terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Moda, Sevilla e afins

Antes de falar do poder da moda, que dita "certo" e "errado" no mundo todo, um comentário/constatação. Aqui na cidade existe um jornal chamado "20 minutos", que em teoria é para ser lido neste tempo. É grátis, e sua idéia é passar de mão em mão para que o maior número possível de pessoas tenha acesso à informação.

E qual não é minha surpresa (na verdade, nenhuma) ao ver estampado na capa a notícia de que "cada dia três pessoas na província (de Sevilla) se vão de casa sem dar explicações". sinceramente, nada mais natural se se parar para pensar que Sevilla é uma cidade onde a maior diversão é encher a cara - praticamente todos os dias, festivos ou não, com ou (quase sempre) sem música -, o emprego dos jovens de classe mais baixa, e alguns de média alta, é vender haxixe e maconha, além de haver um bairro onde nem nesmo moradores da cidade entram, apesar de estarmos na Europa e todos ganhando em euros. Fora a "educação" de não se importar com os mais velhos, nem com os problemas alheios, tampouco com a pobreza, assim como ignorar a família em boa parte dos casos, já que é muito mais interessante e produtivo andar de moto pelas ruas pichando "mezquitas no gracias" e fazendo arruaça pela madrugada.

Primeiro mundo, né?
***
Agora, moda. Apenas quatro letras, que formam uma palavrinha teoricamente simples, mas de uma complexidade muitas vezes incompreensível e poder inimaginável. Afinal, quem dita a moda?

Uma modelo de 1.80m e 45 quilos é linda? Um cara que toma produtos para secar a gordura e ter abdôme definido é bonito? Cheirar e pregar o fim da desigualdade, sabendo que a falta de oportunidade é que empurra pessoas para o mundo do crime e das drogas é legal? Alguém pode dizer o que todo o mundo deve vestir - e ainda por cima colocar o preço tão elevado quanto seu ego?

Tudo isso porque estava encrevendo quando vi mais uma menina, claramente sevillana, entrando aqui com botas de cano longo, calça por dentro dela, jaqueta no meio da barriga com blusa por baixo e cabelo frisado, cortado com navalha ou sei lá o quê. Imaginem que o cabelo parece a crista de um galo com gel e que sente frio.

Quem disse que isso é bonito? Quem enganou as coitadas? Se ainda fosse uma ou outra, mas são mais ou menos 72.25% das mulheres (vejam bem, não só meninas) da cidade! Por que será que elas fazem isso, e quem teve a infeliz idéia de começar com isso?

Assim como elas, os caras usam mullets terríveis, e já falei sobre isso aqui. Se vestem com conjunto completo de jogador de futebol, como se fossem o Raul ou o Casillas. Por que fazem isso, se na verdade não valem absolutamente nada?! Literalmente.

A única e infeliz explicação é a moda. Um belo dia, os donos de salão, os donos de lojas de material esportivo e os fabricantes de botas se juntaram e disseram "ei, vamos fazer uma ação conjunta e ganhar uma grana em cima desses troxas!". Provavelmente colocaram algum casal sevillano famoso na mídia, fizeram campanha em revista e jornal. Um jogador de futebol comemorou mostrando seu "maravilhoso fiapo de cabelo se destacando do resto, todo raspado"· E a estratégia deu muito certo.

Hoje, a moda errada dita o que a quarta maior cidade espanhola usa e faz. E tudo bem, pode ser que este seja apenas um julgamento precipitado de um não-sevillano com certa dose de asco e preconceito para com os pobre coitados que são apenas marionetes de uma grande indústria, mas que os compreende e só quer o melhor para seu povo. Mas duvido muito.
***
Hoje é aniversário da Karen, mais uma brasileira da grande família espanhola. Vai ter bolo e muito doce pra você, mas o guaraná fica na dívida porque custa os olhos da cara. Quando você acha.

Mas, em todo caso, parabéns e tudo de bom pra você (ela), Karen.


A segunda da esquerda para a direita diz "ah, obrigado..."
***
Este post não tem ordem de importância nem a pretensão de julgar nada nem ninguém. Mas é sempre bom ver como o Brasil é muito mais evoluído em vários aspectos.

Primeiro mundo a Espanha, né?

Nenhum comentário: