quarta-feira, 3 de março de 2010

Fomentando o desemprego

Crise, postos de trabalho sumindo, grana curta. Não importa. Sou a favor de acabar com a "profissão" de crítico.

Profissão entre aspas, mesmo. Ó só: como o próprio nome diz, a função do crítico é criticar - coisa que todo mundo pode fazer, já que costumamos ter opinião sobre tudo. É só pensar que somos 190 milhões de técnicos em ano de Copa, 190 milhões de autores na última semana da novela e 190 milhões de analistas políticos em... bom, não é pra tanto. Mas o importante é que cada um tem a sua opinião, não faz falta que pensem por nós. Por mais que alguns prefiram.

Outro ponto importante: as críticas dos "profissionais" tendem a ser destrutivas. Dificilmente você vai ler "excelente obra, um poço de criatividade" ou "finalmente uma obra inspiradora e que desafia os paradigmas". A não ser que role o famoso jabá. Caso contrário, a chance de ser humilhado, trucidado e mijado - com uma alta dose de ironia - é grande. E, convenhamos, pra destruir o trabalho de um já bastam seus competidores e inimigos em geral.

Além disso, não é necessário que alguém diga o que devemos ou não gostar, o que vale a pena ser visto e o que  (ou quem) deve ser queimado. Como deveria ter ficado subentendido há dois parágrafos, gosto é pessoal. Se eu gosto de uma coisa e você não, problema meu. Ou seu. E vice-versa. Mas "eles não têm aquela chispa, aquele quê de inovação e o frescor da nova geração que provoca inquietude"? Pois vá pro inferno, eu curti e ponto final. Vai cagar regra pros seus filhos - se alguém topar ter filhos com uma pessoa tão insuportável como você.

Meu consolo é que essa raça parece ser estéril, tipo cruzamento de cavalo e burro (uma das duas espécies sendo fêmea, claro). E, se não se reproduzem, mantenho a esperança de que um dia eles entrarão em extinção. Sem nenhuma ONG que mantenha um par em cativeiro.

No mais, por que alguém deveria ganhar dinheiro para fazer (mal, ou de má vontade) o que fazemos grátis todo santo dia? Receber para conhecer arte antes dos outros para falar mal e cortar a possibilidade de que as conheçamos? Isso me cheira a uma forma barata (para eles, que ganham pelo "trabalho") de disfarçar a ranzinzez de não ter talento para fazer arte. Aí, o que sobra é falar dela. Destruí-la, na verdade. "Se eu não faço, ninguém faz".

Por mim, iam todos ficar de flanelinha na porta do Caldeirão da Via Show. Ouvindo cover do Soweto a noite inteira.

Um comentário:

Cá disse...

Desculpe o trocadalho, mas a sua crítica está muito interessante.

Beijinhos!