quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Coisonas e coisinhas

Não sei por onde começar, enão vai pelo menor. Mas leiam até o final, porque na verdade e maior é mais importante.

-saio de casa hoje e, às oito da manhã, tem uma menina com uma saia que bate acima da metade da sua perna. Com ela em pé. Poderia ser natural se não estivesse batendo 12 graus. Isso me lembra o grande LCL e seu "o espanhol é um povo sacâna! Sacâna...";

-hoje tudo ficou parado por um tempinho aqui na faculdade, porque havia um vazamento que ninguém sabia de onde vinha, o que poderia ocasionar, se era grave, se era castigo divino pelo excesso de drogas e pederastia que envolve o ambiente facultático aqui na Cartuja. O importante é que vale frisar que não é só no IACS que acontecem coisas ruins e absurdas à faculdade. Mas não vale frisar que consertaram tudo e liberaram as salas em trinta minutos, mais ou menos;

-já sei falar um mínimo de francês e italiano. Assim sendo, poderei tirar onda com vocês na volta (menos com o Lucas). E tudo isso de graça. Rá!
***
Agora o sério. Anteontem e ontem rolou um círculo de palestras aqui na faculdade, pelo qual paguei cinco eurótides. Seria barato se não tivesse sido uma bosta, com a honrosa exceção (ou é com dois 's'?) de um cara que compõe para comercias e trabalha em uma produtora, e que trouxe propagandas excelentes. Inclusive uma para a Eurocopa 2004 com "A taça do mundo é nossa". É sempre bom ver publicidade de qualidade, serve de referência. Nas outras palestras, cochilei bem. Fiquei com vergonha, mas cochilei bem.

Mas o que quero falar não tem a ver com meu sono. Percebi duas coisas nesses dois dias, que me deixaram triste e orgulhoso ao mesmo tempo.

Primeior, que o estudante de publicidade espanhol - ao menos o de Sevilla - é muito cru. Perguntas bobas, falta de conhecimento da profissão, às vezes mesmo falta de criatividade e vontade. Aqui parece que não curtem muito estudar as coisas, ou produzir de verdade. Ou então ando muito mal relacionado.

Até agora não vi ninguém com pasta de portifólio, ninguém fazendo criações, ninguém falar da aula de redação publicitária. E conheço gente de todos os anos. O pior é que os professores são bons. Deve ser por isso que as coisas realmente boas se concentram em Madrid.

Outra coisa que me deixou abismado é como os estudantes daqui são bobos. Ou tontos, como eles dizem de quem é idiota. Batem palmas por tudo e qualquer coisa, de gracinha com sabe-se lá Deus quem, falam demais e na hora errada, fazem comentários imbecis... Poderia falar por muito temp ose estivesse com paciência e minha memória permitisse. O importante é dizer - ou reafirmar pela enésima vez - que o forte daqui não é a educação.

Daí fica a pergunta: de que adianta ser "primeiro mundo", fazer parte da União Européia e tudo o mais, se você é visto com maus olhos pelos seus parceiros e não faz obm uso das facilidades que recebeu de mão beijada? Aqui tenho a sensação de que os espanhóis (ou sevillanos, pelo menos) tem muito mais do que merecem. Se fossem receber por méritos, estariam agora tentando invadir Paris, Berlin ou Londres, pulando um muro de arame farpado e tomando tiro de bala de borracha e soco na cara.

E ainda por cima, eu ia achar muito bem feito.

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