quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Add eu, curte aí e dá RT

Não faz muito tempo, li um excelente artigo que não lembro o nome nem onde (se quiserem, podem tentar no Techcrunch ou The New Yorker). Ele falava sobre a necessidade dos "incluídos digitais" em serem "curtidos" (outra dica caso queiram buscar o texto: like e facebook; ou exercitem a paciência procurando no meu mural). Dizia que nos importamos cada vez mais em aparentar, e que são geradas frustrações desnecessárias ao acharmos que, se não curtiram nossa foto/música/piada/lamento, é porque não somos tão legais ou talentosos quanto pensávamos.

Eis que hoje leio um ótimo texto de um ótimo profissional: "social media e a ditadura da felicidade", do Michel Lent. Caso você ainda não tenha sacado a ideia pelo título...

"...não importa o quão bacana seja a sua vida, ou o que você tenha feito de legal num determinado dia. Nada do que você fez, tem ou é poderá nunca se comparar com todo esse mundo perfeito, incrível, de gente feliz e lugares extraordinários que é o coletivo de informações que chegam dos nossos social friends".

Soa familiar? Pois é. Muita da inquietação que você provavelmente sente cada vez que navega na internet vem desse universo plástico maravilhoso que jamais será seu padrão de vida. É como se todo mundo que você conhece fosse tão perfeito quanto a galera que sai na Caras ou aparece sorrindo no Video Show. E, Deus do céu, não existe ninguém tão feliz e perfeito quanto um famoso desses!

Infelizmente, nós tendemos a pensar e querer as coisas a partir do que os outros esperam da gente. Não é apenas ser publicitário; é criar pôneis malditos, ganhar 10 mil reais por segundo e ser cool-descolado-transgressor-oclinhos de atriz pornô ou com armação retrô. Não é apenas ser advogado; é defender a Coca-Cola e a Pepsi ao mesmo tempo. É mais que estar empregado; é ser o próximo Eike - mas sem a mulher te cornear com um bombeiro.

É ter um milhão de amigos, mesmo que no mundo virtual. É ser liberal e modernex nos comentários, agindo assim ou não (normalmente, não). É ser elogiado por cada link postado, ainda que tenha copiado e colado o texto do amigo sem dar crédito a ele. Enquanto você não redefinir suas prioridades e seguir com essa expectativa, será sempre (segundo você mesmo e os que vivem a vida pela ótica de um avatar) o pobre coitado frustrado sem voz ou repercussão no mundo. Digital.

Enquanto isso, o mundo real continua dando voltas. Inclusive em você.

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