários. Rá! Até ele deve encher a cara nessa cidade...
***
Sábado vi o jogo da Espanha pelas eliminatórias da Copa. Infelizmente, nao no estádio. Até porque o jogo era em Bruxelas. Mas assistimos - os oito brasileiros - lá no apê, com a companhia de um espanhol de Barcelona que faz arquitetura (e já deve ter sido citado na Ponte). Ele vibrava pouco, mas entendo o porquê. Sua seleçao é uma bosta.

Podem aguardar, ano que vem a Espanha vai fazer feio no Mundial mais uma vez. Isso se ela chegar, já que ainda tem que vencer San Marino e, se a Sérvia vencer seu jogo também, disputar repescagem. Patético.
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Aqui todos tem boa imagem do Lula, e vários do Brasil. Mas é impressionante como nosso país é sinônimo de samba, carnaval, futebol, Ronaldinho e afins.

Outro dia as meninas do sul foram à uma discoteca (assim que eles chamam aqui) e entraram de graça e ganharam drinque porque "sambaram". Entre aspas mesmo, porque seu samba nao é como o de uma carioca. Com todo o respeito. Mas parece que todos se amarraram.

E para nao dizer que é só com meninas, um amigo daqui """"sambou""""" - entre várias aspas mesmo - com umas gringas e todas ficaram abismadas. Patéticas.
***
Patético também é meu time, que tenho acompanhado daqui. E patética é a globo.com, que nao deixa eu ler o jornal para saber sobre meu querido país. Por isso, deixo vocês com um trechinho de uma música muy buena:

"E tudo seria patético, se nao fosse...
PATETA!!!"

Rogério Skylab, cantor-compositor da MPB alternativa brasileira.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

E tem muito mais de onde saíram estas...

Cliquem nelas para ampliarem.


Vista um dos lados do alto da Catedral de Giralda.


Foto de um dos pátios internos do Palácio de Alcázar. Pb porque achei bonito.


Terraço do prédio do Mathio, suíço. Ao fundo, Giralda e pôr-do-sol maravilhoso às 21h. Bola nao...


Achei que ficaria bonito, em sepia. Entrada da torre sul da Plaza de España.


A famosa Plaza de España. Construída em 1929 por um ricaço, para um evento que rolaria aqui. Caprichou no pavilhao da casa, né?

Notículas

.Aqui apareceu agora um jogo doidaço, Jarkyball. É tipo um futebolzinho pra duas duplas, jogando contra, dentro duma areninha, cheio de regras doidas. Até parece que os gringos jogam tanto pra ficarem tirando onda de habilidosos...

.Tenho Canal+ em casa, e de graça. Como se nao bastasse os CATOUZE mil jogos de futebol, rola uma série do Stephen King, Hospital Kingdon. Sinistrona, fiquei com medo de olhar para a TV enquanto passava a propaganda. Ele é mau.

.Vai rolar show do Steve Vai em Granada, do Teenage Fanclub nao sei aonde e uma parada duma galera que é chegada ao Franz Ferdinand (ou um grupo paralelo de parte deles, sei lá). Só me falta el dinero.

.Aqui, quando você coloca o pé na rua, os carros param. Se for atropelado enquanto o sinal de pedestre estiver verde, se estiver na faixa, ganha uma bolada do Estado. Se nao arranjar emprego já sei o que fazer.

.Por outro lado, eles dirigem muito mal. Muito. Muito mal demais da conta, mais ou menos nível mulher velha caolha perneta surda e com mal de Parkinson. Inclusive os homens. Direçao habilidosa aqui é tao raro quanto um urso polar pegando sol em Itacoatiara.

.Lembram daquele papo de que português é burro? Pois é, cada vez me dao mais motivos para acreditar nisso. Segue abaixo aquela historinha que prometi, um diálogo que tive na primeira semana:

Brasileiro malandrao boladao norótico (bmbn) - Entao, fulana, vambora sair todo mundo junto porque estou com mais gente aqui no albergue comigo.

Portuguesa absurdamente limitada (pal) - Ah, é?

Bmbn - Ahan. Agora somos uns setecentos e quarenta brasileiros aqui, todo mundo junto.

Pal - SETECENTOS E QUARENTA??? TODO MUNDO AÍ???

Bmbn - Nao, tô exagerando... Sao mais cinco, só.

Pal - Ah, que susto. Pensei que fossem setecentos e quarenta...

Podem rir. A gente ri até hoje. E zoamos com todos (as) portugueses (as) que conhecemos.

.Querem fotos? Entao segura a ondinha que elas vao surgir...

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Ritmo...

é ritmo de festa? Nem a tapa.

Aqui o lance é correr freneticamente, porque as coisas nao sao fáceis. Nada é fácil.

Mas no final vai compensar.

Ah, vale dizer que, daqui a mais um pouco, vou para a praia. Praia!!! Cádiz, pra quem nao sabe. E vou passar dois dias lá, porque vou gastar tanto quanto ficar em casa.

E imagina o que prefiro, né...

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

E o tema de hoje é...

Ranzinzice (ou diferenças culturais relacionadas ao humor)

Meus queridos coleguinhas distantes - e outros possíveis que estejam perto. Caso um dia estejam convivendo diariamente com estrangeiros, sendo você o gringo e nao ele, aí sim verá como sao as pessoas. Aquela história de que tudo é bom para os turistas é verdade. Mas aqui eu nao sou turista.

Daí você vê como funcionam as coisas. Tudo é muito oito ou oitenta. Ou as pessoas te tratam super bem ou vao fazer cara de quem acabou de ser acordado de uma siesta (caso típico espanhol, daqui a mais um pouco vai um post sobre a cara de pau desse povo). Tem gente que é hiper atenciosa quando você tem alguma dúvida, ou está perdido, ou nao entende o que ela está falando. Mas tem gente...

Teve um admirável velho desgraçado que me respondeu que nao sabia o que eu estava perguntando. Com o detalhe que ele nao esperou eu acabar a pergunta. Na verdade, eu mal havia começado. Tem gente que explica tao mal que preciso perguntar a mesma coisa na esquina seguinte, sob o risco de errar absurdamente o que você queria fazer.

Hoje de manha, vindo para uma aula que perdi porque cheguei atrasado, tinha um cara tao mal humorado no ônibus que, se entrasse uma modelo e desse um beijo nele, provavelmente seria chutada porta afora. Com um chute na boca.

Ontem comecei o francês (oui, françois!) e, como nao tinha livro - nem vou ter, xeroquei mesmo - caí num grupo para acompanhar o que a professora dizia. Um cara mal falava, um deu dois sorrisos em uma hora e meia de aula e uma menina reclamava de cada coisa que a professora mandava fazer. E ficava dizendo que tava com sono. Um inferno.

Mas por outro lado, nem todo mundo é assim. Se você nao falar com as pessoas durante seu descanso da tarde, que aliás mata toda e qualquer tentativa de transformar a Espanha em um país realmente sério, muita gente será gentil contigo. Conversará, estará preocupada em dar a informaçao mais precisa possível e tudo o mais.

Ou seja, um povo oito ou oitenta.

terça-feira, 4 de outubro de 2005

Ó

Torçam aí por mim, as coisas estao estando assim, sabe?

E esperem por notícias de um jeito deveras legal. E fotos. Nossa Senhora, isso aqui tá ficando profissional.

ps: existe aqui um tal de macrobotellón, que junta as pessoas nas ruas para beberem. Sem música nem nada. E uma avenida grandona fecha.

Que coisa...