quarta-feira, 22 de junho de 2005

Chinatown?

Quase. Foi assim que me senti ao almoçar hoje. Rodolfo – Saboya - guiou Diogo “Square” Gomes, Vagner, Ângelo e nós dois ao restaurante que Laza tinha mostrado a ele. Fica lá pras bandas da Uruguaiana, quem conhece o centro do Rio sabe onde é. Pra quem não conhece, fica quase em frente ao IFCS (campus de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ). Quem ainda assim não conhece que se dane.

Escrito numa daquelas placas de bar pé-sujo, que tem espaço para o “cardápio” embaixo, o nome. Restaurante nota 10. Ali tinha um monte de coisa que nem dava tempo de ler. Chegamos lá, a placa confirmava o preço de $5,50 pra comer quanto quisesse, com a diferença de que, se deixar comida no prato, paga taxa extra de dois cotocos*. Beleza, “tamo dentro”!

Subimos uma escada com degraus que deixariam metade do pé de um anão para fora. Chegamos lá em cima, uma sala comprida e cheia de mesas de metal estava à nossa espera. No canto esquerdo de quem sobe, pratos, talheres e a comida, estocada naquelas cumbucas retangulares que são esquentadas por baixo. Fomos direto para lá. Não tinha muita opção, mas também não fazia muito feio.

Quando sentamos, passei a reparar melhor no tipo que estava na frente da fila assim que nós entramos. Um sujeito relativamente baixo, cabelão comprido, casacão, calça pescador e tênis. Os olhos puxados denunciavam sua procedência. Em termos, quero dizer, porque poderia ser japonês, coreano, vietnamita, tailandês ou de qualquer outra coisa procedência asiática. Pelo restaurante, presumo que seja chinês. Mas poderia se passar tranquilamente por um grunge, com seu visual ridículo.

E lá foi ele, com seu pratinho. Passou por nós e sentou no caixa. Comia animadamente os quitutes de seu país, servidos por um magricela branco que, com seus dentes estranhos, lembrava o Baraka do Mortal Kombat. Comemos (eu e Square duas vezes, já que o lance é pegar quanto a pança agüentar) e fomos pagar. O chinezinho abre a boca e – surpresa! – libera maior vozeirão. Passaria tranquilamente por cantor de banda grunge, com aqueles guitarristas grunges repulsivos e bateristas repulsivos metidos a machões, com aquele visual repulsivo. Repulsivo.

Saí de lá com a sensação de que, caso alguém se incensasse a sair sem pagar (o que teoricamente não seria tããão difícil assim), ele voaria do alto da escada e se utilizaria da famosa técnica do Pai Mei para acabar com a pessoa no meio da rua, servindo de exemplo para todos os que tentassem o mesmo naquele cantinho de seu país. Ou então mandaria seus subordinados mandarem chumbo no pilantra mesmo, revivendo a máfia chinesa em pleno centro comercial carioca.

*Isso é uma jogada malandra deles, e muito justa também. Claro que pagar mais dois dinheiros para deixar sobrar comida é jogá-lo fora, mas em teoria isso evita que um jeca qualquer metido a peão** encha o pirex de rolinho primavera e yakisoba e jogue fora depois de meia dúzia de garfadas.
**vocês sabiam que o feminino de peão é peona ou peoa? E que o plural pode ser peães? É, deveriam ler mais o pai-dos-burros***.
***pai-dos-burros=dicionário.

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