quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Entao...

Como ia dizendo, depois de atrasar em alguns preciosos minutos a viagem de um monte de gente, finalmente podemos seguir viagem e adentrar na terra da rainha. Pelo mar, de ferry boat, pois caso alguem nao esteja com uma boa memoria, como a minha, Inglaterra esta em uma ilha.

Meus sustos comecam ai mesmo, ao comprar ingenuamente um tiramisu pensando que estava valuado em euros. Pobre turista pobre, os um e pouco eram em pouds... O que equivalia a quase tres (3!!!) euros. E assim morri em quase seis euros num lanchinho bobo no barco.

Chego a noite na cidade, e Mr V nao havia recebido minha mensagem. Ligar para suia casa e falar por miseros dois minutos, quica menos, me leva uns dois euros mais. Por sorte uma alma caridosa me da um bilhete de metro, e nao pago nada. A facilidade de saber a lingua tambem ajuda, assim nao me perco pelas tres estacoes ate o encontro com meu queridao.

Mr V, ou Vitor Mattos, ou VituMatu - travel book writer, meu querido e primeiro amigo na UFF, merece todos os elogios. Anfitriao preocupado, eximio guia e cozinheiro em evolucao, nao so soube me mostrar toda a cidade muito bem e muito rapido como ainda me fez poupar um bom dinheiro, ao decidir por comermos em casa sempre antes de sair. Isso porque, so para constar, um hamburguer no Burger King custa 1,99 pouds. Quase quatro euros. Um pound esta a 1,45 euros. Chorem comigo.

Segunda foi dia de pub, terca de caminhada, quarta de peca de teatro para ver Les Miserables (em ingles, obviamente), quinta de caminhada e museu, sexta e sabado de Liverpool - que vai ganhar um capitulo a parte - e domingo de museu e tchau, a parte mais dificil. O tchau, nao o museu.

La vi impressionistas, vi Michelangelo, Rafael e outras tartarugas ninjas, vi todos os tipos de comida do mundo em uma rua ou duas, vi gente de todos os tipos. Londres e, sem duvida, a cidade mais cosmopolita do mundo. Onde voce acha as novas tendencias e convive com todos em teorica harmonia.

Camdem Town, por exemplo, e a coisa mais absurda que jamais verei em outro pais qualquer. Saio do metro ja escutando um "what do you want, skunk?". Caminho com Vitor e, a cada dez passos, um androgeno, ou excessivamente alternativo, ou punk, ou hippie, ou sujo, ou negao-cantor-de-rap-malsucedido, ou gays, ou turistas japoneses (sempre). Tudo, menos policia, que parece ter deixado o local como um ponto-de-encontro de todas as tribos e exemplo de que Londres e liberal, sim. Por mais que seja na encolha.

Apesar do tamanho e da pressa dos londrinos, principalmente no centro, voce pode se sentir bem a vontade. Caminhar com um minimo de atencao te faz um nao-alvo, e mesmo que acabe sendo, a policia parece estar realmente preocupada em resolver o problema, qualquer que seja. Onde rola assalto ou alguma outra coisa eles colocam placas pedindo informacao, sao sempre solicitos e atentos em todos os lugares aonde estao... Policia de verdade.

A cidade e enorme, realmente. Metro e solucao para onde quer que voce queira ir. Apesar dos muito salgados 4,90 pounds pelo passe diario. De um ponto turistico a outro pode levar mais de meia hora, isso dentro deles - que sao, alias, os mais antigos do mundo. Tudo e bem sinalizado, por toda a cidade, o que facilita a vida de todos. Principalmente turistas. E, apesar de tudo isso, existem bairros (onde Vitor mora) e parques que fazer voce pensar em como deve ser bom viver ali.

Frio, sim, mas dei sorte e peguei tempo razoavel ate domingo, quando a saudade de mim que a familia real ia sentir fez com que mandassem seus guardinhas de fardas engracadas semear as nuvens com sal, criando aquela tipica chuva inglesa que transforma o tempo em cinza e te faz querer ficar debaixo das cobertas. Alias, ouvi dizer que este tempo ingles tipico que conhecemos foi criado com este intuito na Primeira Guerra Mundial, a fim de desencorajar as tropas inimigas a atacar a cidade. Verdade, podem pesquisar na Internet.

Outra coisa que merece ser citada, com certa inveja saudavel da minha parte, e o acesso a cultura que o europeu, os londrinos mais que todos, tem. Revistas, jornais, livros, musicas do mundo todo, em varias linguas. Novas tendencias e revivals. O que e realidade e o que vai ser. Tudo na mao, o alcance de quem quiser, pelo preco que quiser (se souber procurar). Fora museus - os mais importantes e dos maiores do mundo, como Tate e Modern Tate, British Museum e o melhor de todos, Natinal Gallery, sao gratis. Para todos. Ou seja, de graca. Para qualquer pessoa, seja de onde for. E sem pagar nada vi van Gogh, Rembrant, Monet, Manet, Constable, Michelangelo, Rafael, Tolouse-Lautrec (assim?), Dali, Picasso... Hum, deixe-me pensar porque aqui tudo se desenvolve, perai...



(tempo para pensar)



Ah, ja sei. porque eles surgiram primeiro, e somos assim por culpa da colonizacao! Malditos portugueses que nos fizeram assim, em uma condicao imutavel que nos fara permanecer sempre menos desenvolvidos que o hemisferio norte!
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Aguardem mais por Liverpool, porque agora vou procurar albergue em Berlin. E assim sigo. Seguindo.

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