domingo, 30 de abril de 2006

Leiam atentamente as instruções

Este post deve ser grande e sem ordem certa. Mas seu conteúdo será interessante e fará pensar. Assim, larguem de ser preguiçosos e comecem daí de baixo até o final, passando pela seção "comentário" e deixando o seu antes de sair da Internet para meditar por algumas horas.

O sentido da vida

Você está sentado casa (trabalho/praia/restaurante/igreja/calçada/banco de praça) e se dá conta de que alguma coisa anda errado com sua vida, porque você não se sente realizado e plenamente feliz com ela. Vão dizer que pode ser por um sem-número de motivos, e estão certos. Podem dizer que é pelo estado atual do mundo, individualista. Estão certos. Mas é claro que sempre vai ter aquele motivo bobo que se esconde por detrás de todos esses e você não vê. Ou não quer ver, porque é bobo.

Aconteceu isso comigo. Não sei exatamente aonde foi, só sei que foi. E foi bem fundo, tocando lá naquele sentimento que sempre disse que nunca tive: medo.

É, Alê sente medo. Não sempre, não forte, não razoável, mas sente. Se negava, agora cansei. Isso está longe de ser a pior coisa do mundo, todo mundo sente por algum motivo. O meu é meu talento.

Na verdade, não é meu talento. É a dúvida sobre sua existência. De repente foi ele quem ficou lá na barriga da minha mãe, sem conseguir passar pela abertura constrangedora do parto natural. Daí meu irmão teria se aproveitado e pego. Posso ter esquecido no CI - Classe de Iniciação, pra quem não sabe - que fiz aqui em Jacacity. Sabe como é, ninguém se importa com os da Iniciação, deixei na sala junto com a merendeira e a tia nem percebeu. Quando acabou a aula, a moça da limpeza entrou na sala, pegou e jogou por cima do muro da escola pra o terreno baldio que tinha do lado. Preguiçosa! Ainda por cima acabou me prejudicando. Deveria colocar seu nome na boca do sapo.

Poderia ter deixado meu talento de lado pra jogar bola, meu vício de infãncia, adolescência e fase adulta, e depois nunca mais o ter visto. O que seria burrice. Ou um monte de outras coisas poderiam ter acontecido para eu perder o coitado.

Mas isso é bobeira, eu sei. Não que seja talentoso, isso só o tempo vai dizer. Mas sou esforçado, e com isso já posso conseguir uma recompensa mínima com dignidade. O que seria razoável para meu atual estado de não-trabalhador. Vulgo desempregado. E faria com que melhorasse meu humor, o moral e a auto-estima. Além de jogar um cobre pro bolso, que tá mais vazio do que igreja em final de Copa do Mundo.

Sinceramente, perdi o rumo do post. Mas posso terminar com algumas considerações - admitindo que, dessa história-revelação que contei vocês tenham apreendido alguma coisa:

1 - sozinho ninguém caminha;
2 - em grupos grandes ninguém caminha;
3 - se você tentar abraçar o mundo vai abraçar a lápide mais cedo (a não ser que vcê ache saudável estar na Internet às 5:40 de um sábado porque não consegue dormir, preocupado e pensativo - e com fome, acabei de perceber);
4 - dinheiro não traz felicidade, mas a falta dele traz tristeza;
5 - é fundamental você reconhecer seus vícios, mas ninguém precisa saber deles;
6 - nunca dê ouvidos para seus ouvidos - cansados, eles escutam muita coisa;
7 - deixar as coisas para cima da hora é terrível; quando não é culpa sua, ainda assim é terrível - com a diferença que é impossível resolver sozinho;
8 - se você está com dúvidas como estas, pode ser que elas tenham fundamento; prepare-se para o pior;
9 - todos têm algo especial para mostrar, mas é aconselhável procurar devagar para ter uma desculpa caso não consiga achar (a de ter procurado devagar, caso não tenham entendido);
10 - Deus existe, e a prova é colocar tantos obstáculos no seu caminho que te fazem ter a certeza de que, se estão aí, só Deus pode ajudar a ultrapassá-los. Isso se chama marketing pessoal.

Com isso acabo de descobrir também que fazer listas é difícil. Em todo caso, já preparo minha próxima: cinco músicas que certamente estariam na minha banda cover, eu cantando.

ps: sei lá qual é o sentido da vida. Espero que tenham chegado às suas próprias conclusões.

terça-feira, 25 de abril de 2006

Pa-rabéns (ú-hú)!!!

Hoje é o dia D(ela), que dia mais feliz para mim. Minha pequena completa 22 outonos. Como comemoração, estou rastreando seu presente, que ainda não chegou. Finjo que é para aumentar a surpresa...


Prevendo que seu aniversário cairia no mesmo dia que no ano passado, vesti minha camisa para festas muito antes de hoje, tal e qual um Nostradamus micareteiro.

Desejo ao amor da minha vida que continue sendo o amor da minha vida, porque tudo o que quiser vou lutar junto e ajudar a conquistar. Eu mesmo fui conquistado há quatro anos... Cá, você merece a vida mais maravilhosa que uma menina assim pode ter. Quem tem tanto talento e tantas qualidades deve viver cercada de sucessos, em tudo o que esperar. E assim vai ser, linda.

Amo você, por todas as minhas vidas.
***
Só como registro: ontem voltei à triste rotina de aulas-cabeça-descabeçadas na UFF; foi assim descobri que Foucault era um bufão.

Pensamento do mês: "Foucault era um retratista - fazia retratos, o homem!"

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Recomendações médicas e fortes emoções

Médicos dizem que é fundamental o ser humano dormir oito horas por dia para recuperar as energias, o corpo reforçar sua defesa, porque é nesse momento que crescemos e blá blá blá. Existe até uma propaganda que afirma que passamos 1/3 de nossas vidas dormindo, por isso deveríamos escolher bem nosso colchão.

Penso nisso enquanto redijo uns duzentos títulos às 2:20 de domingo para segunda, depois de um final de semana extremamente corrido e cansativo - apesar de muito bom, tenho que admitir. Fora o não suprimento de uma grande necessidade, o que deixa meu corpo mais vulnerável (nada a ver com meu intestino, que funciona muito bem). Fora a pressão de ter que acabar logo, já que tenho menos de uma semana para criar e produzir tudo o que preciso. Com o máximo de qualidade, por sinal. Ou seja, as recomendações médicas, as necessidades corporais e meu estado de bem-estar físico-mental foram para o espaço.

Acho que essa postagem é mais um desabafo solitário, ou um pedido de socorro. Só que enquanto estou me cansando aqui estão todos dormindo, então não faz diferença nenhuma e muito menos vou conseguir alguém para compartilhar do meu estado. Sorte a de vocês.

Mas se Deus ajuda quem cedo madruga, imagina quem nem dorme?
***
Tchananans à parte, faltam 21 horas e 27 minutos para os 22 anos da menina que se mostrou a mulher da minha vida. Dizer mais o quê?

(ps: teria uma coisa sobre meu irmão para dizer, mas vou esperar tudo se acertar; se meu irmão que é um filho e minha namorada que é um anjo só me dão motivos para me orgulhar, dizer mais o quê?)

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Grande Fausto

Vocês já devem ter visto o comercial do programa do Faustão em que ele fala de uma tal de "Seleção do Faustão". Mais uma daquelas promoções que atraem os pobres para gastarem dinheiro sem poderem e enriquecerem a Globo e seus parceiros. Até aí nada de novo, mas alguém atentou para um fato importante na propaganda?

O gordo diz "se você tem celular pré ou pós-pago e sabe mandar mensagem de texto...". Veja bem, ele não disse quer. Não disse pode. Ele disse sabe, verbo saber. O que pressupõe que ele - e mais que ele, quem escreveu este texto - sabe que existe gente que não tem idéia de como mandar mensagem de texto.

Pode não parecer nada de mais à primeira vista, mas parem para pensar. Como alguém pode gastar uma grana para comprar um aparelho eletrônico, símbolo de tecnologia avançada, e não saber como funciona? Então, por que compra? Para quê?

Isso prova (não que não soubesse, mas assim não tem desculpa) que os comunicadores, os responsáveis pela informação, sabem sim sobre a condição intelectual da população. Ainda assim - ou principalmente por isso - criam publicidade e promoções e notícias explorando o que deveria ser combatido, que é essa deficiência crônica na educação de grande parte dos brasileiros.

Esse textinho da promoção anunciado pelo gordo é mais uma prova de que a classe pensante do país, minoria absoluta, está muito mais preocupada em se aproveitar da lacuna intelectual da nossa gente do que em ajudar a resolver a situação e contribuir para o desenvolvimento do Brasil.

Prova também que o profissionalismo e a preocupação social pregados pela Globo não são mais do que um grande fingimento para conseguir abatimento de impostos através de programas de ajuda aos pobres. Aliás, como comprovar o destino do dinheiro arrecadado, por sinal?

Prova, ainda, que todo o alarde e o falatório por parte de artistas, apresentadores e gente da mídia, em sua maioria, não são mais do que balelas para ganhar a simpatia de anônimos, que vão posteriormente dar audiência e dinheiro para eles. Em sua maioria, já que em toda regra existem exceções.

(Lima Duarte que o diga, já que teve que se desculpar com Globo e o mundo após criticar um monte de gente da emissora e a edição "seletiva" do Fantástico)

A mulher que trabalha aqui não sabe ler nem escrever, mora com a filha em um quarto alugado por R$150,00 no Rio das Pedras, sem janelas nem nada. Apesar disso, seu celular está sempre com crédito. Será que ela vai escolher a seleção do Faustão? Consumo responsável parece ser um conceito meio por fora do marketing atual.

Não sei por quê, mas do fundo deste abismo me sobe um cheiro de hipocrisia...

Se o comentário anterior estiver meio bagunçado e sem sentido, culpem a Light. Depois de ter que parar a postagem duas vezes pela incapacidade deles de manter a energia correndo por Jacacity, perdi um pouco o fio da meada. Mas imagino que entenderam aonde queria chegar.
***
Bem que eu tentei colocar um link para a música aqui, mas isso já basta. Aconselho a procurarem e chorarem com uma das canções mais bonitas que já ouvi. Interpretação tocante de Jeff Buckley, e dica do Alan (sim, sei valorizar quando sou informado de algo bom - parabéns ao meu irmão, mais uma vez).

"well your faith was strong but you needed proof
you saw her bathing on the roof
her beauty and the moonlight overthrew you
she tied you to her kitchen chair
she broke your throne and she cut your hair
and from your lips she drew the hallelujah"

Hallelujah - Jeff Buckley